• Nenhum resultado encontrado

7 TRATAMENTO

7.8 Manejo nutricional

Algumas alterações devem ser feitas em relação à alimentação de cães que apresentam doença renal crônica. Sabe - se que uma dieta balanceada é extremante importante no tratamento, pois a alimentação sem restrição moderada de determinados minerais pode ser um fator contribuinte para progressão da doença, gerando um acúmulo de catabólitos protéicos tóxicos e falhas na excreção renal. A restrição alimentar pode ser iniciada assim que a doença for diagnosticada, pois os cães aceitam mais fácil a mudança da alimentação no inicio da doença em decorrência de não estarem apresentando alterações gastrointestinais como vômitos e anorexia (BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008; HOSKINS, J. D, 2008).

A dieta deve ser balanceada e não totalmente restrita. Deve ser feita uma moderada restrição no teor de proteína, sódio e fósforo basicamente. O manejo dietético contribui muito para a redução das manifestações clínicas geradas pela uremia e prolonga a vida do animal prevenindo a progressão da doença (BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008; ANDRADE, S. F, 2008).

Existem rações no mercado já formuladas que contém quantidades reduzidas de proteínas, sódio e fósforo, porém é possível também oferecer uma dieta balanceada através da alimentação caseira (Quadro 6) (HOSKINS, J. D, 2008).

Quadro 5 Dietas comerciais e exemplo de dietas caseiras Dietas

comerciais

• Canine u/d, h/d, k/d (Hills)

• NF Kidney faliure canine formula (Purina) • Renal program – dogs (Royal canin) Dieta caseira 125 g de carne ou frango + 1 ovo grande cozido +

2 xícaras de arroz cozido sem sal + 3 fatias de pão branco picado + 1 colher de chá de carbonato de cálcio + suplemento vitamínico – cerca de 500 g/dia para um cão de 10 kg.

Fonte: (ANDRADE, S. F, 2008).

7.8.1 Restrição protéica

A dieta parcialmente restrita em proteínas possui o beneficio de controlar as manifestações clínicas geradas pela uremia, em decorrência da redução de resíduos nitrogenados gerados pelo catabolismo protéico. Os teores de proteínas recomendados para cães com doença renal crônica variam de 2 a 2.2 g/kg ao dia, podendo ser oferecido tanto através de dietas comerciais, como dietas caseiras (BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008).

A dieta hipoproteica deve ser iniciada obrigatoriamente quando a uréia sérica estiver acima de 75 mg/dl e a creatinina sérica estiver acima de 2.5 mg/dl (ANDRADE, 2008). Restrições severas de proteína podem gerar conseqüências como má nutrição, perda de peso, hipoalbuminemia e agravamento da anemia. Em função disso as dietas hipoproteicas para cães devem conter cerca de 13 % de conteúdo protéico (ANDRADE, S. F, 2008; BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008).

Segundo COUTO, (2005) em animais alimentados com dietas com redução de proteína, deve - se ter em mente que os requerimentos energéticos do organismo tem maior prioridade em relação ao anabolismo protéico; portanto, se os carboidratos e as

gorduras forem insuficientes para completar as necessidades calóricas, as proteínas endógenas provavelmente serão quebradas e utilizadas como fonte de energia. O catabolismo de proteínas endógenas para este propósito aumenta os produtos nitrogenados que o rim deve excretar e axacerba as manifestações clínicas da doença renal.

A proteína oferecida a pacientes que sofrem de doença renal crônica, deve ser de alto valor biológico com alta qualidade contendo apenas aminoácidos essenciais. A redução da ingestão de proteínas esta relacionada com diminuição da ingestão de proteínas comparada a ingestão normal (COUTO, C. G; NELSON, R. W, 2005; BIRCHAR, S. J; SHERDING, R. G, 2008).

Uma dieta restrita em proteínas, proporciona para o animal um peso corpóreo estável, concentrações séricas de creatinina e albumina também estáveis e uma diminuição das concentrações séricas de nitrogênio uréico e fósforo (COUTO, C. G; NELSON, R. W, 2008).

7.8.2 Cetoanálogos

O cetoanálogos são α- cetoácidos de aminoácidos desaminados, ou seja, suas cadeias carbônicas não apresentam o grupo amino. Esses cetoácidos não possuem nitrogênio, não gerando co – produtos nitrogenados, que teoricamente teriam que ser eliminados pelos rins. Os cetoácidos além de diminuir os teores de uréia sérica, também servem como complemento nutricional, pois fornecem aminoácidos de alto valor biológico.Os cetoanálogos captam o nitrogênio da circulação e são transformados em aminoácidos essenciais. A administração de cetoanálogos deve estar associada a uma dieta com baixa quantidade em proteínas. A forma comercial dos cetoanálogos é o Ketosteril  ( da Fresenius Kabi de uso humano) podendo ser utilizado em cães. Deve ser administrado na dose de um comprimido para cada 5 kg, dividindo a dosagem em duas tomadas diárias. Deve ser administrado juntamente com as refeições permitindo uma adequada absorção e metabolismo dos aminoácidos correspondentes. Seu efeito demora alguns dias, e seu principal fator limitante é o custo (ANDRADE, S. F, 2008; G. ZACAR, 2008).

7.8.3 Restrição de fósforo

O principal efeito esperado de uma dieta restrita em fósforo é a diminuição da progressão do hiperparatireoidismo secundário renal, reduzindo também a mineralização de tecidos moles. Além disso, proporciona uma redução das manifestações clínicas geradas pela uremia. A própria dieta restrita em proteínas já contém menos fósforo, uma vez que a proteína é a principal fonte de fósforo. Juntamente com uma dieta restrita em proteína, podem ser utilizados quelantes entéricos de fósforo, conforme citado anteriormente (ANDRADE, S. F, 2008; BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008).

7.8.4 Restrição de sódio

A restrição de sódio a princípio auxilia no controle da hipertensão arterial. Em decorrência da diminuição da função do parênquima renal, os rins apresentam dificuldades em manter a homeostasia do sódio tendo como conseqüência sua retenção, gerando um aumento na pressão arterial. Essa restrição deve ser feita de forma gradativa e não de forma súbita, pois é necessário que os rins tenham tempo para se adaptar as alterações na ingestão deste eletrólito. A restrição de sódio não deve ser excessiva como na dieta de animais com insuficiência cardíaca congestiva, e sim respeitar os requisitos mínimos do eletrólito (BICHARD, S. J; SHERDING, R. G, 2008; ELLIOT, 2008).

Conclui – se que a composiçao da dieta é extremante importante para a manutenção da homeostasia em pacientes que sofrem de doença renal crônica, ajudando também a melhorar a qualidade de vida. As formulações dietéticas, juntamente com outras formas de tratamento, devem sempre ser adaptadas as necessidades de cada paciente, baseando – se sempre nas manifestações clínicas e alterações laboratoriais apresentadas (ELLIOT, 2008).

Documentos relacionados