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Concursos em Geral Direito Penal

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Academic year: 2021

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Concursos em Geral Direito Penal

Tópico: Tipicidade

Inclui:

• Gráficos Estatísticos:

1. Disciplinas + cobradas 2. Tópicos + cobrados 3. Subtópicos + cobrados 4. Bancas

• Edital Bizurado

• Conteúdos Esquematizados

• QR Code (áudio e vídeo)

• Questões Comentadas

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2 Grande concurseiro(a), seja bem-vindo(a)!

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3 DIREITO PENAL

SUMÁRIO

1. Direito Penal – parte geral: tópicos mais cobrados... 5

2.Tipicidade: subtópicos mais cobrados... 6

3.Tipicidade: cobrança por banca... 7

4. Tipicidade...17

4.1. Consumação e Tentativa...17

4.1.1. Consumação...17

4.1.2. Tentativa...17

4.2. Erro de Tipo...21

4.2.1. Erro de tipo essencial...21

4.2.1.1. Erro de tipo essencial invencível...21

4.2.1.2. Erro de tipo essencial vencível...21

4.3. Tipo Penal Culposo...25

4.4. Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz...30

4.5. Tipo Penal Doloso...34

4.6. Arrependimento posterior...38

4.7. Erro de tipo acidental...42

4.8. Conduta: ação/omissão...46

(4)

4 Inicialmente, gostaríamos de apresentar um novo conceito de estudos para você que irá começar do zero ou já estuda, mas ainda não foi aprovado(a) no concurso dos seus sonhos.

Nossa equipe é composta de professores(as) que também são concurseiros(as), profissionais super atualizados e comprometidos em compartilhar experiência e conteúdos diferenciados.

Nossa missão será fornecer o melhor conjunto a você, trabalhando dentro da sua realidade, levando-se em consideração o pouco tempo que a maioria dos concurseiros(as) possuem para se sentar e estudar.

Por este motivo, iremos compartilhar conteúdo direcionado, com abordagem dos assuntos relevantes para sua prova, em conjunto com a estratégia mais avançada para memorização da atualidade, na medida certa e suficiente.

Concurseiro(a), o PDF Fire foi formulado com base em nossa experiência de candidato(as) aprovados(as), bem como em anos de dedicação com análise e pesquisas de provas anteriores.

Guerreiro(a), neste gráfico indicaremos como as disciplinas são cobradas para as provas de Concursos.

No total, analisamos 82.746 questões.

Vamos às disciplinas de direito mais cobradas para Concursos:

Concurseiro(a), repare que a disciplina Direito Administrativo é a mais cobrada na maioria dos concursos. Seguida pela disciplina de Direito Constitucional. Somadas ambas ultrapassam 50% das cobranças em certames. Daí a importância de dar ênfase ao que será abordado na sua prova e com isso garantir sua aprovação!

A representação gráfica objetiva evidenciar o que deve ser estudado com maior relevância. Mas isso não quer dizer deixar de estudar as demais disciplinas. Apenas aplicar atenção proporcionalmente à importância do assunto no contexto geral.

Temos na ilustração grande parte das disciplinas com relevância mediana, mas que no somatório final representam metade do conteúdo cobrado em provas.

Veja que a fatia “outros” do gráfico compõe 5% das questões de concursos. Quando você já tiver estudado e revisado os assuntos mais recorrentes, estude também Direitos Humanos, Empresarial e Internacional Público e Privado.

31%

22%

8%

8%

7%

7%

5%4%3%5%

Concursos no Geral (todas as carreiras):

Disciplinas mais cobradas

Direito Administrativo Direito Constitucional Direito Civil

Direito Penal

Legislação Extravagante Direito Tributário

Direito Processual Penal Direito Ambiental Direito Processual Civil

Outros (Humanos, Empresarial, Internacional).

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5 1. Direito Penal – parte geral: tópicos mais cobrados

Guerreiro(a), o PDF Fire foi formulado com base em nossa experiência de concurseiros(as) aprovados(as), bem como em anos de dedicação com análise e pesquisas de provas anteriores.

Nossa meta é abordar, de forma estratégica, os pontos mais incidentes nas provas, destacando o que você precisa realmente estudar para obter sua aprovação.

Inicialmente, focaremos na disciplina de Direito Penal – parte geral, conferindo os tópicos que mais caem. Não é segredo que esta disciplina é cobrada em toda prova. No total, analisamos 5.827 questões:

Guerreiro(a), repare que o tópico Tipicidade é o que mais cai. Além disso, veja que a fatia “outros” do gráfico compõe 16% das questões de concursos. Quando você já tiver estudado e revisado os assuntos mais recorrentes, estude também Antijuridicidade, Concurso de crimes, bem como Teoria Geral do Delito.

24%

19%

11% 12%

10%

8%

16%

Direito Penal - parte geral: Tópicos mais cobrados

Tipicidade

Noções fundamentais

Causas de extinção da punibilidade Culpabilidade

Penas privativas de liberdade Concurso de Pessoas

Outros (Antijuridicidade, Concurso de Crimes, Teoria Geral do Delito)

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6 2. Tipicidade: subtópicos mais cobrados

Guerreiro(a), neste gráfico indicaremos os principais subtópicos dentro do tópico Tipicidade.

Os subtópicos Consumação e Tentativa e Erro do tipo essencial abarcam, sozinhos, exatamente 35%

das questões. Veja como seu estudo precisa ser estratégico! Não perca tempo estudando de forma passiva e catedrática, mas otimize ao aprofundar e revisar aquilo que mais cai! Neste material já mastigamos tudo para você!

Todos os subtópicos mais cobrados são exaustivamente debatidos pela doutrina e compõem este material.

Estudando por nossos quadros esquemáticos, bizus e questões selecionadas você vai arrematar esses temas “clássicos”, que não possuem muitas surpresas. Solidifique seu conhecimento e garanta pontos nessas questões que são basilares!

Concurseiro(a), repare que a fatia “outros” do gráfico compõe 12% das questões de concursos. Quando você já tiver estudado e revisado os assuntos mais recorrentes, não deixe de estudar Conduta (ação e omissão), bem como Nexo de Causalidade.

20%

15%

12% 12%

11%

9%

9%

12%

Tipicidade: Subtópicos mais cobrados

Consumação e tentativa Erro do tipo essencial Tipo penal culposo

Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz

Tipo penal doloso

Arrependimento posterior Erro de tipo acidental

Outros (Conduta (ação e omissão), Nexo de Causalidade)

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7 3. Tipicidade: cobrança por banca

Concurseiro(a), para montar este material sobre Tipicidade, analisamos 819 provas de concursos e 1.113 questões.

Boa parte dos estudantes, 78,4%, acertam questões sobre o tema, enquanto 21,6% erram.

A CESPE/CEBRASPE é a banca que mais aborda o tema, seguida pela FCC, VUNESP, FGV e FUNCAB.

Na próxima página, já faremos uma breve explicitação dos pontos expostos no gráfico acima no EDITAL BIZURADO.

Como assim?

Então, analisando centenas de editais e de provas, descobrimos que os editais dos concursos são extensos propositalmente. Isso mesmo!

Observe que os editais são gigantes, cheio de informações de conteúdos ligados às respectivas disciplinas, mas, na verdade, as bancas de concurso concentram as cobranças nas provas em pontos específicos. Destarte, fica claro que é um artifício para confundir os(as) candidatos(as), para fazer com que ele sinta a necessidade de estudar tudo de tudo.

Por este motivo, passamos a “bizurar o edital” para os(as) concurseiros(as), mapeando o que realmente será cobrado na prova, ajudando e direcionando seus estudos para que possa aprofundar e dominar os assuntos que sejam necessários e suficientes na sua aprovação.

48%

28%

13%

7% 4%

Tipicidade: Cobrança por banca

CESPE/CEBRASPE

FCC

VUNESP

FGV

FUNCAB

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8 DISCIPLINA: DIREITO PENAL

TÓPICO

(assunto + cobrado) TIPICIDADE

SUBTÓPICOS (pontos + cobrados do

assunto)

Consumação e Tentativa Erro de Tipo Essencial Tipo Penal Culposo

Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz Tipo Penal Doloso

Arrependimento Posterior Erro de Tipo Acidental Conduta: Ação/Omissão

CONCEITOS

Consumação e Tentativa

Qual o conceito de crime consumado?

Candidato(a), crime consumado, nos termos do art. 14, I, do CP, é quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal.

Trata-se do tipo penal integralmente realizado, tendo o agente praticado o fato descrito no tipo abstrato com a conclusão do iter criminis.

Exemplo: o crime de homicídio se consuma com a morte da vítima.

O que é iter criminis?

Concurseiro(a), iter criminis é o itinerário do crime, desde o instante de sua idealização, na mente do agente, até sua consumação final. Assim, iter criminis corresponde ao conjunto de fases pelas quais o delito passa.

O iter criminis é composto das seguintes fases:

1) Cogitação: na primeira fase, o agente idealiza mentalmente a prática do crime. Em regra, não é punível.

Nos termos do art. 31 do CP, o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

2) Preparação: nessa segunda fase, os atos são externos ao agente, que dá início à realização de atos preparatórios, os quais são externados por ações objetivas.

Exemplo: aquisição de uma arma de fogo para perpetrar um homicídio e observação da rotina da vítima.

Em regra, combatente, a preparação não é punível, exceto quando definida como ato executório de crime autônomo.

Exemplo: um grupo de pessoas se reúne para praticar assaltos, mas não consegue consumá-los. Elas responderão pelo crime de associação criminosa.

3) Execução: trata-se do início da prática delitiva, com a agressão a um bem jurídico penalmente tutelado. Constitui-se, principalmente, como a fase de realização da conduta descrita no tipo penal.

Exemplo: o agente que pretende matar a vítima mediante arma de fogo, a partir do momento em que desfere o primeiro tiro em direção à vítima, inicia a

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9 execução do crime.

4) Consumação: é a fase da conclusão do crime, quando se reúnem todos os elementos do tipo penal.

E qual o conceito de crime tentado, professor?

Candidato(a), crime tentado é a realização incompleta do tipo penal, ou seja, é o crime cuja execução se iniciou, mas não se consumou por circunstâncias alheias à vontade do agente.

O dolo do agente é o mesmo do crime consumado, porém ele não alcança o resultado por circunstâncias alheias à sua vontade.

Exemplo: o agente desfere diversos disparos contra a vítima, pretendendo matá-la, mas a vítima é socorrida e sobrevive. O agente praticou tentativa de homicídio.

A tentativa é composta pelos seguintes elementos:

1) Conduta: ato de execução;

2) Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente.

Esse segundo elemento é muito importante, concurseiro(a), pois, se o agente interrompe a execução por vontade própria, não haverá que se falar em tentativa, mas sim em desistência voluntária ou arrependimento eficaz.

Portanto, a tentativa trata-se de uma interrupção externa.

Quais são as duas espécies de tentativa?

Combatente, existem a tentativa perfeita e a tentativa imperfeita.

A tentativa perfeita, também chamada de crime falho, ocorre quando a consumação não ocorre apesar de o agente ter praticado os atos necessários à produção do resultado.

Exemplo: uma vítima de disparos de arma de fogo é salva por intervenção médica.

Já a tentativa imperfeita se dá quando o agente não consegue praticar todos os atos necessários à consumação por interferência externa.

Exemplo: o agente está disparando tiros contra a vítima quando é interrompido pela polícia.

A tentativa é punível?

Sim, guerreiro(a). A tentativa, na verdade, trata-se de uma causa de diminuição da pena. Logo, considera-se a pena do crime consumado diminuída de 1/3 a 2/3.

O quantum de diminuição pela tentativa dependerá de quão perto o agente chegou da consumação: quanto mais próximo, menor será a diminuição.

Quanto mais longe o agente chegar da consumação, maior será a diminuição.

Quais são as infrações penais que não admitem tentativa?

Concurseiro(a), não admitem tentativa as seguintes infrações penais:

1) Contravenções penais: a tentativa não é punível por previsão expressa do art. 4º do Decreto-Lei 3.688/1941.

2) Crimes culposos: nos crimes culposos, o resultado é involuntário; logo, não há como admitir-se a tentativa.

3) Crimes omissivos próprios: não admitem a tentativa, pois não exigem um resultado naturalístico produzido pela omissão, consumando-se com a simples omissão.

4) Crimes unissubsistentes: são crimes em que é impossível o fracionamento

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10 dos atos de execução (injúria verbal); logo, é impossível a tentativa.

5) Crimes habituais: há uma prática reiterada de certos atos que, isoladamente, constituem um indiferente penal, como charlatanismo e curandeirismo.

6) Crimes preterdolosos: considerando que o resultado agravador é causado culposamente, é impossível imaginar a tentativa de um resultado não desejado.

7) Crimes de atentado: não se pode imaginar tentativa de tentativa.

Erro de Tipo Essencial

Segundo o art. 20, caput, do Código Penal, o erro de tipo caracteriza-se pelo erro sobre o elemento constitutivo do tipo penal.

O que significa “elemento constitutivo do tipo penal”?

Concurseiro(a), o tipo penal é composto de elementos específicos ou elementares. Assim, cada expressão que compõe um tipo penal é um elemento que constitui o modelo legal de conduta proibida.

Exemplo: o crime de homicídio simples (art. 121, caput, do CP) é composto pelos elementos “matar” e “alguém”, sendo que cada um deles é um elemento constitutivo do tipo penal que define esse delito.

O erro de tipo é o erro que recai sobre um dos elementos constitutivos do tipo penal. Há uma falsa percepção da realidade que cerca o agente, que desenvolve uma conduta sem ter conhecimento de que está praticando um fato típico. Ele não sabe, em função do erro, que está praticando uma conduta típica.

Exemplo: João vai a uma mata para caçar e nota uma silhueta logo à frente.

Acreditando ter encontrado um animal, João efetua um disparo. Porém, João alvejou uma pessoa. Portanto, ele errou sobre o elemento constitutivo “alguém”.

O erro de tipo pode incidir sobre uma qualificadora?

Sim, candidato(a). Se o agente pratica o fato típico desconhecendo uma circunstância qualificadora, dizemos que há fato típico sobre a qualificadora.

Para que a conduta do agente configure crime, ele precisa ter consciência de cada um dos elementos do tipo penal. Senão, há erro de tipo.

Exemplo: um ladrão furta um carro com o emprego de uma chave que acreditava ser falsa, mas era verdadeira. Ele responde pelo crime de furto na forma simples, não subsistindo a qualificadora da chave falsa.

O erro de tipo sempre exclui o dolo?

Sim, guerreiro(a): o erro de tipo sempre exclui o dolo, seja invencível ou vencível.

Porém, o erro de tipo, a depender do caso concreto, pode levar à punição por crime culposo, se previsto em lei.

Quando incide o erro de tipo essencial, professor?

Concurseiro(a), erro de tipo essencial é o erro que incide sobre as elementares e as circunstâncias do tipo penal.

O agente não possui consciência e vontade de praticar o fato; logo, se o erro não existisse, o agente não incidiria no tipo penal. Há uma falsa percepção da realidade que o impede de constatar a natureza criminosa do fato.

O erro de tipo essencial divide-se em invencível e vencível.

O que é erro de tipo essencial invencível?

Combatente, o erro de tipo essencial invencível (ou escusável) ocorre quando o erro é justificável, pois não pode ser evitado pelas diligências e cautelas

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11 normais.

Qualquer pessoa, empregando a diligência ordinária exigida pelo ordenamento jurídico, nas condições do agente, incidiria em erro.

O erro de tipo essencial invencível sempre exclui o dolo e a culpa.

Exemplo: um agente vai caçar em uma mata fechada, muito distante da civilização. Ao vislumbrar um vulto se aproximando, supondo ser um animal, efetua um disparo que atinge o alvo. Ao se aproximar, o agente constata que não abateu um animal, mas sim outra pessoa que também caçava no local.

O que é erro de tipo essencial vencível?

Candidato(a), o erro de tipo essencial vencível (ou inescusável) ocorre quando o erro é injustificável, tendo em vista que pode ser evitado pelas diligências e cautelas ordinárias.

Nesse caso, qualquer pessoa, empregando a prudência normal, não cometeria o erro em que incidiu o agente.

O erro de tipo essencial invencível exclui o dolo, porém não a culpa, desde que prevista em lei a forma culposa.

Exemplo: o agente decide ir caçar em uma mata contígua a uma aldeia indígena, onde costumam transitar diversos índios. Ao ver um vulto, efetua um disparo pensando se tratar de um animal. Porém, atinge um índio que passava pelo local, matando-o. Nesse caso, o erro não era plenamente justificável, pois o agente agiu com imprudência, devendo responder por homicídio culposo.

Tipo Penal Culposo O que é crime culposo?

Candidato(a), crime culposo é aquele em que o agente desenvolve uma conduta voluntária que gera um resultado involuntário, o qual era previsível ou excepcionalmente previsto.

Esse resultado poderia ser evitado se o agente se valesse da cautela.

Quais são os elementos do crime culposo?

Concurseiro(a), o crime culposo é composto dos seguintes elementos:

1) Conduta humana voluntária: pode ser comissiva (ação) ou omissiva (omissão), e a voluntariedade está relacionada à ação, não ao resultado.

2) Violação de um dever objetivo de cuidado: o dever objetivo de cuidado é o esperado do homem comum (médio) pela lei e pela sociedade.

3) Resultado naturalístico não querido nem assumido pelo agente: no crime culposo, o agente não quer nem assume o resultado.

4) Nexo causal: é preciso haver nexo causal entre a conduta do agente e o resultado lesivo.

5) Previsibilidade: há possibilidade de o agente conhecer o perigo.

6) Tipicidade: a norma penal precisa prever expressamente a forma culposa do delito.

Como se dá a violação objetiva de cuidado?

Guerreiro(a), confira a seguir:

1) Imprudência: trata-se da prática de um fato perigoso.

Exemplo: condutor que dirige em alta velocidade em uma via, vindo a atropelar e matar um pedestre.

2) Negligência: falta de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado.

Exemplo: babá que se distrai enquanto a criança está na piscina, deixando-a se

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12 afogar.

3) Imperícia: falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão.

Exemplo: engenheiro que realiza um cálculo errado em um projeto, vindo a construção a desabar e ferir pessoas.

Quais são as espécies de culpa?

Concurseiro(a), a culpa será inconsciente ou consciente.

A culpa inconsciente é a culpa comum, em que o resultado ocorre sem previsão do agente e sem ele assumir o risco de sua ocorrência. Trata-se da modalidade de culpa mais recorrente nos processos criminais.

Exemplo: pessoa que trafega em alta velocidade em uma via e colide com outro condutor, que falece no local.

Já na culpa consciente, candidato(a), o resultado é previsto pelo agente, que espera levianamente que ele não ocorra ou que possa evitá-lo, confiando na sua atuação para impedir o resultado. É a chamada culpa com previsão e a que mais se aproxima do dolo.

Exemplo: instrutor de trânsito que, a passeio, dirige em alta velocidade em uma rodovia, acreditando que é um exímio motorista e que, portanto, nada ruim irá acontecer, vindo a atropelar e matar uma pessoa.

Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz O que é desistência voluntária?

Concurseiro(a), a desistência voluntária, prevista no art. 15, primeira parte, do CP, ocorre quando o agente, após iniciar a prática do crime e antes de esgotar sua potencialidade lesiva, desiste voluntariamente de prosseguir na execução.

Ou seja, o agente dá início à prática do delito, porém, sem esgotar os meios que tinha à sua disposição para consumá-lo, desiste de ir adiante.

Trata-se de uma atividade negativa, de uma abstenção, pois o agente cessa o seu comportamento criminoso.

Exemplo: o agente possui um revólver carregado com seis munições e efetua dois disparos contra a vítima, com a intenção de matá-la. Após o segundo disparo, contudo, o agente desiste e foge do local, e a vítima sobrevive.

O que é arrependimento eficaz?

Já o arrependimento eficaz, guerreiro(a), está previsto no art. 15, segunda parte, do CP e dá-se quando o agente, durante a prática do crime, esgota sua potencialidade lesiva, mas resolve interferir para impedir a produção do resultado.

Aqui, o agente já esgotou todos os meios que estavam ao seu alcance para consumar o delito, porém faz algo para impedi-lo.

Por isso, o arrependimento eficaz configura uma atividade ativa do agente, que toma providências para tentar impedir que o resultado antes almejado seja alcançado.

Exemplo: o agente dispara em direção à vítima todas as balas que havia no tambor do revólver, pretendendo matá-la. Porém, antes que o homicídio se consume, o agente arrepende-se e procura ajuda médica para a vítima, que sobrevive.

Quais os requisitos da desistência voluntária e do arrependimento eficaz?

Combatente, ambos necessitam de dois requisitos: a voluntariedade e a eficácia.

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13 1) Voluntariedade: tanto a desistência voluntária quanto o arrependimento eficaz precisam, para sua configuração, ser atos voluntários.

Logo, não pode haver coação física ou moral ao agente. Por outro lado, prevalecem a desistência voluntária e o arrependimento eficaz se a cessação da atividade criminosa não for espontânea, ou seja, se decorrer de influência de terceiro.

2) Eficácia: a desistência voluntária e o arrependimento eficaz devem ser capazes de impedir a produção do resultado.

Caso o agente busque evitar o resultado, mas o crime se consume, haverá responsabilização pelo delito na forma consumada; porém, o agente terá direito à atenuante prevista no art. 65, III, “b”, primeira parte, do CP.

Quais as consequências da desistência voluntária e do arrependimento eficaz?

Concurseiro(a), em caso de desistência voluntária e de arrependimento eficaz, o agente responde pelos atos já praticados.

Exemplo: o agente desfere facadas na vítima com o intuito de matá-la, mas se arrepende e desiste de prosseguir na execução, levando-a ferida a um hospital.

Submetida à intervenção médica, a vítima sobrevive. O agente responde pelo crime de lesão corporal.

Tipo Penal Doloso

Candidato(a), segundo o art. 18, I, do CP, o crime será doloso quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Esse resultado trata- se de uma lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico.

Quais são as modalidades de dolo?

Concurseiro(a), em nosso ordenamento, existe o dolo direto e o dolo eventual.

No dolo direto, o agente quer alcançar determinado resultado, praticando uma conduta destinada à produção desse resultado.

Exemplo: o agente que desfere diversas facadas em seu desafeto, com a intenção de matá-lo, age com dolo direto.

Por outro lado, no dolo eventual, o sujeito assume o risco de produzir o resultado: existe uma previsão de um resultado, e o agente, mesmo ciente disso, realiza a conduta, pois é indiferente a ele.

Exemplo: o indivíduo que atira na direção de outrem no intuito de assustá-lo, mas acaba o alvejando fatalmente, age mediante dolo eventual.

Quais são os elementos do dolo?

Combatente, conforme a teoria finalista, são elementos do dolo:

1) Consciência: trata-se do elemento cognitivo, correspondente ao conhecimento do fato que constitui a ação típica. Deve referir-se a todos os elementos do tipo penal e é pressuposto do segundo elemento.

2) Vontade: é o elemento volitivo do dolo, que diz respeito à intenção de praticar o fato. Não pode existir sem o primeiro elemento.

Quais as classificações do dolo?

Candidato(a), confira a seguir:

1) Dolo direto ou determinado: é a vontade consciente de praticar uma conduta para alcançar um resultado pretendido (teoria da vontade). Pode ser:

1.1) Dolo de primeiro grau: o agente tem a intenção de produzir o resultado e dirige sua conduta a essa finalidade.

1.2) Dolo de segundo grau: o agente pretende alcançar um resultado, mas sabe que a produção desse resultado causará inevitavelmente a produção de

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14 outros resultados distintos do que pretendeu.

2) Dolo indireto ou indeterminado: subdivide-se em outras duas espécies, o dolo alternativo e o dolo eventual, conforme veremos abaixo:

2.1) Dolo alternativo: é a vontade consciente do agente de praticar uma conduta para alcançar qualquer um dos resultados previstos.

2.2) Dolo eventual: vontade consciente de praticar uma conduta assumindo o risco de alcançar um resultado previsto, em relação ao qual se é indiferente.

3) Dolo geral: o dolo geral ou erro sucessivo ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado um resultado por ele visado, pratica nova ação a qual efetivamente provoca o resultado.

4) Dolo cumulativo: trata-se de um conjunto de dolos, manifestados de forma sequencial. Verifica-se na progressão criminosa, configurada quando o agente deseja inicialmente produzir um resultado e, após atingi-lo, decide prosseguir e reiniciar sua agressão, produzindo lesão mais grave ao mesmo bem jurídico.

5) Dolo antecedente: é anterior à conduta, e não é punível (com exceção ao caso de embriaguez completa acidental).

6) Dolo concomitante: é contemporâneo à conduta, e é punível.

7) Dolo subsequente: é posterior à conduta e, como o dolo antecedente, não é punível.

8) Conduta preterdolosa: o agente pratica crime diverso do que o pretendido, gerando um resultado mais grave. Há dolo na conduta antecedente e culpa na conduta subsequente.

Arrependimento Posterior

O que é arrependimento posterior?

Concurseiro(a), arrependimento posterior é uma causa de diminuição da pena prevista no art. 16 do Código Penal.

Incide quando o agente praticou crime sem violência ou grave ameaça à pessoa e repara o dano provocado ou restitui a coisa, por ato voluntário, até o recebimento da denúncia ou da queixa.

O arrependimento posterior é conhecido como uma espécie de “ponte de prata”, pois objetiva suavizar ou diminuir a responsabilidade do agente.

Quais os requisitos do arrependimento posterior?

Candidato(a), verificaremos abaixo cada um dos requisitos do arrependimento posterior:

1) Natureza do crime: o crime praticado precisa ser sem violência ou grave ameaça à pessoa. É importante ressaltar, contudo, que o instituto não se restringe aos crimes contra o patrimônio, podendo ser aplicado ao delito de lesão corporal culposa.

2) Reparação do dano ou restituição da coisa: deve ser voluntária, ainda que não espontânea. Assim, admite-se a aplicação de arrependimento posterior se a reparação ou restituição derivar de influência de terceiro.

Exemplo: João furta o notebook de uma colega de trabalho, porém sua esposa sugere a ele restituir o objeto, o que é feito por João.

3) Requisito temporal: até o recebimento da denúncia ou da queixa.

E se a reparação ou restituição ocorrer após o recebimento da denúncia?

Nesse caso, guerreiro(a), o agente não terá direito ao arrependimento posterior, mas sim à atenuante genérica prevista no art. 65, III, “b”, do CP.

Como fica o arrependimento posterior no peculato culposo?

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15 Candidato(a), no crime de peculato culposo, a reparação do dano antes da sentença irrecorrível acarreta a extinção da punibilidade (art. 312, § 3º, do CP).

Se a reparação do dano for posterior à sentença, incide uma causa de diminuição da pena pela metade.

Erro de Tipo Acidental

Guerreiro(a), o erro de tipo acidental é o erro que incide sobre elementos irrelevantes do fato típico. Nesse caso, não há circunstâncias que justifiquem que o agente desconheça a conduta criminosa que está praticando: o agente sabe que está cometendo um crime, porém erra sobre o bem jurídico que gostaria de atingir.

Ainda que não houvesse o erro de tipo acidental, a ação do agente seria ilícita.

Subdivide-se nos seguintes erros:

1) Erro sobre o objeto: combatente, o erro sobre o objeto não possui previsão no Código Penal, tratando-se de uma construção doutrinária. Verifica-se quando o agente pretendia atingir um objeto, mas, por engano, atinge objeto diverso.

Exemplo: agente que furta uma réplica de obra de arte sem valor, supondo ser a obra de arte verdadeira.

Tal erro é irrelevante, não excluindo o dolo do agente. Contudo, é possível a aplicação do princípio da insignificância, o que dependerá de análise no caso concreto.

2) Erro sobre a pessoa: está previsto no art. 20, § 3º, do CP. Nesse caso, guerreiro(a), o erro incide sobre a pessoa que o agente pretendia atingir, ou seja, o agente pratica o crime contra uma pessoa supondo tratar-se de outra.

Trata-se de um erro de representação, não de execução.

Exemplo: Caio pretende matar José e põe-se de tocaia na escuridão. Quando escuta alguém se aproximar, supõe ser José e efetua os disparos, mas ao se aproximar constata que matou Arlindo.

É fundamental ressaltar, candidato(a), que, no caso do erro sobre a pessoa, não se consideram as condições ou qualidades da vítima, mas sim as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

Exemplo: o agente pretende cometer um homicídio contra seu desafeto e por má visibilidade acaba alvejando fatalmente o próprio irmão. Nesse caso, não incidirá a agravante prevista no art. 61, II, “e”, do CP.

3) Erro na execução (aberratio ictus): concurseiro(a), aqui o agente, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, atinge pessoa diversa da que pretendia atingir.

Não há erro do agente em relação à identidade da vítima, mas sim quanto aos meios de execução do crime. O agente “falha na pontaria e erra o alvo” e atinge pessoa diversa, ou atinge quem pretendia atingir e pessoa diversa.

Trata-se, portanto, de uma relação entre pessoa x pessoa.

Em relação às consequências do erro na execução, se o agente atingir apenas a pessoa diversa da pretendida, aplica-se a regra do art. 20, § 3º do CP (erro sobre a pessoa): consideram-se as condições ou qualidades da pessoa pretendida, não as da vítima atingida.

Porém, se o agente atingir a pessoa pretendida e pessoa diversa, aplica-se a regra do concurso formal de crimes: considera-se a pena do crime mais grave, a qual é aumentada de 1/6 a 1/2.

Exemplo: Alfredo, pretendendo matar Jorge, observa de tocaia enquanto esse

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16 se aproxima seguido por sua esposa, Ana. Alfredo efetua um disparo que, além de alvejar Jorge, acaba acertando Ana, matando ambos. Aplica-se a Alfredo a regra do concurso formal de crimes.

4) Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis ou aberratio delicti):

candidato(a), nesse caso, por acidente ou erro na execução do crime, o agente faz confusão e acaba vitimando um bem jurídico diverso. Ou seja, o agente pretendia praticar determinado crime, mas acaba praticando outro.

Trata-se de uma relação entre crime x crime.

Exemplo: Túlio, acreditando que seu vizinho, Lucas (contra quem possui inimizade), não estava em casa, arremessa uma pedra contra a janela da cozinha, que se encontrava aberta. Porém, Lucas estava em casa e é atingido pela pedra.

Em relação às consequências do crime, se é atingido apenas o bem jurídico diverso do pretendido, o agente responde pelo resultado produzido com culpa.

No exemplo que vimos, se Lucas tiver lesões, Túlio responderá pelo crime de lesão corporal culposa; se Lucas falecer, Túlio responderá pelo crime de homicídio culposo.

Por fim, se houver resultado duplo, ou seja, se forem atingidos o bem jurídico pretendido e bem jurídico diverso, o agente responderá em concurso formal de crimes.

Ainda no mesmo exemplo, imaginemos que, além de atingir fatalmente Lucas, a pedra arremessada por Túlio também quebre uma parte da janela: Túlio responderá pelo crime de homicídio culposo em concurso formal com o crime de dano.

Conduta: Ação/Omissão

Candidato(a), a conduta pode manifestar-se na forma de ação ou omissão humana.

O que é ação?

Concurseiro(a), a ação (ou comissão) é um movimento corpóreo humano, praticado de forma consciente e voluntária.

Os atos praticados em estados de inconsciência são incompatíveis com a vontade humana; logo, não são consideradas condutas para fins do Direito Penal.

Exemplos: sonambulismo e hipnose.

Da mesma forma, são incompatíveis com a voluntariedade os atos praticados sob coação física irresistível, pois, nesse caso, o agente age como um mero instrumento da vontade do coator. A coação física irresistível configura uma causa de exclusão de tipicidade.

Exemplo: agente que é forçado fisicamente a falsificar um cheque.

O que é omissão?

Guerreiro(a), a omissão é uma inatividade, uma abstenção. No caso do crime omissivo, o agente não realiza um comportamento que lhe era exigido.

A omissão pode ser própria e imprópria.

Qual a diferença entre crimes omissivos próprios e impróprios?

Candidato(a), crimes omissivos próprios possuem um tipo penal específico e se consumam com a simples conduta negativa do sujeito, independentemente da produção de qualquer consequência posterior.

A obrigação do agente é de agir e não de evitar o resultado, tratando-se de

(17)

17 crime de mera conduta; assim, o resultado que eventualmente surgir dessa omissão será irrelevante para a consumação do crime, podendo configurar uma majorante ou uma qualificadora.

Exemplo: crime de omissão de socorro, cuja pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal grave, e triplicada, se resulta a morte (art.

135, parágrafo único, do CP).

Já no crime omissivo impróprio, concurseiro(a), também chamado de comissivo por omissão, o tipo penal descreve uma conduta ativa, ou seja, o verbo nuclear do tipo descreve uma ação. Nesse caso, o agente não tem simplesmente a obrigação de agir, mas a obrigação de agir para evitar um resultado, sendo chamado, portanto, de agente garantidor. Trata-se de um crime material.

Ressalta-se, no entanto, que somente será atribuída ao agente a responsabilidade por sua conduta omissiva se, nas circunstâncias, era possível agir para evitar o resultado.

O que é agente garantidor?

Combatente, agente garantidor é a pessoa que assume o dever de agir para evitar o resultado, cujas hipóteses estão previstas no art. 13, § 2º, do CP:

1) Obrigação por lei: o agente está obrigado a agir para evitar o resultado por expressa imposição da lei. Assim, se o agente se omitir quando lhe era possível agir, responderá pelo resultado gerado.

Exemplo: pais que deixam de alimentar o filho, vindo a criança, em razão da negligência de seus genitores, a morrer por inanição. Os pais respondem por homicídio culposo.

2) Assunção da responsabilidade: nesse caso, a obrigação de agir para evitar o resultado não decorre de lei, mas do fato de ter o agente assumido a responsabilidade de impedi-lo.

Exemplo: salva-vidas que, por distração durante o trabalho, não observa um banhista se afogando, que vem a falecer. Trata-se de homicídio culposo.

3) Criação do risco: o agente, com seu comportamento anterior, cria situação de perigo para a vítima, ficando obrigado a evitar que ocorra dano ou lesão.

Exemplo: um aluno veterano, durante um trote acadêmico, sabendo que o calouro não sabe nadar, joga-o na piscina. O aluno veterano contrai o dever de agir para evitar o resultado, sob pena de responder por homicídio.

(18)

18 4. Tipicidade

4.1. Consumação e Tentativa 4.1.1. Consumação

4.1.2. Tentativa

Concurseiro(a), não confunda o crime impossível com o crime exaurido! Nesse caso, após a consumação, outros resultados lesivos ocorrem.

Exemplo: no crime de corrupção passiva, o recebimento da vantagem indevida é o exaurimento do delito que já se consumou com a solicitação.

Candidato(a), Júlio Mirabete1 leciona que, nos casos de concurso de pessoas, o crime não pode, em hipótese alguma, ser considerado como tentado com relação a um agente e consumado com relação a outro.

Assim, segundo o autor, se dois coautores subtraem coisa alheia móvel, basta que um deles obtenha a sua posse para que se considere consumado o furto ou roubo, conforme a hipótese, pouco importando que o outro seja autuado em flagrante delito no momento do fato.

Concurseiro(a), vamos conferir o teor da Súmula 96 do STJ2: “o crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida”.

Isso porque o crime de extorsão é um crime formal, que se consuma com o ato de constranger alguém a fazer, tolerar que faça ou deixar de fazer algo, mediante violência ou grave ameaça, no intuito de obter indevida vantagem econômica. Por isso, eventual recebimento da vantagem configura mero exaurimento do delito.

Guerreiro(a), o crime tentado caiu na prova objetiva do concurso de 2021 de Delegado da Polícia Federal, aplicado pelo CEBRASPE. Confira abaixo:

Em se tratando de crime de extorsão, não se admite tentativa.

O item está errado. Por quê? Porque se o agente constranger a vítima, mas ela não cumprir a ordem, estaremos diante de uma tentativa de extorsão.

Por outro lado, se o agente constranger a vítima e ela cumprir a ordem, o crime estará consumado independentemente se o agente obtiver ou não a vantagem econômica, considerando que o recebimento da vantagem, nesse caso, constitui mero exaurimento do delito.

1 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1994. v. 1. p. 151.

2 STJ, Terceira Seção, aprovada em 03/03/1994.

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19 Concurseiro(a), vamos diferenciar esses dois institutos para não confundir:

CONSUMAÇÃO TENTATIVA

Reúnem-se no crime todos os elementos de sua definição legal.

Inicia-se a execução do crime, que não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.

O agente responde pelo crime. O agente responde pelo crime, com redução de pena de 1/3 a 2/3.

Há conclusão do iter criminis. Não há conclusão do iter criminis.

Fases do iter criminis: Espécies de tentativa:

1) Cogitação: idealização mental do crime. 1) Perfeita: a consumação não ocorre apesar de o agente ter praticado todos os atos necessários.

2) Preparação: realização de atos preparatórios.

3) Execução: início da prática delitiva. 2) Imperfeita: o agente não consegue praticar todos os atos necessários à consumação.

4) Consumação: conclusão do crime.

Exemplo: João, após cogitar e decidir matar Caio, adquire uma arma de fogo e desfere seis tiros contra seu adversário, o que o leva a óbito.

Exemplo: Pedro desfere punhaladas em Brian, com o intento de matá-lo, mas Brian é socorrido e levado a um hospital, sobrevivendo aos ferimentos.

Candidato(a), para gabaritar, veja com atenção o resumo a seguir:

Infrações penais que não admitem tentativa:

CCHOUPA

Contravenções penais Culposos

Habituais

Omissivos próprios Unissubsistentes Preterdolosos Atentado

Código Penal

Art. 14. Diz-se o crime:

I. consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;

II. tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.

Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

(…)

Art. 31. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

(…)

Decreto-lei 3.688/1941 (Lei das Contravenções Penais) Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção.

(20)

20 1. (FCC – 2013 – MPE-AM – Agente Técnico - Jurídico) Gervásio, funcionário público, pensou em subtrair um computador da repartição pública em que trabalhava, para vender e obter recursos. No dia em que havia se programado para praticar o ato, desistiu, sem dar início à execução do delito. Nesse caso, a) Gervásio não será punido de nenhuma forma, porque o delito não chegou a ser tentado.

b) não será reconhecida a tentativa pela ocorrência da desistência voluntária.

c) Gervásio responderá por peculato na forma tentada.

d) não será reconhecida a tentativa pelo reconhecimento do arrependimento eficaz.

e) Gervásio responderá por peculato consumado, por ter ocorrido arrependimento posterior.

2. (CESPE/CEBRASPE – 2018 – Polícia Federal – Papiloscopista Policial Federal) Na tentativa de entrar em território brasileiro com drogas ilícitas a bordo de um veículo, um traficante disparou um tiro contra agente policial federal que estava em missão em unidade fronteiriça. Após troca de tiros, outros agentes prenderam o traficante em flagrante, conduziram-no à autoridade policial local e levaram o colega ferido ao hospital da região.

Nessa situação hipotética, se o policial ferido não falecer em decorrência do tiro disparado pelo traficante, estar-se-á diante de homicídio tentado, que, no caso, terá como elementos caracterizadores: a conduta dolosa do traficante; o ingresso do traficante nos atos preparatórios; e a impossibilidade de se chegar à consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do traficante.

Certo ou Errado

3. (FCC – 2013 – TCE-SP – Auditor do Tribunal de Contas) No que concerne aos crimes consumado e tentado, é correto afirmar:

a) Há crime consumado quando o agente praticou todos os atos necessários à consumação do delito, que não ocorreu por circunstâncias alheias à sua vontade.

b) A cogitação não externada a terceiros da prática de um delito só é punível a título de culpa.

c) O crime de peculato culposo não admite tentativa.

d) Por ser a tentativa a realização incompleta do tipo penal, no crime tentado não há tipicidade.

e) A consumação do crime de concussão ocorre com o recebimento da vantagem indevida.

4. (CESPE/CEBRASPE – 2017 – TRF1 – Analista Judiciário - Área Judiciária) Julgue o próximo item, relativo ao instituto da tentativa.

Crime culposo não admite tentativa.

Certo ou Errado

1. COMENTÁRIO: concurseiro(a), essa questão, baseada na Legislação, aborda o iter criminis, que consiste no caminho percorrido pelo crime desde sua cogitação até sua consumação final.

Vamos ao conteúdo da questão:

Vimos que o crime não será punido se não chega, pelo menos, a ser tentado (art. 31 do CP).

Considerando que Gervásio apenas cogitou subtrair o computador, sem dar início à execução do delito, não será punido de nenhuma forma.

Alternativa correta: letra “a”.

A alternativa “b” está errada. Candidato(a), a desistência voluntária não incide nesse caso, pois o agente não deu início à execução do crime.

(21)

21 A alternativa “c” está errada. Conforme vimos, concurseiro(a), a conduta de Gervásio não configura crime na forma tentada, uma vez que Gervásio parou na fase de cogitação.

A alternativa “d” está errada. Combatente, da mesma forma que na alternativa “b”, o arrependimento eficaz não incide aqui, tendo em vista que Gervásio não deu início à execução do crime.

A alternativa “e” está errada. Candidato(a), Gervásio jamais responderia por peculato consumado, pois sequer iniciou a prática do crime, muito menos o consumou.

2. COMENTÁRIO: candidato(a), a questão, baseada na Legislação, exige conhecimento sobre crime tentado e suas características e requisitos, conforme estudamos.

Vamos ao conteúdo da questão: cuidado! A pegadinha do item está no termo “preparatórios”. Para que fique caracterizada a tentativa de crime, o agente deverá ingressar nos atos executórios (art. 14, II, do Código Penal).

Se o agente praticar apenas os atos preparatórios, não se configura o crime na forma tentada, pois não se ingressou nos verbos constantes da elementar do tipo penal.

O item está errado.

3. COMENTÁRIO: guerreiro(a), essa questão, baseada na Legislação, trata das características e diferenças entre crime consumado e tentado.

Vamos analisar a questão!

Lembre-se, combatente, de que os crimes culposos não admitem tentativa. Logo, o crime de peculato culposo encaixa-se nesse critério.

Alternativa correta: letra “c”.

A alternativa “a” está errada. Atenção, candidato(a)! A armadilha, frequente em concursos, está em substituir um conceito por outro. A descrição trazida na alternativa é do crime tentado, não consumado.

A alternativa “b” está errada. Conforme estudamos, concurseiro(a), a cogitação, que consiste na idealização do crime na mente do agente, não é punível.

A alternativa “d” está errada. Na verdade, guerreiro(a), sim tipicidade no crime tentado: o agente responde pelo crime que pretendia consumar, com a correspondente redução de pena de 1/3 a 2/3.

A alternativa “e” está errada. Combatente, o crime de concussão consuma-se com o ato de exigir vantagem indevida em razão do cargo público ocupado pelo agente. O recebimento da vantagem corresponde a mero exaurimento.

4. COMENTÁRIO: combatente, a questão, baseada na Legislação, aborda uma das hipóteses de inadmissibilidade do crime tentado.

Vamos ao conteúdo da questão: o crime culposo não admite tentativa pois seu resultado é involuntário (advém de imprudência, negligência ou imperícia).

O item está certo.

4.2. Erro de Tipo

4.2.1. Erro de tipo essencial

4.2.1.1. Erro de tipo essencial invencível 4.2.1.2. Erro de tipo essencial vencível

(22)

22 O erro de tipo é uma causa de exclusão de tipicidade?

Sim, concurseiro(a). O erro de tipo configura uma causa de exclusão da tipicidade.

Não se trata, portanto, de uma causa excludente de ilicitude ou de culpabilidade: fique atento(a) às pegadinhas dos examinadores!

Combatente, o autor Cezar Roberto Bitencourt3 leciona que, no erro de tipo, o erro vicia o elemento intelectual do dolo (a previsão), impedindo que o dolo atinja corretamente todos os elementos essenciais do tipo.

Segundo o autor, é por essa razão que o erro de tipo exclui sempre o dolo, que hoje está no tipo, e não na culpabilidade. Porém, a exclusão do dolo, que é elemento estrutural da ação típica, deixa intacta a culpabilidade, permitindo a configuração do crime culposo, quando evitável, se houver previsão legal.

Este subtópico, guerreiro(a), caiu no concurso de 2020 do TJ/PA, para os cargos de Oficial de Justiça e Analista Judiciário. A banca examinadora era o CEBRASPE. Na questão, foi exposta uma situação hipotética na qual um servidor tomava para si um relógio de outrem supondo ser o seu. Ao final, questionava-se ao(à) candidato(a) qual instituto caracterizava a conduta do servidor.

Em questões sobre erro de tipo essencial com casos hipotéticos, o CEBRASPE e a FCC (bancas que mais abordam o assunto em provas) normalmente indagam qual instituto seria aplicável àquela situação:

erro de tipo, erro de proibição, excludente de ilicitude etc.

Lembre-se, concurseiro(a), de que o erro de tipo é o erro que incide sobre as elementares e as circunstâncias do tipo penal, sendo que uma falsa percepção da realidade impede o agente de constatar a natureza criminosa do fato.

Candidato(a), vamos revisar o conteúdo para fixá-lo bem:

ERRO DE TIPO ESSENCIAL

INVENCÍVEL (ESCUSÁVEL) VENCÍVEL (INESCUSÁVEL)

O erro é justificável. O erro não é justificável.

O erro não pode ser evitado pelas diligências e cautelas normais.

O erro pode ser evitado pelas diligências e cautelas ordinárias.

Qualquer pessoa, empregando a diligência ordinária, incidiria em erro nas condições do agente.

Qualquer pessoa, empregando a prudência normal, não cometeria o erro em que incidiu o agente.

Sempre exclui o dolo e a culpa. Exclui o dolo, porém não a culpa, desde que prevista em lei a forma culposa.

Exemplo: agente que vai caçar em uma mata distante da civilização e alveja uma pessoa supondo ser um animal.

Exemplo: agente caçando em uma mata próxima a um local com circulação de pessoas alveja outrem pensando ser um animal.

3 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal - Parte geral. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1105.

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23 Guerreiro(a), para gabaritar, veja com atenção o conteúdo a seguir:

Código Penal

Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.

§ 1º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.

(…)

Art. 121. Matar alguém:

Pena: reclusão, de seis a vinte anos.

1. (FCC – 2018 – MPE-PB – Promotor de Justiça Substituto) O erro sobre elementos do tipo, previsto no artigo 20 do Código Penal,

a) exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.

b) sempre isenta o agente de pena.

c) não isenta o agente de pena, mas esta será diminuída de um sexto a um terço.

d) não tem relevância na punição do agente, pois o desconhecimento da lei é inescusável.

e) se inevitável, isenta o agente de pena; se evitável, poderá diminuir a pena de um sexto a um terço.

2. (CESPE/CEBRASPE – 2010 – ABIN – Oficial Técnico de Inteligência - Área de Direito) Julgue o item a seguir, referente a institutos de direito penal.

Incorrendo o agente em erro de tipo essencial escusável ou inescusável, excluir-se-á o dolo, mas permanecerá a culpa caso haja previsão culposa para o delito.

Certo ou Errado

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24 3. (FCC – 2018 – DPE-AM – Analista Jurídico de Defensoria - Ciências Jurídicas) O erro de tipo, no Direito Penal,

a) exclui a culpabilidade subjetiva, impedindo a punição do agente.

b) quando escusável, permite a punição por crime culposo.

c) é incabível em crimes hediondos e equiparados.

d) é inescusável nos crimes da Lei de Drogas, no desconhecimento da lei penal.

e) incide sobre o elemento constitutivo do tipo e exclui o dolo.

4. (CESPE/CEBRASPE – 2009 – SEJUS-ES – Agente Penitenciário – Adaptada) Acerca dos institutos relativos à parte geral do Código Penal, julgue o item seguinte.

Suponha que Antônio, imputável, dono de mercearia, com a inequívoca intenção de matar Juarez, tenha induzido a erro Carla, imputável e empregada doméstica de Juarez, vendendo a ela arsênico em vez de açúcar, que ela ministrou na alimentação de Juarez, provocando a morte deste. Nessa situação, Antônio deve ser responsável pelo crime como autor mediato, e a empregada doméstica, Carla, deve ter excluída a ilicitude de sua conduta, incorrendo em erro de tipo essencial.

Certo ou Errado

1. COMENTÁRIO: concurseiro(a), essa questão, baseada na Legislação, aborda as características e as consequências do erro de tipo.

Vamos analisar a questão!

O erro sobre elementos do tipo exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei (art. 20, caput, do CP).

Alternativa correta: letra “a”.

A alternativa “b” está errada. Candidato(a), o erro de tipo não isenta sempre o agente de pena. Conforme vimos, sendo o erro de tipo essencial vencível, exclui-se o dolo do agente, porém não a culpa: se houver previsão legal da forma culposa, o agente fica sujeito a pena.

A alternativa “c” está errada. Concurseiro(a), o erro de tipo isenta o agente de pena quando invencível e, quando vencível, se houver previsão apenas na forma dolosa. A questão busca trazer uma pegadinha confundindo com o instituto do erro de proibição.

A alternativa “d” está errada. Combatente, mais uma vez, temos uma alternativa buscando confundir o(a) candidato(a) com o erro de proibição. O desconhecimento da lei, de fato, é inescusável, mas isso diz respeito ao erro de proibição.

A alternativa “e” está errada. Candidato(a), a alternativa estaria correta se a questão estivesse tratando do erro de proibição, pois, de acordo com o art. 21 do CP, o erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de 1/6 a 1/3.

2. COMENTÁRIO: guerreiro(a), a questão, baseada na Legislação, tenta confundir o(a) candidato(a) relacionando as consequências do erro de tipo essencial escusável ou inescusável.

Vamos ao conteúdo da questão: para resolver a questão, é fundamental saber diferenciar:

Erro de tipo essencial escusável (inevitável): afasta o dolo e a culpa, e em consequência o próprio fato típico, não decorrendo assim nenhuma responsabilidade para o agente.

Erro de tipo essencial inescusável (evitável): exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se este estiver previsto em lei. Ou seja, subsiste a responsabilidade por crime culposo, conforme o que dispõe o art. 20, caput, 2ª parte, do CP.

O item está errado.

(25)

25 3. COMENTÁRIO: candidato(a), a questão, baseada na Legislação, exige conhecimento sobre a incidência e as consequências do erro de tipo, nos termos do Direito Penal.

Vamos analisar a questão!

Estudamos que o erro de tipo incide sobre o elemento constitutivo do tipo (circunstâncias ou elementares) e exclui o dolo, seja erro de tipo inevitável ou evitável (art. 20, caput, do CP).

Alternativa correta: letra “e”.

A alternativa “a” está errada. Conforme estudamos, concurseiro(a), o erro de tipo atua como uma excludente de tipicidade, não de culpabilidade.

A alternativa “b” está errada. Guerreiro(a), o erro de tipo, quando escusável (inevitável) exclui tanto o dolo quanto a culpa, ou seja, impede a punição pelo crime.

A alternativa “c” está errada. Combatente, cuidado com a armadilha: não há vedação da aplicação do erro de tipo sobre crimes hediondos e equiparados, pois incide sobre as elementares ou circunstâncias de qualquer tipo penal.

A alternativa “d” está errada. Candidato(a), da mesma forma, não há qualquer previsão de que o erro de tipo seja inescusável nos crimes da Lei de Drogas.

4. COMENTÁRIO: combatente, a questão, baseada na Legislação, aborda o erro de tipo mediante uma situação hipotética, o que ajuda a compreender sua aplicação prática.

Vamos ao conteúdo da questão: a autoria mediata do delito dá-se quando o agente utiliza pessoa inimputável ou que atua sem dolo ou culpa para realizar o delito, o que é o caso de Antônio.

Carla, por estar em erro de tipo escusável, tem a exclusão da tipicidade do crime, porquanto faltará o dolo (art. 20, § 1º, do CP).

Vale destacar que a questão fala em exclusão da ilicitude da conduta de Carla; porém, se falasse

“exclusão da ilicitude do crime”, estaria errada, haja vista que o erro de tipo não exclui a antijuridicidade do crime (ilicitude do crime), mas sim a própria tipicidade.

O item está certo.

4.3. Tipo Penal Culposo

Concurseiro(a), ao contrário do dolo, a culpa é um elemento expresso, explícito. Logo, para que o crime seja passível de punição na forma culposa, é preciso que a culpa conste expressamente do tipo penal.

Candidato(a), Cezar Roberto Bitencourt4 esclarece que não existe, no Direito Penal, a compensação de culpas, somente a concorrência de culpas. Segundo o autor, há concorrência de culpas quando dois indivíduos, um ignorando a participação do outro, concorrem, culposamente, para a produção de um fato definido como crime.

Bitencourt cita como exemplo o choque de dois veículos em um cruzamento, com lesões recíprocas, além de atropelamento de um pedestre, no qual os dois condutores estejam igualmente errados, um em velocidade excessiva e o outro atravessando o sinal fechado. Havendo concorrência de culpas, os agentes respondem, isoladamente, pelo resultado produzido.

Ademais, não se admite compensação de culpa em Direito Penal, ou seja, eventual culpa da vítima não exclui a do agente; elas não se compensam. As culpas recíprocas do ofensor e do ofendido não se extinguem, em razão da adoção, pelo Código Penal, da teoria da equivalência dos antecedentes causais.

4 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal - Parte geral. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 829-830.

(26)

26 Concurseiro(a), em importante julgado de 2017, o STJ, no âmbito do REsp 1.689.173-SC5, decidiu que, nos casos de condutor embriagado causador de acidente de trânsito com resultado morte, cabe ao juiz togado apreciar a existência de dolo eventual ou culpa consciente. Assim, na primeira fase do Tribunal do Júri, competirá ao juiz decidir essa questão, não aos jurados na fase do Plenário.

Na mesma oportunidade, a Corte Superior entendeu que a embriaguez do agente condutor do automóvel, por si só, não pode servir de premissa bastante para a afirmação do dolo eventual em acidente de trânsito com resultado morte.

Segundo apontou o STJ, para que fique configurado o dolo eventual, é necessária a presença de outros elementos que comprovem que o condutor conduzia de forma a assumir o risco de provocar acidente sem se importar com eventual resultado fatal de seu comportamento, como trafegar em velocidade muito acima do permitido, ou fazendo, propositalmente, zigue-zague na pista, dentre outras condutas.

Candidato(a), confira o resumo abaixo para facilitar a assimilação do conteúdo:

CRIME CULPOSO

ELEMENTOS CARACTERÍSTICAS

1) Conduta humana voluntária. Imprudência: prática de um fato perigoso.

2) Violação de um dever objetivo de cuidado. Negligência: falta de precaução ou indiferença.

3) Resultado naturalístico não querido nem assumido pelo agente.

Imperícia: inaptidão para o exercício de arte ou profissão.

4) Nexo causal. Espécies de culpa:

5) Previsibilidade. 1) Inconsciente: o resultado ocorre sem previsão do agente e sem ele assumir o risco.

6) Tipicidade. 2) Consciente: o resultado é previsto pelo agente, que espera levianamente que ele não ocorra ou que possa evitá-lo com sua atuação.

Exemplo: Pedro, imputável, sem saber dirigir, pega o carro do pai para passear. No caminho, atropela uma idosa, causando-lhe ferimentos. Trata-se de crime de lesão corporal culposa de trânsito, por imperícia.

Guerreiro(a), para gabaritar, veja o conteúdo a seguir:

1) Atente-se às palavras-chaves nas situações hipotéticas, pois se elas surgirem provavelmente estaremos diante de culpa consciente:

1.1) “Tenho experiência”

1.2) “Tenho habilidade”

1.3) “Sou perito nisso”

5 STJ, 6ª Turma, REsp 1.689.173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 21/11/2017 (Info. 623).

(27)

27 Código Penal

Art. 18. Diz-se o crime:

(…)

II. culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.

Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

1. (FCC – 2015 – TCM-GO – Auditor Conselheiro Substituto) A respeito do dolo e da culpa, é correto afirmar que

a) na culpa consciente o agente prevê o resultado e admite a sua ocorrência como consequência provável da sua conduta.

b) no dolo eventual o agente prevê a ocorrência do resultado, mas espera sinceramente que ele não aconteça.

c) a imprudência é a ausência de precaução, a falta de adoção das cautelas exigíveis por parte do agente.

d) a imperícia é a prática de conduta arriscada ou perigosa, aferida pelo comportamento do homem médio.

e) é previsível o fato cuja possível superveniência não escapa à perspicácia comum.

2. (FGV – 2013 – TJ-AM – Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador e Leiloeiro) Os elementos listados a seguir devem estar presentes necessariamente em qualquer espécie de crime culposo, à exceção de um. Assinale-o.

a) Inobservância do dever objetivo de cuidado.

b) Previsão pelo agente.

c) Tipicidade.

d) Resultado lesivo.

e) Previsibilidade.

3. (FCC – 2012 – TJ-PE – Técnico Judiciário - Área Judiciária e Administrativa) A respeito do dolo e da culpa, é certo que

a) a negligência é o comportamento doloso realizado com precipitação ou insensatez.

b) o dolo eventual tem previsão legal diferente do dolo direto para fins de aplicação da pena.

c) a imprudência é a modalidade da culpa em que o agente, por descuido ou desatenção, deixa de tomar o cuidado que determinada atividade exigia.

d) ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, salvo os casos expressos em lei, senão quando o pratica dolosamente.

e) se o agente e o ofendido agiram com culpa, a culpa de um compensa a do outro, excluindo a conduta delituosa.

Referências

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