Ao considerarmos a avaliação e percepção dos(as) educandos(as), discutiremos a relação entre o Cineclube e os conteúdos programáticos de Sociologia e de outras disciplinas. Segundo os(as) educandos(as), o Cineclube abre espaço para o diálogo entre o audiovisual e os conteúdos programáticos trabalhados em sala de aula. De acordo com Helena, “teve a questão da violência, questão de gênero, a questão dos movimentos [sociais] [...]. De novo aquela história de você aprender com pessoas que estão falando ali o que realmente aconteceu. Ou contar a história de outro ponto de vista.” Para Helena, o processo de ensino-aprendizagem no Cineclube se dá de maneira dialógica. “No cineclube você tem mais liberdade de debater ideias com quem frente para o professor, olhando, [...] para ele, esperando ele terminar para ver se você vai conseguir algum tempo de debate.” Na sala de aula, tem menos interação, menos troca entre educador(a) e educandos(as), predominando ainda o formato da aula expositiva, que só o professor fala. De acordo com Maria, “os assuntos abordados pela Sociologia se encontraram muito nos filmes, [...] no que a gente falou. Eu acho que o conteúdo programático, pelo menos aqui do Pedro II, ele é muito extenso, ele tem uma cronologia”. Maria observa que o conteúdo de Sociologia segue uma cronologia, diferentemente da disciplina Física. “Acho que isso no Cineclube, você conseguiu, realmente, absorver mais porque é um filme, é um lazer, então eu acho que tudo que vai além da sala de aula agrega muito no conhecimento.” Sobre o processo de ensino-aprendizagem no Cineclube e na sala de aula, a educanda considera que o Cineclube “é um lugar de aprendizagem que você nem nota que está aprendendo, que você nem nota que está se aprimorando cada vez mais, que está aprendendo a lidar mesmo com responsabilidades, com tarefas.” Na sala de aula, existe a questão de aprender obrigatoriamente. “Você está ali, você sabe que você tem que aprender, e muitas vezes você se sente frustrada porque você não consegue.” No Cineclube, o clima é de lazer, já que é um espaço sem avaliação formal. Assim, ele é visto como um lugar da diversão, distintivamente do espaço de sala de aula. “Você não tem tanto essa preocupação de ‘ah, eu tô aqui, eu preciso aprender isso, e isso aqui, porque vai cair no vestibular’, não.” Segundo Marília, os saberes com os quais entrou em contato com a participação no Cineclube: “seria esse da identificação [...] do saber sociológico, outros saberes, tipo o saber político, [...], seria mais saber político e sociológico.” A respeito do conteúdo programático de sociologia, “o segundo cineclube que foi o Estrelas Além do Tempo, foi sobre a questão racial. Coincidentemente, no segundo ano, a gente estava tendo questão racial.” Na sala de aula, a abordagem sobre a questão racial se processou em uma perspectiva distinta. Na ocasião, a professora Raquel “mostrou para a gente a questão do negro em propagandas, que, muitas vezes, é feito pelo Photoshop um embranquecimento da pele. Ou, às vezes, propagandas em que são usadas pessoas brancas com características de pessoas negras para poder fazer essa propaganda.” A questão racial foi trabalhada em sala de aula, utilizando o audiovisual. “Só que a gente não via, tipo: ‘Ah, a gente não vê essa forma de preconceito’ e no Cineclube, eu senti que a gente pode ver a outra forma, a forma mais descarada, na cara, o preconceito, tipo, uma pessoa fazendo preconceito com a outra.” Na sala de aula, Marília observa que “a gente não vê uma pessoa fazendo preconceito com a outra, a gente vê uma situação de preconceito.” Nas propagandas, “aquelas mulheres negras, elas só percebem que elas sofreram um preconceito quando a campanha sai no ar [...]. Elas percebem, ‘pô, minha foto está editada, eu estou mais branca do que sou...’, então não é um preconceito direto, cara a cara.” No Cineclube, através do filme Estrelas Além do Tempo, “a gente pôde ver a questão da segregação, como é que era. A questão de ir no banheiro, tinha um banheiro para negros, essa questão da segregação, essa coisa mais, em que a pessoa está passando naquele momento.” Para Marília, existiu em confluência entre o conteúdo trabalhado na sala de aula e o conteúdo dialogado no Cineclube. “Em sala de aula, a gente teve uma demonstração de alguns tipos de preconceito, no Cineclube, a gente teve uma demonstração de outros tipos de preconceito. E, por fim, a gente chega a uma união desses conhecimentos.” Entretanto, o processo de ensino-aprendizagem opera de maneiras distintas. Na sala de aula, “sou uma pessoa muito visual [...] vejo o meu professor falando, estou vendo um ser humano ali falando, explicando aquele conteúdo. A questão do documentário [...] é que você vê um ser humano como você passando por essas situações.” Assim, os filmes trazem essa dimensão do real para o ambiente do Cineclube. A questão para Marília é que o filme provoca o participante de maneira mais profunda, diferentemente do que acontece no espaço da sala de aula. “Assim, por mais que eu não seja negra e o filme seja sobre negros, mas você pensa: ‘Cara, aquilo é um ser humano, eu também sou, eu estou vendo isso acontecer...’, abre a mente, assim, você vê o surrealismo que é essa condição.” No ambiente da sala de aula, a educanda acredita: que não dê pra perceber tanto, fazer essa percepção, porque a identificação está sendo aluno/professor. Então, ali eu estou vendo assim: meu professor, normalmente branco, explicando sobre essa questão. […] Assim, escrito no quadro, e muitas vezes eu estou copiando e não estou prestando atenção, estou copiando para poder ter a matéria. A sensação que, ali, o quadro, a matéria, [...] é para fazer uma prova, o Cineclube, ele é [...] para a realidade. [...] Você não tem aquela fixação. Às vezes, o aluno só fica tipo “isso aqui é para prova”, entendeu. Aí, encara aquele conteúdo de Filosofia e Sociologia como se fosse um conteúdo de Matemática. Porque eu também acho que o conteúdo de Matemática não é para ser encarado “decorei, fiz, acabou”, mas, hoje em dia, a maior parte dos conteúdos é encarada dessa forma. Segundo Marília, o Cineclube ultrapassa a estrutura formal da sala de aula, encarar, você não vai ser cobrado. […] Então, para mim, isso é um método de aprendizado, eu não estou vendo aquilo como uma cobrança, eu estou vendo aquilo como puro conhecimento que eu estou adquirindo.” Na percepção de Marília, o processo de ensino-aprendizagem no Cineclube se dá de maneira mais orgânica, uma vez que o conteúdo é trabalhado a partir da exibição de um filme, seguido de debate. O Cineclube, como uma atividade extracurricular, extravasa as normas burocráticas da instituição. Só de ser um espaço sem uma avaliação formal, a atividade é vista como entretenimento, em que se aprende com a troca de percepções distintas. Para Luiz, o aprendizado sobre os conteúdos programáticos se deu através da “questão do movimento feminista, que você tem ali, três mulheres negras que, infelizmente, eram segregadas na sociedade da época, mas que tinham um potencial absurdo, um potencial gigante e as pessoas não davam valor”. Para ele, a mensagem que fica é “por que não estão dando valor?”. Outra mensagem importante é “entrar na favela, falar sobre as questões da favela”, pois filmes como Tropa de Elite e Cidade de Deus passam uma imagem de favela mais distinta. Já um documentário como Notícias de uma Guerra Particular“mostra o lado da favela, ainda trás o cara que participou do filme. Te mostra o lado do filme e te mostra a convivência do filme. Acho que isso não teve coisa melhor.” Sobre outras disciplinas veiculadas no Cineclube, Luiz associou os conteúdos dos filmes com a História. “No Estrelas Além do Tempo, fala muito da questão, também, dos EUA. Na época que era a matéria que eu estava estudando em História, dava muito pra associar a questão do desenvolvimento dos EUA com a segregação.” No documentário sobre as mulheres vítimas de barragens, Luiz não captou a mensagem do filme por completo, mas associou “muito à Geografia, na questão das favelas, as questões do morro e do asfalto. Dava para ver a diferença de como eram tratadas as pessoas, até mesmo pela cor, pelo racial e pelo social. [...] Uma pegada mais em História e em Geografia.” Sobre o processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos programáticos de Sociologia e outras disciplinas no Cineclube, Dandara relacionou a temática dos filmes ao conteúdo das disciplinas de Sociologia, Filosofia, Geografia e História. Por exemplo, se “você fala de processo de favelização e UPP, você tem que falar de processo escravocrata do Brasil, é, tipo, indissociável essa relação. Não é à toa que você vê mais branco na universidade e mais negro na favela. Tipo, básico, você enxerga ali.” Assim, ao relacionar os conteúdos, entende-se o recorte espacial que há na cidade. “Porque tem para Dandara, o processo de aprendizagem se desenvolve de maneira “muito natural, até porque eu acredito nesse potencial de você aprender falando.” Ela considera importante anotar e ler o conteúdo, mas afirma que aprende muito mais quando explica o conteúdo para outra pessoa. “Nunca saí de nenhum debate, nenhum cineclube, nenhuma palestra, nem nada, que eu saía falando com a pessoa o que aconteceu ali [a troca de ideias distintas]. Você sai comentando, ‘caraca, meu Deus do céu, olha isso’, ou lembra de algum exemplo, lembra de alguma aula”. Dandara considera fundamental essa troca entre as pessoas tanto dentro do Cineclube quanto fora, pois, para ela “você troca em todos os momentos.” Miguel, por sua vez, relaciona bastante o Cineclube às disciplinas de Sociologia, Geografia, Filosofia e Biologia. “São áreas que dá para perceber muito que vai ter um viés humano, independente de qual área for. Então, estudando Matemática, Física, partículas, física quântica, vai ter um viés humano. E eu acho que estudar Sociologia permite enxergar o viés humano dessas coisas.” Miguel exemplifica que, ao estudar classe, “você estuda em Geografia concentrações industriais, em Sociologia, você estuda como essas concentrações industriais se dão na sociedade. Saber que as indústrias não vão ser colocadas na Zona Sul, vão ser colocadas na Zona Norte.” Para ele, a questão é pensar a relação entre teoria e prática. “Essa ponte entre teoria e a prática é a Sociologia que faz. Acho que essa interação é extremamente fundamental.” Sobre o processo de ensino-aprendizagem, considera que “se dá naturalmente, na sala de aula, mas eu acho que se dá, principalmente, pelo debate. Está aí mais umas das utilidades principais do cineclube, mostrar que, ao enxergar a realidade, você consegue perceber que a teoria é diferente da realidade.” Assim, o contato prévio com a realidade permite trilhar um caminho mais próximo entre teoria e a vida prática. Dialogando com as narrativas das(os) educandas(os), percebe-se que os cineclubes educacionais, escolares ou universitários, se constituem em uma oportunidade lúdica e dialógica de aprendizagem, para além do espaço institucionalizado da sala de aula (FONSECA, 2016). Nessa perspectiva, aprendizagem não é um processo de solução de problemas nem a aquisição de um saber, mas um processo de produção de subjetividade [...]. O problema da formação do professor surge ressignificado, envolvendo uma política cognitiva sintonizada com o entendimento da cognição como invenção de si e do mundo. (KASTRUPF, 2005, p. 1273). Além disso, o desafio que se apresenta na relação cineclube e sala de aula é refletir como se conectam, “no processo de aprendizagem, os conhecimentos adquiridos na experiência com o cinema (televisão, Internet) e os conhecimentos transmitidos/produzidos, de forma sistemática, pelas atividades de natureza escolar e acadêmica.” (DUARTE, 2002, p. 82-83). Nosso exercício como educadores(as) é desvelar as conexões das linguagens escrita e audiovisual, potencializando o diálogo entre elas e proporcionando, aos educandos, um processo de ensino-aprendizagem mais crítico e cidadão. 4 O COLÉGIO PEDRO II Neste último capítulo, vamos discorrer sobre as percepções dos(as) educandos(as) a respeito do Colégio Pedro II (CPII). Fundado em 2 de dezembro de 1837, o Colégio Pedro II é uma das mais tradicionais instituições públicas de ensino básico do Brasil. Ao longo de sua história, foi responsável pela formação de alunos que se destacaram por suas carreiras profissionais e influência na sociedade. Seu quadro de egressos possui presidentes da República, músicos, compositores, poetas, médicos, juristas, professores, historiadores, jornalistas, dentre outros. Em seus quase 180 anos, o Colégio passou por períodos de expansão e modernização sem deixar de lado as características que o tornaram referência no cenário educacional brasileiro. Equiparado aos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, com a sanção da lei 12.677/12, o Colégio Pedro II conta com 14 campi, sendo 12 no município do Rio de Janeiro, um em Niterói e um em Duque de Caxias, e um Centro de Referência em Educação Infantil, localizado em Realengo. Com quase 13 mil alunos, o Colégio Pedro II oferece turmas desde a Educação Infantil até o Ensino Médio Regular e Integrado, além da Educação de Jovens e Adultos (Proeja) 9. Conforme aponta Ferreira (2013), a instituição é reconhecida por estabelecer convênios com a Fiocruz e o Museu Nacional (UFRJ), no campo da iniciação científica. O CPII oferece cursos técnicos na área de Informática e Meio Ambiente e programas de iniciação à pesquisa científica e de apoio a projetos de iniciação artística e cultural, como é o caso do Projeto “Sociologia e Cinema: O uso do audiovisual como experiência crítica”. De maneira geral, os campi têm uma boa infraestrutura e contam com quadras de esportes, refeitórios, salas de vídeo e música, laboratórios de Ciências e Informática, auditórios e bibliotecas. Os educadores(as) dispõem ainda de equipamentos multimídia (data show, televisor, reprodutor de DVD) e muitos são mestres e/ou doutores em regime de Dedicação Exclusiva. A diversidade dos(as) educandos(as) é admirável, vindo de diversos bairros e possuindo variação nos aspectos socioeconômicos, com predomínio das classes médias. Destaca-se que, desde 2015, por força de lei federal, o colégio aderiu ao sistema de cotas, devendo reservar pelo menos 50% das vagas de ingresso no 6º ano do Ensino Fundamental e na 1ª série do Ensino Médio para alunos provenientes de escola pública, negros e indígenas. Também em 2015 o colégio decidiu acabar com o jubilamento de 9 História do CPII. Colégio Pedro II. Disponível em: <http://www.cp2.g12.br/historia_cp2.html>. Acesso em: 17 nov. 2018. alunos que repetiam duas vezes a mesma série. (FERREIRA, 2013, p. 5). Para além dessas políticas, que tratam da estrutura burocrática do CPII, o que nos interessa, neste ponto, é discorrer sobre o sistema de avaliação do colégio, no período em que a pesquisa foi realizada, visto com ressalvas pelos(as) estudantes. Segundo a legislação do CPII, os educandos(as) são avaliados(as) considerando-se dois aspectos básicos: a Diagnose e a Certificação. A Diagnose, voltada para a tomada de decisões de progressão do trabalho, dar-se-á no acompanhamento contínuo do processo de ensino-aprendizagem para identificar os indicadores de avanço e as dificuldades apresentadas pelo aluno em seu percurso escolar e, assim, orientar as interferências a serem feitas pelo Professor, levando-o a redirecionar, dimensionar, reestruturar e modelar sua ação didático-pedagógica. [...] A Certificação é a expressão numérica dos patamares alcançados pelos alunos e representa, documentalmente, a comunicação institucional da síntese do desempenho escolar, em determinado período letivo, considerando os aspectos quantitativo e qualitativo incluídos no processo de avaliação. (BRASIL, 2007, p. 1). A respeito da Certificação, “será atribuído um grau de 0 (zero) a 10 (dez), admitindo-se décimos e sem arredondamentos, como resultado do aproveitamento do aluno no(s) instrumento(s) de avaliação aplicado(s) no período.” (BRASIL, 2007, p. 2). São três Certificações ao longo do ano letivo. Para as duas primeiras, “70% (setenta por cento) da pontuação, no mínimo, deverá ser obrigatoriamente resultado de prova(s) formal(is) individual(is) e até 30% (trinta por cento) ficará a critério do Professor.” (BRASIL, 2007, p. 2). Na terceira certificação, no mínimo 70% (setenta por cento) da pontuação deverá ser obrigatoriamente resultado de uma prova escrita individual, única para todas as turmas de uma mesma série e turno de cada Unidade Escolar _ Prova Institucional (PI), abrangendo os pontos nodais de cada disciplina, a ser elaborada pelos professores regentes da equipe de cada Unidade Escolar, sob a supervisão direta dos Coordenadores Pedagógicos, responsáveis por Coordenação Pedagógica e da Chefia de Departamento. (BRASIL, 2007, p. 2). Com essas regras institucionais, os(as) educadores(as) devem obrigatoriamente avaliar os(as) educandos(as) a partir de uma prova escrita individual, valendo, no mínimo, 70% (setenta por cento) da avaliação. Em outras palavras, educadores(as) e educando(as) precisam dialogar com essa estrutura tradicional de avaliação em sala de aula. Como se observou ao longo deste trabalho, os(as) educandos(as) consideram a sala de aula chata e enfadonha, pois as aulas são pautadas por exposição e explicação do conteúdo. “Eu acho que os professores estão muito acostumados também com essa questão, chegou, passou matéria e eles acreditam, dá para ver que eles acreditam que o aluno entendeu” (MARÍLIA). A questão que se coloca nesta interseção “sala de aula e avaliação” é pensarmos outras práticas pedagógicas e avaliações que permitam educadores(as) e educandos(os) construírem conjuntamente novos processos político-pedagógicos, principalmente no interior da sala de aula. O cineclube se apresenta como um espaço privilegiado para refletirmos sobre novas pedagogias na Educação Básica. Se o cineclube se mostra como um espaço de lazer, entretenimento, diálogo e conhecimento no meio da escola, vamos observar adiante como os(as) educando(as) percebem e avaliam os outros espaços do Colégio Pedro II, assim como a relação mais geral com a instituição. Para Helena, a relação com o CPII é “de amor e ódio. Porque a gente passa muito tempo no colégio, mas quando a gente está de férias, a gente acaba... sentindo saudade... passa um mês, não quer mais.” A educanda conta que “quando eu sair daqui, eu vou sentir muita falta [...] dessa troca e da proximidade com a pessoa. Porque eu acho que na faculdade não é tão assim. [...] Aqui [...] a gente passa muito tempo junto, [...] acaba conhecendo muito um ao outro.” Apesar da avaliação positiva sobre as pessoas, Helena considera que “falta mudar algumas coisas. [...] A direção, não sei se é o melhor que a gente tem, mas é uma coisa que dá para fazer agora.” O método trabalhado em sala de aula, na opinião de Helena, poderia se transformar. “O Pedro II, principalmente por ser tão diferentão, acho que ele podia começar a repensar também esse jeito de ensino. E a estrutura, bom, dos colégios que eu vim, até que está boa, mas eu acho que também dá para melhorar.” Ao comparar o CPII com outras escolas públicas, Helena acha que a estrutura do colégio é melhor, todavia, a conduta da direção das outras escolas em que estudou era mais próxima. “Qualquer, eu acho que o problema, às vezes você tem em sala é o problema que você tem em casa, isso acaba se misturando, eu acho que entre as escolas que eu estudei, isso se resolvia mais facilmente, entre escola e casa.” Agora, comparando o CPII e as escolas particulares, a educanda observa que “o ensino é bem parecido, eu escutei isso da minha professora, mas eu não sei muito bem, eu não costumo ter amigos de escola particular.” A diferença se realiza quando, “por exemplo, aqui, falta papel no banheiro, papel higiênico, e eu acho que na escola particular não passa por isso, sabe. Certas coisas que a escola particular não passa, são coisa pequenas, mas que a gente passa.” Helena gostaria que a sala de aula se transformasse. Para a educanda, a característica mais marcante do CPII é “tornar a pessoa mais crítica. Antes d’eu entrar para o Pedro II, eu era meio ‘Ah, isso é política... isso aqui é um movimento, não quero participar’. [...] Não tinha interesse em participar [...] nem em procurar saber.” Ao entrar no colégio, sua postura começou a se modificar, passando a se interessar mais pelas questões políticas e expondo mais sua opinião. Ao tratar da escola pública, Helena observa que “o público é uma escola [...] que precisa de alguma coisa estruturalmente, porque sempre tem alguma coisa faltando, [...] mas eu sempre gostei das escolas que eu estudei, de ensino. Tem algumas coisas [...] que precisa melhorar, mas [...] tive uma boa bagagem.” Por outro lado, o privado “tem uma boa estrutura, ele também tem um No documento COLÉGIO PEDRO II. Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e Educação Básica (páginas 56-89)