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Estudos realizados na década de 1950 constataram que uma contagem de 105 UFCml-1 por ml de urina eram indicativos de uma infecção urinária. No entanto, recentemente níveis mais baixos (102-104 UFCmL-1) devem ser considerados como positivos. Estudos recentes apontaram que níveis superiores 102 UFCml-1 mostraram

uma sensibilidade de 95% e uma especificidade de 85% para o diagnóstico de cistite em mulheres. Pacientes do sexo masculino com amostras de urina crescente maior do que 103 UFCmL-1são considerados positivos para a ITU.Assim, tais estudos sugerem que a terapia com antibiótico deve ser considerada para qualquer paciente que apresentem sintomas de infecção urinária e uma cultura positiva com contagem de 103 UFCml-1ou maior (McCARTER et al.,2009).

Para o diagnóstico a cultura de urina é considerada o padrão ouro, e, portanto, deve ser a primeira escolha. Requer meio estéril e 24 horas de incubação a 37°C para que ocorra o crescimento bacteriano (GILBERT; O´BRIEN; LEWIS, 2013). A urocultura deve sempre ser solicitada durante a primeira consulta pré-natal (PEREIRA, 2010).

O teste de sensibilidade antimicrobiana é um teste que complementa a urocultura e é indicado para qualquer microrganismo que gere um processo infeccioso e tem por finalidade confirmar o diagnóstico médico e orientar a terapia eficiente. É importante ressaltar que as decisões em torno do antibioticoterapia devem ser analisadas de acordo com cada caso, em principal aqueles microrganismos em que apresentam resistência aos fármacos antimicrobianos, aos causadores de infecções com risco, entre outros (MADIGAN et. al., 2010).

O exame microscópico consiste em uma visualização em microscópio óptico com objetiva seca (aumento de 400 vezes), de uma gota de urina centrifugada e permite determinar a presença de piúria, bacteriúria, hematúria e quantificação da flora bacteriana, este é um teste de baixo custo, sua baixa sensibilidade o limita para ser indicado como screening de bacteriúria assintomática (DUARTE et al.,2008).

A coloração de amostra urinária pelo método de gram baseia-se na observação microscópica dos agentes microbianos, fornece informações complementares sobre as características das bactérias, como a morfologia bacteriana (bacilos, cocos). Mesmo apresentando sensibilidade e especificidade satisfatórias e sendo um dos melhores testes rápidos disponíveis para a triagem de ITUs não supera a urocultura que, como citada por diversos autores, é considerada como o padrão ouro para diagnóstico de infecção urinária (BAUMGARTEN et.al., 2011).

Nos quadros de pielonefrite o exame de hemocultura é muito útil, pois sua positividade, nesta infecção, situa-se entre 25% a 60%. Ele direciona para o risco

de sepse e possibilita caracterizar o agente patológico, que por vezes não é identificado por urocultura (BAUMGARTEN et.al., 2011). A sepse nesse caso pode ser conseqüência de uma febre refratária, taquipneia e hipotensão (CALEGARI et al., 2012).

O aumento do número de leucócitos na urina pode indicar a presença de microrganismos, porém, 5% e 20% dos pacientes com diagnóstico de infecção comprovado podem manifestar contagem normal de leucócitos, o que é comum em pacientes com bacteriúria assintomática (SROUGI, 2005).

A leucocitúria pode ser considerada anormal, conforme Pereira (2010) quando a contagem está em valores acima de 10.000 leucócitos/ml ou 10 leucócitos por campo de observação. Outra constatação é a presença de leucocitúria não define o diagnóstico de ITU, pois podem existir diversos outros fatores que podem elevar o número de leucócitos na urina, como tuberculose, infecção por fungos, Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, Haemophilus sp., microrganismos anaeróbios, vírus, dentre outras (PEREIRA, 2010).

Figueiredo, Gomes e Campos (2012) relatam que a presença de enterobactérias na urina pode indicar resultado positivo para o teste de nitrito, que é baseado na transformação de nitrato em nitrito, altamente específica para a infecção causada por estes uropatógenos, porém resultado negativo não exclui totalmente a infecção. Resultados falsos positivos ocorrem em casos de urina concentrada ou contaminada por bactérias vaginais e falsos negativos podem ser resultantes de uma ausência de nitratos da dieta, de urina diluída (subsequente, por exemplo, a terapêutica com diuréticos) ou de infecções urinárias causadas por bactérias não redutoras de nitratos (Staphylococcus, Enterococcus ou Pseudomonas).

A avaliação da esterase leucocitária consiste na observação da esterase dos neutrófilos, que em geral não se encontram presentes na urina, no parênquima renal ou no soro. Os dois métodos, teste de nitrito e esterase leucocitária, são importantes no rastreamento e acompanhamento de gestantes (GADELHA et al., 2008). A presença de Trichomonas vaginalis pode dar resultado positivo para esterase leucocitária (PEREIRA, 2010).

A presença de cilindros leucocitários sugere pielonefrite, quando o valor de pH apresenta valor superior a 8, pode ser sugestivo de infecção por Proteus (PEREIRA, 2010).

Além disso, o hemograma, leucograma, uréia e creatinina são testes importantes para avaliar o grau de respostas orgânicas ou processo infeccioso nos quadros clínicos mais graves (BAUMGARTEN et al., 2011). No hemograma degestantes com pielonefrite aguda o achado é de anemia leve com leucocitose acentuada, geralmente superior a 15.000/mm3, aumento ostensivo em polimorfonucleares e em casos graves pode ser observado granulações tóxicas nos leucócitos (CHANCAY, 2013).

Pacientes que fazem uso de antibiótico antes da coleta ou até mesmo a utilização de antisépticos para higienização local, podem não apresentar crescimento bacteriano no exame de urocultura, visto que os resultados falso- positivos do estudo do sedimento urinário ocorrem geralmente por contaminações na coleta durante a micção (APOLINÁRIO et al., 2014). Vale ressaltar ainda que uma simples bacteriúria possa ser resultado de contaminação da amostra urinária (DUARTE et al., 2008).

Conforme Moura e Fernandes (2010) como a contaminação da urina é muito comum, é importante que a coleta seja orientada de maneira correta, ou seja, com assepsia da região genital e o descarte do primeiro jato e a mesma deve ser enviada para análise laboratorial quanto antes. Daltro (2011) afirma que a coleta deve priorizar a primeira da manhã ou com intervalo de 4 horas desde a última micção, pois uma coleta adequada é importante para o diagnóstico de bacteriúria assintomática.

O material contaminado no momento da coleta pode comprometer o resultado no estudo bacteriológico da urina, indicando falso positivo, os quais chegam a 10% dos casos. É comum nessas situações, isolar organismos saprófitas, tais como Corynebacterium, bacilo difteroides etc. ou, então, é cultivado mais de um agente bacteriano. Resultados falsos negativos podem ser detectados em situações que o paciente fez uso recente de antimicrobianos (SROUGI, 2005).

É ideal que gestantes que se submeteram a antibioticoterapia por infecção urinária, realizem o exame de urocultura uma semana após o fim do tratamento para que se possa verificar a eficácia da terapêutica (FIGUEIREDO; GOMES; CAMPOS, 2012).

4.6.1 Diagnóstico diferencial e complementar

A automação é utilizada por alguns laboratórios para o diagnóstico das ITU, oferece benefícios e facilidades tanto para o paciente quanto para o laboratório, pois proporciona além de melhorias no uso dos antibióticos, por meio de orientações sobre o uso apropriado desses medicamentos a redução de custos e estabilização da resistência aos antibióticos. Pode se dizer ainda que diminui as chances e riscos

de infecção hospitalar, em casos de internações, redução do tempo de internação,

rapidez nos resultados, identificação de espécies raras e de difícil identificação; monitorização das infecções nosocomiais e de cepas multirresistentes e a facilidade de obtenção de estatísticas, tendo como princípios básicos para a detecção e identificação de microrganismos viáveis a análise do metabolismo microbiano, turbidez, medição de metabólitos e detecção colorimétrica de partículas (CAMARGO et al., 2001;SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA/ MEDICINA

LABORATORIAL, 2014).

O diagnóstico de imagem é empregado nos casos de infecções urinárias complicadas e permite identificar a presença de anormalidades. O exame de ultrassonografia pode ser realizado para verificar a presença de litíase, que pode propiciar ou relacionar quadros agudos de ITU (PEREIRA, 2010).

A ecografia renal exclui fatores predisponentes, como cálculos renais ou dilatação pielocalicial patológica. Na gestação recomendam-se nos casos de infecções urinárias de repetição e/ou aquelas provocadas por microrganismos pouco comuns e em falha de resposta após 72h de antibioterapia (FIGUEIREDO; GOMES; CAMPOS, 2012).

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