De maneira mais ampla, em 2017, durante os seis meses do projeto, desenvolveram-se duas atividades principais: o “Cineclube: Cinema e Opressões” e a produção do Documentário Distraídos Venceremos, sobre a luta pela implementação da Sociologia no Ensino Médio. O Cineclube realizou três sessões ao longo deste período, como descrito anteriormente, e, em todas elas, aplicou-se uma enquete a fim de traçar o perfil do público presente. Além deste, outro objetivo foi avaliar o papel do Cineclube como projeto político-pedagógico no ambiente escolar. Imagem 6: Pequena enquete Na produção do documentário Distraídos Venceremos, educador e educandos(as) realizaram uma visita técnica à Fundação Biblioteca Nacional, uma entrevista com o professor de Ciência Política Márcio Malta, da Universidade Federal Fluminense e uma oficina de roteiro. Na primeira ação, o objetivo foi conhecer o setor de impressos da Biblioteca Nacional e entender o processo de levantamento de dados históricos através de pesquisas em jornais. Na entrevista com o professor, os(a) bolsistas entraram em contato com algumas técnicas de pesquisa, como a história oral e a biografia, que subsidiaram a construção do documentário. Por fim, na oficina de roteiro, os(as) educandos(as)-bolsistas conheceram elementos introdutórios do audiovisual, como a arte do roteiro, por meio da colaboração da roteirista Renata Corrêa (MOSCA JUNIOR, 2017). Em março de 2018, a Direção de Culturas, da Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura (Propgpec) realizou a III Mostra de Iniciação Artística e Cultural (III MIAC) do Colégio Pedro II. O evento, que ocorreu em diferentes campi do colégio, contou com 35 projetos de Iniciação Artística e Cultural e congregou 272 bolsistas. A Mostra teve ainda a participação dos bolsistas relatando suas experiências no âmbito do Laboratório Lincoln Bicalho Roque e apresentação de um pôster para os visitantes. Imagem 7: III MIAC A partir destas atividades realizadas em 2017, discorreremos sobre a percepção e avaliação dos(as) educandos(as) que participaram do projeto de iniciação artística e cultural. Segundo o Relatório Final de Atividades dos Bolsistas (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2017): O projeto foi primordial para a minha formação como sujeito crítico. Os cineclubes demonstram que o conhecimento está para além da sala de aula e as oficinas ministradas contribuíram também para o uso em âmbito escolar. Aprendi a observar mais atentamente o que está a minha volta e o que passa-se despercebido por mim. (HELENA). O projeto teve importância na minha formação, pois me proporcionou diversas oportunidades como, por exemplo, participação em eventos para apresentação das experiências do projeto, contato com a produção de um documentário, desde a etapa de pesquisas até a gravação de alguns momentos, e debates e reflexões sobre a importância da Sociologia na grade curricular dos alunos do Ensino Médio. Todas as atividades ocorreram da melhor forma possível, me garantindo ótimas experiências ao longo desse ano. (JÉSSICA). O projeto me proporcionou novos conhecimentos (graças ao cineclube, as oficinas e a pesquisa da Biblioteca Nacional), me proporcionou conhecer novos lugares como, por exemplo a Biblioteca Nacional, que eu nunca tinha ido. O projeto é incrível e adoraria que tivéssemos tido mais tempo para realizar mais coisas e terminar o curta. A minha sincera sugestão é que o nosso orientador, Roberto Mosca, dê continuidade a esse projeto que tanto nos acrescentou. (MARÍLIA). O projeto foi fundamental na minha formação escolar, pois está relacionado com a escolha da minha profissão, que é cinema. Ter a oportunidade de aprender sobre Sociologia e audiovisual fora da sala de aula é uma experiência que recomendo a todos. Espero continuar frequentando o projeto mesmo estando formado na escola, pois é essencial para a formação de boas pessoas que querem um mundo melhor. (PAULO). A importância do Projeto de Ciências Sociais e Audiovisual foi de suma importância para minha formação acadêmica no Ensino Médio, estimulando a visão crítica através de filmes e documentários que faz com o que o estudante se questione sobre as estruturas sociais presentes no cotidiano, o que reflete na formação do intelecto do mesmo, o formando como cidadão crítico. Quero agradecer ao professor Roberto Mosca pela oportunidade e o parabenizar pela iniciativa de estar à frente de um projeto tão importante para a formação do cidadão. (RENATO). Eu gostei muito do projeto e o escolhi por realmente amar Cinema e tudo que envolve essa área. O nosso professor orientador, Roberto Mosca, veio durante o projeto todo nos encorajando a uma familiarização com essa área e foi um ótimo orientador. Consegui desenvolver bastante minhas habilidades com Design gráfico graças às tarefas de criação dos cartazes de divulgação dos Cineclubes. Durante os eventos, o professor dividia as tarefas e muitas vezes pegávamos em câmeras do Laboratório de Sociologia para registrar o evento. Acredito que tenho muito mais vivência em relação à produção gráfica e até em produção de roteiros graças ao projeto. (MARIA). As narrativas dos(as) bolsistas revelam a importância do projeto como promotor de novas formas de conhecimento no ambiente escolar, que ultrapassam as barreiras tradicionais da sala de aula. Assim, o trabalho com o audiovisual na escola torna-se inovador e agregador, proporcionando aos educandos(as) novos processos de ensino-aprendizagem. Em outras palavras, “o cinema atua como elemento aglutinador e como fonte inequívoca de conhecimento, de formação e de informação, configurando-se, assim, como uma prática ‘eminentemente pedagógica’.” (DUARTE, 2002, p. 81). Nessa perspectiva, Helena destaca o papel do Cineclube como formador de um sujeito crítico e como um espaço de ensino-aprendizagem que despertou seu olhar sobre o mundo ao seu redor. Jéssica aponta a relevância do projeto como iniciação científica, passando da etapa de pesquisa até a gravação do documentário. Ela avalia o projeto como espaço de debate e reflexões da disciplina Sociologia no Ensino Médio. Já Marília sublinha o encontro com novos conhecimentos como as oficinas e a visita à Biblioteca Nacional, demonstrando estar sedenta por novos saberes, tanto dentro como fora da escola. Pedro considera fundamental falar de Cinema na escola e enaltece a oportunidade de aprender Sociologia e Cinema em outros espaços distintos da sala de aula, valorizando o processo formativo do projeto. Renato evidencia o caráter formativo do projeto, tocando na visão crítica que é estimulada ao se praticar Cineclube. Dessa maneira, a experiência no Cineclube possibilita a reflexão e o questionamento sobre o mundo em que se vive, formando educandas(os) como cidadãos críticos. Maria enfatiza seu amor pelo Cinema e elogia o orientador que proporcionou uma aproximação com esta área do conhecimento, através da oficina de roteiros, da produção do documentário e do Cineclube. Através do projeto, ela teve oportunidade de desenvolver suas habilidades como designer, elaborando os cartazes de divulgação das sessões. Como se observa, a avaliação das(os) educandas(os) é a de que o projeto cumpre o objetivo de usar o audiovisual como experiência crítica do mundo, aprofundando-as(os) nas linguagens artísticas e nas vivências culturais. Ademais, o projeto contribui para a formação política de cada participante, pois proporciona a construção coletiva das atividades. Nesse fazer coletivo, cada um pôde se encontrar com suas habilidades específicas, trabalhando-as em nome da realização do projeto. Na próxima seção, apresento algumas percepções e avaliações narradas pelas(os) educandas(os) durante as entrevistas. No documento COLÉGIO PEDRO II. Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e Educação Básica (páginas 43-47)