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Você não recebe aquilo de que não precisa

No documento Ron Dunn - Por que Deus não me cura (páginas 137-139)

Eu temia aquela visita.

Na verdade, nunca gostei de visitar hospitais infantis. A visão dos corpinhos retorcidos, das jovens faces com a palidez do câncer e da leucemia, e das cabeças raspadas e inchadas era quase insuportável para mim.

Eu tinha-me formado há pouco tempo no seminário e pastoreava uma igreja. O bebê de um jovem casal subitamente contraiu uma enfermidade misteriosa. Depois de poucos dias, estava internado em estado grave. Vários exames foram feitos, mas não indicaram nada. Os médicos estavam perplexos. A febre do bebê tinha aumentado tanto que havia o risco de danos cerebrais e até morte. Eu visitava os pais desesperados diariamente no quarto do hospital, tentando confortá-los o melhor que podia. As visitas sempre terminavam com oração.

Um dia, quando nos aproximamos da cama do bebé para orar, algo estranho aconteceu. Subitamente, fui tomado pela presença de Deus; sabia que Deus queria curar aquela criança. Não sei como sabia, simplesmente sabia. Nunca tivera tanta certeza de uma coisa em minha vida.

Quando orei, coloquei a mão na cabeça febril da criança, pedi a Deus que a curasse e agradeci a ele por fazê-lo. Dentro de poucos dias o bebê recebeu alta do hospital, curado.

Em outra ocasião, fui chamado ao Hospital Parkland, em Dallas. Um membro da nossa igreja tinha sido internado com graves problemas renais. Sua esposa me telefonou e pediu para ir lá visitá-lo.

Quando cheguei à UTI, vi o membro da igreja (que raramente ia aos cultos) preso à máquina de hemodiálise. Não creio que já tenha visto um homem tão assustado. Sua expectativa de vida, de acordo com os médicos, era de poucas

semanas. Quando me viu, começou a implorar que eu orasse por ele, prometendo a Deus que se fosse curado dedicaria toda sua vida para servir a Cristo.

Eu sabia que não podemos barganhar com Deus e que ele não se impressiona com nossas promessas. Mesmo assim, ao ficar ao lado da cama daquele homem, eu sabia que Deus iria curá-lo, a despeito da vida que ele levava. Pensei: “Quem sabe, isso realmente possa transformar sua vida”. Colocando minha mão na cabeça dele, orei pedindo a intervenção de Deus e a cura daquela enfermidade. Quando terminei, disse-lhe que Deus tinha ouvido nossa oração e que ele ficaria bom. Enxurradas de agradecimentos e de promessas se derramaram de sua boca. A última coisa que ele disse quando eu saía do quarto foi: “Estarei na igreja no primeiro domingo depois que sair daqui”.

Deus o curou e dentro de poucos dias ele tinha saído do hospital. Chegou o primeiro domingo, mas ele não foi à igreja. Também não foi no segundo domingo, nem no terceiro. Então eu senti que Deus estava me dando uma estranha mensagem: ir à casa daquele homem, ler uma passagem da Bíblia e sair.

Eu estava nervoso ao me sentar na sala. Nunca tinha feito nada semelhante a isso antes.

— Bill — eu disse — Deus me enviou aqui com uma mensagem para você.

Ele se sentou quieto enquanto eu abria minha Bíblia em João 5 e lia sobre o homem que fora curado no poço de Betesda. Cheguei à mensagem do versículo 14: “Mais tarde Jesus o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior?” (grifos meus). Levantei-me para sair e disse: — Bill, Deus ainda não fez o pior.

Nunca mais vi aquele homem. Logo depois a família mudou- se. Até onde sei, porém, Bill nunca cumpriu nem uma única pro- messa que tenha feito a Deus. Aprendi uma coisa naquela expe- riência: milagres não nos deixam mais espirituais (veja Regra 4 no Cap. 10).

Desde então, têm acontecido vários incidentes semelhantes. Quando acontece, não fico suando e me esforçando para crer que Deus vai curar; é fácil para mim crer. É fácil porque é um dom — dom concedido por Deus ao meu coração, dom este que torna possível “a oração da fé”.

Há, porém, muitas outras ocasiões em que lutei para crer, jejuei e orei pela cura de uma pessoa, mas a cura não ocorreu. Muitas vezes toda nossa igreja jejuou e orou, creu e clamou, mas

a cura não ocorreu. Por quê?

J. Sidlow Baxter escreveu: “Se uma fé especial tem de ser o agente que busca e traz a cura, então Deus inspirará tal fé. As únicas ocasiões (sejam poucas ou muitas) em que tal fé não é concedida são aquelas nas quais o desígnio de Deus é algum importante ministério espiritual que ocorrerá por meio da enfermidade permitida... Conheço cristãos doentes que foram curados, não da enfermidade, mas por ela”.1 Se a enfermidade for

um meio de disciplina, ao finalizar seu propósito de refinamento, Deus pode achar adequado curar.

Seja qual for a razão específica para algumas aflições, creio que sempre devemos (a menos que tenhamos uma plena convic- ção do contrário) orar por cura, deixando a decisão final sobre a questão. É sempre adequado com Deus orar pelo que cremos ser uma necessidade legítima.

Evidentemente, Deus pode nos mostrar que o que considera- mos uma necessidade na verdade não é. Entretanto, é seguro di- zer que se a cura é uma necessidade reconhecida por Deus, seremos curados. Com base em Filipenses 4:19 — “o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades” — um lema da minha vida é: “Você não recebe aquilo de que não precisa”.

No documento Ron Dunn - Por que Deus não me cura (páginas 137-139)