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Diagnóstico e Proposta de Ações

No documento Uma Visão Retrospectiva (páginas 42-44)

1. Regras e normas

1.1. A lógica da regulação

de mercado no Brasil

A intervenção institucional e regulamentar do Estado no Mercado Segurador obedece a uma lógica universalmente aceita por eco- nomias livres: normatizar e fiscalizar com vis- tas à promoção de condições justas de contratação de seguros, títulos de capitali- zação, planos de previdência e demais pro- dutos do setor, além de promover o desen- volvimento da atividade privada, sem modi- ficar sua formação estrutural e técnica. Em síntese, o que o Estado e a sociedade bus- cam é o funcionamento regular e produtivo do mercado, sem descurar da proteção que é devida ao segurado.

Essa lógica não é exclusiva do mercado brasi- leiro. É universal. E apresenta como fundamen- to a necessidade de preservar e ampliar o mercado, que em seu sentido mais amplo se constitui em modalidade de solução moral- mente justa para um dos mais angustiantes problemas do indivíduo e das instituições: a incerteza quanto ao futuro.

É universalmente aceito que o Mercado Segurador opera a partir da convergência de duas virtudes fundamentais da comunidade humana – a boa-fé e a solidariedade –, incorporadas ao conceito de mutualismo, e objetiva proteger agentes produtivos contra os riscos patrimoniais e assegurar às famílias a proteção à vida e à saúde, e à reposição de bens, indenizações e benefícios em caso de infortúnio.

Em síntese, na medida em que promove a partilha do risco entre muitos, o Mercado Segurador democratiza a possibilidade de proteção e cumpre relevante função social e

econômica, merecendo especial atenção do Estado, a quem competirá promover o fo- mento da competitividade, o arbitramento de conflitos entre empresa e consumidor, a fis- calização do cumprimento da legislação pró- pria do setor.

Nessa perspectiva, o órgão de regulação e fiscalização do mercado deve agir no senti- do da proteção geral do setor produtivo e do mercado consumidor quando verifica a con- formação da prestação da operadora, con- dições gerais e especiais dos planos de se- guro e apólices, a descrição dos riscos e a conformidade da regulação de sinistros em relação ao pactuado na apólice, bem como a solvência e capacidade de pagamento da empresa de seguros, de capitalização e de previdência complementar. Em paralelo, a proteção direta ao consumidor deve se dar quando o Estado zela pela transparência e conteúdo mais adequado de planos ou apó- lices, verificação da adequação do prêmio ou contribuição paga em relação à proteção oferecida pela operadora.

Em síntese, uma situação ideal de regulação e fiscalização deve estabelecer como objeti- vos estratégicos a busca da transparência nas relações estabelecidas entre produtores e consumidores, foco na solvência sobretu- do com a preocupação centrada na forma- ção e proteção das reservas, e manutenção de padrões e processos regulatórios dinâ- micos.

1.2. A estrutura de regulação

e fiscalização do mercado

A normatização e fiscalização do Mercado Segurador Brasileiro competem ao Governo Federal. Nos termos do que dispõe o Decre- to-lei no 73, de 21 de novembro de 1966, al-

terado pelas Leis no 9.656/98 – sobre Seguro

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operações de seguro – articula-se o Sistema Nacional de Seguros Privados, composto pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), Superintendência de Seguros Priva- dos (SUSEP), Instituto de Resseguros do Brasil (IRB-Brasil Re) e sociedades autoriza- das a operar em Seguros Privados e Capita- lização, Entidades Abertas de Previdência Complementar e Corretores de Seguros habilitados.

O funcionamento do mercado insere-se nessa múltipla moldura regulamentar e institucional, que é afeta a três ministérios. Os segmentos de seguros, capitalização e previdência com- plementar aberta subordinam-se imediata- mente ao Conselho Nacional de Seguros Pri- vados – CNSP e à Superintendência de Segu- ros Privados – SUSEP, vinculados ao Ministério da Fazenda.

O segmento de previdência complementar fe- chada subordina-se à estrutura integrada pelo Conselho de Gestão da Previdência Comple- mentar e pela Secretaria de Previdência Com- plementar, que se vinculam ao Ministério da Previdência Social.

A partir da edição da Lei no 9.656/98 determi-

nou-se que as seguradoras que atuam no seg- mento do Seguro Saúde se transformassem em seguradoras especializadas, passando a es- tar subordinadas a uma nova estrutura de regulação e fiscalização vinculada ao Ministé- rio da Saúde, juntamente com outras modali- dades de operadoras de planos privados de saúde.

O CNSP, cuja organização e funcionamento são definidos pelo Decreto-lei no 73/66 – com alte-

rações feitas pela Lei no 10.190, de 14/02/2001

–, é integrado pelo Ministro de Estado da Fa- zenda, Superintendente da SUSEP e represen- tantes do Ministério da Justiça, Ministério da Previdência e Assistência Social, Banco Cen-

tral do Brasil e CVM. Tem, entre outras compe- tências:

Fixar diretrizes e normas da política de segu- ros privados e resseguros.

Fixar as características gerais dos contratos de seguro, previdência complementar aber- ta, capitalização e resseguro.

Prescrever os critérios de constituição das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Complementar Aberta e Resseguradores, com fixação dos limites legais e técnicos das respectivas ope- rações.

A Superintendência de Seguros Privados – SUSEP é entidade autárquica vinculada ao Ministério da Fazenda. Criada pelo Decreto-lei no 73/66, tem sede e foro na Cidade do Rio de

Janeiro e jurisdição em todo o território nacio- nal. É instituição dotada de personalidade jurí- dica de direito público e patrimônio próprio, sendo responsável pela execução da política traçada pelo CNSP. Tem, entre as suas atribui- ções, as de:

Fiscalizar a constituição, organização, fun- cionamento e operação das Sociedades Se- guradoras, de Capitalização e Entidades Abertas de Previdência Complementar, na qualidade de executora da política traçada pelo CNSP.

Atuar com o objetivo de proteger a captação de poupança popular que se efetua através das operações de seguro, previdência com- plementar aberta e de capitalização.

Zelar pela defesa dos interesses dos consu- midores dos mercados supervisionados.

Zelar pela liquidez e solvência das socieda- des que integram o mercado.

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O Mercado e o Estado

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