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Despesas com pesquisas e desenvolvimento

No documento R ESULTANTE DE UM (páginas 52-57)

COMPARAÇÃO DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS APLICADAS NO BRASIL (BR-GAAP) E NOS ESTADOS UNIDOS (US-GAAP)

2.5 Despesas com pesquisas e desenvolvimento

2.5.1 Norma Americana (SFAS 230

, SFAS 6831)

Encontram-se, nos Pronunciamentos FAS nº 2 e 68, as definições dos termos pesquisa e desenvolvimento. Somente os custos de materiais, equipamentos, instalações e intangíveis, adquiridos de terceiros e usados em atividades de pesquisa e desenvolvimento que tiverem usos futuros alternativos, podem ser capitalizados e amortizados. Com a exceção de certos programas de computador, desenvolvidos internamente, todos os custos de pesquisa e desenvolvimento não são mais capitalizados sob os Princípios Contábeis Norte-Americanos, devendo ser debitados ao resultado, quando incorridos (KPMG, 2001, p.17-18).

Os gastos com pesquisa e desenvolvimento devem ser objeto de evidenciação, uma vez que tenham sido levados em cada período contábil (NIYAMA, 2007, p. 127).

30Statement No. 2 Accounting for Research and Development Costs (Issue Date 10/74) 31Statement No. 68 Research and Development Arrangements (Issue Date 10/82)

Peters (2004, p. 50) contribui com o tema, referenciando o AICPA SOP 98-5 (Statement of Position 98-5) que trata sobre start up activities ou pré-operação:

• custos e despesas de pré-operação são lançados no resultado; • exemplos de custos e despesas não diferíveis:

9 abertura de nova fábrica; 9 treinamento;

9 custos e despesas pré-operacionais (salários, aluguéis, viagens, depreciação de bens em uso etc.);

9 custos de organização (legais, administrativas, etc.); 9 lançamentos de novos produtos.

2.5.2 Norma Brasileira (Lei 6.404/7632

, Pronunciamento VIII do IBRACON33)

Antes de se falar sobre despesas com pesquisas e desenvolvimento, é necessário explorar e entender o significado de ‘diferido’. Iudícibus e Marion (2000, p. 45) definem o termo como aplicações de recursos em despesas, ou gastos, que contribuem para a obtenção de receita ou para a formação do resultado de mais de um (vários) exercício social, tais como: gastos pré-operacionais, gastos de reorganização, pesquisa e desenvolvimento de

produtos, etc. Para este último, normalmente, inclui os seguintes custos (IUDÍCIBUS,

MARTINS e GELBCKE, 2000, p. 201):

• salários, encargos e outros custos de pessoal alocados a tais atividades; • materiais e serviços consumidos;

• depreciação de equipamentos e instalações utilizados nas pesquisas; • gastos gerais, apropriados segundo sua relação com o(s) projetos;

• outros custos relacionados a essas atividades, como por exemplo, a amortização de marcas e patentes, e licenças

32Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. 33Norma e Procedimento Contábil nº VIII Diferido - Aprovada em Agosto/1979

De acordo com a Lei 6.404/76 e com o Pronunciamento VIII do IBRACON, somente as despesas com pesquisas e desenvolvimento que irão contribuir na geração de receita por mais de um exercício podem ser capitalizadas como um ativo diferido. As despesas com pesquisas e desenvolvimento devem ser avaliadas ao custo e deduzidas de amortização acumulada. O período de amortização deve ser determinado pelo período no qual os benefícios futuros serão gerados. Todavia, o período de amortização geralmente utilizado é baseado na legislação fiscal que requer um período mínimo de amortização de 5 anos e um máximo de 10 anos, pela legislação societária. Se em qualquer período houver dúvidas sobre a viabilidade e recuperação das despesas de pesquisa e desenvolvimento diferidas, o valor líquido das despesas com pesquisas e desenvolvimento deverá ser baixado imediatamente (KPMG, 2001, p. 17-18 e CFC, 2006, p. 50-52).

2.6 Contingências

2.6.1 Norma Americana (SFAS 534, SOP 94-635)

No caso da maioria dos passivos, o momento em que o reconhecimento ocorre é bastante definido, porque a obrigação resulta de um contrato em que o valor e a data de pagamento da obrigação se acham especificados, ou são determináveis em função das condições do contrato. Entretanto, o valor pago depende de eventos futuros, tais como o nível do faturamento bruto com o uso de bens arrendados. Em tais casos, o passivo existe, muito embora o valor deva ser representado em termos de equivalentes certos, ou por meio de um intervalo de valores prováveis. No caso de possibilidade de perda, o FAS nº 5 dá a entender que existe um passivo que deve ser contabilizado, caso a magnitude de perda possa ser, razoavelmente, estimada. Assim, de um ponto de vista semântico, e do ponto de vista de usuários de demonstrações financeiras, uma obrigação deve ser classificada como passivo, caso possa ser, razoavelmente, medida, ou se um intervalo significativo de valores ou probabilidades possa ser a ela atribuído (HENDRIKSEN, 1999, p. 413).

34 Statement No. 5 Accounting for Contingencies (Issue Date 3/75)

35 SOP 94-6, Disclosure of Certain Significant Risks and Uncertainties, is effective for financial statements issued for fiscal

Peters (2004, p. 49) afirma que, nos Estados Unidos, conforme o FAS 5, as contingências devem ser classificadas em três categorias: a) perda provável – deve ser efetuada provisão que reflita o valor estimado da perda, com divulgação em nota explicativa; b) perda possível – deve ser divulgada, em nota explicativa, informando a natureza e situação da contingência e o valor estimado; c) perda remota – não é necessária nenhuma divulgação em nota explicativa ou reconhecimento de passivo exigível.

Em maiores detalhes, o pronunciamento do FASB nº 5 e a Opinião emitida nº 94-6 afirmam que se existirem informações disponíveis, antes da publicação das demonstrações financeiras, indicando a probabilidade de que, na data do balanço, um ativo tenha sido prejudicado ou um passivo tenha sido incorrido e, se o valor da perda puder ser, razoavelmente, estimado, a perda estimada deverá ser provisionada. Os seguintes termos são usados para descrever a possibilidade de que um evento futuro venha a confirmar se um ativo foi prejudicado ou um passivo incorrido na data das demonstrações financeiras:

• provável: o evento futuro tem probabilidade de ocorrer;

• razoavelmente possível: a possibilidade de que o evento futuro ocorra é mais do que remota, porém menos do que provável;

• remota: a possibilidade do evento futuro ocorrer é baixa.

Se não for constituída provisão, em função dessas condições não terem sido preenchidas, a divulgação da contingência deverá ser feita, quando haja uma possibilidade razoável de ocorrer uma perda, ou se a perda for maior do que o valor provisionado. A divulgação deverá indicar a natureza da contingência, dar uma estimativa da perda ou da faixa de perda estimada ou declarar que tal estimativa não pode ser feita, e declarar que é, razoavelmente, possível que essa estimativa se altere (se esse for o caso). Os ativos contingentes, geralmente, não são refletidos nas contas, já que esse procedimento significaria reconhecer receitas antes de sua realização. Embora a divulgação adequada de ganhos contingentes seja apropriada, deve-se exercer cuidado para evitar inferências enganosas quanto à probabilidade de realização (KPMG, 2001, p. 19-20).

2.6.2 Norma Brasileira (NPC nº 09 - IBRACON36

)

Em Contabilidade, uma contingência é uma situação de risco já existente e que envolve um grau de incerteza quanto à efetiva ocorrência e que, em função de um evento futuro, poderá resultar em ganho ou perda para a empresa. A preocupação maior deve ser com as contingências que possam resultar em perda para a empresa, pois, pelo conservadorismo, aquelas que, em decorrência de infrações de terceiros, reclamações, pedidos de reembolso, etc., possam se tornar ganhos da empresa, só serão contabilizadas quando realmente efetivadas.

Não obstante, a técnica contábil recomenda a menção, também, das contingências ativas nas notas explicativas às demonstrações financeiras. Por outro lado, para que a contingência passiva, julgada provável em exercício futuro, seja registrada contabilmente por meio da formação da provisão para riscos fiscais e outros passivos

contingentes, deverá ser possível estimar seu valor; caso contrário, apenas deverá ser mencionada nas notas explicativas, descrevendo-se o tipo de contingência e explicando-se a impossibilidade de determinar o seu montante. A empresa poderá, ainda, ter processos fiscais e outros que envolvem uma contingência cujos valores sejam calculáveis, mas não serão provisionados quando forem remotas as possibilidades de perdas, após análise detida pela administração e por seus advogados (IUDÍCIBUS, MARTINS e GELBCKE, 2000, p. 247).

A NPC nº 9 do IBRACON está em conformidade com o SFAS 5 e enfatiza que uma perda contingente deverá ser reconhecida nas demonstrações financeiras, quando a probabilidade de ocorrência é considerada provável e o valor possa ser, razoavelmente, estimado, quando:

• provável: é esperado que ocorra o evento futuro;

• razoavelmente possível: a chance de que o evento futuro ocorra é mais do que remota e menos do que provável;

• remota: a chance de que o evento futuro ocorra é insignificante.

Segundo a KPMG (2001, p. 19-20), se o valor da contingência não puder ser razoavelmente estimado, divulgações adequadas serão requeridas. Em geral, ativos contingentes não devem ser reconhecidos nas demonstrações financeiras, baseado no requerimento de que a receita somente pode ser reconhecida quando realizada. É recomendada uma divulgação adequada do ganho, incluindo a natureza e o valor do ganho contingente (líquido de imposto de renda e qualquer outro custo relacionado).

No documento R ESULTANTE DE UM (páginas 52-57)