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A transmissão de HIV por meio de vacinas não foi documentada. Outros produtos imunobiológicos derivados do sangue ou plasma são purificados, e não transmitem o HIV.

Mosquitos

Não transmitem HIV. Eles não são infectados e sua saliva não contém HIV. A quantidade de vírus circulante no sangue periférico não é suficiente para infecção. Mosquitos não regurgitam sangue na próxima pessoa que eles picam.

Estudos realizados na África e nos EUA confirmaram a não ocorrência de transmissão de HIV por meio da picada de inseto. Mosquitos também não transmitem HBV (vírus da hepatite B).

Contato com sangue ou fluídos corporais

As mãos devem ser lavadas após contato com sangue e fluidos corporais. Apesar de não haver evidências de transmissão do HIV por essa via, deve-se evitar o uso comum de objetos pessoais, tais como escova de dente e lâminas de barbear.

Tatuagem e acupuntura

Os seus instrumentos devem ser descartados após utilização ou rigorosamente limpos e esterilizados.

Saliva

A saliva é rica em proteínas que inibem a infecção pelo HIV. Dentre estas proteínas salientamos a enzima inibidora de protease secretada por leucócitos (SLIP) que representa uma barreira natural na transmissão do HIV.

Além disso, a hipotonicidade salivar, que provoca a lise celular, também se apresenta como mais um obstáculo para que

ocorra a infecção pelo HIV. Deste modo, a saliva não é um meio eficaz de transmissão do vírus da AIDS.

Até hoje, não existem casos notificados de transmissão do vírus da AIDS pela saliva.

Aerossol e HIV

O aerossol é diferente de gotículas e espirros. Ele é constituído de partículas menores que 10 mícrons de diâmetro, que flutuam em corrente de ar.

Não existem casos descritos de transmissão do HIV pelo aerossol, durante atividade clínica. Concluindo, não existe evidência de transmissão do vírus da AIDS por via respiratória.

O HbsAg (antígeno de superfície da hepatite B), por sua vez, nunca foi encontrado no ar durante o tratamento de pacientes portadores de HBV em consultório odontológico e em centros de hemodiálise.

Aspectos clínicos da infecção pelo HIV

A infecção pelo HIV pode ser dividida em quatro fases clínicas: 1. Infecção aguda.

2. Fase assintomática, também conhecida como latência clínica. 3. Fase sintomática inicial ou precoce.

4. AIDS.

Infecção Aguda

A infecção aguda, também chamada de síndrome da infecção retroviral aguda ou infecção primária, ocorre em cerca de 50% a 90% dos pacientes. Seu diagnóstico é pouco realizado, em razão do baixo índice de suspeição, sendo, em sua maioria, retrospectivo. O tempo entre a exposição e os sintomas, é de 5 a 30 dias. A história natural da infecção aguda caracteriza-se tanto por viremia elevada quanto por resposta imune intensa. Nessa fase da infecção, existem evidências de que a imunidade celular desempenha papel fundamental no controle da viremia.

Os sintomas aparecem durante o pico da viremia e da atividade imunológica. As manifestações clínicas podem variar desde quadro gripal até uma síndrome, que se assemelha à mononucleose.

Os pacientes podem apresentar sintomas de infecção viral, como: febre, faringite, ulcerações mucocutâneas, envolvendo mucosa oral, esôfago e genitália; cefaleia, fotofobia, perda de peso, náuseas e vômitos.

Alguns pacientes ainda podem apresentar candidíase oral, neuropatia periférica, meningoencefalite asséptica e síndrome de Guillain-Barré.

Janela imunológica: também chamada de janela biológica, é o tempo compreendido entre a aquisição da infecção e a soroconversão.

O tempo decorrido para que a sorologia anti-HIV torne-se positiva é de 6 a 12 semanas após a aquisição do vírus, com o período médio de aproximadamente dois meses.

Os testes utilizados apresentam geralmente níveis de até 95% de soroconversão nos primeiros seis meses após a transmissão.

Fase Assintomática (Latência Clínica)

Na infecção precoce pelo HIV, também conhecida como fase assintomática, o estado clínico básico é mínimo ou inexistente. Alguns

pacientes podem apresentar uma linfoadenopatia generalizada persistente, “flutuante” e indolor.

Fase sintomática inicial (ou precoce)

Nessa fase, o portador de HIV pode apresentar sinais e sintomas inespecíficos de intensidade variável, além de processos oportunistas de menor gravidade, principalmente na pele e nas mucosas. As alterações mais frequentes são:

- Sinais e sintomas inespecíficos:

Sudorese noturna: é queixa bastnte comum e tipicamente inespecífica entre os pacientes com infecção sintomática inicial pelo HIV. Pode ser recorrente e vir acompanhada ou não de febre.

Nessa situação deve ser considerada a possibilidade de infecção oportunista, devendo-se lançar mão de investigação clínica e laboratorial específicas.

Fadiga: frequente manifestação da infecção sintomática inicial pelo HIV. Geralmente, sentida no final de tarde ou após atividade física. Fadiga progressiva e debilitante deve alertar para a presença de infecção oportunista, devendo ser sempre pesquisada.

Emagrecimento: é um dos mais comuns entre os sintomas gerais associados à infecção pelo HIV, estando presente em 95% a 100% dos pacientes com doença em progressão.

Geralmente, encontra-se associado a outros sintomas, como anorexia. A associação com diarreia aquosa faz com que esse sinal seja mais intenso.

- Processos Oportunistas de menor gravidade:

Candidíase Oral e Vaginal (inclusive a recorrente) – incluem as seguintes espécies patogênicas: Candida albicans, C. tropicalis, C. parapsilosis e outras menos comumente isoladas.

A candidíase oral é a mais comum infecção fúngica em pessoas portadoras do HIV. Apresenta-se com sintomas e aparência macroscópica características, descritas a seguir:

Forma Pseudomembranosa: consiste em placas esbranquiçadas, removíveis da língua e mucosas, que podem ser pequenas ou amplas e disseminadas.

Forma Eritematosa: é vista como placas avermelhadas em mucosa, palato mole e duro, ou superfície dorsal da língua.

Queilite Angular: também frequente, produz eritema e fissuras nos ângulos da boca.

As mulheres infectadas pelo HIV+ podem apresentar como manifestação precoce de imunodeficiência pelo HIV, bem como nas fases mais avançadas da doença, formas extensas ou recorrentes de candidíase vulvovaginal, com ou sem acometimento oral.

Leucoplasia Pilosa Oral: é um espessamento epitelial benigno, causado provavelmente pelo vírus Epstein-Barr. Clinicamente apresentam- se como lesões brancas, não facilmente removíveis, que variam em tamanho e aparência, podendo ser planas, ou em forma de pregas, vilosidades ou projeções.

Ocorre mais frequentemente nas margens laterais da língua, mas podem ocupar localizações da mucosa oral: mucosa bucal, palato mole e duro.

Gengivite: a gengivite e outras doenças periodontais podem manifestar-se de forma leve ou agressiva em pacientes com infecção pelo HIV.

Em estágios mais avançados da doença pelo HIV, observa-se frequentemente uma evolução rapidamente progressiva levando a um processo necrotizante acompanhado de dor, perda de tecidos moles periodontais, exposição e sequestro ósseo.

Úlceras Aftosas: em indivíduos infectados pelo HIV é comum a presença de úlceras extensas, resultantes da coalescência de pequenas úlceras, em cavidade oral e faringe, de caráter recorrente, e etiologia não definida.

Diarreia: a infecção pelo HIV, desde sua fase inicial, tem a diarreia como manifestação frequente. Determinar a causa da diarreia pode ser difícil, portanto, faz-se necessário o exame das fezes para agentes específicos.

Sinusopatias: sinusites e outras sinusopatias ocorrem com relativa frequência entre os pacientes com infecção pelo HIV.

Herpes Simples Recorrente: a maioria das pessoas infectadas pelo HIV são coinfectadas com um ou ambos os tipos de vírus herpes simples (HSV 1 e 2), sendo mais comum a recorrência do que a infecção primária.

Embora o HSV-1 seja responsável por lesões orolabiais, e o HSV-2, por lesões genitais, os dois tipos podem causar infecção em qualquer sítio. A sintomatologia clássica pode manifestar-se independentemente do estágio da doença pelo HIV.

Todavia, a apresentação clínica dos quadros de recorrência é geralmente atípica ao comparar-se aos quadros em indivíduos imunocompetentes.

Herpes Zoster: a maioria dos adultos foi previamente infectada pelo vírus varicela zoster, e de modo similar ao HSV, pacientes com doença pelo HIV desenvolvem pelo menos algum episódio de herpes zoster.

Uma vez instalada a AIDS, as pessoas portadoras do HIV apresentam sinais e sintomas de processos oportunistas, representados principalmente pelas seguintes doenças:

- Infecções oportunistas (pneumonias, meningites e enterites). - Tumores (sarcoma de Kaposi e linfomas).

- Alterações neurológicas induzidas pelo HIV.

- Doenças oportunistas são, portanto, as que se desenvolvem em decorrência de uma alteração imunitária do hospedeiro.

Infecções Oportunistas (IO)

São infecções que podem ser causadas por microrganismos não considerados usualmente patogênicos, ou seja, não capaz de desencadear doença em pessoas com sistema imune normal. No entanto, microrganismos normalmente patogênicos também podem, eventualmente, causar IO. Nessa situação, porém, as infecções assumem necessariamente, um caráter de maior gravidade ou agressividade, para serem consideradas oportunistas. As infecções oportunistas associadas à AIDS são várias, podendo ser causadas por vírus, bactérias, protozoários e fungos. Entre as mais frequentes temos:

- Vírus: citomegalovirose, herpes simplex, herpes zoster, leucoencefalopatia multifocal progressiva.

- Bactérias: micobacterioses (tuberculose e complexo Mycobacterium avium intracellulare), pneumonias (S. pneumoniae), salmonelose.

- Fungos: pneumocistose, candidíase, criptococose, histoplasmose. - Protozoários: toxoplasmose, criptosporidiose, isosporíase.

Os Tumores

Certas neoplasias são mais frequentes, entre elas: sarcoma de Kaposi, linfomas não - Hodgkin, neoplasias intra epiteliais anal e cervical. É importante assinalar que o câncer de colo do útero compõe, em vários países inclusive no Brasil, o elenco de doenças que pontuam a definição de caso de AIDS em mulher.

Alterações Neurológicas Induzidas pela HIV

Além da ação primária sobre linfócitos e macrófagos, o HIV apresenta um neurotropismo bastante acentuado, cuja intensidade pode variar conforme a cepa viral, mas que, frequentemente, leva ao aparecimento de síndromes neurológicas específicas, particularmente nas fases mais avançadas da infecção.

Entre as manifestações neurológicas mais frequentes estão: um quadro de atrofia cerebral e demência progressiva; neuropatias periféricas; e a mielopatia vacuolar (todas relacionadas com a ação do HIV, e do próprio sistema imune, no tecido nervoso central e periférico).