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Tipo Penal Doloso

No documento Concursos em Geral Direito Penal (páginas 33-37)

4. Tipicidade

4.5. Tipo Penal Doloso

Candidato(a), não confunda dolo eventual com culpa consciente!

Conforme estudamos, no dolo eventual, o agente assume o risco de produzir o resultado. Existe a

previsão do resultado, e o agente, ao invés de abster-se ou agir para evitá-lo, pratica uma conduta assumindo o risco de produzi-lo.

Exemplo: condutor apressado que avança contra uma multidão, aceitando o risco de atropelar alguém, vindo de fato a atropelar uma pessoa.

Na culpa consciente, combatente, também há previsão do resultado: o agente prevê que sua conduta

poderá gerar um resultado, contudo, espera levianamente que isso não ocorrerá ou que poderá evitá-lo

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Exemplo: condutor que é instrutor de trânsito, a passeio, dirige em alta velocidade, acreditando ser um exímio motorista e capaz de evitar qualquer infortúnio. No percurso, depara-se com um pedestre e, em razão da alta velocidade empregada, não consegue frear ou desviar a tempo, vindo a atropelá-lo.

Quais as teorias sobre o dolo?

Guerreiro(a), segundo Júlio Mirabete8,existem três teorias a respeito do dolo:

1) Teoria da vontade: segundo essa teoria, age dolosamente quem pratica a ação consciente e

voluntariamente. Trata-se da teoria adotada pelo Código Penal para o dolo direto.

2) Teoria do assentimento (ou consentimento): para essa teoria, existe dolo simplesmente quando o

agente consente em causar o resultado ao praticar a conduta. É a teoria adotada pelo Código Penal para

o dolo eventual.

3)Teoria da representação: o dolo é a simples previsão do resultado. O que importa para essa teoria é a inteligência, a consciência de que a conduta provocará o resultado.

Combatente, o STJ já se posicionou diversas vezes no sentido de que há compatibilidade entre o dolo

eventual e o crime tentado.

No julgamento do REsp 1.486.745/SP9, restou firmado o seguinte entendimento: “se mesmo quando o

agente quis o resultado como quando assume o risco de produzi-lo, haveria, indistintamente, a figura do

dolo e se em ambas as condutas poderá não haver consumação por circunstâncias alheias à vontade do

agente, não existe incompatibilidade entre o dolo eventual, espécie de dolo, e o instituto da tentativa”.

O STF possui o mesmo entendimento, o que se pode constatar, por exemplo, pelo HC 165.200 AgR10.

Candidato(a), vamos revisar com muita atenção para não confundir estes dois institutos:

DOLO EVENTUAL CULPA CONSCIENTE

O agente prevê o resultado, porém assume o risco

de produzi-lo.

O agente prevê o resultado, mas acredita que ele

não ocorrerá ou que poderá evitá-lo devido às suas habilidades.

O agente percebe que é possível causar o

resultado e, mesmo assim, pratica a conduta.

O agente confia na sua atuação para impedir o

resultado (culpa com previsão). Há indiferença ao resultado. Não háindiferença ao resultado.

O agente pensa: “não importa, dane-se”. O agente pensa: “é possível, mas não vai ocorrer”.

Exemplo: condutor em alta velocidade que,

apressado, avança contra uma multidão,

assumindo o risco de causar um acidente, e vem a atropelar fatalmente uma pessoa.

Exemplo: exímio instrutor de trânsito que,

confiando em sua habilidade de dirigir, conduz em alta velocidade e atropela e mata um pedestre.

8 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1994. v. 1. p. 132. 9 STJ, REsp 1.486.745/SP, Sexta Turma, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/04/2018. 10 STF, HC 165.200 AgR, Primeira Turma, Rel. Ministro Roberto Barroso, julgado em 29/04/2019.

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Guerreiro(a), para gabaritar, veja com atenção o conteúdo a seguir:

1) Dolo(Teoria Finalista): consciência e vontade

Código Penal

Art. 18.Diz-se o crime:

I.doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; (…)

Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como

crime, senão quando o pratica dolosamente.

1. (CESPE/CEBRASPE – 2018 – STJ – Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal)

Acerca do crime doloso, julgue o item seguinte.

Em relação ao crime doloso, o Código Penal adota a teoria da vontade para o dolo direto e a teoria do assentimento para o dolo eventual.

2. (FGV – 2018 – TJ-AL – Técnico Judiciário - Área Judiciária) Leandro, pretendendo causar a morte de José, o empurra do alto de uma escada, caindo a vítima desacordada. Supondo já ter alcançado o resultado desejado, Leandro pratica nova ação, dessa vez realiza disparo de arma de fogo contra José, pois, acreditando que ele já estaria morto, desejava simular um ato de assalto. Ocorre que somente na segunda ocasião Leandro obteve o que pretendia desde o início, já que, diferentemente do que pensara, José não estava morto quando foram efetuados os disparos.

Em análise da situação narrada, prevalece o entendimento de que Leandro deve responder apenas por um crime de homicídio consumado, e não por um crime tentado e outro consumado em concurso, em razão da aplicação do instituto do:

a) crime preterdoloso; b) dolo eventual; c) dolo alternativo; d) dolo geral; e) dolo de 2º grau.

3. (FCC – 2010 – TCE-RO – Procurador) No dolo eventual,

a) o agente, conscientemente, admite e aceita o risco de produzir o resultado. b) a vontade do agente visa a um ou outro resultado.

c) o sujeito prevê o resultado, mas espera que este não aconteça. d) o sujeito não prevê o resultado, embora este seja previsível. e) o agente quer determinado resultado.

4. (VUNESP – 2018 – PC-SP – Delegado de Polícia) “Existe_________ quando o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que não ocorrerá; configura-se _________ quando a vontade do agente não está dirigida para a obtenção do resultado, pois ele quer algo diverso, mas, prevendo que o evento possa ocorrer, assume assim mesmo a possibilidade de sua produção.”

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a) dolo indireto ... dolo alternativo b) dolo eventual ... culpa consciente c) culpa inconsciente ... culpa consciente d) culpa consciente ... dolo eventual e) culpa inconsciente ... dolo eventual

1. COMENTÁRIO: concurseiro(a), a questão, baseada na Doutrina, aborda as teorias da vontade no que

tange ao dolo, conforme estudamos.

Vamos ao conteúdo da questão: lembre-se de que, para o dolo direto, o CP adota a teoria da vontade,

segundo a qual age dolosamente quem pratica a ação consciente e voluntariamente.

Já no caso do dolo eventual, o CP adota a teoria do assentimento, que preconiza existir dolo

simplesmente quando o agente consente em causar o resultado ao praticar a conduta.

O item está certo.

2. COMENTÁRIO: concurseiro(a), essa questão, baseada na Doutrina, trata das classificações do dolo. Vamos analisar a questão!

Quando o agente supõe já ter praticado o resultado desejado e desenvolve nova conduta, a qual acaba

efetivamente gerando o resultado pretendido, trata-se do dolo geral. No caso hipotético apresentado,

Leandro pretendia causar a morte de José e, para isso, o empurrou do alto de uma escada. Supondo que

José já estivesse morto, Leandro efetuou disparo contra ele. Contudo, José não veio a falecer com a

queda da escada, mas sim em razão do disparo.

Alternativa correta: letra “d”.

A alternativa “a” está errada. Candidato(a), crime preterdoloso é quando o agente pratica uma conduta

dolosa que acaba gerando, mediante culpa, um resultado mais grave do que pretendido. Não se trata do

caso da questão.

A alternativa “b” está errada. Concurseiro(a), o dolo eventual incide quando o agente não deseja o

resultado, mas sim assume o risco de produzi-lo.

A alternativa “c” está errada. Guerreiro(a), verifica-se o dolo alternativo quando há vontade consciente do

agente de praticar uma conduta para alcançar qualquer um dos resultados previstos.

A alternativa “e” está errada. No caso do dolo de 2º grau, combatente, o agente pretende alcançar um

resultado, sabendo que a produção desse resultado causará inevitavelmente a produção de outros

resultados distintos.

3. COMENTÁRIO: concurseiro(a), essa questão, baseada na Legislação, exige conhecimento acerca do

dolo eventual, um dos aspectos mais importantes no estudo do dolo. Vamos analisar a questão!

Vimos que o dolo eventual incide quando o agente, de forma consciente, admite e aceita o risco da

produção de determinado resultado. Não há o desejo do resultado, mas sim a assunção do risco de

produzi-lo (art. 18, I, segunda parte, do CP).

Alternativa correta: letra “a”.

A alternativa “b” está errada. Candidato(a), quando a vontade do agente visa a um ou outro resultado,

estaremos diante de dolo alternativo.

A alternativa “c” está errada. Atenção, concurseiro(a), para não confundir culpa consciente com dolo

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A alternativa “d” está errada. Combatente, lembre-se dos estudos sobre a culpa: quando o sujeito não

prevê o resultado, embora esse seja previsível, há culpa comum (inconsciente).

A alternativa “e” está errada. Guerreiro(a), se o agente quer determinado resultado, há dolo direto.

4. COMENTÁRIO: concurseiro(a), aqui temos uma interessante questão da VUNESP, baseada na

Legislação e na Doutrina, que nos ajuda a assimilar a diferença entre as espécies de dolo e de culpa. Vamos analisar a questão!

A primeira parte da questão trata da culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas espera,

sinceramente, que ele não ocorrerá. Nesse caso, o agente confia que suas habilidades impedirão a produção de um resultado.

Já na segunda parte da questão há dolo eventual: nesse caso, o agente não quer a produção do

resultado, mas, prevendo que ele possa ocorrer, assume a possibilidade de sua produção (art. 18, I,

segunda parte, do CP).

Alternativa correta: letra “d”.

A alternativa “a” está errada. Candidato(a), o primeiro trecho da questão de fato é dolo indireto, ou seja, o

dolo indireto eventual. Mas a segunda parte não é dolo alternativo.

A alternativa “b” está errada. Concurseiro(a), cuidado! A alternativa inverteu a culpa consciente e o dolo

eventual.

A alternativa “c” está errada. Combatente, na primeira parte, jamais haveria que se falar em culpa

inconsciente se o agente prevê o resultado. A segunda parte também não poderia ser culpa consciente,

pois, na culpa consciente, o agente não assume o risco da produção do resultado.

A alternativa “e” está errada. Conforme vimos acima, a primeira parte não é culpa inconsciente.

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