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4. ENQUADRAMENTO FUNCIONAL

4.2. Área 2 –Participação na Escola e Relação com a Comunidade

4.2.1. Desporto Escolar

Segundo Rodrigues (1995), o DE tem como principal objetivo ocupar os tempos livres dos alunos com atividades lúdico-desportivas, respeitando um regime de liberdade de escolha. Dessa forma, o DE é uma atividade de complemento curricular inserida no plano de atividades da escola, que embora seja de caráter voluntário, deve e pode ser entendida como um direito do aluno.

Na minha opinião, o desporto deve fazer parte da formação dos jovens e o DE surge como uma atividade de complemento curricular, que se deve articular com a disciplina de EF. Isto implica que, o DE seja complementar à formação curricular do aluno, através das práticas desportivas organizadas pela escola. Devidamente apoiado pelo educador e pela comunidade escolar, o aluno deverá ser responsável por todos os momentos na sua prática. No entanto, a partir do momento que assume o compromisso de pertencer a uma equipa, deve ter a responsabilidade de assiduidade, já que, passa a ser parte integrante de uma estrutura.

Neste momento, os jovens têm uma excelente oportunidade de começar a praticar desporto na escola, de forma gratuita, ao contrário do que sucede em muitas equipas federadas dos mais variados desportos. Fiquei muito agradado ao verificar que na Escola onde estagiei, muitos alunos frequentam o DE, tendo inclusive, alcançado bons resultados em antigas competições. Esta escola chegou a representar Portugal, na modalidade de Futsal, nos campeonatos de Malta.

Uma vez que, no âmbito do EP, a participação no DE é uma das áreas de desempenho a ser desenvolvida pelo EE, ao longo deste ano letivo, acompanhei o DE de Futsal. Aqui pude vivenciar novas experiências que me fizeram crescer enquanto professor. Foi muito positivo o que vivenciei nesta atividade e muito gratificante o contributo prestado para o desenvolvimento desportivo dos alunos desta Escola, principalmente, pela experiência, de acompanhar a evolução dos alunos desde o primeiro treino até ao último.

A equipa tinha treino três vezes por semana e à quarta feira era eu o responsável pela sua orientação, sendo que os treinos de segunda-feira e

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sexta-feira, ficavam a cargo da professora responsável pela modalidade. Deste modo, ao longo de algumas semanas, fui desenvolvendo a capacidade de realizar um treino mais personalizado ao nível técnico-tático, que revelou os seus frutos, na medida, em que nas duas últimas jornadas, a equipa não perdeu qualquer jogo. Era prazeroso ver a boa capacidade de organização em campo deste grupo, tanto nas transições ofensivas, como defensivas:

“De seguida, iniciei o treino com os restantes alunos. Foi mais um treino intenso e motivante para mim e para os alunos. Tenho insistido bastante com eles ao nível do posicionamento defensivo e ataque organizado, para que se possam criar rotinas, para os próximos jogos.” (Diário de bordo-semana 4 de

março, 2014)

O comportamento dos alunos também melhorou imenso, visto que aprenderam a respeitar e aceitar o que era decidido e exigido pelos professores quer no jogo, quer no treino.

A minha escolha por esta modalidade resultou do gosto que nutro pelo futsal (porque fui praticante de futebol durante vários anos), mas, também, pelo facto de nunca ter tido oportunidade de treinar uma equipa de futsal, procurando melhorar os meus conhecimentos práticos nesta modalidade. Esta experiência tornou-se, bastante aliciante para mim e transcendendo a formação motora dos alunos, ao longo de todas as semanas de trabalho neste grupo, tive sempre a preocupação de conversar com os alunos acerca do seu aproveitamento escolar. Assim, consegui criar, um laço afetivo de amizade com todos eles, não descurando o lado curricular da vida escolar de cada um.

Encarei esta minha participação na equipa de futsal com seriedade e responsabilidade, aproveitando para trabalhar algumas lacunas que detetava (nomeadamente nos meus feedbacks) e encontrar soluções para os problemas que foram surgindo. Por vezes, não era fácil gerir situações em que tinha cerca de vinte e cinco alunos no treino, mas o gosto que os alunos revelaram nos treinos, tornaram esta experiência cada vez mais aliciante:

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“Foi um treino diferente, em que decidi fazer um torneio, devido ao elevado número de miúdos presentes. O elevado nível de entrega que impuseram nos jogos, fazia parecer que de uma competição federada se tratasse. Em todos os lances, jogadas, disputas de boa, davam o máximo, nunca desistindo.” (Diário de bordo-semana 5 de abril, 2014)

Tentei sempre manter um ótimo clima com todos os alunos, que favorecesse o processo de ensino-aprendizagem. No entanto, o facto de me encontrar numa equipa de infantis, com idades compreendidas entre os 10 e os 12 anos e originava, por vezes, algumas atitudes menos adequadas por parte dos alunos e intervenção mais rígida, para os fazer ver que existiam regras a serem cumpridas:

“Neste treino, tive de fazer algumas adaptações porque estavam muitos alunos e esta situação originou um percalço no jogo, no momento da substituição de um aluno que tem muitas capacidades (…) e não estava a aceitar que naquele momento fosse substituído, (…)Penso que nestas idades é uma situação normal e, cabe ao treinador educá-los, para que possam crescer, entendendo que uma equipa é um todo e não uma individualidade.” (Diário de

bordo-semana 2 de março, 2014)

Foi extremamente gratificante trabalhar com este grupo, uma vez que tive a oportunidade de vivenciar um conjunto de novas experiências extraordinárias, de enriquecer o meu reportório de conhecimentos e de criar bons momentos de convívio e de partilha, que se traduziram numa ótima relação com os atletas. Pude ter um contacto direto com a função do professor na escola, neste caso no DE no qual aprendi a gerir, a orientar e a organizar um treino específico.

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