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36 DIARREIAINFECCIOSA/ENTEROINFECÇÃO

No documento Guia Do Plantonista 08 - Internac_o_es (páginas 36-40)

EXAMES COMPLEMENTARES

- Como a maioria dos casos de diarreia são autolimitados (com duração menor que 24h em quase 50% dos casos) ou têm etiologia viral, os exames laboratoriais e a investigação microbiológica devem ser reservados para os casos de maior gravidade.

- São eles:

 Pesquisa de leucócitos fecais: é recomendada para casos de diarreia moderada a grave. Teste positivo sugere diarreia inflamatória e o negativo, baixa probabilidade de se isolar o germe causador por meio de cultura de fezes.

 Coprocultura: é indicada para pacientes febris, com quadro disentérico ou diarreia grave, ou quando a pesquisa de leucócitos fecais resultar positiva.

 Exame parasitológico de fezes: é indicado em suspeita de diarreia parasitária, sendo os agentes mais comuns a Giardia lamblia e a Entamoeba histolytica.

Pesquisa da toxina de Clostridium difficile: em indivíduos recentemente submetidos a antibioticoterapia, hospitalização ou quimioterapia e em moradores de casas de repouso.

 Retossigmoidoscopia flexível: raramente é utilizada, sendo indicada para casos de sinais ou sintomas de proctite (tenesmo e dor retal), pacientes com suspeita de diarreia por Clostridium difficile e com quadro moderado a grave (presença de pseudomembranas é altamente sugestiva). Também é útil para o diagnóstico diferencial com outras causas de diarreia, como doenças inflamatórias intestinais.

PRESCRIÇÃO SUGERIDA

 Dieta oral constipante. Apesar de controversa, a dieta transitoriamente isenta de lactose pode ser recomendada: para crianças, suspender leite e derivados, exceto o leite materno (entretanto, deve-se orientar a mãe que evite leite ou derivados em sua dieta). As soluções de reidratação oral são indicadas em casos moderados a graves de desidratação; em casos mais leves, pode-se apenas orientar quanto a ingestão de líquidos (sucos, água, etc.).

 Hidratação venosa vigorosa. Para crianças, fazer plano de hidratação em duas etapas (fase de expansão e fase de manutenção), com reposição hidroeletrolítica.

 Terapia sintomática: os agentes antidiarreicos podem ser usados para melhora sintomática e diminuição da perda hídrica e de eletrólitos, porém, devem ser evitados nos casos de febre ou fezes sanguinolentas.

o Loperamida (Imosec®) 2mg: dose inicial de 4mg (2 comprimidos), seguida de 2mg a cada evacuação diarreica, sem exceder 16mg/dia por 2 dias.

o Racecadotril (Tiorfan®) 100mg: a dose recomendada é 100mg (1 cápsula) a cada 8/8h.

 Antibioticoterapia empírica: está indicada nas seguintes situações:

 Sinais e sintomas de diarreia bacteriana (febre e diarreia sanguinolenta) e presença de leucócitos fecais ou sangue oculto nas fezes;

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 Diarreia dos viajantes, se desejar melhora rápida dos sintomas;  Paciente imunocomprometido;

Optar por quinolonas (Ciprofloxacino ou Norfloxacino, oral ou endovenoso); como segunda opção, os aminglicosídeos e, em última instância, o Sulfametoxazol-Trimetroprima. Na suspeita de verminose, associar o metronidazol. Como opção para esta terapêutica antibiótica, pode-se optar por Ceftriaxona (1g EV, 12/12h).

 Ciprofloxacina 400mg/200ml: 1 bolsa EV, 12/12h. Antibiótico de primeira escolha.  Gentamicina (Garamicina®):

 Apresentações: ampolas de 20mg/ml, 40mg/ml e 80mg/ml.  Crianças: 5mg/kg/dose por dia (24/24h a 12/12h)

 Adultos: 3 a 6mg/kg/dose (60 a 80mg) EV, de 8/8h.  Metronidazol (Flagyl®):

 Apresentações: frasco-ampolas de 500mg/100ml.  Crianças: 10mg/kg/dose de 12/12h a 8/8h.

 Adultos: 1 frasco-ampola (500mg) EV, de 12/12h a 8/8h.

 Antibioticoterapia específica: mesmo em caso de isolamento do patógeno, o paciente deve ser reavaliado e a decisão de tratamento antimicrobiano deve se basear no quadro clínico em vigor.

Antibioticoterapia específica para diarreia aguda Micro-organismo Antibiótico

Shigelose SMZ-TMP 160/800mg VO, 12/12h, 3 a 5 dias Norfloxacina 400mg VO, 12/12, 3 a 5 dias Ciprofloxacina 500mg VO, 12/12h, 3 a 5 dias Salmonella não typhi Geralmente os antibióticos não são recomendados

Em caso de febre, sinais de toxemia ou comorbidades significativas, podem-se prescrever SMZ-TMP ou quinolonas por 5 a 7 dias

Campylobacter Eritromicina 500mg, 12/12h, por 5 dias Escherichia coli SMZ-TMP 160/800mg VO, 12/12h, 5 dias

Norfloxacina 400mg VO, 12/12, 3 dias Ciprofloxacina 500mg VO, 12/12h, 3 dias Clostridium difficile Metronidazol 500mg VO, 8/8h, 10 dias

Vancomicina 125mg VO, 6/6h, 10 dias Giardia Metronidazol 500mg VO, 8/8h, 7 dias

Entamoeba histolytica Metronidazol 750mg VO, 8/8h, 10 dias, associado à Iodoquinol 650mg, 8/8h, 20 dias

EDEMAAGUDODEPULMÃO EXAMES COMPLEMENTARES

 Eletrocardiograma: indispensável para avaliação de arritmias cardíacas, SCA, tromboembolismo pulmonar;

 Enzimas cardíacas (troponina, CK-massa, mioglobina) – afastar SCA associada;

 Hemograma, sódio, potássio, ureia e creatinina, podendo nos guiar para um quadro séptico ou IRA levando a hipervolemia e EAP, por exemplo;

 D-dimero – pode ser solicitado aos pacientes com historia de dispneia súbita e hipoxemia, devendo ser estratificado risco quanto a possibilidade de embolia pulmonar.

PRESCRIÇÃO SUGERIDA

 Dieta oral até segunda ordem.

 Acesso venoso.

 Morfina 10mg/ml + Água destilada 9ml: iniciar 2ml EV e, a seguir, ACM.

 Se PA elevada: Nitroprussiato de sódio 50mg/2ml (1 ampola) + SG 5% 248ml: EV em BIC (iniciar a 10ml/hora e, a seguir, ACM). Se o paciente for coronariano ou a provável etiologia do EAP for isquêmica, substituir por Nitroglicerina (Tridil®) 50mg/10ml + SG 5% 240ml: EV em BIC (iniciar a 10ml/hora e, a seguir, ACM).

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 Monitorização cardíaca / PA não invasiva / Oxímetro de pulso.

 Ventilação não invasiva (CPAP) e Fisioterapia respiratória.

 Cabeceira elevada a 45o.

 Passar sonda vesical de demora (SVD).

 Controle de diurese.

 Sinais vitais e cuidados gerais de 1/1 hora. DOENÇAPULMONAROBSTRUTIVACRÔNICA(DPOC)

EXAMES COMPLEMENTARES

 Hemograma completo

 Bioquímica

 Radiografia de tórax: dependendo do desconforto respiratório do paciente, talvez só seja possível a realização da radiografia de tórax no leito, ou seja, apenas na incidência anteroposterior (AP), que apresenta como desvantagem maior aumento da área cardíaca.

 Gasometria arterial: recomendada em todos os pacientes internados com exacerbação de DPOC, para melhor avaliação dos parâmetros de troca gasosa, permitindo a determinação da PaO2, PaCO2 e da relação PaO2 /fração inspirada de O2. Além disso, a análise do bicarbonato pode mostrar se o paciente apresenta ou não acidose metabólica ou mesmo alcalose metabólica, em caso de pacientes que se comportam como retentores de CO2 (acidose respiratória crônica).

 Eletrocardiograma: em pacientes com suspeita de arritmias ou que foram admitidos em UTI. PRESCRIÇÃO SUGERIDA

 Jejum nas primeiras horas (pois não há como predizer se o paciente poderá ou não evoluir para insuficiência respiratória franca, com risco de entubação orotraqueal e, consequentemente, de broncoaspiração; além disso, a VNI, por induzir a distensão gástrica, também pode aumentar as chances de broncoaspiração).

 Suplementação de O2: de modo suficiente para manter SpO2 entre 90% e 92% e PaO2 entre 60 e 65 mmHg, com atenção para que não corra retenção de CO2 ou acidose. A via de administração pode ser cateter nasal, máscara de nebulização ou máscara de Venturi.

 SG 5% 1000ml + NaCl 20% 40ml EV, 12/12h (dependendo das comorbidades do paciente, a hidratação pode ser modificada, como no caso de pacientes com insuficiência cardíaca, que podem não tolerar tanto volume, ou em pacientes diabéticos, que podem requerer suspensão de soro glicofisiológico).

 Moxifloxacina 400mg EV, 1x ao dia. OBS: A princípio, recomenda-se antibioticoterapia parenteral, a menos que a apresentação endovenosa não esteja disponível no local da internação. Outras opções: Ceftriaxona (1g EV, 12/12h) + Claritromicina (500mg EV, 12/12h) ou Amoxicilina/Clavulanato (500mg EV, 8/8h).

 Metilprednisolona 40mg EV, 8/8h.

 NBZ com SF 0,9% 3 a 5ml + Fenoterol (Berotec®) 6 a 10 gotas + Ipratrópio (Atrovent®) 20 a 40 gotas  fazer a cada 20 minutos na primeira hora e, depois, de 4/4h. OBS: Dependendo da presença de comorbidades prévias, como coronariopatias ou memso arrimitas prévias (fibrilação atrial crônica), usar com cautela os broncodilatadores.

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 Terbutalina (Bricanyl®) 0,5mg/ml: ½ ampola SC de 12/12h ou de 8/8h. OBS: Dependendo do grau de broncoespasmo, pode-se optar por associar broncodilatadores inalatórios, com apresentações parenterais, como terbutalina, outro beta2-agonista, administrado por via subcutânea.

 Omeprazol 40mg/ml: 1 ampola + diluente EV, 1x ao dia. OBS: Recomenda-se proteção gástrica em virtude do estresse e das doses altas de corticoides sistêmicos que pacientes utilizam para o tratamento das exacerbações. Dependendo do hospital, pode-se optar por outro inibidor de bomba de prótons (Pantoprazol 40mg EV, 1x ao dia) ou por outra classe de protetor gástrico, como anti-H2 (Ranitidina 50mg/2ml, 12/12h ou de 8/8h).

 HGT de 6/6h e Insulina Regular conforme glicemia.

 Dipirona 1000mg/2ml EV, 6/6h, se necessário.

 Metoclopramida(Plasil®) 10mg/2ml EV, de 8/8h, se necessário.

Ventilação não invasiva (VNI): uso de contínuos positive pressure (CPAP) ou bilevel positive airway pressure (BiPAP). OBS: CPAP refere-se a aplicação de uma pressão positiva contínua tanto na inspiração como na expiração. Essa pressão recebe o nome de PEEP (pressão positiva ao final da expiração), que pode ser administrada por meio de uma válvula acoplada a uma máscara especial, por meio de aparelhos conhecidos como CPAP (os mesmos utilizado para tratamento da apneia do sono) ou com auxílio de respiradores (em que a PEEP administrada normalmente é regulada a partir do respirador, sem que o paciente esteja entubado). A PEEP normalmente utilizada é de 8 a 10 cmH2O. O BiPAP refere-se a aplicação de dois níveis de pressão positiva, uma para inspiração (IPAP) e outra para expiração (EPAP), sendo esta última geralmente menor, o que facilita a adaptação do paciente. Pode ser realizada com o auxílio de um respirador ou, simplesmente, com o uso de aparelhos especiais, conhecidos como BIPAP.

ERISIPELA(A46) TRATAMENTO AMBULATORIAL

 Infecções localizadas, que não necessitem intervenção cirúrgica em paciente clinicamente estável e imunocompetente, podem ser tratadas ambulatorialmente.

 Droga de escolha: Cefalexina 500mg-1g VO 6/6 OU SMT+TMP 2 -3 cp 12/12 OU Clindamicina 300-600mg VO 8/8hs.

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