• Nenhum resultado encontrado

Quando você ver a palavra “financeiro”, pense logo em dinheiro em espécie (cash 💵 💵 💵).

E dinheiro em espécie é registrado pelo regime de caixa! 😉

“Mas por que isso, professor? Por que as despesas são registradas segundo o regime de competência e o resultado dos fluxos financeiros (as receitas) são apuradas pelo regime de caixa?”

Por precaução, prudência e responsabilidade fiscal. Para evitar que a execução das despesas orçamentárias ultrapasse a arrecadação das receitas.

Imagine por um momento que o resultado dos fluxos financeiros fosse apurado pelo regime de competência. Ao longo do ano, fatos geradores vão ocorrendo e a Administração vai lançando tributos, registrando-os como receita. A

• Regime de competência

Despesa

• Regime de caixa

Fluxos

financeiros

Administração, “crente que está abalando”, já lançou e registrou R$ 10.000.000,00 como receita, por isso foi executando despesas até chegar nos R$ 10.000.000,00.

Acontece que nem todos os contribuintes pagaram os tributos. Alguns foram inscritos em dívida ativa e a Administração só irá receber esse dinheiro daqui alguns anos. Outros contribuintes contestaram a cobrança dos tributos e ganharam:

esse dinheiro a Administração nunca vai ver. No fim das contas, o que era pra ser R$ 10.000.000,00 de receita se transformou em somente R$ 8.000.000,00 (e uma parte desse dinheiro será recebida só daqui a alguns anos).

Mas o problema é que a Administração, achando que tinha R$ 10.000.000,00 de receita, gastou R$ 10.000.000,00! Agora lascou! Como é que ela vai pagar isso?!

Entendeu o perigo que é registrar receitas na etapa de lançamento e apurar o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de competência? A Administração corre o risco de executar despesas em montante superior a arrecadação, incorrendo em déficit e problemas de liquidez.

É por isso que o registro da receita orçamentária ocorre somente no momento da arrecadação. Assim a Administração se certifica de que aqueles recursos já foram recebidos e pode gastar sem medo de não ter recursos para pagar.

Para encerrar o assunto, observe o que diz o MCASP 8ª edição: “O registro da receita orçamentária ocorre no momento da arrecadação, conforme art. 35 da Lei nº 4.320/1964 e decorre do enfoque orçamentário dessa Lei, tendo por objetivo evitar que a execução das despesas orçamentárias ultrapasse a arrecadação efetiva.”

III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou entidade da administração direta, autárquica e fundacional, inclusive empresa estatal dependente;

IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas em demonstrativos financeiros e orçamentários específicos;

V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e as demais formas de financiamento ou assunção de compromissos junto a terceiros, deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o montante e a variação da dívida pública no período, detalhando, pelo menos, a natureza e o tipo de credor;

VI - a demonstração das variações patrimoniais dará destaque à origem e ao destino dos recursos provenientes da alienação de ativos.

§ 1º No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as operações intragovernamentais.

⚠ Atenção para a pegadinha: excluir-se-ão as operações INTRAgovernamentias (e não as operações INTERgovernamentais). Intra = dentro. Inter = entre.

§ 2º A edição de normas gerais para consolidação das contas públicas caberá ao órgão central de contabilidade da União, enquanto não implantado o conselho de que trata o art. 67.

Detalhe: o órgão central de contabilidade da União é a Secretaria do Tesouro Nacional (STN).

Não vá confundir com o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), que é uma entidade de classe.

§ 3º A Administração Pública manterá sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial.

Beleza! 😄

Só que além de combinar as regras do trabalho, os coleguinhas também têm que combinar a data que cada um irá entregar a sua parte, para dar tempo de consolidar tudo e entregar o trabalho bonitinho! 😄

Pois bem. Os entes também têm prazo para entregar as suas contas para que alguém possa fazer a consolidação delas. 🧐

“Que prazo é esse, professor? E quem vai fazer essa consolidação?” 😳 Calma! Tudo isso está na LRF:

Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta de junho, a consolidação, nacional e por esfera de governo, das contas dos entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público.

§ 1º Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao Poder Executivo da União nos seguintes prazos:

I - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo Estado, até trinta de abril;

II - Estados, até trinta e um de maio.

Mas essa regra é válida somente até o término do exercício financeiro de 2021, pois a partir de 2022 entra em vigor a nova redação do art. 51, § 1º (dada pela LC 178/21):

§ 1º Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao Poder Executivo da União até 30 de abril.

(Vigente a partir de 2022). (Redação dada pela Lei Complementar 178 de 2021).

Até 30/abril Até 31/maio

Consolidação nacional das contas (até o final de 2021)

Municípios (com cópia para o Poder Executivo do respectivo

Estado)

Até 30/junho

Estados União

Até 30/abril

Consolidação nacional das contas (a partir de 2022)

Estados e Municípios

Até 30/junho União

Percebeu a mudança?

Antes os Municípios deveriam encaminhar suas contas ao Poder Executivo da União até 30 de abril, mas os Estados podiam fazê-lo até um mês depois dessa data (até 31 de maio). Agora, ambos (Estados e Municípios) devem encaminhar suas contas até 30 de abril.

“Por que essa mudança, professor?”

Certamente para dar mais prazo para a União realizar a consolidação. Imagine consolidar as contas de todos os Estados (e DF) em apenas um mês (de 31 de maio a 30 de junho). Junho deveria ser um mês caótico para quem trabalha com isso. O Brasil tem mais de 5.500 municípios em 27 Estados (contando o DF)! Não é tão fácil assim consolidar todas essas contas. Isso requer tempo!

“E o que acontece se um Poder ou um Ente não entregar suas contas no prazo?” 🤔

Ah! Essa eu já falei! Descumpriu prazo para encaminhar suas contas ao Poder Executivo da União? 🧐

OT

O Poder ou órgão fica impedido de receber transferências voluntárias e contratar operações de crédito, mas ainda poderá contratar operações de crédito destinadas ao pagamento da dívida mobiliária (LRF, art.

51, § 2º).

Vamos rever a literalidade da lei, só para gravar:

Art. 51, § 2º O descumprimento dos prazos previstos neste artigo impedirá, até que a situação seja regularizada, que o Poder ou órgão referido no art. 20 receba transferências voluntárias e contrate operações de crédito, exceto as destinadas ao pagamento da dívida mobiliária.

(Vigente a partir de 2022). (Redação dada pela Lei Complementar 178 de 2021).

Vale lembrar que, de acordo com a redação anterior desse dispositivo, essas restrições eram aplicadas a todo o Ente da Federação, enquanto a nova redação restringe o âmbito de aplicação de tais restrições a somente Poder ou órgão que não consolidou (no caso do Poder Executivo da União) ou não encaminhou suas contas no prazo estabelecido no artigo 51, caput e § 1º (Poder Executivo estadual e municipal).

Questões para fixar

CESPE – TCE-RN - Auditor – 2015

Quando envolverem demonstrações conjuntas, as operações intergovernamentais devem ser excluídas para que não sejam computadas em duplicidade.

Comentários:

Eu avisei sobre essa pegadinha! Olha só:

§ 1º No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as operações INTRAgovernamentais.

Intra! E não inter! 😏 Gabarito: Errado

CESPE – TCE-RN - Inspetor - Tecnologia da Informação – 2015

O resultado dos fluxos financeiros deve ser apurado pelo regime de caixa.

Comentários:

Questão curta e grossa. Então também vou ser: 😂

Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes:

II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter complementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;

Gabarito: Certo

CESPE – TCE-RN – Auditor – 2015

Para fins de disponibilidade de caixa, os recursos vinculados a uma despesa obrigatória devem ser identificados e escriturados de forma individualizada.

Comentários:

É isso mesmo. De acordo com a LRF:

Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes:

I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada;

Gabarito: Certo

Da Fiscalização da Gestão Fiscal

Ok! Mas prestar contas não é suficiente! É preciso que alguém fiscalize a gestão, mais especificamente a gestão fiscal (para conferir se a Administração está gerindo o patrimônio público com responsabilidade fiscal

😏).

“E quem vai fazer isso, professor?” 🤔 O Poder Legislativo!

“Mas por que o Poder Legislativo, professor?” 🤨 Porque ele representa o povo! 😃

Mas ele não atua sozinho! Ele terá a ajuda dos Tribunais de Contas, verdadeiros guardiões dos recursos públicos.

E tem ainda outra “pessoa” que fiscaliza a gestão fiscal também: o sistema de controle interno de cada Poder!

Pois bem. Essa galera aí vai fiscalizar o cumprimento das normas previstas na LRF, considerando as normas de padronização metodológica que devem ser editadas pelo Conselho de Gestão Fiscal.

Além disso, sabemos que algumas regras são mais importantes do que as outras, não é mesmo? Por isso, será dada ênfase a ela.

Veja só:

Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público fiscalizarão o cumprimento desta Lei Complementar, consideradas as normas de padronização metodológica editadas pelo conselho de que trata o art. 67, com ênfase no que se refere a: (Redação dada pela Lei Complementar 178, de 2021) I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias;

II - limites e condições para realização de operações de crédito e inscrição em Restos a Pagar;

III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23;

IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites;

V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei Complementar;

VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando houver.

Pronto! 😃

Agora, os Tribunais de Contas possuem uma tarefa especial dentro dessa fiscalização: são eles que irão alertar os Poderes ou órgãos de que algum risco ao equilíbrio das contas públicas está acontecendo. Observe:

§ 1º Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referidos no art. 20 quando constatarem:

I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no inciso II do art. 4º e no art. 9º;

Essa é a possibilidade de ocorrência de limitação de empenho! 😉 “Cuidado gestor! Sua arrecadação poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado. É possível que você tenha que fazer limitação de empenho, hein?!”. Esse é o alerta! 😉

II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por cento) do limite;

III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da concessão de garantia se encontram acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;

Esse é o famoso limite de alerta (90%)! Repare que isso será feito para:

• a despesa total com pessoal;

• os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da concessão de garantia.

E aqui eu ressalto que não há sanções! É só um alerta! É como se o Tribunal de Contas estivesse dando um aviso (um alerta 😏) ao Ente: “olha, você está chegando perto do seu limite máximo, hein?! Já está em 90%.

Estou alertando...”.

Preste atenção!

No limite de alerta não há sanções! É só um alerta!

IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite definido em lei;

V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária.

Mas os Tribunais de Contas ainda fazem mais:

§ 2º Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão referido no art. 20.

Jurisprudência

O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou procedente pedido de Estado que alegou que “a supervisão dos limites de gastos com pessoal é uma atribuição exclusiva dos Tribunais de Contas estaduais, aos quais compete exercer o controle externo dos Poderes e do Ministério Público do ente federado, nos termos do art. 59, § 2º, da LRF”. Não houve unanimidade nos votos e esta frase não está estampada no acórdão, portanto, eu não a tomaria como verdade absoluta.

No caso concreto, o Estado do Paraná gostaria de obter garantia da União e, para isso, apresentou apuração dos limites de despesas com pessoal feita pelo Tribunal de Contas local. Mas a União se negava a conceder a garantia, pois não concordava com a metodologia da apuração e defendia que não estaria vinculada pela análise empreendida pelo Tribunal de Contas estadual.

No final das contas, o STF decidiu que “é possível a comprovação, pelo Estado, da observância do limite de gastos com pessoal, mediante decisão do Tribunal de Contas local, visando a concessão, pela União, de garantia em empréstimos contratados com instituições financeiras nacionais e internacionais.” (ACO, 2393).

§ 3º O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumprimento do disposto nos §§ 2º, 3º e 4º do art. 39.

Quer dizer: o Tribunal de Contas da União (TCU) acompanhará o cumprimento disto aqui:

Art. 39 (...)

§ 2º O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida mobiliária federal que estiver vencendo na sua carteira.

Os Tribunais de Contas alertarão quando

possibilidade de ocorrência de limitação de empenho

limite ultrapassou 90%

Despesa total com pessoal

Montantes das dívidas consolidada e mobiliária Gastos com inativose

pensionistasacima do limite

fatos que comprometam os custosou os resultadosdos

programas ou indícios de irregularidades

§ 3º A operação mencionada no § 2º deverá ser realizada à taxa média e condições alcançadas no dia, em leilão público.

§ 4º É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida pública federal existentes na carteira do Banco Central do Brasil, ainda que com cláusula de reversão, salvo para reduzir a dívida mobiliária.

Questões para fixar

FCC – TCE-GO – Analista de Controle Externo – 2014

Os Tribunais de Contas, nos termos da Lei Complementar nº 101/2000, fiscalizarão a gestão fiscal, com ênfase, no que se refere, entre outros,

a) os limites e condições para abertura de créditos especiais destinados as despesas de caráter emergenciais e as inscrições em restos a pagar.

b) o cumprimento da programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.

c) o atingimento das metas estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias − LDO e as providências tomadas, para recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites.

d) a aplicação de recursos vinculados e a destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos.

e) o atingimento das metas de arrecadação estabelecidas na Lei Orçamentária Anual − LOA e as medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite.

Comentários:

A resposta está no § 1º do artigo 59 da LRF. Vejamos as alternativas:

a) Errada. Essa não é uma das ênfases. Na verdade, a ênfase é no que se refere a limites e condições para realização de operações de crédito e inscrição em Restos a Pagar (LRF, art. 59, II).

b) Errada. Na verdade, a ênfase é no cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando houver (LRF, art. 59, VI).

c) Correta. Agora sim. É isso que está lá no artigo 59, incisos I e III.

d) Errada. A aplicação de recursos vinculados não é uma das ênfases da fiscalização da gestão fiscal. 😄 e) Errada. As metas de arrecadação não estão na LOA! 😉

Gabarito: C

RREO e RGF

Essa é a parte mais importante da aula!

As questões adoram fazer confusão entre o Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) e o Relatório de Gestão Fiscal (RGF).

Para facilitar a memorização e o entendimento, sugiro você pensar no nome de cada relatório, assim você consegue ter uma noção do que está em cada um (assim você pode até responder questões de prova com base no “bom senso”).

Também resolva muitas questões e guarde com carinho o quadro comparativo que vou apresentar no final dessa seção.

O Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) trata da execução orçamentária.

“E o que é exatamente essa ‘execução orçamentária’ que você tanto fala, professor?” 🤔

É arrecadar receitas e empenhar despesas! 😄

Pois bem. O RREO permite que a sociedade, por meio dos diversos órgãos de controle, conheça, acompanhe e analise o desempenho da execução orçamentária. É elaborado a cada bimestre (período mais curto) justamente para permitir esse acompanhamento.

O RREO já estava previsto na CF/88, olha só:

Art. 165, § 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária.

Já o Relatório de Gestão Fiscal (RGF), que é novidade da LRF, trata da gestão fiscal. Busca responder às seguintes perguntas: “como está a situação fiscal? O ente está agindo com responsabilidade fiscal?” 🤔.

O RGF está mais relacionado com o acompanhamento das atividades financeiras do Estado, por isso nele constam informações necessárias à verificação da conformidade com os limites relativos às despesas com pessoal, às dívidas consolidada e mobiliária, à concessão de garantias, e às operações de crédito. Será elaborado a cada quadrimestre (prazo mais longo).

A primeira grande pegadinha é quanto aos prazos! Por isso, preste atenção (é assim que você vai memorizar e nunca mais errar questões sobre isso):

Documentos relacionados