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Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz

No documento Concursos em Geral Direito Penal (páginas 30-33)

4. Tipicidade

4.4. Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz

Concurseiro(a), a desistência voluntária e o arrependimento eficaz jamais poderão coexistir, assim como

uma delas não pode coexistir com a tentativa.

Isso porque, no caso da tentativa, a consumação do crime não ocorre por circunstâncias alheias à

vontade do agente, enquanto que, na desistência voluntária e no arrependimento eficaz, o crime não se

consuma por vontade própria do agente.

Guerreiro(a), Júlio Mirabete6esclarece-nos alguns aspectos importantes a respeito desses institutos.

Segundo o autor, a desistência voluntária e o arrependimento eficaz traduzem a exclusão da tipicidade.

Por isso, concurseiro(a), o agente não responde pelo crime tentado, mas sim pelos atos que praticou,

caso constituam fato típico.

Além disso, Mirabete7 aponta que não há desistência voluntária quando o agente suspende a execução e

continua a praticá-la posteriormente, aproveitando-se dos atos já praticados.

Candidato(a), temos que ter cuidado para não os confundir:

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ

O agente desiste de forma voluntária de prosseguir

na execução.

O agente decide interferir para evitar a

consumação do crime.

O agente não esgota sua potencialidade lesiva. O agente esgota sua potencialidade lesiva.

Atividade negativa: o agente se abstém. Atividade ativa: o agente pratica nova atividade

para evitar o resultado.

Requisitos: voluntariedade e eficácia. Requisitos: voluntariedade e eficácia.

Responsabilização pelos atos praticados. Responsabilização pelos atos praticados.

Exemplo: Carlos invade uma residência para

subtrair objetos, mas desiste e vai embora sem levar nada.

Exemplo: Jonas envenena João, mas, antes que este morra, Jonas arrepende-se e ministra-lhe um antídoto.

Candidato(a), para gabaritar, veja com atenção o resumo a seguir:

1)Desistência voluntária: pode prosseguir, mas não quer.

2)Tentativa: quer prosseguir, mas não pode.

6 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1994. v. 1. p. 154. 7 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1994. v. 1. p. 155.

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Vamos repassar detalhes importantes sobre o conteúdo compartilhado acima.

Você precisará dominar para chegar competitivo na prova.

Código Penal

Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se

produza, só responde pelos atos já praticados.

Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a

coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de

um a dois terços. (…)

Art. 65. São circunstâncias que sempreatenuam a pena: (…)

III.ter o agente: (…)

b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe

as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;

1. (FGV – 2018 – AL-RO – Consultor Legislativo - Assessoramento Legislativo) José, pretendendo praticar crime de peculato, ingressa em repartição pública com a chave que possuía em razão do cargo, na parte da noite, com o objetivo de subtrair um computador da repartição. Quando estava no interior do local, todavia, pensa sobre as consequências da sua conduta e que sua família dependia financeiramente dele, razão pela qual deixa o local sem nada subtrair. O segurança do local, todavia, informado por notícia anônima sobre a intenção de José, o aborda na saída da repartição e realiza sua prisão em flagrante. Considerando as informações narradas, é correto afirmar que a conduta de José:

a) não configura conduta típica em razão do arrependimento eficaz; b) não configura conduta típica em razão da desistência voluntária; c) não configura crime em razão do arrependimento posterior;

d) configura tentativa de peculato em razão do arrependimento eficaz; e) configura tentativa de peculato em razão da desistência voluntária.

2. (CESPE/CEBRASPE – 2013 – AGU – Procurador Federal) Acerca de aspectos diversos do direito penal, entre eles a desistência voluntária, o arrependimento e a coação física ou moral, julgue o item a seguir.

Entende-se que o arrependimento eficaz se configura quando o agente, no curso do iter criminis, podendo

continuar com os atos de execução, deixa de fazê-lo por desistir de praticar o crime. Certo ou Errado

3. (FCC – 2018 – MPE-PB – Promotor de Justiça Substituto) O arrependimento eficaz

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b) dá-se após a execução, mas antes da consumação do crime.

c) decorre da interrupção casuística do iter criminis.

d) é causa inominada de exclusão da ilicitude.

e) exige que a manifestação do autor do crime seja posterior à consumação do delito.

4. (VUNESP – 2013 – TJ-RJ – Juiz) Caio, decidido a matar Denise, para a casa dela se dirigiu portando seu revólver devidamente municiado com seis projéteis. Chegando ao local, tocou a campainha e, assim que Denise abriu a porta, contra ela disparou um tiro, que a atingiu no ombro esquerdo. Ao ver Denise caída, Caio optou por não fazer mais disparos, guardou seu revólver e se retirou do local. Denise foi socorrida por terceiros e sobreviveu, ficando, porém, com pouca mobilidade em seu braço esquerdo. Diante do exposto, é correto afirmar que Caio responderá criminalmente por

a) lesão corporal de natureza grave (houve desistência voluntária). b) tentativa de homicídio.

c) lesão corporal de natureza grave (houve arrependimento posterior). d) lesão corporal de natureza gravíssima (houve arrependimento eficaz).

1. COMENTÁRIO: concurseiro(a), essa interessante questão da FGV, baseada na Legislação, expõe um

caso hipotético para identificarmos a incidência ou não dos institutos estudados. Vamos analisar a questão!

Narra o enunciado que José pretendia praticar o crime de peculato, ingressando em repartição pública com a chave que possuía em razão do cargo. No interior do local, José desistiu, indo embora sem levar

nada. Assim, José não concluiu o iter criminis, razão pela qual sua conduta nãoconfigura crime em razão

da desistência voluntária (art. 15, primeira parte, do CP).

Alternativa correta: letra “b”.

A alternativa “a” está errada. Candidato(a), atenção! De fato, a conduta de José não configura conduta

típica. A pegadinha está na parte final, pois não se trata de arrependimento eficaz, uma vez que ele não

concluiu os atos de execução.

A alternativa “c” está errada. Concurseiro(a), da mesma forma, não se trata de arrependimento posterior,

pois José não consumou o delito.

A alternativa “d” está errada. Combatente, conforme estudamos, a tentativa incide quando o agente não

consegue consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade, o que não foi o caso de José, que

desistiu voluntariamente. Além disso, crime tentado e arrependimento eficaz jamaiscoexistem!

A alternativa “e” está errada. Segundo o que vimos na alternativa anterior, candidato(a), não incide

tentativa no caso; além disso, crime tentado e desistência voluntária não podem coexistir.

2. COMENTÁRIO: guerreiro(a), a questão, baseada na Legislação, aborda as diferenças entre

desistência voluntária e arrependimento eficaz.

Vamos ao conteúdo da questão: cuidado para não confundir os dois institutos! Conforme estudamos,

quando o agente, no curso do iter criminis, pode continuar com os atos de execução, porém desiste de

fazê-lo, estamos diante de desistência voluntária, não de arrependimento eficaz (art. 15 do CP).

O item está errado.

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características do arrependimento eficaz, o que é fundamental em nossa preparação para os concursos. Vamos analisar a questão!

O arrependimento eficaz ocorre quando o agente, após concluir os atos de execução, impede que o

resultado se produza. Ou seja, é verificável após a execução, mas antes da consumação do crime (art.

15, segunda parte, do CP).

Alternativa correta: letra “b”.

A alternativa “a” está errada. Candidato(a), quando a execução do crime é interrompida pela vontade do

agente, verifica-se a desistência voluntária.

A alternativa “c” está errada. Concurseiro(a), a interrupção casuística do iter criminis configura a tentativa

de crime.

A alternativa “d” está errada. Guerreiro(a), o entendimento predominante é de que o arrependimento eficaz

se trata de uma causa excludente de tipicidade, não de ilicitude.

A alternativa “e” está errada. Combatente, a manifestação do autor do crime, no arrependimento eficaz,

deve ser anterior à consumação do delito. Uma manifestação posterior pode ensejar arrependimento

posterior, instituto diverso.

4. COMENTÁRIO: concurseiro(a), aqui temos mais uma questão, baseada na Legislação, com uma situação hipotética, o que nos ajuda a compreender melhor a aplicação prática do conteúdo estudado. Vamos analisar a questão!

A questão narra que Caio possuía um revólver municiado com seis projéteis. Após alvejar Denise no

ombro e vê-la caída no chão, Caio optou por não efetuar mais disparos. Denise, socorrida por terceiros,

sobrevive, ficando com pouca mobilidade no braço alvejado. Assim, podemos constatar que Caio praticou

o crime de lesão corporal grave, em virtude de desistência voluntária (art. 15, primeira parte, do CP).

Alternativa correta: letra “a”.

A alternativa “b” está errada. Cuidado, candidato(a)! A tentativa ocorre quando o agente quer, mas não

consegue consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade, o que não foi o caso da questão. A alternativa “c” está errada. Guerreiro(a), não há que se falar em arrependimento posterior, pois o crime

foi cometido com violência à pessoa (art. 16 do CP).

A alternativa “d” está errada. Combatente, não se trata de arrependimento eficaz pois não houve o

esgotamento da potencialidade lesiva e não há informação de que Caio tenha adotado alguma providência

no sentido de socorrer Denise.

No documento Concursos em Geral Direito Penal (páginas 30-33)

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