• Nenhum resultado encontrado

Poot (2000) considera que a maioria das economias de mercado apresenta, nas duas últimas décadas, uma tendência para uma maior confiança nas forças de mercado e menos envolvimento na economia, por parte dos governos. No entanto, os governos nacionais, regionais e locais continuam, com um ambiente económico mais liberal, influenciando a economia, em pelo menos, sete formas diferentes, entre as quais se encontram as taxas de imposto (Poot, 2000). As economias abertas têm a oportunidade de beneficiar de condições económicas mundiais, mas para isso é necessário a adoção de políticas governamentais apropriadas. As pressões sobre os países com economias abertas, para reduzir a sua tributação sobre os rendimentos de negócios, surgem a partir de vários canais, mas todos exortam aproximadamente a mesma resposta política (Hines, 2003).

Na UE - União Europeia verificam-se profundas disparidades no rendimento das regiões, tendo sido criados os fundos estruturais como o principal instrumento da sua política regional (de la Fuente & Vives, 1995; Puga, 2001; Fuest & Huber, 2006; Sequeira & Sá, 2008). De referir que as disparidades regionais do rendimento, no contexto da integração económica, podem ser um grave problema económico e político (Ludema & Wooton, 2000). Neste sentido, o objetivo

regional da Comissão Europeia, consagrado no artigo 130 º do Tratado da União Europeia, é o de promover um desenvolvimento harmonioso, o qual visa reduzir as disparidades entre os níveis de desenvolvimento das diversas regiões.

A abordagem para a coesão económica tem uma justificação política e uma justificação económica. Enquanto a justificação política considera que as grandes disparidades são intoleráveis numa comunidade, a justificação económica considera que os desequilíbrios verificados indicam uma subutilização do potencial humano e um fracasso para tirar proveito das oportunidades económicas que beneficiam a União Europeia como um todo (Ulltveit-Moe, 2007).

Puga (2001), tal como Faini (1999), consideram que, apesar das despesas elevadas associadas a medidas da política regional, as desigualdades entre os estados membros da UE têm vindo a diminuir, embora as disparidades regionais dentro de cada país não tenham diminuído substancialmente ao longo das últimas décadas, verificando-se, em alguns casos, um aumento. Quah (1996) observa que os dois países que alcançaram as maiores taxas de crescimento económico, Espanha e Portugal, são aqueles que tiveram o maior aumento nos desequilíbrios regionais. Isto é consistente com a evidência relatada por de la Fuente e Vives (1995) que observam que o processo de integração económica na UE promove a convergência internacional entre os países, ao invés da convergência inter-regional entre as regiões dentro do mesmo país. De facto, cerca de metade da divergência, entre as regiões europeias, é devida a um aumento da polarização dentro de alguns estados-membros (Behrens, Gaigné, Ottaviano & Thisse, 2007).

Essas desigualdades devem-se, em parte, à geografia dos países, dado que as regiões mais ricas estão agrupadas na parte noroeste do continente, enquanto os quatro países com menor PIB per capita estão na periferia (em termos de localização) da Europa: Irlanda, Grécia, Portugal e Espanha, podendo ser considerada também a parte sul da Itália (Martin, 1997; Baldwin & Krugman, 2004; H. Bennett et al., 2008; Santis, 2012).

A entrada de Portugal e Espanha (1986) na UE aumentou drasticamente a disparidade do rendimento das regiões mais ricas e mais pobres dentro da UE (Martin, 1997). O autor considera esta situação pertinente, constituindo um problema para os políticos corrigirem com o tempo, recorrendo, para o efeito, às políticas regionais colocadas ao seu dispor pela UE.

Ezcurra e Rapún (2006) concluíram, no trabalho desenvolvido, sobre 14 países da Europa Ocidental, durante o período de 1980 a 2002, que para além de um determinado nível do PIB

per capita, há uma diminuição na desigualdade regional, conduzindo finalmente a uma

19 regional específica, assumindo que existe uma vontade política para reduzir as elevadas diferenças em termos de desenvolvimento.

Por seu lado, Krugman (1991) e Baldwin e Krugman (2002) consideram que, no âmbito da nova geografia económica, no que diz respeito à escolha da região para o empresário realizar o seu investimento, as diversas forças de aglomeração da região têm um contributo maior, comparativamente com as taxas médias de tributação. Dessa forma, um padrão de crescimento, altamente agregado numa geografia mais eficiente, mas também economicamente mais desigual, pode provocar o aumento das desigualdades dos rendimentos regionais (Judd, 1997; Martin, 1997). Essa desigualdade ocorrida nos modelos da nova geografia, na opinião de Martin (1997), deve-se à diminuição do rendimento real e à perda de bem-estar das regiões mais pobres, provocada pelo facto de terem de suportar os custos de transação sobre os bens do sector de fabricação, que são produzidos nas regiões mais ricas. Fuest e Huber (2006) consideram, um outro potencial argumento, o facto dos desequilíbrios regionais, de desenvolvimento económico, poderem induzir a migração das regiões pobres para as regiões mais ricas, o que é considerado prejudicial. No entanto, Ulltveit-Moe (2007) considera que o trabalho não qualificado é imóvel entre as regiões, enquanto a mão-de-obra qualificada é regionalmente móvel. Isto está de acordo com estudos empíricos que consideram a mão-de-obra qualificada, realmente, mais móvel do que o trabalho não qualificado (Shields & Shields, 1989). Uma possível razão prende-se com o facto de a educação gerar capital humano, sendo facilmente transferível para outra região e facilitando a procura de trabalho (Ottaviano & Thisse, 2002).

Neste sentido, Soukiazis e Martinho (2003:29) consideram que “têm vindo a ser desenvolvidas novas ferramentas para a Geografia Económica, tais como, os rendimentos crescentes, as interligações produtivas, os equilíbrios múltiplos (com as forças centrípetas a favor da aglomeração e centrífugas contra a aglomeração) e a competição imperfeita”.

Martin (1997) considera que as políticas regionais têm duas dimensões, que podem afetar a localização das empresas.

Primeiro, elas constituem transferências de poder de compra para as regiões mais pobres, não sendo insignificantes em termos quantitativos.

Em segundo lugar, o financiamento de infraestruturas públicas com um elevado peso em infraestruturas de transportes afeta o custo do comércio entre e dentro das regiões (Fuest & Huber, 2006).

Apesar das grandes diferenças existentes no rendimento entre as regiões na UE, essas diferenças aumentam no que diz respeito às infraestruturas existentes entre as diversas

regiões (Martin, 1999). Behrens et al. (2007) verificaram que os custos de transportes intranacionais mais baixos promovem divergência regional, quando os custos do comércio internacional são suficientemente altos, enquanto os custos do comércio internacional mais baixos promovem a convergência regional, quando os custos de transporte intranacionais são suficientemente altos. Isso mostra claramente que, quando os fatores de produção têm diferentes graus de mobilidade, em diferentes escalas espaciais de análise, a integração internacional e inter-regional desempenham importantes, mas distintos, papéis para explicar a evolução da geografia e bem-estar dentro de cada país. Estes custos comerciais também significam que os trabalhadores (que também são consumidores) preferem viver no país com mais empresas, pois oferece melhor acesso a bens manufaturados (Ludema & Wooton, 2000). O custo e a disponibilidade de trabalhadores qualificados podem determinar a distribuição regional da produção (Faini, 1999). Este facto permite que a atividade sindical tenha um efeito marcante no crescimento regional, assim como no processo de convergência regional, dependendo o impacto dos sindicatos de fatores institucionais e económicos (Faini, 1999). Desta forma, as políticas regionais têm por objetivo ajudar a diminuir o custo das transações entre regiões ricas e regiões pobres, beneficiando as regiões pobres, ao deslocar para estas últimas as empresas de sectores com elevada intensidade de trabalho (Martin, 1997). O autor considera ainda que, o processo de especialização, incentivado através da redução dos custos de transação induzido por políticas regionais, pode não ser o tipo de convergência que os decisores políticos europeus têm em mente. Ou seja, as regiões pobres especializam-se em bens com elevada intensidade de trabalho, enquanto as regiões ricas especializam-se em capitais (humano e físico) mais intensivos (Martin, 1997).

Modelos anteriores sobre a concorrência fiscal entre países, têm assumido que a atividade económica é uniformemente espalhada pelo espaço físico de um país (Krugman, 1990; Liu, 2009). No entanto, Kind, Knarvik e Schjelderup (2000) consideram que a atividade económica tem tendência a agrupar-se em "clusters". Os autores consideram que o país anfitrião do investimento pode aumentar o seu bem-estar per capita, por intermédio da cobrança de um imposto sobre o capital, pois o capital tornou-se efetivamente imóvel devido à externalidade pecuniária decorrente da aglomeração de atividades.

Enquanto não existir um amplo consenso entre as políticas, na área do euro, os desequilíbrios fiscais provocados pelo excesso de dívida pública proporcionalmente ao PIB, são prejudiciais para o crescimento e estabilidade macroeconómica (Coenen, Mohr & Straub, 2008).

21