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A preocupação com o uso de dicionários de aprendizagem de Latim permeia algumas pesquisas realizadas anteriormente, as quais serviram como norteadores deste trabalho. Dentre essas pesquisas citaremos aqui Sousa; Cialdine Arruda (2012) e Cialdine Arruda; Sousa (2013)11, ambos realizados no âmbito do Curso de Letras da Universidade Regional do Cariri. De fato, a proposta aqui apresentada de microestrutura é fruto de pesquisas anteriores que a ela agregaram-se.

A ideia da proposta nos acompanha há tempos, chegando a ser tema de projetos pretéritos de iniciação científica. Durante esse período, tivemos oportunidade de fazer alguns testes pilotos para uma avaliação prévia. Nesses testes, o objetivo consistia em, através de algumas perguntas e uma atividade de tradução, verificar a qualidade, aceitação e sugestões de melhorias da proposta, bem como traçar reflexões sobre a importância do guia de uso em dicionários. As perguntas feitas aos consulentes foram:

1) Você gostou de usar esse vocabulário?

2) Você teve dificuldade em localizar as palavras?

3) As informações contidas estão expostas de maneira clara? 4) Você conseguiu identificar a declinação dos substantivos? 5) Você conseguiu identificar a conjugação dos verbos? 6) Está claro para você o uso das cores?

7) Se houver dificuldades em algo, enumere quais foram. 8) Sugira modificações para o vocabulário.

Ainda que a atividade de tradução com a proposta de microestrutura fosse utilizada para traçar um perfil de aprendizagem dos sujeitos, além de outras informações pontuais, o foco da análise foram as perguntas feitas aos sujeitos. Vale ressaltar que os sujeitos desses estudos-pilotos, na ocasião da aplicação do teste, tinham cursado pelo menos uma disciplina de língua latina no semestre anterior no Curso de Letras da Universidade Regional do Cariri – URCA. Nesta instituição, o Curso de Letras oferece duas disciplinas de Latim com carga horária de 72 horas cada. As disciplinas são

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Tanto o pré-teste quanto o pós-teste mencionados na metodologia desta tese foram baseados no teste mencionado nesta seção.

ofertadas no primeiro e segundo semestres de Letras, sendo assim, os alunos testados estavam no início do segundo e do terceiro semestre de Letras.

Durante a aplicação do teste, foram separados dois grupos. Um grupo em que os sujeitos foram orientados sobre a microestrutura da proposta, chamado grupo teste (GT) e um outro grupo em que não houve explicação sobre a microestrutura, o grupo controle (GC). Na tabela 1 estão os resultados obtidos para as seis primeiras questões:

Tabela 1: Questões de 01 a 06

Semestre Questões Grupo Teste (em %) Grupo Controle (em %)

sim não SR sim não SR

Segundo 1 100 00 00 95 05 00 2 05 95 00 15 85 00 3 90 00 10 85 10 05 4 85 15 00 70 30 00 5 75 25 00 75 25 00 6 100 00 00 90 05 05 Terceiro 1 100 00 00 80 20 00 2 05 95 00 10 90 00 3 100 00 00 75 25 00 4 75 25 00 90 05 05 5 80 20 00 80 20 00 6 95 5 00 100 00 00

Fonte: Sousa; Cialdine Arruda (2012, p. 59)

A partir desses dados, notamos que houve uma boa aceitação da proposta pelos grupos. Obviamente, seria necessária uma investigação mais aprofundada para compararmos com outros dicionários, contudo, basta observar o resultado da segunda pergunta para corroborar a boa aceitabilidade. Mesmo as questões 4 e 5, consideradas por nós como as mais problemáticas, tiveram um resultado acima do esperado. Interessante ressaltar ainda o uso das cores. Mesmo no GC, em que não foi explicado o porquê das cores, o consulente pode inferir os seus significados, o que justifica ainda mais a importância de uso de recursos visuais diversos na estrutura dicionarística.

Ressaltamos que a questão da aceitação da microestrutura é de grande importância por ser um fator influenciador do filtro afetivo (ALMEIDA FILHO, 2008). Esse filtro pode facilitar ou comprometer o processo de aprendizagem.

A partir das questões iniciais, as duas últimas perguntas foram elaboradas objetivando induzir o aluno a uma reflexão crítica sobre dicionários latinos, obter um feedback mais detalhado sobre a aceitação da proposta, bem como desenvolvê-la para suprir as necessidades de consulta de um aprendiz iniciante. Nesse sentido, as dificuldades mais comuns apontadas pelos sujeitos foram relativas às questões 4 e 5, isto é, dificuldades com a identificação de aspectos de cunho gramatical que já mencionamos aqui anteriormente. Com isso, as sugestões dadas foram ao encontro de sanar tais problemas, inclusive a inserção de notas de rodapé explicativas sobre a estrutura gramatical da língua latina. Outras observações feitas pelos sujeitos foram: a falta de clareza de algumas definições, especialmente de nomes próprios; sugestão de um maior número de acepções e exemplos de uso.

Esses estudos iniciais nos direcionam a um aprofundamento sobre as questões lexicográficas que permeiam o uso do dicionário latino, bem como a uma avaliação mais substancial de nossa proposta junto aos alunos e, também, professores.

No capítulo posterior iremos apresentar o percurso metodológico que seguimos.

3 METODOLOGIA

Descrevemos, no presente capítulo, o percurso metodológico que utilizamos para coletar e tratar os dados obtidos. Uma vez que essa pesquisa é fruto de trabalhos anteriores que temos realizados nos últimos anos, tomamos a experiência adquirida como base para este trabalho. Também fizemos uso, através das referências bibliográficas, de métodos empregados em pesquisas similares. Reconhecemos, contudo, que a metodologia de uma pesquisa, ainda que seja sua mola mestra, não deve ser fixa, devendo se adequar às necessidades do trabalho e às mudanças que surgem dessas necessidades à medida que a pesquisa se desenvolve. Sendo assim, o que idealizamos no início da pesquisa sofreu modificações até se mostrar da forma como aqui expomos.

O presente capítulo se divide na natureza da pesquisa, na qual explicamos a base teórico-metodológica que se adequou aos nossos objetivos; o contexto e critério de seleção do corpus, isto é, onde foi realizada a coleta dos dados, de onde retiramos a nomenclatura de nossa amostra e o porquê; os sujeitos da pesquisa, ou melhor, o papel dos professores e dos alunos envolvidos durante a coleta dos dados; os instrumentos de coleta de dados, seção cujo objetivo é falar das entrevistas realizdas com os professores e os testes realizados com os alunos. Por fim, encerramos o capítulo apresentando os procedimentos, o passo a passo do trabalho desde seu início, a composição de sua base teórica até a produção da tese.