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3. DESENHO E IMPLEMENTAÇÃO DA INTERVENÇÃO MAJOR

3.2. Diagnóstico da Situação

O recurso à metodologia de projeto na área da saúde é já largamente conhecida e utilizada nas mais variadas temáticas. Em contexto de saúde, a análise deverá ser baseada nas necessidades da população com o intuito de desenvolver estratégias que concentrem esforços e aproveitem os recursos disponíveis de forma a promover o trabalho entre toda a equipa multidisciplinar promovendo de igual forma a capacidade, motivação e autonomia de cada profissional. Um projeto em saúde deverá ser sustentável e trazer benefícios que possam perdurar a longo prazo, criando dinâmicas que permitam o desenvolvimento global e irreversível da prática diária da equipa em que se inserem (Ruivo et al, 2010).

Foi este o nosso intuito quando pensámos a implementação do projeto de intervenção Major. Pretendíamos abordar uma temática que fosse sentida como necessidade da equipa e cuja implementação fosse sentida como uma mais-valia, determinante para a melhoria dos cuidados de enfermagem do SUG a longo prazo Neste sentido, ainda no primeiro estágio, começámos por identificar as necessidades formativas desta equipa. Esta pesquisa deu-se através da consulta do plano de formação previsto para o serviço, bem como em entrevistas exploratórias com alguns elementos da equipa. De igual modo, em entrevista semiestruturada com a coordenação de enfermagem do serviço, foi identificada a necessidade de um maior investimento na temática da Via Verde Sépsis, ainda em fase de projeto de

implementação no SUG. A temática foi do nosso interesse e foi ponderado o desenvolvimento da Intervenção Major nesse sentido.

Não descurando o crescente interesse na temática da via verde sépsis, ao longo da prática clinica e através da observação sistemática, pudemos perceber que a colocação e manutenção da monitorização invasiva por Linha Arterial, na prestação de cuidados à PSC, era uma prática relativamente recente no SUG para a qual muitos dos enfermeiros da equipa não tiveram nenhum momento formativo formal, prestando os cuidados com base no seu trabalho de pesquisa individual e nos momentos de formação informal entre colegas. Considerando este, um procedimento de importância fulcral nos cuidados à PSC, e o desenvolvimento desta temática uma excelente oportunidade de desenvolvimento de competências da prática especializada vimos ali uma oportunidade de mobilizar as competências previamente adquiridas e experiências profissionais vividas, de forma a valorizar uma necessidade formativa que motivasse todos os intervenientes e que fosse útil a longo prazo na prestação de cuidados no serviço.

Neste sentido e como forma de fundamentar a identificação da necessidade formativa em questão, foi elaborada uma pesquisa bibliográfica interna sobre a existência de documentação específica sobre o uso da linha arterial na vigilância e tratamento à pessoa em situação crítica bem como sobre as intervenções de enfermagem a ela associadas. Esta pesquisa revelou a não existência de qualquer informação do serviço ou mesmo do centro hospitalar sobre esta temática, o que tornava o seu desenvolvimento cada vez mais aliciante. No entanto, havia sido falado com a chefia a necessidade de abordar o tema da via verde sépsis. Assim sendo e tendo em conta que tínhamos nesta fase duas necessidades formativas identificadas, optámos por consultar a equipa para a decisão final, favorecendo assim a motivação e a interação da mesma ao longo de todo o processo.

Perante esta nova possibilidade, foi elaborado um questionário (Apêndice 3), para determinar qual dos dois temas a equipa sentia mais necessidade em ver abordado. Tendo em conta as características do questionário e o propósito que pretendia cumprir, por acordo com a enfermeira orientadora, optou- se por solicitar o seu preenchimento no momento da entrega evitando assim a ausência de preenchimento que por vezes ocorre noutros estudos. Desta forma, foi utilizada uma amostra aleatória, com 30 enfermeiros num universo de 78 tendo sido entregues e recolhidos devidamente preenchidos, um total de 30 questionários onde se concluiu uma necessidade formativa de 77% para a temática da Linha Arterial em detrimento de 23% para a temática da Via Verde Sépsis (Apêndice 4). Posteriormente, alargou-se os resultados obtidos nesta amostragem ao universo de 78 enfermeiros no SUG e determinou- se que a necessidade formativa a ser abordada e desenvolvida seria o uso da linha arterial na vigilância e tratamento à pessoa em situação crítica.

Poderemos inferir pelo exposto, que a identificação da nossa necessidade formativa ocorreu por método indutivo, partindo da observação de fenómenos específicos que se unificaram na temática do uso da linha arterial na vigilância e tratamento à pessoa em situação crítica englobando as intervenções de enfermagem a ela associadas, uma temática geral que se insere no âmbito dos objetivos da nossa prática clinica incidente na pessoa em situação critica.

Não obstante, de modo a assegurarmos a validação desta necessidade formativa e de fundamentarmos o desenvolvimento do nosso projeto de implementação da Intervenção Major, recorremos à análise SWOT, uma ferramenta de validação de diagnósticos de situação amplamente utilizada no contexto empresarial e da saúde, que consiste na identificação das forças (Strenghts), as fraquezas (Weaknesses), as oportunidades (Opportunities) e as ameaças (Treaths) do projeto. Neste sentido, as forças e fraquezas dizem respeito às qualidades internas do projeto, enquanto as oportunidades e ameaças representam aspetos externos, que podem contribuir ou prejudicar a implementação do projeto. Ao aplicarmos o seu conceito ao nosso projeto, verificámos a viabilidade do nosso diagnóstico uma vez que as forças e oportunidades superam a fraquezas e ameaças (Apêndice 5).