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Prof. Sérgio Machado Prof. Marcel Guimarães

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Academic year: 2022

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LRF Parte 3: transferências voluntárias.

Destinação de recursos públicos para o setor privado. Transparência, controle e fiscalização

AFO p/ TCU

Prof. Sérgio Machado

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Sumário

CAP. V: DAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS (ART. 25) ... 5

EXIGÊNCIAS E REGRAS PARA A REALIZAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA VOLUNTÁRIA ... 8

CAP. VI: DA DESTINAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS PARA O SETOR PRIVADO (ARTS. 26 A 28) ... 13

CAPÍTULO IX: DA TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO (ARTS. 48 A 59) ... 17

TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO FISCAL ... 17

Contas do Chefe do Poder Executivo ... 27

DAS PRESTAÇÕES DE CONTAS ... 29

DA ESCRITURAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DAS CONTAS ... 32

DA FISCALIZAÇÃO DA GESTÃO FISCAL ... 38

RREO E RGF ... 41

CAP. X: DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS ... 52

CONSELHO DE GESTÃO FISCAL ... 52

QUESTÕES COMENTADAS – FGV ... 55

LISTA DE QUESTÕES – FGV ... 73

GABARITO – FGV ... 77

QUESTÕES COMENTADAS - FCC ... 78

LISTA DE QUESTÕES - FCC ... 101

GABARITO – FCC ... 108

RESUMO DIRECIONADO ... 109

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Dica de um concursado para um concurseiro

Utilize as redes sociais de forma inteligente!

Siga pessoas e perfis que lhe acrescentam algo. Que lhe entregam valor! No Instagram e no YouTube, você pode ativar notificações dos seus perfis favoritos, por exemplo.

Você também pode controlar o tempo que passa no celular e/ou na rede social. Você pode se surpreender com o tanto de tempo que você “perde” com isso. Tempo que poderia ser utilizado de forma melhor. Não necessariamente estudando. Você pode usar esse tempo para passar mais tempo com a família, fazer exercícios, namorar... todas são atividades que potencializam os seus estudos! 😉

Utilize as redes sociais de forma inteligente!

Mentalidade dos campeões 🏆

Pensamentos conduzem a sentimentos. Sentimentos conduzem a ações. Ações conduzem a resultados.

No que você está pensando? Que não vai passar ou que vai passar? Que não vai conseguir ou que vai conseguir?

Cuidado com o que você pensa! Pensamentos conduzem a resultados!

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Professor Sergio Machado(https://www.youtube.com/channel/UCvAk1WvzhXG6kV6CvRyN1aA)

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Cap. V: das transferências voluntárias (art. 25)

Já conversamos um pouco sobre transferências voluntárias. Conversamos sobre como o ente da Federação fica proibido de recebê-las caso não institua, preveja e efetivamente arrecade todos os impostos de sua competência (art. 11, parágrafo único) e como um Poder ou órgão fica impedido de recebê-las caso não alcance a redução de despesa total com pessoal dentro do prazo estabelecido (art. 23, § 3º, I).

E agora chegou a hora de estudá-las um pouco mais a fundo.

Então eu pergunto: o que é uma transferência voluntária? 🤔

“É uma transferência que algum ente fez porque quis, professor. Fez de forma voluntária!”

Bingo! Exatamente! 😃 Aqui não tem segredo: o ente faz uma transferência porque ele quis fazer e não porque foi obrigado por alguma determinação constitucional ou legal. Isso é uma transferência voluntária!

Quando você se dispõe a fazer um trabalho voluntário, você trabalha porque quer, porque tem vontade, e o faz de forma espontânea (não forçada). Ninguém lhe obrigou a estar ali. Você que escolheu estar ali.

Quando um ente da Federação se dispõe a fazer uma transferência voluntária, é a mesma coisa! Ninguém obrigou ele a transferir aqueles recursos. Ele o fez porque quis.

Então vejamos como a LRF trata desse tema:

Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.

Perceba como além de dizer o que é transferência voluntária, a LRF também diz o que não é transferência voluntária. 😉

Vamos mergulhar nos detalhes.

De acordo com a LRF, as transferências voluntárias não decorrem de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde. Mas o Manual do SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal) complementa essa definição, com nível de detalhamento maior em relação à definição feita na lei, afirmando que nas transferências voluntárias também não se incluem as descentralizações de recursos a Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução de ações cuja competência seja exclusiva da União.

Assim, transferências voluntárias não são:

Transferências constitucionais: estabelecidas pela CF/88 (a exemplo do Fundo de Participação dos Estados – FPE, Fundo de Participação dos Municípios – FPM etc.)

Transferências legais: acordo, ajuste ou qualquer outro instrumento amparados por normativo legal, que discipline a transferência de recursos financeiros de dotações consignadas nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social e tenha como partícipe, de um lado, órgão ou entidade da administração pública, direta ou indireta, e, de outro lado, qualquer pessoa física ou jurídica (pública ou privada com ou sem fins lucrativos), visando a execução de programa de governo, envolvendo a realização de projeto, cuja relação jurídica não possa se constituir por um

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termo de convênio, um contrato de repasse, um termo de parceria, um acordo de cooperação técnica”, um termo de compromisso ou um termo de execução descentralizada;

Descentralização de recursos a Estados e Municípios para a execução de ações cuja competência seja exclusiva da União.

Portanto, se um ente está entregando recursos (correntes ou de capital, tanto faz) a outro ente da Federação (não a um particular) e essa transferência não é decorrente de determinação constitucional, legal ou esses recursos não são destinados ao SUS, e não é uma descentralização de recursos para execução de ações cuja competência seja exclusiva da União, então o ente está voluntariamente transferindo os recursos, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira. Essas são as transferências voluntárias! Beleza? 😉

Preste atenção!

Transferências voluntárias são transferências que não decorrem de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.

Outro detalhe que vale a pena destacar: para quem pode ser feita uma transferência voluntária? 🤔 Para outro ente da Federação! 😄

Para particulares, entidades privadas, não! Transferências voluntárias são somente para outro ente da Federação!

Por outro lado, transferências legais podem figurar, de um lado, órgão ou entidade da administração pública, direta ou indireta, e, de outro lado, qualquer pessoa física ou jurídica (pública ou privada com ou sem fins lucrativos).

Preste atenção!

Transferências voluntárias são somente para outro ente da Federação

De acordo com o Tesouro Nacional, as transferências voluntárias exigem a celebração de um instrumento jurídico entre as partes envolvidas. Em regra, a operacionalização dessas transferências é viabilizada por meio de convênios ou contrato de repasses. No âmbito da União, as transferências voluntárias ocorrem mediante a formalização de convênio, mas também pode ser usado o contrato de repasse e o termo de parceria.

Confira essas definições no manual do SIAFI:

Convênio: acordo, ajuste ou qualquer outro instrumento que discipline a transferência de recursos financeiros de dotações consignadas nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União e tenha como partícipe, de um lado, órgão ou entidade da administração pública federal, direta ou indireta, e, de outro lado, órgão ou entidade da administração pública estadual, distrital ou municipal, direta ou indireta, ou ainda, entidades privadas sem fins lucrativos, visando a execução de programa de governo, envolvendo a realização de projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação;

Contrato de Repasse: instrumento administrativo, de interesse recíproco, por meio do qual a transferência dos recursos financeiros se processa por intermédio de instituição ou agente financeiro público federal, que atua como mandatário da União;

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Termo de Parceria: é o instrumento passível de ser firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse público, previstas no art. 3o da Lei n 9.790, de 23 de março de 1999;

Observação: uma transferência por meio de termo de parceria é voluntária, mas, ao que tudo indica, para efeito da LRF (vide início do artigo 25), não é considerada transferência voluntária, pois a LRF considera transferência voluntária apenas aquela que consiste na entrega de recursos a outro ente da Federação. Nunca vi questão de prova abordando esse assunto. Dificilmente o examinador vai entrar no detalhe de um tema duvidoso como esse. Então não se preocupe com isso: leve para a prova o conceito de transferência voluntária do artigo 25 e o que eu venho lhe falando ao longo da aula e você deve se dar bem!

Termo de Execução Descentralizada: instrumento por meio do qual é ajustada a descentralização de crédito entre órgãos e/ou entidades integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, para execução de ações de interesse da unidade orçamentária descentralizadora e consecução do objeto previsto no programa de trabalho, respeitada fielmente a classificação funcional programática;

Ainda de acordo com o Tesouro Nacional, as transferências fiscais da União para Estados, Distrito Federal e Municípios podem ser classificadas em duas grandes categorias: obrigatórias e discricionárias. O primeiro grupo compreende aquelas decorrentes de imposição legal, ou pela Constituição Federal ou por lei infraconstitucional, enquanto o segundo grupo abrange os repasses que devem observar no momento da transferência a regulamentação da matéria e estão condicionadas à celebração de instrumento jurídico próprio entre as partes.

Dentre a categoria “transferências discricionárias”, identificam-se 3 tipos:

Transferências voluntárias;

Transferências por delegação: aquelas efetuadas entre Entes Federativos ou a consórcios públicos visando a execução descentralizada de projetos e ações públicas de responsabilidade exclusiva do concedente e exigem a celebração de um instrumento jurídico entre as partes envolvidas. Assim, uma descentralização de recursos a Estados e Municípios para a execução de ações cuja competência seja exclusiva da União é uma transferência por delegação (e não uma transferência voluntária, lembra disso?);

Transferências específicas: aquelas cujo atendimento de requisitos fiscais pelo beneficiário é dispensado por lei, e normalmente estão relacionadas a programas essenciais de governo.

Exemplos: SUS, PAR (Plano de Ações Articuladas), PTC (Programa Território da Cidadania).

As transferências voluntárias, portanto, fazem parte da categoria “transferências discricionárias”.

Bom...

Tipo Categoria

Transferências

Obrigatórias

Constitucio

nais Legais

Discricionárias

Voluntárias Por

delegação Específicas

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Aprofundamos bastante, mas você verá que a grande maioria das questões pode ser resolvida só com a definição dada pelo artigo 25 da LRF (o “feijão com arroz” vai te levar longe!). Portanto, preparei um esquema pra você (guarde com carinho):

Exigências e regras para a realização de transferência voluntária

Beleza! 😄

Mas você acha que é fácil assim fazer uma transferência voluntária? É só acordar num belo dia, decidir que quer entregar dinheiro para outra pessoa e pronto? 🧐

Não é bem assim... ☺

Se o ente quiser transferir recursos de forma voluntária, ele (transferidor) e o recebedor (beneficiário) precisam cumprir algumas exigências. ☝

Afinal, como você se sentiria se você confiasse a administração do seu suado dinheiro a alguém que, sem o mínimo de zelo e cuidado, constantemente entregasse os seus recursos para alguém que está inadimplente, que não presta contas e que não cumpre requisitos mínimos estabelecidos pela lei?

Certamente você ficaria com raiva! 😡🤬

Então vejamos quais são as exigências:

Art. 25, § 1º São exigências para a realização de transferência voluntária, além das estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias:

I - existência de dotação específica;

É por conta dessa exigência de dotação específica que a transferência voluntária deve ser contabilizada como despesa no ente transferidor (veremos mais detalhes em breve).

II - (VETADO)

III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Constituição;

Transferências Voluntárias

Entrega de recursos (correntes ou de

capital)

A outro ente da Federação

Não pode ser decorrente de

Determinação constitucional

Determinação legal

Sistema Único de Saúde (SUS)

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Essas são as exigências feitas do transferidor (aquele que está transferindo os recursos).

Repare que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) também estabelece algumas exigências. 😉

“Professor, e que exigência é essa aí do inciso III?”

Ah! É a seguinte (CF/88):

Art. 167. São vedados: (...)

X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Resumindo: é vedado fazer transferência voluntária ou conceder empréstimo para pagar salários, para pagar despesas com pessoal ativo, inativo ou pensionista! 😤

Até porque, normalmente as despesas correntes do ente beneficiário são custeadas pelas transferências obrigatórias que ele recebe, enquanto os investimentos são possibilitados pelas transferências voluntárias. Nada impede que o ente realize investimentos com os recursos recebidos de transferências obrigatórias, mas é muito mais comum que os investimentos sejam financiados com recursos advindos de transferências voluntárias, uma vez que, em muitos entes, a receita corrente apenas cobre a despesa corrente, sem qualquer margem para investimentos. Essa é a realidade na grande maioria dos municípios brasileiros.

Portanto, geralmente são as transferências voluntárias que permitem investimentos como a construção de escolas, unidades de saúde, pavimentação, saneamento básico etc. Daí a sua importância.

Pronto! O transferidor só precisa cumprir essas duas condições: ter dotação orçamentária específica para a transferência e não fazer a transferência para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista.

Continuando no mesmo parágrafo da lei, agora vamos encontrar as exigências feitas do beneficiário:

IV - comprovação, por parte do beneficiário, de:

a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor, bem como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele recebidos;

b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e à saúde;

c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal;

d) previsão orçamentária de contrapartida.

Portanto, veja que o ente transferidor não pode sair entregando recursos de forma voluntária para qualquer um. O beneficiário dessas transferências voluntárias precisa “andar na linha” se quiser estar apto a receber tais recursos! 😏

Exigências para realização de transferências voluntárias

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Transferidor Beneficiário

Dotação orçamentária específica

Estar em dia com o pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos devidos ao ente

transferidor Não fazer a transferência para pagamento de

despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista

Estar em dia com a prestação de contas de recursos anteriormente recebidos

Estar cumprindo os limites constitucionais relativos à educação e à saúde

Estar cumprindo os limites:

• das dívidas consolidada e mobiliária;

• de operações de crédito, inclusive ARO

• de inscrição em Restos a Pagar; e

• de despesa total com pessoal Ter previsão orçamentária de contrapartida Ah! Tem mais uma regra sobre as transferências voluntárias:

Art. 25, § 2º É vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade diversa da pactuada.

Isso significa que a utilização dos recursos transferidos se encontra vinculada ao objeto pactuado, sendo vedada a utilização de recursos transferidos com finalidade diversa da pactuada.

Por exemplo: se a transferência voluntária foi para a construção de um novo hospital, então esses recursos só podem ser para a construção do novo hospital.

“Beleza, professor. Agora me tira uma dúvida: eu sei que isso está mais relacionado à contabilidade pública, mas como as transferências voluntárias são contabilizadas?”

Ah! Bem pertinente a sua pergunta! A resposta que você procura está no MCASP 8ª edição:

“As Transferências Intergovernamentais compreendem a entrega de recursos, correntes ou de capital, de um ente (chamado “transferidor”) a outro (chamado “beneficiário”, ou “recebedor”). Podem ser voluntárias, nesse caso destinadas à cooperação, auxílio ou assistência, ou decorrentes de determinação constitucional ou legal. (…)

As transferências intergovernamentais constitucionais ou legais podem ser contabilizadas pelo ente transferidor como uma despesa ou como dedução de receita, dependendo da forma como foi elaborado o orçamento do ente. No entanto, em se tratando de transferências voluntárias, a contabilização deve ser como despesa, visto que não há uma determinação legal para a transferência, sendo necessário haver, de acordo com o disposto no art. 25 da LRF, existência de dotação específica que permita a transferência.”

Viu só? Não há uma determinação legal para a transferência voluntária: o ente está transferindo os recursos voluntariamente e não porque tem que repartir parte da sua receita com outro ente. Por isso, a transferência voluntária tem que ser contabilizada como uma despesa. E, novamente, por isso que se exige

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a existência de dotação específica que permita a transferência (conforme art. 25, § 1º, inciso I, LRF). Isso significa que no orçamento deve haver uma despesa (dotação) específica para aquela transferência voluntária.

Preste atenção!

Transferência voluntária intergovernamental deve ser contabilizada pelo ente transferidor como despesa

Além disso, para o reconhecimento contábil, o ente recebedor deve registrar a receita orçamentária apenas no momento da efetiva transferência financeira, pois sendo uma transferência voluntária não há garantias reais da transferência. Por esse motivo, a regra para transferências voluntárias é o beneficiário não registrar o ativo relativo a essa transferência.

Apenas nos casos em que houver cláusula contratual garantindo a transferência de recursos após o cumprimento de determinadas etapas do contrato, o ente beneficiário, no momento em que já tiver direito à parcela dos recursos e enquanto não ocorrer o efetivo recebimento a que tem direito, deverá registrar um direito a receber no ativo.

Muito bem!

Para finalizar, vou lhe lembrar da enorme colher de chá que a LRF dá aos entes da Federação que estão proibidos de receber transferências voluntárias:

Art. 25, § 3º Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social.

Lembre-se: se o ente não respeitas algumas regras da LRF, o bicho vai pegar! Mas o bicho é um cachorrinho fofinho! 🐶 😂

É como se a LRF dissesse: “Ente, você não pode receber transferências voluntárias! Mas se forem relativas a ações de educação, saúde e assistência social, você pode continuar recebendo”. ☺

Ora! Justamente os maiores gastos do ente! Ele quer receber transferências voluntárias para mais o que?

Essa sanção aí não faz nem cosquinhas! 😂

Transferências intergovernamentais

Constitucionais ou legais

Dedução de receita

Despesa

Transferências

voluntárias Despesa

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Só preste atenção no seguinte: as exceções para recebimento de transferências voluntárias (mesmo que o ente esteja proibido de recebê-las no momento) são as transferências relativas a ações de educação, saúde e assistência social.

Eu disse: educação, saúde e assistência social. ✅ Eu não disse: educação, saúde e segurança. ❌

Essas últimas são as exceções à contratação de pessoal para reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento, caso o ente tenha ultrapassado o limite prudencial (95%) da despesa total com pessoal (LRF, art.

22, IV).

Exceções para contratação de pessoal quando despesa total com pessoal exceder o limite

prudencial (95%)

Exceções para recebimento de transferências voluntárias

Educação Educação

Saúde Saúde

Segurança 🔫 Assistência social 💚

Questões para fixar

VUNESP – Câmara Municipal de Olímpia – Procurador Jurídico – 2018

São exigências para a realização de transferência voluntária, além das estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, a comprovação, por parte do beneficiário, de previsão orçamentária de contrapartida.

Comentários:

Exatamente! Essa é uma das exigências feitas do beneficiário da transferência voluntária, prevista na LRF:

Art. 25, § 1º São exigências para a realização de transferência voluntária, além das estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias: (...)

IV - comprovação, por parte do beneficiário, de: (...) d) previsão orçamentária de contrapartida.

Gabarito: Certo

CESPE – Polícia Federal – Perito Criminal Federal – 2004

A suspensão das transferências voluntárias entre entes da Federação é uma das sanções mais comuns pelo descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. As ações na área de segurança pública constituem uma das poucas exceções à aplicação dessas sanções.

Comentários:

Opa! A segurança pública é uma das exceções para contratação de pessoal quando despesa total com pessoal exceder o limite prudencial (95%).

As exceções para recebimento de transferências voluntárias (mesmo que o ente esteja proibido de recebê-las no momento) são as transferências relativas a ações de educação, saúde e assistência social.

Gabarito: Errado

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Cap. VI: da destinação de recursos públicos para o setor privado (arts. 26 a 28)

Do mesmo jeito que há exigências para transferências, também há exigências para a destinação de recursos públicos para o setor privado.

Vejamos o que a LRF diz sobre o assunto:

Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.

Repare que a destinação de recursos é para cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas. Ou seja: recursos podem ser destinados para pessoas físicas ou pessoas jurídicas. Tanto faz! 😄

Além disso, a destinação deverá:

• ser autorizada por lei específica;

• atender às condições estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); e

• estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.

“Certo, mas essa regra se aplica a quem, professor?” 🤔 Vejamos:

§ 1º O disposto no caput aplica-se a toda a administração indireta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e o Banco Central do Brasil.

“E o que se entende por ‘destinação de recursos públicos para o setor privado’? É só a transferência de recursos mesmo ou se houver um empréstimo ele também será considerado destinação de recursos públicos para o setor privado’?” 🧐

Vamos ler o próximo parágrafo do artigo:

§ 2º Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, financiamentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorrogações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a participação em constituição ou aumento de capital.

Então não adianta tentar “mascarar” essa destinação de recursos públicos para o setor privado. Seja por meio de empréstimos, financiamentos, subvenções: quer destinar recursos para cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas? Vai ter que atender as exigências da LRF! 😤

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Continuando:

Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pessoa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle direto ou indireto, os encargos financeiros, comissões e despesas congêneres não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação.

Parágrafo único. Dependem de autorização em lei específica as prorrogações e composições de dívidas decorrentes de operações de crédito, bem como a concessão de empréstimos ou financiamentos em desacordo com o caput, sendo o subsídio correspondente consignado na lei orçamentária.

“O que isso quer dizer, professor?” 🤔

Quer que: “se for conceder crédito, não o faça perdendo dinheiro”. Ninguém empresta dinheiro para sair perdendo, certo? 😉 Nem mesmo a Administração Pública. Essa é a lição desse dispositivo.

Por exemplo: imagine que um ente capte recursos ao custo de 5% a.a., mas ao emprestar dinheiro (conceder crédito), ele o faz por 3% a.a. Assim o ente estaria tomando um prejuízo, não é? 🤨 Você compraria uma mercadoria por R$ 5,00 e depois a venderia por R$ 3,00? Acho que não... 😅

Agora, é possível fazer empréstimo ou financiamento em desacordo com essa regra! Mas tem que haver autorização em lei específica. ☝

Preste atenção!

Desde que haja autorização em lei específica, é possível que um ente faça empréstimo ou financiamento a pessoa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle direto ou indireto, com encargos financeiros,

comissões e despesas congêneres inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação.

Cobrir necessidades de PF ou déficits de PJ

Requisitos

Autorizada por lei específica

Atender às condições da LDO

Previsão na LOA ou créditos adicionais

Administração indireta, exceto:

Instituições financeiras

BACEN

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Vamos em frente:

Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser utilizados recursos públicos, inclusive de operações de crédito, para socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional, ainda que mediante a concessão de empréstimos de recuperação ou financiamentos para mudança de controle acionário.

§ 1º A prevenção de insolvência e outros riscos ficará a cargo de fundos, e outros mecanismos, constituídos pelas instituições do Sistema Financeiro Nacional, na forma da lei.

§ 2º O disposto no caput não proíbe o Banco Central do Brasil de conceder às instituições financeiras operações de redesconto e de empréstimos de prazo inferior a trezentos e sessenta dias.

Lembra quando alguns bancos receberam socorros bilionários dos governos após a crise global de 2007- 2008? 🧐

Pois é... isso não pode ocorrer no Brasil! Recursos públicos não podem ser utilizados para isso! 😤 Mesmo que esse socorro seja feito mediante a concessão de empréstimos de recuperação ou financiamentos para mudança de controle acionário.

A não ser que haja uma lei específica autorizando isso! Aí sim os recursos públicos poderão ser utilizados para socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional. 😄

Mas isso não impede que o Banco Central do Brasil às instituições financeiras operações de redesconto e de empréstimos de prazo inferior a 360 dias.

“E por que existe essa regra, professor? Por que, a princípio, os recursos públicos não poderão ser utilizados para socorrer essas instituições financeiras?”

Primeiro porque dinheiro público, a princípio, não deve ser utilizado para ajudar um particular em especial. Ele deve ser utilizado em benefício de todos (e não de alguns). No entanto, se for do interesse público que essa instituição seja socorrida (se isso for melhor para a sociedade), então os recursos públicos poderão ser utilizados para isso.

Segundo porque existem fundos e outros mecanismos já constituídos pelas instituições do Sistema Financeiro Nacional específicos para a prevenção de insolvência (prevenir que o banco “quebre”, venha à falência).

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Questões para fixar

VUNESP – Câmara Municipal de Campo Limpo – Procurador Jurídico – 2018

A destinação de recursos ao setor privado para a cobertura de necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica e atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias.

Comentários:

Exatamente como está escrito no artigo 26 da LRF:

Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.

Gabarito: Certo

VUNESP – Câmara Municipal de Campo Limpo – Procurador Jurídico – 2018 – adaptada

As condições previstas na Lei Complementar 101/2000 para a transferência de recursos ao setor privado aplica-se a toda a Administração indireta, inclusive fundações públicas, empresas estatais, e instituições financeiras oficiais.

Comentários:

Aí não! 😁 As condições aplicam-se a toda a administração indireta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, exceto as instituições financeiras e o Banco Central do Brasil.

Gabarito: Errado

CESPE – SEFAZ-ES – Consultor Executivo – 2010

Salvo mediante lei específica, não podem ser utilizados recursos públicos, inclusive de operações de crédito, para socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional, ainda que mediante concessão de empréstimos de recuperação ou financiamentos para mudança de controle acionário.

Comentários:

Exatamente como está escrito no artigo 28 da LRF. Não mudou uma letra! 😄 Gabarito: Certo

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Capítulo IX: Da Transparência, Controle e Fiscalização (arts. 48 a 59)

Transparência da gestão fiscal

A Lei de Responsabilidade Fiscal foi um marco para transparência pública! 😊

Se hoje você pode entrar no portal da transparência da União, do seu Estado e do seu Município para consultar o orçamento, as contas públicas, relatórios, e até mesmo dar aquela espiada na remuneração de algum servidor, você pode agradecer à LRF por isso. 😉 Porque foi ela que ampliou a obrigatoriedade de transparência nos atos públicos, ou seja, ela obrigou que os entes da Federação publicassem alguns documentos, os quais a LRF chama de instrumentos de transparência da gestão fiscal.

O que? Você nunca bisbilhotou o portal da transparência?! 😳 Você não sabe o que está perdendo... 😅

Clica aqui para ver o da União (ele é bem completo): http://www.portaltransparencia.gov.br/

“Beleza, professor. Entendi. Mas o que foi que a LRF fez para assegurar essa transparência? E que instrumentos de transparência da gestão fiscal são esses?” 🤔

Ah! Excelente pergunta. Para respondê-la (e para acertar questões de prova) você precisa conhecer o artigo 48 da LRF:

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.

⚠ Atenção: as questões gostam de questionar quais são os instrumentos de transparência da gestão fiscal. Portanto, você deve memorizar essa listinha! 😉

Instrumentos de transparência da

gestão fiscal

Planos, diretrizes orçamentárias e orçamentos - PPA, LDO e LOA (arts. 3º a 7º)

Prestações de contas anuais e respectivo parecer prévio (arts. 56 a 58)

RREO e RGF (arts. 52 a 54)

Versões simplificadas do RREO e RGF

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Repare que a LRF exige que a esses instrumentos seja dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público. Claro! Ainda mais hoje em dia, com toda essa tecnologia. Você chamaria de ampla divulgação algo que não está na internet? 😅

E tem mais: a Lei ainda exige que a divulgação desses documentos seja feita em linguagem simples e objetiva, porque de que adianta divulgar documentos se o cidadão comum não consegue entender? Divulgar um documento que o cidadão precisa fazer uma graduação para entender? Divulgar um documento que só 10%

da sociedade consegue entender? Que transparência pública é essa? 🧐 Para mim não tem nada de público aí!

😤

Enfim, continuando, o artigo 48 nos apresenta outras três formas pelas quais a transparência pública será assegurada, que foram inseridas pela Lei Complementar 131/09 (essa foi a primeira alteração à LRF desde a sua publicação):

Art. 48, § 1º A transparência será assegurada também mediante:

I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).

Lembra do orçamento participativo? 😏

Pois é. É nas famosas audiências públicas que população (ou determinados grupos) decide onde e como os recursos públicos devem ser investidos. A população participa diretamente da elaboração e discussão do orçamento público (PPA, LDO e LOA), definindo as prioridades de investimento do governo. Afinal, quem melhor para saber das necessidades da sociedade do que a própria sociedade? 😉

Mas atenção: a LRF não está dizendo que o orçamento participativo é obrigatório (para todos os entes).

Ela somente está incentivando a participação popular. É tanto que o governo federal não utiliza o orçamento participativo. Mas o orçamento participativo é obrigatório para os municípios: a realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas de PPA, LDO e LOA é condição obrigatória para sua aprovação pela Câmara Municipal (Lei 10.257/01 – Estatuto da cidade).

II - liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; e

(Redação dada pela Lei Complementar nº 156, de 2016)

Hoje em dia já temos a tecnologia que nos permite acompanhar em tempo real as informações sobre a execução orçamentária e financeira. E isso é fantástico para a transparência pública!

Então, se a União, Estado ou Município empenhou alguma despesa, realizou uma licitação, arrecadou alguma receita, isso deve estar lá no seu portal da transparência. Se não estiver, denuncie ao Tribunal de Contas competente! 😄

III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).

(19)

Então deixa eu atualizar o esquema anterior:

Beleza! Aí veio também a Lei Complementar 156/2016 e adicionou mais parágrafos ao artigo 48 (vou fazer os comentários necessários):

Art. 48, § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disponibilizarão suas informações e dados contábeis, orçamentários e fiscais conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos pelo órgão central de contabilidade da União, os quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de amplo acesso público.

Os parlamentares acharam esse dispositivo tão importante que resolveram colocá-lo na própria Constituição Federal, com redação praticamente idêntica, adicionando somente que deverão ser garantidas a rastreabilidade, a comparabilidade e a publicidade dos dados coletados:

Art. 163-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disponibilizarão suas informações e dados contábeis, orçamentários e fiscais, conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos pelo órgão central de contabilidade da União, de forma a garantir a rastreabilidade, a comparabilidade e a publicidade dos dados coletados, os quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de amplo acesso público. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)

Instrumentos de transparência da

gestão fiscal

Planos, diretrizes orçamentárias e orçamentos - PPA, LDO e LOA (arts. 3º a 7º)

Prestações de contas anuais e respectivo parecer prévio (arts.

56 a 58)

RREO e RGF (arts. 52 a 54) e suas versões simplificadas

LC 131/09

Incentivo à participação popular e audiências

públicas Liberação de informações em tempo

real

Adoção de Sistema Integrado de Adm.

Financeira

(20)

Continuando no artigo 48 da LRF, eis o segundo parágrafo incluído pela LC 156/2016:

Art. 48, § 3º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios encaminharão ao Ministério da Fazenda, nos termos e na periodicidade a serem definidos em instrução específica deste órgão, as informações necessárias para a constituição do registro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna e externa, de que trata o § 4º do art. 32.

É o Ministério da Fazenda (atual Ministério da Economia) que verificará o cumprimento dos limites e condições relativos à realização de operações de crédito de cada ente da Federação (art. 32). Por isso que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios encaminharão essas informações a esse Ministério.

§ 4º A inobservância do disposto nos §§ 2º e 3º ensejará as penalidades previstas no § 2º do art. 51.

Não obedeceu a essas regras? Olha só o que vai acontecer:

Art. 51, § 2º O descumprimento dos prazos previstos neste artigo impedirá, até que a situação seja regularizada, que o Poder ou órgão referido no art. 20 receba transferências voluntárias e contrate operações de crédito, exceto as destinadas ao pagamento da dívida mobiliária.

(Vigente a partir de 2022). (Redação dada pela Lei Complementar 178 de 2021).

Você vai perceber que, algumas vezes, a LRF lhe remete a esse dispositivo (notadamente nos seguintes dispositivos: art. 48, § 4º; art. 52, § 2º e art. 55, § 3º). Em geral, toda vez que um ente descumprir algum prazo, ele ficará sujeito a essas sanções. Por isso, para memorizar, você pode utilizar o seguinte mnemônico:

OT

“Já sei! OT é de ‘otário’, né professor? ‘Perdeu o prazo, otário!’”

Não! Mas poderia ser! 😂 Na verdade, OT significa:

União, Estados, DF e Municípios

informações e dados

contábeis

orçamentários

conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos pelo órgão central de contabilidade da União (STN)

de forma a garantir a...

rastreabilidade

comparabilidade dos dados

publicidade fiscais

Divulgarão

os quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de amplo

acesso público

(21)

• O: contratação de Operações de crédito;

• T: recebimento de Transferências voluntárias.

Mas repare que, mesmo impedido, o ente ainda pode realizar operações de crédito destinadas ao pagamento da dívida mobiliária.

Continuando nos parágrafos do artigo 48:

§ 5º Nos casos de envio conforme disposto no § 2º, para todos os efeitos, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios cumprem o dever de ampla divulgação a que se refere o caput.

Se enviou nos conformes, então cumpriu o dever de ampla divulgação.

§ 6º Todos os Poderes e órgãos referidos no art. 20, incluídos autarquias, fundações públicas, empresas estatais dependentes e fundos, do ente da Federação devem utilizar sistemas únicos de execução orçamentária e financeira, mantidos e gerenciados pelo Poder Executivo, resguardada a autonomia.

⚠ Atenção: é um sistema único de execução orçamentária! E ele é mantido e gerenciado pelo Poder Executivo. Não é “cada órgão utiliza o seu sistema específico e depois a gente junta tudo”. O sistema é único!

😉

Beleza! 😄

Agora, se você lembra bem, eu falei que “se a União, Estado ou Município empenhou alguma despesa, realizou uma licitação, arrecadou alguma receita, isso deve estar lá no seu portal da transparência.” Isso porque a transparência também será assegurada mediante a liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público (LRF, art. 48, II, que acabamos de ver). E é aqui que entra o artigo 48-A (que também foi inserido pela Lei Complementar 131/09): ele define como será a liberação dessas informações, olha só:

Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a:

I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado;

II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários.

Note que a disponibilização de informações é para qualquer pessoa, seja ela física ou jurídica! ☝

Agora, imagine que você fez uma compra num site, mas não recebeu o número do seu pedido. O produto está demorando muito para chegar então você entra em contato com a empresa e diz: “olha, comprei o produto X aí no seu site e ele está demorando”. A primeira pergunta que vão lhe fazer é: “qual é o número do pedido?”

(22)

Milhares de pessoas também fizeram a mesma compra. Como a empresa vai identificar a sua se você não tem o número do pedido? 🤔

Da mesma forma, como o cidadão vai controlar a Administração Pública (fazer o controle social 😏) se ele não tem o mínimo de informações sobre a despesa? É por isso que os entes da Federação devem disponibilizar o mínimo de dados referentes:

• ao número do correspondente processo;

• ao bem fornecido ou ao serviço prestado;

• à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento; e

• quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado (porque algumas despesas não precisam ser licitadas).

E tem mais: não basta divulgar só quando terminar o mês ou o bimestre. É para divulgar no momento da realização da despesa (lembrando que na execução orçamentária, a realização da despesa se dá no empenho).

Portanto, o ente empenhou uma despesa? Tem que colocar logo no portal da transparência! 😤

Quanto às informações acerca da receita, preste atenção: até mesmo as informações referentes a recursos extraordinários devem ser divulgadas.

“Professor, isso tudo parece muito lindo no papel. E eu entendo que até seja tranquilo para a União, Estados e alguns Municípios mais ricos divulgarem tudo isso. Mas eu tenho dificuldade em acreditar que um município lá do cafundó do Judas, aquele ‘interiorzão’ mesmo, faça a mesma coisa. Eles também têm que divulgar tudo?” 🤔

Sim! Esse é o milagre da internet! 😂 Com um computador e uma conexão à internet, você pode divulgar essas informações onde quer que você esteja. 😃

Mas o legislador sabe que não é tão fácil assim fazer isso nos municípios pequenos. Às vezes a internet não chega lá e a divulgação dessas informações implicaria em mudanças na rotina de trabalho, contratação de servidores, etc.

Por isso que a Lei Complementar 131/09 deu um prazo para os entes da Federação se adaptarem a essas regras. Os prazos variam de acordo com o número de habitantes do ente. Observe:

Art. 73-B. Ficam estabelecidos os seguintes prazos para o cumprimento das determinações dispostas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 48 e do art. 48-A:

I – 1 (um) ano para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes;

II – 2 (dois) anos para os Municípios que tenham entre 50.000 (cinquenta mil) e 100.000 (cem mil) habitantes;

III – 4 (quatro) anos para os Municípios que tenham até 50.000 (cinquenta mil) habitantes.

Parágrafo único. Os prazos estabelecidos neste artigo serão contados a partir da data de publicação da lei complementar que introduziu os dispositivos referidos no caput deste artigo.

(23)

Art. 73-C. O não atendimento, até o encerramento dos prazos previstos no art. 73-B, das determinações contidas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 48 e no art. 48-A sujeita o ente à sanção prevista no inciso I do § 3º do art. 23.

Vamos tomar como exemplo os Municípios que tenham até 50.000 habitantes. Eles tiveram 4 (quatro) anos contados a partir da data de publicação da LC 131/09 (ou seja: até 2013) para se adaptarem e cumprirem as seguintes determinações do artigo 48 e 48-A:

• liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público;

• adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A;

• disponibilização a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a despesa e receita.

Se não o ente não atendeu esses prazos, o bicho vai pegar: ele ficará proibido de receber transferências voluntárias! Lembrando sempre que esse bicho é um cachorrinho fofinho 😅: o ente ainda pode receber transferências voluntárias relativas a ações de educação, saúde e assistência social (assistência social! Não

“segurança”). 😄

Mas tem um detalhe aqui, que não está na LRF, mas sim na Lei 12.527/11 (Lei de Acesso à Informação):

Art. 8º, § 4º - Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet a que se refere o § 2º, mantida a obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.

Isso mesmo! Aqueles municípios (lá no cafundó do Judas 😅) que tenham menos de 10.000 habitantes estão dispensados da divulgação obrigatória na internet de informações como (por exemplo):

• competências e estrutura organizacional, endereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendimento ao público (LAI, art. 8º, § 1º, I);

• informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos celebrados (LAI, art. 8º, § 1º, IV);

• respostas a perguntas mais frequentes da sociedade (LAI, art. 8º, § 1º, VI).

Realmente, ainda hoje às vezes a rede nem chega nesses lugares (e essa lei é de 2011, naquela época o a amplitude da rede de internet era ainda menor). Por isso o legislador os dispensou dessa obrigação.

Mas eles não estão completamente liberados 😏: eles ainda têm que divulgar, em tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e financeira. ☝

Curiosidade

Muita gente não sabe, mas foi a partir do artigo 48-A da LRF (inserido pela LC 131/09) que tiveram a ideia de fazer a Lei de Acesso à Informação – LAI (Lei 12.527/11). A LAI regulamenta de forma mais detalhada como se dará o acesso

(24)

à informação, estabelecendo quais são os órgãos públicos e instituições que devem fornecer as informações requisitadas, como se deve fazer o pedido de informações e quais são os prazos para fornecimento das informações.

Parece bobagem isso? Não parece com AFO?

Pois observe essa questão discursiva que apareceu no TCE-PR, em 2016 (e preste atenção no item 3, que pergunta sobre a relação entre a LRF e a LAI):

CESPE – TCE-PR – Analista de Controle – Administração – 2016

A Escala Brasil Transparente é um indicador que avalia e mede a transparência pública nos estados e municípios brasileiros. Um de seus objetivos é aprimorar as práticas de acesso à informação preconizadas pela Lei de Acesso à Informação (Lei Federal n.º 12.527/2011) e pela Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n.º 101/2000). No ano de 2015, em sua segunda edição, a Escala Brasil Transparente avaliou 1.613 entes federativos: 1.559 municípios, as 27 capitais, além dos 26 estados e do Distrito Federal.

Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija, de maneira sucinta, um texto dissertativo a respeito da contribuição conjunta da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e da Lei de Acesso à Informação (LAI) para a promoção da cidadania e da transparência na gestão pública. Em seu texto, aborde os seguintes tópicos:

1 LRF e a transparência pública; [valor: 1,50 ponto]

2 LAI e a transparência pública; [valor: 1,25 ponto]

3 relação entre a LRF e a LAI. [valor: 2,00 pontos]

Solução da banca:

A LRF, criada em 2000, possui uma seção específica sobre a transparência da gestão fiscal, na qual se destacam a necessidade de se dar ampla divulgação aos documentos da gestão fiscal, assim como a de se estimular a participação popular, o uso de meios de divulgação eletrônicos para disseminar informações em tempo real sobre as finanças públicas e a adoção de sistemas integrados de administração e controle. Por meio desses dispositivos, o conhecimento e a participação da sociedade se configuram como pilares fundamentais da promoção da transparência e da gestão pública eficaz.

Já a LAI, criada em 2011, regulamenta de forma mais detalhada como se dará o acesso à informação, estabelecendo quais são os órgãos públicos e instituições que devem fornecer as informações requisitadas, como se deve fazer o pedido de informações e quais são os prazos para fornecimento das informações. Adicionalmente, a LAI define as responsabilidades de agentes públicos no processo de gestão da informação e estabelece o procedimento para classificação e manutenção sob sigilo das informações cuja divulgação possa acarretar dano ao país.

O acesso à informação previsto pela LAI qualifica a participação da sociedade na discussão de temas de seu interesse, como, por exemplo, a política fiscal regulamentada pela LRF. Por isso, a própria LRF já prevê em seu texto a necessidade de transparência da gestão fiscal. Se, por um lado, a LRF estabeleceu os parâmetros principais do que seria a transparência da gestão fiscal, foi a LAI que definiu como promover de forma operacional essa transparência, uma vez que regulamentou de forma detalhada o processo pelo qual qualquer cidadão pode acessar informações de seu interesse sobre a atuação estatal em qualquer ente federativo.

Questões para fixar

FCC - DPE-AM - Analista em Gestão Especializado de Defensoria - Ciências Contábeis – 2018

(25)

De acordo com a Lei n° 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal − LRF, a transparência será assegurada por meio da liberação, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira em meios eletrônicos de acesso público.

Comentários:

Isso mesmo! De acordo com o artigo 48, § 1º, II, da LRF:

Art. 48, § 1º A transparência será assegurada também mediante:

II - liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público;

Gabarito: Certo

CESPE - STJ - Analista Judiciário – Administrativa – 2018

O parecer prévio emitido pelo Tribunal de Contas da União sobre as contas prestadas anualmente pelo presidente da República está dispensado de divulgação nos meios eletrônicos de acesso público.

Comentários:

Dispensado? Não! Olha só:

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.

Gabarito: Errado

FGV - Câmara de Salvador - BA - Analista Legislativo Municipal - Área Financeira – 2018

São dispensados de divulgação obrigatória na internet, mas mantidas a obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos previstos no Art. 73-B da Lei de Responsabilidade Fiscal, os municípios com população de até:

A) 10.000 habitantes;

B) 20.000 habitantes;

C) 25.000 habitantes;

D) 30.000 habitantes;

E) 50.000 habitantes.

Comentários:

A resposta está na Lei 12.527/11:

Art. 8º, § 4º - Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet a que se refere o § 2º, mantida a obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.

Gabarito: A

CESPE - TCE-PR - Analista de Controle - Administração– Analista – 2016

(26)

Devido ao fato de existirem vários instrumentos de transparência, a exemplo do PPA, da LDO e da LOA, que garantem aos entes federativos o acesso irrestrito aos dados da gestão financeira, orçamentária e fiscal, não há a necessidade de se promover a participação popular como ferramenta de transparência.

Comentários:

PPA, LDO e LOA realmente instrumentos de transparência da gestão fiscal, e há sim a necessidade de se promover a participação popular como ferramenta de transparência, olha só:

Art. 48, § 1º A transparência será assegurada também mediante:

I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos;

Gabarito: Errado

FCC - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário – Contadoria – 2011

De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, são instrumentos de transparência da gestão fiscal: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.

Comentários:

Exatamente como está no artigo 48 da LRF, quer ver?

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.

Gabarito: Certo

(27)

Contas do Chefe do Poder Executivo

Observe o seguinte dispositivo constitucional:

Art. 31, § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.

A LRF olhou pra isso e disse: “60 dias? Isso não é transparência! Transparência é quando o cidadão tem o direito de consultar as contas do gestor municipal a qualquer momento! Afinal, o cidadão está pagando seus tributos e confiando o seu dinheiro àquele gestor. Nada mais justo do que poder consultar as suas contas quando bem entender”.

Por isso a LRF estendeu essa obrigação constitucional. Agora, as contas do Chefe do Poder Executivo (federal, estadual e municipal) ficarão disponíveis durante todo o exercício! Olha só:

Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.

Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá demonstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras oficiais de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da seguridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação circunstanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.

Quem pode consultar? Só os cidadãos? 🧐

Não! Instituições da sociedade também podem! 😉

“Professor, mas uma norma infraconstitucional pode fazer isso: ampliar uma obrigação constitucional? Não há uma contradição aí? A Constituição fala em 60 dias e a norma infraconstitucional (a LRF) fala ‘durante todo o exercício’?” 🤔

Claro que a LRF pode fazer isso! Ela não poderia era diminuir o número de dias que as contas ficariam disponíveis, porque então estaria confiscando um direito garantido pela própria Constituição.

(28)

Questões para fixar

VUNESP – TJ-SP – Contador Judiciário – 2019

As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade. Segundo a lei de responsabilidade fiscal, esse texto é a interpretação quanto ao princípio da

a) Transparência.

b) Accountability.

c) Legalidade.

d) Anualidade.

e) Totalidade.

Comentários:

Como afirma o próprio MCASP 8ª edição: o princípio da transparência aplica-se também ao orçamento público, pelas disposições contidas nos arts. 48, 48-A e 49 da LRF. Quer ver o artigo 49 da LRF?

Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.

Gabarito: A

CESPE – MS - Técnico de Contabilidade – 2010

As contas apresentadas pelo chefe do Poder Executivo ficam disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração.

Comentários:

Exatamente! 😃. Agora, as contas do Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis durante todo o exercício (e não mais somente durante 60 dias, como está escrito na CF/88, art. 31, § 3º). Olha só como isso está na LRF:

Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.

Gabarito: Certo

(29)

Das Prestações de Contas

A LRF também traz alguns dispositivos sobre as prestações de contas, sendo que boa parte deles foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na ADIn 2.238-5 (que abrange a ADIn 2.324).

Senão vejamos:

Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas. (Vide ADIN 2324)

O caput do artigo 56 é um dos dispositivos que foi declarado inconstitucional (marquei em vermelho a parte problemática), porque, do jeito que está redigido, ele retira a competência das Cortes de Contas para julgar as contas dos chefes dos respectivos Poderes, o que está em desacordo com as regras estabelecidas no art. 71, I e II, da CF/88:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

Jurisprudência

Veja as palavras do STF na íntegra:

“Em relação ao artigo 56, caput, da LRF, a emissão de diferentes pareceres prévios respectivamente às contas dos Poderes Legislativo, Judiciário e Ministério Público transmite ambiguidade a respeito de qual deveria ser o teor da análise a ser efetuada pelos Tribunais de Contas, se juízo opinativo, tal como o do art. 71, I, da CF, ou se conclusivo, com valor de julgamento.” (ADIn 2.238-5)

A lição aqui é a seguinte:

O Tribunal de Contas emite parecer prévio somente para as contas do chefe do Poder Executivo, que serão posteriormente julgadas pelo Poder Legislativo (conforme art. 49, IX, da CF/88 e dispositivos simétricos das constituições estaduais e leis orgânicas). Em outras palavras, o parecer prévio é exclusivo para o chefe do Poder Executivo. 😊

Todas as outras contas (como as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, citadas no caput do artigo 56) serão efetivamente julgadas pela Corte de Contas.

😄

Referências

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