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Vigilância Sanitária

Sistemas de Esgotos

Produtos Profiláticos e Terapêuticos

Controle das Doenças Transmissíveis Assistência Médica e Sanitária Alimentação e Nutrição Abastecimento de Água 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 11995 ■ 1996

De outro, os recursos que faltariam para esses ministérios, deslocados pelos burocratas dos

ministérios do Planejamento e Orçamento e da Fazenda, como se pode verificar pelo Gráfico 25, abundariam nos ministérios de Minas e Energia, das Comunicações e dos Transportes para que

seus burocratas pudessem incrementar os ativos patrimoniais das empresas estatais lucrativas,

competitivas e promissoras dos setores energético, de comunicações e de transportes, desde já inclusas na lista de privatizações do governo de Cardoso, além de financiarem, direta ou

indiretamente, as empresas “privadas” permissionárias ou concessionárias dos direitos de exploração de serviços públicos e atividades econômicas da esfera dos seus ministérios. Os

burocratas dos ministérios de Minas e Energia, das Comunicações e dos Transportes dedicar-se- iam além do normal para satisfazerem as elites, investindo em empresas estatais que, sabiam, postas à venda. 195

195 Vide TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIAO. Ata 21/96. Prestação de contas do govemo federal relativas ao exercício de 1995. 30 de maio de 1996. Relator: Ministro Homero dos Santos. “No que tange ao Orçamento de Investimento das empresas estatais, verificou-se que 17 empresas encerraram o exercício financeiro de 1995 com excesso de gastos em relação aos limites legalmente estabelecidos, sendo 12 delas integrantes do Sistema TELEBRÁS. Quanto aos recursos aplicados, esses importaram em R$ 11.590 milhões, sendo que, desse montante, 35,5% foi realizado pelo setor de telecomunicações”. Vide TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Ata 21/97. Prestação de contas do govemo federal relativas ao exercício de 1996. 10 de junho de 1997. Relator: Ministro Paulo Affonso Martins de Oliveira. “Convém observar que 15 (quinze) empresas estatais executaram despesas orçamentárias além da dotação autorizada em lei, estando a relação dessas empresas e os valores executados além do permitido demonstrados no corpo do Relatório. Onze dessas empresas integram o Sistema TELEBRÁS”. TAVARES, Maria da Conceição. O desmonte da indústria nacional do petróleo. Discurso proferido em 19 de fevereiro de 1997 no Plenário da Câmara dos Deputados, Brasília-DF. “O Presidente da República comprometeu-se publicamente a preservar a Petrobrás, negando inúmeras vezes a intenção de privatizá-la. Passado pouco mais de um ano da votação que rompeu o monopólio estatal do petróleo, parece que o compromisso assumido e as negações declaradas estão perdendo vigência, deslocadas pela inexorável lógica dos interesses externos e internos que dão sustentação ao atual Govemo e a seu projeto de permanência no poder. Isto pelo menos é o que se deduz da proposta de regulamentação do monopólio do petróleo na forma do substitutivo apresentado pelo relator da matéria, o deputado Eliseu Resende (PFL-MG), que amplia notavelmente os alcances ‘liberalizantes’ do projeto do Executivo. O vetor central do substitutivo proposto, que compatibiliza a preservação formal da Petrobrás com a sua destruição de fato, permite que seu espólio seja distribuído entre os grupos interessados, autorizando a criação e venda de subsidiárias em qualquer das áreas em que a Petrobrás já está atuando. Com isto se abre o caminho, como destaca a Gazeta Mercantil do dia 23 passado, para a transformação da empresa numa ‘holding’ de papel, para uma verdadeira privatização ‘por dentro’. Por este artificio, poderiam ser vendidos todos os seus ativos nobres - dutos, terminais, navios etc, e sobretudo poços, áreas de exploração rentável, como a bacia de Campos, que representa mais de 80% da produção nacional, e o próprio petróleo. A liberalização indiscriminada das importações de derivados de petróleo, também incluída no substitutivo, completa esta estratégia. A existência de um excesso de capacidade de produção destes derivados à escala internacional não significa somente que as transnacionais não terão o menor interesse em realizar investimentos na expansão da capacidade de refino do pais; implica a possibilidade concreta de, através da manipulação dos preços por elas controlados, desestruturar a produção nacional, ao que se seguiria, como ensina a experiência histórica, a transferência da propriedade dos ativos envolvidos e a recomposição, em patamares mais elevados, da estrutura de preços. Para viabilizar esta ‘operação desmonte’, o substitutivo atribui superpoderes ao órgão regulador que propõe estabelecer, a Agência Nacional do Petróleo, a quem caberia autorizar a venda das subsidiárias que sejam criadas, deslocando-se para a esfera burocrática decisões que, por sua relevância, são atualmente da incumbência do Congresso Nacional. As implicações deste processo transcendem as fronteiras do sistema Petrobrás: numa situação como a brasileira, em que a indústria do petróleo está organizada em base a um monopólio integrado verticalmente, a venda de subsidiárias conduz à desarticulação da cadeia produtiva e ao desmoronamento da estrutura de preços que sustenta a competitividade, via transportes e insumos, de outros setores da economia, particularmente da agro-indústria, e permite proteger os consumidores das regiões mais remotas”. TAVARES, Maria da Conceição. A importância da Vale do Rio Doce. Discurso proferido em 6 de maio de 1997 no Plenário da Câmara dos Deputados, Brasília-DF. “Para situar a discussão num plano mais sério, é

Para as elites transnacionais e suas associadas nacionais, todavia, as brutais somas

investidas nas empresas estatais e nas redes de suporte às suas atividades não bastariam. As elites, em verdade, não pretendiam dispor de seus polpudos lucros amealhados durante longos anos de

favorecimentos pelo regime dos generais para adquirirem as empresas estatais postas à venda. Os burocratas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social entrariam em cena, com a

vasta experiência administrativa e financeira obtida no setor público e com as sólidas crenças nascidas quando a serviço do setor privado, para salvarem as elites.

conveniente recordar que a Vale é um dos poucos sistemas ‘globais’ que o país possui, com capacidade autônoma de atrair investimentos e financiamentos externos, de realizar parcerias estratégicas e de manter uma inserção competitiva num mercado internacional altamente oligopolizado. São mais de 60 empresas nacionais e internacionais articuladas em um enorme complexo que opera em 10 estados brasileiros, tem clientes em mais de 30 países e é ao mesmo tempo o maior exportador do pais (cerca de US$ 1,5 bilhões em 1995) e o maior exportador mundial de minério de ferro. Além de produzir, beneficiar e transportar mais de 100 milhões de toneladas de minério, a Vale atua na exploração de ouro, cobre, caulim, bauxita, alumina e alumínio, madeira, papel, celulose, fertilizantes, aço e ligas. Suas reservas constituem um gigantesco patrimônio do pais: são 41,5 bilhões de toneladas de minério de feiro, 678 milhões de toneladas de bauxita, 994 milhões de toneladas de cobre, 72 milhões de toneladas de manganês e 250 toneladas de ouro, as quais se agregam quase 600 mil hectares de florestas comerciais. Ainda que a produção, beneficiamento e transporte de minério constitua o núcleo central de suas operações, a Vale é muito mais do que uma empresa mineradora. Em realidade, o desenvolvimento de suas atividades configurou, ao longo do tempo, um verdadeiro sistema logístico, integrado vertical e horizontalmente, cuja sinergia entre seus componentes é determinante de dois aspectos básicos: a eficiência do complexo produtor-exportador e a potencialização produtiva e articulação espacial das áreas abrangidas pelas suas atividades, que se traduz na elevação da eficiência sistêmica do espaço físico ocupado. Estas características da Vale - sua dimensão econômica, sua capacidade de inserção competitiva no mercado global e sua importância como vetor de dinamização econômica e integração produtiva nacional - é a que a tomam uma ferramenta fundamental para o planejamento estratégico do desenvolvimento brasileiro. Neste sentido, privatizar ou, como tudo indica, desnacionalizar a Vale não significa somente desmembrar um complexo altamente produtivo e eficiente, que não custa um centavo ao Tesouro Nacional, ou, alternativamente, transferir para o capital externo, a preços ‘promocionais’, um gigantesco patrimônio da Nação construído ao longo de mais de cinco décadas. Significa basicamente abrir mão de um instrumento essencial para compatibilizar, como ocorreu nas experiências européias e asiáticas bem sucedidas, o processo de inserção internacional com a integração produtiva nacional, dentro de um planejamento estratégico que contemple uma visão sistêmica e holística de desenvolvimento sustentado. As regras da concorrência mudaram: o mercado se globalizou; a produção é crescentemente oligopolizada; as grandes decisões de produção e investimento respondem a uma política global das empresas transnacionais, definida por suas matrizes e amparadas pelos interesses estratégicos das potências dominantes, em particular, da potência hegemônica; não é o número de empresas mas sua força o que caracteriza a concorrência no processo de globalização produtiva. Dentro deste quadro, desmontar o que resta de capacidade autônoma de decisão político-econômica do estado brasileiro e pretender deixar aos caprichos do mercado e do capital externo o destino do pais e de instrumentos estratégicos como a Vale é de uma irresponsabilidade social que raia o absurdo”. LÂFIS - PESQUISA E INVESTIMENTOS EM AÇÕES NA AMERICA LATINA. Cancão de ninar, in Carta Capital, ano II, n.° 44, 19 de março de 1997, p. 74. Afastados os japoneses e os australianos, a mineração brasileira passará às mãos do falecido império britânico e das transnacionais a que deu origem (Anglo American, RTZ, GENCOR). É a tese do desenvolvimento dependente.

GRÁFICO 25 - DESPESAS DOS MINISTÉRIOS DE MINAS E ENERGIA, DAS COMUNICAÇÕES E DOS