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SECRETARIA GERAL DO EXÉRCITO PORTARIA Nº 157-SGEx, DE 27 DE MAIO DE 2014.

DESPACHO DECISÓRIO Nº 065/2014 Em 21 de maio de 2014.

PROCESSO: PO nº 1400467/14-A2/GCEx EB: 64536.011648/2014-50

ASSUNTO: Anulação de Punição Disciplinar

Cap Inf (127584533-5) ÉRICO MERCÊS SARAIVA DE AQUINO

1. Processo originário do Documento Interno do Exército (DIEx) nº 22-E1-CMN/EMG CMN, de 14 JAN 14, do Comando Militar do Norte - CMN (Belém-PA), encaminhando o requerimento, datado de 12 NOV 13, no qual o Cap Inf (127584533-5) ÉRICO MERCÊS SARAIVA DE AQUINO, servindo atualmente no 25º Batalhão de Infantaria Paraquedista - 25º BI Pqdt (Rio de Janeiro-RJ), solicita ao Comandante do Exército a anulação de 1 (uma) punição disciplinar, prisão, aplicada, em 4 FEV 03, pelo Comandante Militar do Planalto - CMP (Brasília-DF).

2. Verifica-se, preliminarmente, que o Requerente:

a. em apertada síntese, fundamenta o seu pedido na alegação de ocorrência de ilegalidade na aplicação da sanção disciplinar supracitada, pela não observância do direito ao contraditório e à ampla defesa, invocando como amparo para o seu pleito o art. 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal de 1988;

b. contesta a regularidade do procedimento apuratório da punição disciplinar em tela, além de alegar a inobservância de formalidades previstas no Regulamento Disciplinar do Exército - RDE, na aplicação do aludido ato punitivo;

c. aduz a não observância das Instruções Gerais para Elaboração de Sindicância no Âmbito do Exército Brasileiro (IG 10-11), vigente à época da referida punição, tendo em vista que não foi notificado da oitiva de 2 (duas) testemunhas, não tendo, assim, a oportunidade de acompanhar as inquirições, bem como alega que não lhe foi apresentado o Formulário de Apuração de Transgressão Disciplinar (FATD), o que, no seu entendimento, prejudicou o contraditório e ampla defesa;

d. argumenta que a sindicância instaurada por intermédio da Portaria nº 001 - Seç Adm, de 10 JAN 03, do Comando Militar do Planalto, foi iniciada antes mesmo do recebimento da referida Portaria, tendo em vista que o termo de abertura dos trabalhos do sindicante está datado de 8 JAN 03;

e. esclarece, ainda, que, à época dos fatos, não utilizou os recursos disciplinares previstos no Regulamento Disciplinar Exército - RDE, pelo fato de ter pouca experiência na caserna e pela distância hierárquica entre o aplicador da punição disciplinar em questão e um aspirante-a-oficial recém apresentado em sua Organização Militar; e

f. por oportuno, cabe informar que o pleito em questão foi analisado no âmbito do Comando Militar do Norte, tendo a autoridade competente manifestado-se pelo indeferimento.

3. No mérito:

a. inicialmente, cabe destacar que não foram juntadas ao processo provas que atestam concretamente ter havido injustiça ou ilegalidade na aplicação da punição questionada, contrariando o que prescreve o art. 4º da Portaria nº 593, de 22 OUT 02, do Comandante do Exército;

b. por oportuno, impende salientar que apesar de não haver no RDE qualquer obrigatoriedade de se apurar transgressão disciplinar por intermédio de sindicância, no caso em tela, a autoridade competente instaurou o referido procedimento administrativo para averiguação dos fatos, de forma a evitar a ocorrência de injustiça ou de ilegalidade na aplicação da sanção disciplinar em questão;

c. quanto à alegação de que a punição disciplinar ora atacada foi aplicada com base em solução de sindicância e não de FATD, esse fato, por si só, não faz presumir desobediência aos preceitos constitucionais do contraditório e da ampla defesa, constituindo a falta do FATD mera irregularidade que, no caso em questão, foi plenamente absorvida pela utilização de procedimento complexo (sindicância) ao qual lhe foi facultado o exercício de todas as garantias constitucionais;

d. nesse contexto, a afirmação do Requerente de que não foram observados na punição em tela o contraditório e a ampla defesa, sendo punido sem que lhe fosse fornecido o FATD para a constatação da transgressão, não deve prosperar, pois, no caso em concreto, a punição foi aplicada após um procedimento administrativo com cerca de 71 (setenta e uma) folhas, muito mais amplo que um FATD;

e. dessa feita, verifica-se que foi realizado um procedimento administrativo que proporcionou à autoridade militar subsídios para concluir pelo cometimento da transgressão, tendo nele constado a inquirição do próprio Interessado, momento em que pôde expor a sua versão dos fatos, a inquirição de várias testemunhas, além de cópia de documentos que comprovaram a existência material do fato reputado como infração disciplinar;

f. conforme consta dos autos, ao contrário do que faz parecer o Requerente, o procedimento administrativo - sindicância, menos célere que o FATD, assegurou todos os direitos inerentes ao contraditório e à ampla defesa, insculpidos no art. 35 do RDE, pois o sindicante notificou previamente o Interessado, constando no referido procedimento o seu ciente, facultando-lhe vistas dos autos, bem como assegurando o direito de pessoalmente ou por intermédio de procurador constituído, apresentar defesa prévia, arrolar testemunhas, assistir a depoimentos, oferecer alegações finais e praticar todos os demais atos necessários ao exercício do contraditório e da ampla defesa, nos termos das IG 10-11 vigentes à época;

g. no que se refere ao argumento de que a sindicância instaurada por intermédio da Portaria nº 001 - Seç Adm, de 10 JAN 03, do Comando Militar do Planalto, foi iniciada antes mesmo do recebimento da referida Portaria, cabe informar que o Boletim Interno nº 01/Cmdo CMP, de 8 JAN 03, publicou a instauração da sindicância em comento e a designação do encarregado, sendo assim, o fato da portaria estar datada de 10 JAN 03 e o termo de abertura datado de 8 JAN 03, não tem o condão de anular o referido procedimento administrativo, constituindo-se em mero erro de digitação, que não trouxe qualquer prejuízo ao Requerente;

h. por oportuno, vale ressaltar que a jurisprudência dos tribunais tem o firme entendimento no sentido de que a nulidade do processo administrativo disciplinar é declarável quando restar evidente a ocorrência de prejuízo à defesa do acusado, o que efetivamente não ficou comprovado no caso em exame;

i. vale ressaltar, ainda, que o Requerente não juntou em seu pedido provas materiais que justificassem a falta cometida, sendo, em decorrência de seus atos, punido disciplinarmente de acordo com a legislação vigente à época, não havendo, pois, que se falar em injustiça ou ilegalidade na aplicação da punição em comento;

j. de acordo com a legislação pertinente, a anulação de punição disciplinar deverá ocorrer somente quando houver comprovação inequívoca de ter havido injustiça ou ilegalidade na sua aplicação, o que não se amolda ao caso em apreço, porquanto da análise percuciente dos autos, constata-se que não há prova concreta da ocorrência de vício de legalidade que pudesse macular o questionado procedimento punitivo;

k. destarte, em decorrência do atributo da presunção de legitimidade, os atos administrativos, até prova em contrário, presumem-se praticados em conformidade com as normas legais a eles aplicáveis e verdadeiros os fatos neles descritos pela Administração;

l. essa presunção de legitimidade acarreta a transferência do ônus probatório para o administrado, cabendo, então, ao interessado provar as alegações que fizer quanto à desconformidade dos atos questionados com o direito e os princípios de justiça; não o fazendo, prevalecem a validade e a eficácia dos atos contestados;

m. consistindo a prova na demonstração material e cabal da existência ou veracidade daquilo que se alega como fundamento do direito defendido ou contestado, de simples afirmações, por si sós, não decorrem os efeitos pretendidos por quem as apresenta - no caso, a nulidade da sanção questionada; nesse sentido, aplica-se a máxima de que a simples alegação não faz direito;

n. as justificativas apresentadas por não ter feito uso dos recursos disciplinares previstos no RDE, não são plausíveis, porquanto tais expedientes revelam-se como os instrumentos mais adequados para demonstrar a sua inconformidade com a sanção disciplinar que lhe foi aplicada, tão logo tomasse conhecimento do respectivo ato punitivo, buscando, assim, a reversão da situação em momento mais oportuno, próximo à ocorrência do fato, vindo a fazê-lo somente agora, quando o reflexo da punição tornou-se mais evidente em sua carreira militar;

o. da análise acurada do pleito, restou configurado, concretamente, que o ato punitivo atacado foi praticado por autoridade competente, atendendo à finalidade pública e revestido da forma apropriada, nos termos do RDE em vigor; e

p. convém salientar que, à luz do art. 41 da Lei nº 6.880, de 9 DEZ 1980 (Estatuto dos Militares), cabe ao militar a responsabilidade integral pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos que praticar.

4. Conclusão:

Dessa forma, à vista dos elementos constantes do processo, não restou comprovada, concretamente, a existência de injustiça ou ilegalidade na aplicação da sanção disciplinar questionada, pelo que dou o seguinte

D E S P A C H O

a. INDEFERIDO. O pedido não atende a nenhum dos pressupostos exigidos pelo art. 42, § 1º, do Regulamento Disciplinar do Exército, aprovado com o Decreto nº 4.346, de 26 de agosto de 2002.

b. Publique-se o presente despacho em Boletim do Exército e informe-se ao Departamento- Geral do Pessoal, ao Comando Militar do Norte e à Organização Militar do Interessado, para as providências decorrentes.

c. Arquive-se o processo neste Gabinete.

DESPACHO DECISÓRIO Nº 066/2014.