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2.2 HISTÓRICO DA IMPLEMENTAÇÃO E EVOLUÇÃO DE ESCOLAS

2.2.4 Brasil Republicano (Idade Contemporânea)

2.2.4.9 Destaque ao Decreto nº 5.154/2004 (BRASIL, 2004)

Em 2004, novos importantes rumos da realidade educacional, na esfera da formação profissional, são lançados com o Decreto nº 5.154 (BRASIL, 2004). O dispositivo legal, que tornou a possibilitar o Ensino Médio ser ofertado de forma Integrada ao Ensino Técnico, foi ovacionado por muitos educadores, tal qual podemos observar nas colocações de Ramos (2010). A autora relata que houve assim uma nova forma de compreender a educação profissional, agora não mais escamoteada a um sistema paralelo, mas sim organizadamente vinculada à educação básica.

No art. 1º, inciso II do Decreto 5.154/2004 (BRASIL, 2004), fica clara a possibilidade de a educação profissional ser desenvolvida em articulação com o

Ensino Médio24. No art. 4º, que trata exclusivamente da educação profissional de nível médio, explica de que maneira pode se dar a articulação entre a formação técnica, de nível médio, e a formação geral do Ensino Médio.

Pela forma integrada, o estudante irá matricular-se num curso, (por exemplo técnico em eletromecânica, ou técnico em informática) e, ao final (dependendo da forma como está organizado o programa, pode ter duração de três ou quatro anos), terá um diploma que o habilita a exercer atividade profissional de nível médio e, ao mesmo tempo, o certifica como tendo concluído o Ensino Médio. O Ensino Técnico articulado ao Ensino Médio na forma integrada25 é realizado em uma mesma instituição, sob matrícula única, não podendo o estudante obter o certificado, se não for aprovado em todas as disciplinas que o curso oferece na instituição escolhida. A presente pesquisa se desenvolveu em um campus de um Instituto Federal que oferece dois diferentes Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio, com duração de quatro anos cada um.

Para Ramos (apud ARAÚJO; SILVA, 2017), a Educação Profissional é indissociável da Educação Básica e, portanto, não é possível concebermos que um indivíduo possa se formar, tecnicamente e profissionalmente, segundo pressupostos filosóficos, sem ter aprendido “[...] os fundamentos da produção moderna em todas as suas dimensões. Não se pode admitir, igualmente, que a estrutura educacional comporte ramos profissionalizantes desvinculados da formação básica” (RAMOS, apud ARAÚJO; SILVA, 2017, p. 32).

Com relação aos pressupostos pedagógicos da integração, a autora destaca a importância de haver uma seleção de conteúdos a serem desenvolvidos “[...] a partir da problematização dos processos produtivos em suas múltiplas dimensões: tecnológica, econômica, histórica, ambiental, social, cultural dentre outras.” (RAMOS, apud ARAÚJO; SILVA, 2017, p. 36). Enfatiza, assim, a perspectiva interdisciplinar de abordagem dos conteúdos entre os de origem técnica-específica e os propedêuticos, possibilitando a compreensão da totalidade social. A propósito, a possibilidade desta

24 Aos egressos do ensino fundamental (inclusive para aqueles que cursaram EJA), é possível realizar,

por meio do referido decreto, um Ensino Técnico articulado ao Ensino Médio nas formas integrada ou concomitante.

25 Cabe ressaltar aqui que ao termo “integrado” não pressupõe a simples presença de disciplinas

técnicas e propedêuticas em uma mesma grade curricular. Além da questão do plano organizacional das disciplinas – as quais estão “misturadas” entre as específicas do curso escolhido (por exemplo, “Fabricação de Materiais”) e as ditas propedêuticas (por exemplo, “Biologia”) –, há uma integração no sentido político, com pressupostos filosóficos e pedagógicos.

integração se efetivar, considerando-se suas múltiplas dimensões, como a filosófica e a pedagógica, já citadas, além da estrutural, das relações humanas, do contexto social, do público que compõe uma determinada instituição, é alvo de investigação desta pesquisa.

A outra possibilidade de articulação entre Ensino Técnico e Ensino Médio, a

concomitante, também é oferecida aos egressos do Ensino Fundamental e, da mesma

forma que na modalidade integrada, habilita o estudante a exercer uma profissão técnica de nível médio. No entanto, eis a maior diferença para com a primeira forma já descrita (a integrada): na concomitante há uma matrícula específica ao curso técnico e uma matrícula distinta para o curso de Ensino Médio. Os cursos até podem ser realizados na mesma instituição ou em instituições distintas. Neste último caso, há possibilidade, ainda, do estabelecimento de convênios de intercomplementariedade entre as instituições, a fim de que se desenvolvam projetos pedagógicos unificados.

O Decreto 5.154/2004 (BRASIL, 2004) prevê também a possibilidade do curso subsequente, destinado aos egressos do Ensino Médio. O curso técnico certifica o estudante a exercer atividade profissional de nível médio. Algumas instituições, além de ofertar as disciplinas específicas necessárias à habilitação da ocupação pretendida, também oferecem, na matrícula, disciplinas propedêuticas que julgam ser essenciais à formação do sujeito, articulando-as de forma interdisciplinar26.

É preciso termos o entendimento de que a proposta de um currículo com uma concepção de integração merece uma prática que de fato o efetive, caso contrário corremos o risco de perder todo o potencial que ela oferece. Para Moura (2010, p. 5- 6):

[...] pensar no Ensino Médio integrado é conceber uma formação em que seus aspectos científicos, tecnológicos, humanísticos e culturais estejam incorporados e integrados. Assim, os conhecimentos das ciências denominadas duras e os das ciências sociais e humanas serão contemplados de forma equânime, em nível de importância e de conteúdo, visando a uma formação integral do cidadão autônomo e emancipado. A formação integral implica competência técnica e compromisso ético, que se traduzem em atuação voltada para a edificação de uma sociedade justa e igualitária.

26 Já esclareço, por hora, que o Campus investigado para esta pesquisa oferece dois diferentes cursos

diurnos de Ensino Técnico integrado ao Ensino Médio na modalidade integrada e, também, um Curso Subsequente à noite. Até o momento, não oferece Ensino Superior, mas já se articula para tal, sendo que o curso PROEJA, destinado a jovens e adultos, está em vias de ser implementado.

No ano seguinte ao Decreto 5.143/2004 (BRASIL, 2004), foi lançada a primeira fase do Plano de Expansão da Rede Federal, a qual é marcada pela construção de 60 novas unidades de ensino distribuídas pelo país. Em 2007, houve a segunda fase do Plano de Expansão da Rede Federal. O Decreto 6.302 (BRASIL, 2007) instituiu o Programa Brasil Profissionalizado.