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A reação do adulto em relação ao comportamento. Pode parecer estranho inicialmente. Você pode se perguntar por que seus sentimentos ajudam a descobrir o objetivo equivocado da criança. Pratique a observação de seus próprios sentimentos e você descobrirá como isso funciona.

Os sentimentos primários que os adultos experimentam quando confrontados com o comportamento por cada um dos quatro objetivos equivocados são os seguintes (veja a segunda coluna do Quadro dos objetivos equivocados na p. 62): se você está sentindo irritação, preocupação, culpa ou aborrecimento, o objetivo da criança provavelmente é atenção indevida. Se você está se sentindo ameaçado (você quer ser o chefe tanto quanto a criança), desafiado, provocado ou derrotado, o objetivo da criança é provavelmente poder. Se você reage também com poder, você estará se envolvendo em uma disputa por poder. Se você está se sentindo magoado (Como a criança pode fazer isso quando você está tentando apenas ser um bom pai/professor?), desapontado, descrente, indignado, o objetivo da criança provavelmente é a vingança. Se você está se sentindo inadequado ( “Como eu posso alcançar e inspirar essa criança?”), desesperado, desesperançoso ou impotente, o objetivo da criança provavelmente é inadequação assumida. Se você ceder ao seu sentimento, você se renderá tanto como a criança.

muitos adultos respondem com as palavras “raiva” e “frustração”, que são respostas secundárias à reação de um sentimento primário. Há uma boa razão para isso. Sentir-se acovardado, magoado ou inadequado são sentimentos tão impotentes que nós rapidamente os cobrimos com as reações secundárias de raiva. Com a raiva, nós temos pelo menos uma sensação de pseudopoder – nós podemos fazer algo, mesmo que esse algo seja apenas vociferar, surtar e atacar. Frustração e raiva são respostas secundárias à nossa incapacidade de controlar a situação que causa nossos sentimentos mais primários. Se você encobre seus sentimentos primários com raiva, em vez de validar os sentimentos da criança, você provavelmente irá se envolver em um ciclo de vingança.

Você precisa se perguntar: “O que está por trás da minha raiva e frustração? Estou me sentindo magoado, derrotado, ameaçado, com medo?” Veja o Quadro dos objetivos equivocados da página 62 e cheque na coluna “sentimentos” qual é o seu. Muitos pais e professores contam que mantêm uma cópia desse quadro em sua escrivaninha ou porta da geladeira como um recurso útil. Isso os ajuda a lembrar das bases para a maioria dos comportamentos e a ser mais eficientes no sentido de ajudar as crianças durante momentos de estresse.

Dica número 2

A resposta da criança quando você fala para ela interromper o comportamento. (Veja a quarta coluna do Quadro dos comportamentos equivocados, p. 62).

Atenção indevida: A criança para por um tempo, mas logo retoma o

mesmo comportamento ou algum outro comportamento para conseguir sua atenção.

Poder mal dirigido: A criança continua a se comportar mal e pode

frequência leva a uma disputa por poder entre você e a criança.

Vingança: A criança contra-ataca fazendo algo destrutivo ou dizendo

algo que magoa. Isso com frequência leva a um ciclo de vingança entre você e a criança.

Inadequação assumida: A criança geralmente é passiva, espera que você

logo desista e a deixe sozinha. Às vezes essa criança irá “representar” (talvez sendo o palhaço da turma) para encobrir sentimentos de inadequação escolar.

Essas dicas nos ajudam a “desvendar o código” das nossas crianças, ou seja, o que elas realmente estão querendo dizer com seu comportamento. Mesmo quando temos essa compreensão, pode não ser fácil. Quando nos deparamos com uma criança que se comporta mal, é muito mais fácil (e normal) reagir com nossos sentimentos secundários de raiva e frustração do que parar e se perguntar: “O que essa criança está tentando me dizer?”

Nos workshops de Disciplina Positiva, fazemos uma atividade de vivência chamada “A selva”, adaptada de uma atividade de John Taylor em seu livro Person to Person2. Nessa atividade alguns adultos ficam de pé em cadeiras enquanto outros adultos fazem o papel de crianças que olham para cima e dizem: “Eu sou uma criança e só quero ser aceita.” Os “adultos” fazem de conta que as “crianças” estão se comportando mal e fazem comentários desencorajadores e punitivos, tais como: “Pare de me interromper! Você não está vendo que estou ocupado! Por que você não pode ser como o seu irmão? Como você pode ser tão egoísta? Então por que você não limpa o seu quarto ou faz sua lição de casa? Quantas vezes eu já te falei isso?”

Depois, pergunta-se a todos como estavam se sentindo, o que estavam pensando e o que estavam decidindo fazer enquanto crianças e adultos na dramatização. Trata-se de uma experiência emocional. Nós não faríamos as pessoas passarem por isso se essa experiência não fosse tão poderosa no sentido de ajudar os adultos a enxergar, ouvir e experimentar os efeitos imediatos e em longo prazo de se reagir ao comportamento em vez de decifrar

o código e compreender o que a criança realmente precisa.

Ao final do processo nós perguntamos: “O que você aprendeu com essa atividade?” O grupo conta muitas lições aprendidas, e a mais importante é que uma criança que se comporta mal está realmente dizendo: “Eu sou uma criança e apenas quero ser aceita.” Quando não compreendemos as crenças e objetivos equivocados do comportamento, nós reagimos ao comportamento em vez de responder à crença por trás desse comportamento.

Quando os adultos realmente compreenderem que uma criança malcomportada é uma criança desencorajada, eles estarão prontos para agir de maneira a encorajar as crianças. Encorajamento é a forma mais eficiente de atingir uma mudança de comportamento. Uma criança encorajada não precisa se comportar mal.

Repito: uma criança encorajada não precisa se comportar mal. Esse é o conceito de mais difícil compreensão para pais e professores. Estamos muito acostumados a tentar motivar um melhor comportamento por meio de punições, sermões e outras formas de culpa, vergonha e dor.

Recentemente recebi um telefonema de uma querida amiga que estava se sentindo muito mal porque tinha criado seus onze filhos acreditando que a forma de fazê-los se comportarem bem era criticá-los quando cometiam erros ou quando não faziam as coisas tão bem como deveriam. Agora, ela está tentando desfazer os resultados de baixa autoestima e raiva que muitos de seus filhos apresentam.

Encorajamento não é recompensar o mau comportamento, como muitos acreditam. O encorajamento elimina a necessidade do mau comportamento.

Métodos de encorajamento eficientes para cada objetivo