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Dicionários bilíngues de aprendizagem de línguas estrangeiras

2.3 Tipos de dicionários

2.3.2 Dicionários bilíngues de aprendizagem de línguas estrangeiras

A classificação do PNLD, apresentada anteriormente, é voltada para dicionários de aprendizagem de língua portuguesa como os dicionários de língua materna. No entanto, em muitos aspectos, podemos levar essa discussão para o ensino de línguas estrangeiras, haja vista que uma classificação que relaciona o estágio em que o aprendiz se encontra e como o dicionário deve ser produzido, isto é, o tratamento lexicográfico, é a base da Lexicografia Pedagógica. O principal ponto que devemos detalhar é o de que, quando falamos sobre o tratamento lexicográfico de um dicionário de Português como língua materna, estamos mencionando, principalmente, a quantidade de verbetes; no caso de línguas estrangeiras, esse tratamento parte, a princípio, da quantidade de línguas contempladas na obra.

Como mencionamos anteriormente, quantidade de línguas e o nível escolar levam a subclassificações dessas obras. Isso ocorre de tal forma que ambos aspectos tendem a se relacionar. Explicando melhor, podemos dizer que dicionários

monolíngues geralmente são indicados para alunos em níveis avançados uma vez que

todas as informações do verbete estão na língua-alvo. Observemos o exemplo retirado do dicionário Longman (2009):

Na composição da microestrutura, percebemos elementos como a transcrição fonética, que indicam o caráter de aprendizagem. Todas as informações estão em Inglês, logo, apenas um aprendiz com um vocabulário suficiente poderia recuperar as informações contidas, ou seja, um aluno em níveis mais avançados.

ABC /,eI bi: ´si:/ n 1 [singular] BrE, ABCs [plural] AmE the letters of English alphabet as taught to children 2 the ABC of sth BrE, the ABCs of sth AmE the basic facts about a particular subject: the ABCs of your computer 3 (the

American Broadcasting Company) one of the national television companies in the US 3 (the Australian Broadcasting Company) the national public television company of Australia

De modo diferente, geralmente indicado a alunos em níveis intermediários, há os dicionários semibilíngues. Vejamos um exemplo do mesmo termo tratado acima retirado do dicionário Password (PARKER; STAHEL, 1998) de língua inglesa:

A partir do exemplo acima, podemos expor as principais características dos dicionários semibilíngues. Tal qual nos dicionários monolíngues de língua inglesa, todas as informações gramaticais e linguísticas estão expostas em inglês, porém, tal qual nos dicionários bilíngues, há o equivalente em português. As informações contidas nos verbetes, no entanto, tendem a ser menos extensas que em dicionários monolíngues. Tudo isso possibilitaria uma aprendizagem tanto a alunos no final do nível de iniciante, quanto intermediários e aqueles que estão começando o nível avançado. Vale ressaltar que esse grupo de dicionários é raro.

No que se refere aos dicionários bilíngues, por fim, a caracterização se mostra um pouco mais complexa por não haver um único paradigma comum. As possibilidades de quais informações devem ou não constar varia de acordo com o objetivo e público-alvo. Sobre esses dicionários Pontes (2009)) afirma:

[...] São dicionários usados pelos que iniciam, em um primeiro momento, na aprendizagem de línguas estrangeiras. Esses repertórios permitem ao estudante decodificar enunciados da segunda língua que esteja aprendendo, mas não garantem a correta codificação de mensagens, por razões bem conhecidas.

[...]

Os dicionários bilíngues permitem contrastar semântica, sintática, pragmática e culturalmente uma noção em duas línguas diferentes, introduzindo o estudante na língua estrangeira, através de conceitos ligados à língua materna (BOGAARDS, 1991 citado por GRACIA, 1999, p. 16). Tal função não pode ser desempenhada pelo dicionário monolíngue (PONTES, 2009, p. 35). Pontes (2009), ao afirmar que esses dicionários auxiliam a decodificação dos enunciados, confirma a importância dos dicionários bilíngues como dicionários de

recepção, isto é, ideais para atividades de leitura. Por outro lado, Welker (2004; 2008)

defende que os dicionários bilíngues podem ser elaborados como dicionários de recepção, ou dicionários de produção, isto é, tanto para atividades de leitura quanto

ABC [eibi:,si:] noun, adjective 1 the alphabet: The child has not learnt his ABC. □ abecedário

2 the simplest and most basic knowledge: the ABC of engineering □ á-bê-cê, bê-a-

para atividades de produção textual e de tradução. Para cada situação, o tratamento lexicográfico poderá ser diferenciado.

Welker (2004; 2008) afirma ainda que os dicionários bilíngues podem ser

monodirecionais isto é, para falantes de apenas uma das línguas; ou bidirecionais, para

falantes de ambas as línguas. Esse aspecto é de suma importância, especialmente em dicionários bilíngues que são divididos em duas partes em que a primeira parte da língua de partida para língua-alvo e a segunda parte, da língua-alvo para a língua de partida. Para exemplificar melhor, apresentamos dois exemplos do mesmo dicionário, o Dicionário Oxford Escolar para estudantes brasileiros de inglês (2006), o primeiro sendo do Portuguê-Inglês e o segundo exemplo, Inglês-Português:

No primeiro exemplo, encontramos uma estrutura simples de equivalência: a palavra em Português e seu equivalente em Inglês. Não há muitas informações dispostas no corpo do verbete. Contudo, no segundo exemplo, a quantidade de informações aumenta para dar uma clareza maior sobre a palavra entrada. Apesar de o Dicionário Oxford estar dividido em duas partes e um usuário anglófono poder utilizá-lo, este usuário não encontrará o mesmo nível de informações, uma vez que a obra é monodirecional. Nesse sentido, um dicionário bidirecional deveria possuir a mesma quantidade de informações para suprir as necessidades dos usuários de ambas as línguas.

Os dicionários latinos, em sua grande maioria, se encontram nesse grupo. Eles são dicionários de recepção bilíngues monodirecionais e, geralmente, com apenas uma parte, a que parte do Latim à língua moderna. Alguns contendo apenas os equivalentes, outros com exemplos de uso e informações enciclopédicas que tentam dar cabo do conteúdo semântico, sintático, pragmático e cultural da língua latina – haja vista que, geralmente, o aluno iniciante desconhece por completo o universo linguístico- cultural que permeia essa língua.

abalar vt 1 (alterar) to shake 2 (impressionar) to shock

schock /ʃaK / ♦ s 1 choque 2 (tb electric schock) choque elétrico 3 (Med) choque ♦ 1 vt chocar, transformar 2 vt, vi escandalizar(-se) schocking adj 1 chocante 2 (cloq) horrível, péssimo