Estratégias utilizadas no final das atividades
4.2.4. Dificuldades sentidas pelos profissionais
Foram diversas as dificuldades que os profissionais (docentes e terapeutas da fala) afirmaram sentir no uso de TA, relacionando-se estas com: i) as características dos alunos com quem trabalham; ii) o acesso e aquisição das TAC; iii) a (in)formação sobre TAC; iv) a organização das respostas dadas aos alunos; e v) o uso de símbolos para a comunicação. O conjunto destas dificuldades está descrito na Tabela 14.
Tabela 14
Dificuldades referidas pelos profissionais
Categorias Subcategorias Total (fa)
Prof. Tf
Dificuldades relacionadas com
os alunos
Dificuldades cognitivas dos alunos tornam difícil a
utilização das TAC 2 2
Dificuldade em compreender os comportamentos dos
alunos 2 1
Dificuldade em motivar os alunos 2
Dificuldades de alguns alunos com problemas motores
usarem o caderno com imagens 2
Dificuldade em obter respostas dos alunos 1 Dificuldades de alguns alunos fazerem escolhas através
do uso de símbolos 1
Dificuldade em perceber se o olhar do aluno é
intencional ou não 1
Dificuldade em comunicar com os alunos 1
Subtotal 10 7
(cont.)
Tabela 14
Dificuldades referidas pelos profissionais (cont.)
Categorias Subcategorias Total (fa)
Prof. Tf Dificuldades
relacionadas com o acesso/aquisição
de TAC
Dificuldades ao nível aquisição das TAC 3 3
Insuficiência de verbas disponíveis para adquirir TAC 2
Dificuldades no acesso às TAC 2
Aumento da oferta de TAC no mercado 1
Escassez de recursos TAC 1
Subtotal 6 6 Dificuldades
relacionadas com (in) formação sobre
TAC
Falta de formação a nível da utilização prática da LGP 2
Reduzida formação na área das TAC 2
Falta de oferta de formação em TAC 1
Falta de formação a nível da utilização prática da TAC 1 Dificuldades em aceder a formação sobre utilização das
TAC 1
Dificuldades em aceder a informação sobre TAC 1 Subtotal 2 6 Dificuldades
relacionadas com a organização de
respostas
Elevado número de crianças por Unidades dificulta o
trabalho dos professores 2
Dificuldade em dar atenção a todos os alunos 1 Reduzido número de horas para trabalhar com os
alunos 1
Preocupação pela qualidade da resposta dada aos
alunos 1
Subtotal 4 1
Dificuldades no uso de símbolos
Inexistência de símbolos para representar algumas
necessidades de comunicação 1
Dificuldade em perceber se o aluno compreendeu a
mensagem (os símbolos) 1
Dificuldade em introduzir um SAAC 1
Dificuldade em introduzir os símbolos com alguns
alunos 1
Subtotal 2 2 Totais 24 22
Pela análise da tabela 14, realizamos que alguns profissionais manifestaram sentir dificuldades relacionadas com o uso de símbolos. Nomeadamente a entrevistada E1 afirmou: «Por vezes é difícil escolher o símbolo mais adequado» e «As dificuldades passam por não existirem símbolos que respondam a todas as necessidades». As dificuldades desta entrevistada situavam-se também a nível da introdução de símbolos com alguns dos alunos com quem trabalhavam. Este tipo de dificuldade foi também referenciado pelos terapeutas da fala, como se ilustra no seguinte excerto: “É difícil introduzir um sistema de comunicação aumentativa com alguns alunos” (E5).
Estes profissionais apontaram ainda dificuldades relacionadas com a organização das respostas dadas aos alunos, afirmando que «A maior dificuldade é o número excessivo de alunos que frequenta a Unidade» (E1), e face a esse número de alunos «Temos dificuldade em dar a atenção que os alunos necessitam» (E1). Uma das terapeutas da fala (E6) disse também ter como principal dificuldade «A reduzida carga horária dos terapeutas nas Unidades».
Outro grupo de dificuldades apresentadas relacionou-se com a (in)formação na área das TAC, nomeadamente no que diz respeito ao acesso a formação nesta área. Esta dificuldade foi manifestada de uma forma mais veemente do que as anteriormente descritas. Por exemplo, os professores afirmaram “Não tive acesso a formação a nível de utilização das TAC” (E2), mas foram, sobretudo, os terapeutas da fala que se manifestaram mais neste sentido, afirmando: “A minha formação ao nível das TAC não foi suficientemente prática, pelo que sinto dificuldades” (E5), ou “A formação sobre Língua Gestual não foi suficientemente prática” (E5) e “Tive apenas formação em Língua Gestual” (E5).
As dificuldades relativas ao acesso e aquisição de TAC foram das mais exaltadas pelos entrevistados. Ou seja, professores e terapeutas da fala afirmaram: “Temos dificuldade em adquirir as TAC, devido a verbas insuficientes e ao seu elevado custo” (E1, E4, E5); “Ainda temos poucos recursos” (E1) e “Não temos acesso às TAC” (E1). Esta dificuldade foi referida quer por professores, quer por terapeutas da fala, salientando estes sentir, sobretudo “Dificuldades monetárias para adquirir mais TAC” (E5).
Mas a dificuldade mais referenciada pelos profissionais entrevistados relacionou-se com os alunos, apresentando estes inúmeros fatores que contribuíam para essa dificuldade (ver tabela 13), particularmente: “É difícil obter respostas adequadas dos alunos devido às suas graves limitações” (E2); e “É difícil fazer-se algo que possa ajudar estes alunos a ultrapassar as suas dificuldades” (E2). As docentes e terapeutas da fala referiram ainda ter dificuldade em compreender os comportamentos dos alunos, afirmando “Temos alguma dificuldade em compreender o que os alunos nos querem dizer” (E1) e “É difícil comunicar com estes alunos” (E6). Ambos os profissionais afirmam “As dificuldades cognitivas dos alunos dificultam a utilização das TAC” (E4, E6). As docentes afirmaram igualmente que “A utilização destes materiais está dificultada devido a dificuldades cognitivas dos alunos” (E4).
Face às dificuldades referidas, os participantes apresentaram algumas sugestões para as superar. Destacamos primeiramente, por ter obtido o mais elevado número de respostas, o desenvolvimento de um trabalho mais individualizado com os alunos, como afirmaram as docentes: “Os alunos beneficiavam mais se lhe pudéssemos desenvolver um trabalho individualizado” (E1), por outro lado referem uma estratégia de trabalho completamente oposta declarando: “Também é benéfico trabalhar em grupo com estes meninos” (E1). Aludiram ainda sugestões de superação que passam pelo aumento de tempo das docentes nas UAM, como afirma (E1): “Não estamos a tempo inteiro nas Unidades, é um problema” e “Era importante haver mais professores do Ensino Especial” (E1). O ter mais apoio do Ministério da Educação para equipar as UAM foi outra sugestão dada por E4: “Através do equipamento das Unidades, com software específico”.
Já as terapeutas da fala assinalaram que a superação das dificuldades passa pela obtenção de verbas para aquisição de mais TAC, dizendo: “Precisamos de verbas para adquirir TAC disponíveis no mercado” (E5), “Poder adquirir mais TAC” (E5) e “A aquisição de sistemas de comunicação era uma mais-valia para o meu trabalho com estes alunos” (E5). Os profissionais (docentes e terapeutas) sugerem várias estratégias para ultrapassar as suas dificuldades, particularmente: i) o aumento dos recursos humanos e o ter apoio por parte dos serviços do Ministério da Educação; ii) o desenvolvimento de estratégias diferenciadas com os alunos e ainda iii) o dispor de verbas para poder adquirir mais TAC. De referir ainda que, a sugestão relativa à aquisição de TAC foi apenas salientada pelas terapeutas da fala e a diferenciação de estratégias com os alunos e o aumento de recursos humanos e apoio do Ministério da Educação somente pelos docentes, como se observa na Tabela 15.
Tabela 15
Sugestões para ajudar a ultrapassar as dificuldades sentidas pelos profissionais
Categorias Subcategorias Total (fa)
Prof. TF Aumentar os recursos
humanos e ter apoio do Ministério da Educação
Utilidade em estar a tempo inteiro na Unidade 2 Haver mais professores especializados 1 Ter mais apoio do Ministério da Educação para
equipar as Unidades 1
Desenvolver estratégias diferenciadas com os
alunos
Desenvolver um trabalho mais individualizado com
os alunos 3
Trabalhar em grupo com os alunos 2
Ter verbas para adquirir mais TAC
Existir verbas para adquirir TAC 1
Aceder mais facilmente a TAC 1