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4. RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSÃO

4.2. MODELAGEM MATEMÁTICA DAS OPERAÇÕES HIDRÓLITICAS E

4.2.2 Deslignificação Alcalina do Bagaço Pré-hidrólisado

A remoção da lignina do bgaço pré-hidrloisado ocorreu em razão da ação do NaOH cujos mecanismo de deslignificação pode ser descrito em tres etapas seguintes: a inicial, a dominante (“bulk”) e a residual (AURELL, 1964, DE GROOT, 1994) como mostrado no esquema da Figura 4.62. Na etapa inicial, alguns compostos fenolicos com α-O-4 tem estas ligações quebradas (GIERER et al, 1985). Na etapa dominante, a principal reação que ocorre é a ruptura das ligações não fenólicas com estrutura β-O-4 (GIEREN e NÒREN 1980). Durante a etapa residual da deslignificação as ligações C-C na lignina são rompidas e os carboidratos são degradados (DE GROOT, 1995).

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 Calc Exp

109 De maneira global o processo de deslignificação ocorre numa seqüência, devido a ação de íons hidróxido envolvendo as etapas seguintes:

- Transporte dos íons (hidroxila) para a superfície da biomassa vegetal; - Reação dos íons para o interior do tecido;

- Reação química entre os íons e os componentes da biomassa no interior da célula;

- Solubulização da lignina e de carboidratos da biomassa; - Difusão dos produtos de reação para o exterior da biomassa; - Transporte dos produtos de reação para o seio do liquido.

DOLK et al (1989) consideraram a possibilidade de que a fase inicial, devido a sua rapidez, pode não ser controlada pela ação química, e sim pela difusão. LI e MUI (1999) confirmaram esta proposição e sugere a diminuição do tamanho da partícula e da temperatura para medir a cinética química desta etapa.

DE GROOT et al (1995) consideraram que a etapa inicial remove uma grande quantidade de hemicelulose e pouca lignina. Na etapa dominante ocorre a maior remoção de lignina e hemicelulose e finalmente na fase residual a celulose e o restante da hemicelulose são decompostos, enquanto a remoção da lignina ocorre lentamente.

Figura 4.62. Etapas de deslignificação no processo de transformação da madeira (Kim,

2004).

FERNANDEZ et al (1985) mostraram que a lignina do bagaço de cana é mais reativa e acessível do que a lignina da madeira. No caso do pré-tratamento com soda a altas temperaturas (100 – 165ºC), SEBATIER et al (1993) mostraram que o bagaço

não apresenta a etapa inicial na deslignificação, motivo pelo qual o autor considera no modelo apenas as etapa

mostrando que o processo de deslignificação alcalina do bagaço tem inicio com uma alta remoção de lignina comparada com a pouca remoção de hemicelulose, o que na madeira não é característico da etapa inicial e sim da etapa dominante

COTLEAR (2004) estudou a deslignificação do bagaço pré

hidróxido de sódio, com e sem adição de oxigênio. Ele mostrou que em períodos logos de pré-tratamento, em temperaturas inferiores a 60ºC, o b

diminuição no conteúdo de lignina rapidamente e pouca remoção de hemicelulose durante a primeira semana, o que o autor conclui ser devido a carência da etapa inicial. Além disso, observou

na qual a deslignificação se caracteriza por ocorrer muito lentamente. Portanto, conforme deslignificação re

hidróxido de amônio, e admitindo, do ponto de vista cinético, que a lignina pode ser classificada em três diferentes c

KIM e HOLTZAPPLE (2005) reagente utilizado no pré deslignificação.

No presente estudo foram consideradas as seguintes possibilidades:

Lignina do Bagaço Pré

A ausência da etapa residual de

curtos (≤160 min) foi observada a partir de resultados de remoç

principal característica da fase residual é que a remoção da lignina proce lentamente, enquanto há possibilidade dos carboidratos serem

GROOT et al., 1995). Este

não apresenta a etapa inicial na deslignificação, motivo pelo qual o autor considera etapas dominante e residual. Eles sustentaram

mostrando que o processo de deslignificação alcalina do bagaço tem inicio com uma alta remoção de lignina comparada com a pouca remoção de hemicelulose, o que na

tico da etapa inicial e sim da etapa dominante COTLEAR (2004) estudou a deslignificação do bagaço pré

hidróxido de sódio, com e sem adição de oxigênio. Ele mostrou que em períodos tratamento, em temperaturas inferiores a 60ºC, o bagaço apresenta uma diminuição no conteúdo de lignina rapidamente e pouca remoção de hemicelulose durante a primeira semana, o que o autor conclui ser devido a carência da etapa

so, observou-se o começo da etapa residual após a primeira se na qual a deslignificação se caracteriza por ocorrer muito lentamente.

tanto, conforme deslignificação realizada com hidróxido de sódio ou e admitindo, do ponto de vista cinético, que a lignina pode ser

ferentes classes de acordo com a fase em que é degradada. KIM e HOLTZAPPLE (2005) mostraram que, dependendo do substrato e do reagente utilizado no pré-tratamento, algumas fases podem não estar presentes na

presente estudo foram consideradas as seguintes possibilidades:

Lignina fase inicial Lignina do Bagaço Pré-Hidrolisado Lignina Dominante

Lignina Fase residual

A ausência da etapa residual de deslignificação realizada para tempos ≤160 min) foi observada a partir de resultados de remoção

stica da fase residual é que a remoção da lignina proce

lentamente, enquanto há possibilidade dos carboidratos serem degradados (DE GROOT et al., 1995). Este fato não foi observado no estudo de deslignificação para

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não apresenta a etapa inicial na deslignificação, motivo pelo qual o autor considera e residual. Eles sustentaram esta afirmação mostrando que o processo de deslignificação alcalina do bagaço tem inicio com uma alta remoção de lignina comparada com a pouca remoção de hemicelulose, o que na

tico da etapa inicial e sim da etapa dominante.

COTLEAR (2004) estudou a deslignificação do bagaço pré-tratado com hidróxido de sódio, com e sem adição de oxigênio. Ele mostrou que em períodos agaço apresenta uma diminuição no conteúdo de lignina rapidamente e pouca remoção de hemicelulose durante a primeira semana, o que o autor conclui ser devido a carência da etapa o começo da etapa residual após a primeira semana, na qual a deslignificação se caracteriza por ocorrer muito lentamente.

alizada com hidróxido de sódio ou e admitindo, do ponto de vista cinético, que a lignina pode ser lasses de acordo com a fase em que é degradada. mostraram que, dependendo do substrato e do tratamento, algumas fases podem não estar presentes na

presente estudo foram consideradas as seguintes possibilidades:

Lignina fase inicial Lignina Dominante Lignina Fase residual

deslignificação realizada para tempos ão de lignina. A stica da fase residual é que a remoção da lignina procede muito degradados (DE fato não foi observado no estudo de deslignificação para

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as condições deste trabalho. Em todos os casos a remoção da lignina foi significativa durante todo o processo.

Portanto, mediante as condições de trabalho segundo observações, admite- se que a deslignificação do bagaço de cana, utilizando álcalis (NaOH), não utiliza as etapa inicial e residual para tempos curtos e temperaturas entre 60-90ºC. Este resultado está de acordo com os obtidos por COTLEAR, (2004), que verifica o surgimento de tal etapa somente após a primeira semana de pré-tratamento.

Em estudos realizados por SEBATIER et al. (1995) mostram que o processamento do bagaço submetido à deslignificação com soda não opera com a etapa inicial. Os autores confirmaram este fato mostrando que processos de deslignificação alcalinos para bagaço começam com altas degradações de lignina, comparada com às possíveis degradações dos carboidratos, o que não é característico da fase inicial e sim da fase residual.

As taxas de reação de primeira ordem correspondentes aos componentes do processo de deslignificação se expressam por:

*>? "@ A B$ >? (4.13)

* "@ A B$ *>? (4.14)

Os balanços de massa dos componentes nas operações em batelada no reator de mistura se escrevem assim:

CADE F G*   H I JKLM J* (4.15)

112 *>?  CG*ADE"@ A B$ *>? (4.16) *  CGADE* "@ A B$ *>? (4.17)

A condição inicial de operação indica que no inicio do processo, t=0, CLBPH = ai +

ab + ar = 1. Aplicando essa condição expressa-se a solução em termos da concentração

da lignina no líquido, cujos valores foram medidos com melhor precisão (Equação 4.3).

2

2 N@0

12O5 NA012P5 NB012Q5 (4.18)

Tendo-se:

Ck = Conteúdo total de lignina no tempo t, g lignina no tempo t/ g total de sólido

seco.

Ck0 = Conteúdo total de lignina no tempo t=0, g lignina no tempo 0/ g biomassa bruta

seca.

a = Fração de lignina que pode ser removida em uma etapa especificada, g lignina na etapa especificada no tempo t=0/ g lignina no tempo t=0.

k = Constante cinética para a etapa especificada, min-1.

Considerando como etapa controladora a fase dominante, o modelo apresentado na Equação 4.18 foi resumido à Equação 4.19, na forma logarítmica:

RS"2$ A   RS "2$ (4.19)

Plotando ln(Ck) contra o tempo (Figuras 4.4 a 4.9), foi possível determinar, a partir da inclinação da reta, as constantes de velocidade, “kb”, para as temperaturas

de 70, 80 e 90ºC, considerando os álcalis utilizados na referida etapa. A Tabela 5.7 apresenta as condições de operação e as constantes de velocidades referentes ao processo de deslignificação nas condições citadas, com os respectivos coeficientes de correlação.

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Tabela 5.7. Constantes de velocidade referente ao processo de deslignificação do bagaço

pré-hidrólisado. Condições: mb=50g, concentração (1% em massa), 500RPM.

Temperatura Constante de velocidade

ºC NaOH R 2 NH4OH R2 (min-1) (min-1) 70 27,0x10-3 0,9479 27,6x10-3 0,9541 80 43,6x10-3 0,9517 32,5x10-3 0,9181 90 48,2x10-3 0,9887 35,4x10-3 0,8821

Os valores dos parâmetros cinéticos indicam a possibilidade de representação do processo via um modelo matemático para a cinética da deslignificação do bagaço de cana tratado com hidróxido de sódio e amônio. Ficou estabelecida empiricamente uma relação de primeira ordem, correspondente a etapa residual da evolução cinética, para tempos menores ou iguais a 180 min. Os aumentos das constantes de velocidade são proporcionais aos aumentos da temperatura e mostraram ter melhores ajustes para a temperatura de 90◦C com NaOH (1% em massa em massa). Nestas condições, foram obtidas as maiores remoções de lignina, logo confirmando a influencia da temperatura sobre o processo de deslignificação.

Figura 4.63. Evolução da lignina Klason versus Tempo para a temperatura de

114

Figura 4.64. Evolução da lignina Klason versus Tempo para a temperatura de 80◦C com

NaOH(1% em massa). Condições: mb=50g, 500 RPM.

Figura 4.65. Evolução da lignina Klason versus Tempo para a temperatura de 90◦C com

115

Figura 4.66. Evolução da lignina Klason versus Tempo para a temperatura de 70◦C com

NH4OH(1% em massa). Condições: mb=50g, 500 RPM.

Figura 4.67. Evolução da lignina Klason versus Tempo para a temperatura de 80◦C com

116

Figura 4.67. Evolução da lignina Klason versus Tempo para a temperatura de 90◦C com

NH4OH(1% em massa). Condições: mb=50g, 500 RPM

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 C o n te ú d o d e L ig n in a K la s o n (g /1 0 0 g d e b io m s s a p ré -t ra ta d a ) Tempo (min) Modelo Experimental Modelo Experimental Modelo Experimental

Figura 4.68. Evolução do conteúto em lignina Klason no bagaço. Influência da temperatura.

Condições: mb, NaOH (1% em massa). 70◦C, 80◦C, 90◦C.

Embora o modelo apresentado seja semi-empírico, uma das suas importâncias é que com as constantes cinéticas obtidas anteriormente pode ser calculada a energia de ativação do processo de deslignificação utilizando a equação de Arrhenius:

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A energia de ativação foi determinada plotando o Ln(kb) versus T-1, e os valores

obtidos para a operação com NaOH e NH4OH foram, respectivamente, 29,45 kJ/mol e

33,26 kJ/mol. Estes valores foram menores que a energia de ativação para a madeira e para a palha de trigo (130 kJ/mol, 50 kJ/mol, respectivamente) na fase dominante (KIM, 2005), quando estas matérias-primas foram deslignificadas com cal em condições oxidativas. O bagaço parece ter uma estrutura mais suscetível que a madeira e o milho para remoção de lignina nas condições alcalinas estudadas, apresentando uma menor energia de ativação na deslignificação. O NaOH é relativamente mais eficiente frente ao NH4OH para a remoção da lignina, tendo indicado uma menor energia de ativação. Com

o resultado anterior poderíamos interpretar que seria necessária uma energia de ativação mínima de 29,45 kJ/mol para o NaOH garantindo a obtenção da remoção de lignina do bagaço pré-hidrólisado.