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O diagnóstico da doença renal crônica pode ser estabelecido através de uma variedade de métodos, capazes de identificar os estágios da doença. Embora a doença possa acometer cães de todas as idades, sabe-se que cães idosos são a maioria dos pacientes renais crônicos, e que somente irão apresentar manifestações clínicas, quando a doença estiver avançada, sendo que no inicio não existem alterações perceptíveis ao proprietário. Em decorrência disso, é importante que cães com idade entre 6.5 e 7 anos, realizem consultas de rotina anualmente, avaliando sempre a função renal. Através das consultas de rotina, é possível diagnosticar a doença em seu estagio inicial. A doença renal crônica quando diagnosticada precocemente, evolui de forma muito mais lenta prolongando ainda mais a vida do animal (CASTRO, 2005).

6.1 Histórico e exame físico

As informações provenientes dos proprietários são extremante importante para o diagnóstico. Os proprietários são a principal fonte de informação, pois são eles que convivem com o animal diariamente, avaliando sempre o que estão habituados a fazer. Através do histórico do animal é possível esclarecer informações como a quanto tempo o animal apresenta determinadas manifestações clínicas, se está tomando muita ou pouca água, se está urinando muito ou pouco e se apresenta alterações de apetite. Além das informações relacionadas às manifestações clínicas, com base no histórico, é possível identificar uma provável causa que possa estar gerando uma lesão renal (BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008).

O exame físico também é extremante importante, pois avalia as condições físicas do animal, como hidratação, que pode ser avaliada através da elasticidade cutânea e da umidade das membranas mucosas. Presença de úlceras na cavidade bucal também podem ser vistas. Deve-se avaliar ainda alterações oftálmicas como deslocamento de retina e vasos tortuosos, palidez, temperatura retal, tempo de preenchimento capilar, entre outros (BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008).

6.2 Avaliação laboratorial

A avaliação laboratorial juntamente com a anamnese e o exame físico possibilita a detecção das alterações e conseqüências da doença renal crônica. Os exames laboratoriais de eleição para o diagnóstico da doença são basicamente hemograma completo, bioquímica sérica, hemogasometria (detecta acidose metabólica), exame de urina tipo 1 e urocultura (CASTRO, 2005; BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008).

No hemograma completo, a alteração mais freqüentemente encontrada é uma anemia não regenerativa normocítica normocrômica. A hiperproteinemia, também pode estar presente em função de possíveis doenças inflamatórias, infecciosas ou neoplásicas, que podem estar presentes concomitantemente a doença renal. Alterações nos glóbulos brancos, também podem indicar infecções (BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008).

No perfil bioquímico é possível detectar alterações metabólicas como hiperfosfatemia, hipocalemia, hipercalcemia ou hipocalcemia. Além de alterações metabólicas é possível avaliar a taxa de filtração glomerular através das dosagens de uréia e creatinina sérica. A interpretação dos resultados referente às concentrações de uréia e creatinina sérica devem ser muito criteriosa. Ambas podem estar aumentadas indicando uma azôtemia do tipo pré-renal, renal ou pós-renal. A creatinina sérica é a principal indicadora da taxa de filtração glomerular, estando alterada na grande maioria dos pacientes com doença renal crônica. Os parâmetros considerados normais na concentração de creatinina sérica no cão é de 1.0 a 2.0 mg/dl. A uréia não é uma boa indicadora do funcionamento renal quando comparada a creatinina, já que pode sofrer alterações em função da ingestão de proteína da dieta. A contração sérica normal de uréia no cão é de 10 a 30 mg/dl. A partir do momento que os níveis de uréia e creatinina estão acima dos valores normais, pode –se considerar como uma azotemia (CASTRO, 2005; LOPES, et al, 2007).

O exame de urina tipo 1 fornece alguns dados importantes no diagnóstico da doença renal crônica, sendo os mais importantes densidade urinária e proteinúria. A densidade urinária é o principal indicador relacionado à incapacidade de concentração urinária e consequente isostenúria (densidade urinária de 1,008 a 1,013). Os valores da densidade urinária considerados normais são de 1016 a 1046 (CASTRO, 2005; BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008).

A proteinúria também detectada através do exame de urina tipo 1, deve ser analisada correlacionada à densidade urinária, e pode estar associada a diferentes causas de lesão renal, como por exemplo hipertensão arterial, glomerulonefrite e outras causas pós – renais, como inflamação ou infecção (CASTRO, 2005; BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008).

A urocultura pode detectar infecções bacterianas inaparentes, no trato urinário inferior e o antibiograma determina a sensibilidade das bactérias aos antimicrobianos (CASTRO, 2005; BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008).

6.3 Exame radiográfico e urografia excretora

Através de um simples exame radiográfico de abdômen, pode ser possível avaliar o tamanho reduzido dos rins, contornos irregulares e outras anormalidades como urólitos radiopacos (BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008; HOSKINS, J. H, 2008).

A urografia excretora não é muito utilizada em pacientes que sofrem de doença renal crônica, justamente por apresentarem uma diminuição da excreção renal, em decorrência da incapacidade funcional dos rins. Através da urografia excretora é possível detectar alterações como hidronefrose e uropatia obstrutiva (BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008).

6.4 Exame ultrassonográfico

O exame ultrassonográfico é capaz de demonstrar anormalidades de tamanho, arquitetura interna, aspecto do parênquima renal, presença de neoplasias, nefropatia obstrutiva, nefrolitíase, rins policísticos ou displasia renal. Geralmente o exame ultrassonográfico, revela as corticais renais difusamente hiperecóicas, com perda do limite corticomedular normal. Esse aumento da ecogenicidade da cortical indica a substituição dos néfrons lesionados por tecido fibroso cicatricial, sendo esta uma lesão irreversível (CASTRO, 2005; COUTO, C. G; NELSON, R. W, 2005; BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008).

6.5 Pressão sanguínea sistólica

A pressão sanguínea sistólica deve sempre ser mensurada em pacientes com doença renal crônica, pois 50 a 90% dos cães apresentam hipertensão arterial. Devem ser feitas três mensurações consecutivas das pressões sistólica, média e diastólica, obtendo sempre a média desses valores. A hipertensão é caracterizada por apresentar uma pressão sistólica superior a 180 mmHg, pressão média superior a 150 mmHg ou pressão diastólica superior a 120 mmHg (BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008).

6.6 Biópsia renal

A biópsia renal não é muito realizada em pacientes com doença renal crônica. Apesar de não ser muito praticada, pode ser indicada nos casos em que os resultados encontrados possam permitir modificações no tratamento, ou esclarecer a gravidade da lesão, definindo um prognóstico mais preciso. Com base no histopatológico é possível encontrar alterações como glomeruloesclerose, atrofia glomerular, presença de células mononucleares (linfócitos, plasmócitos e macrófagos), perda de túbulos renais em decorrência da substituição por tecido fibroso ou mineralização tecidual (COUTO, C. G; NELSON, R. W, 2005; BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008).

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