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3 DIAGNÓSTICO DA REALIDADE RURAL DOS AGRICULTORES AFETOS AO

3.2 DIMENSÃO ECONÔMICA

Na dimensão econômica foram considerados os seguintes indicadores:

 E1- Tipo de atividade  E2 - Se utiliza mecanização

 E3 - Tipo de renda (aposentadoria ou propriedade)  E4 - Renda

 E5 - Distribuição de terra

 E6 - Utilização de Crédito Rural

O indicador E1 refere-se à diversificação das atividades na propriedade, que quanto maior for, mais positivo é o resultado final. Nesse caso, intervém o tipo de atividade agrícola: aos produtores de soja em monocultivo foi atribuído valor de 0,2; produtores de soja e milho, 0,4; monocultivo de milho, valor 0,4; três tipos de culturas, excluída a soja, valor 0,6;

sistemas diversificados com quatro ou mais cultivos receberam valor 0,8; área destinada para potreiro, nota 0,8; policultivos (mais de 4), excluindo a soja, valor 1,0; situações de áreas arrendadas para terceiros, correspondem a valor 0,2.

Figura 9: Indicadores de sustentabilidade de propriedades agropecuárias do município de Horizontina/RS, 2011 - Indicador E1- Tipo de atividade

O que é possível inferir a partir da Figura 9 é que já se tem presente, em boa parte das propriedades, a diversificação de cultura, saindo da ideia da monocultura de soja. Em 40% das propriedades a soja já não é mais a atividade principal.

Embora do ponto de vista da sustentabilidade ambiental a diversificação de culturas seja essencial para assegurar as condições de reprodução da fertilidade e qualidade do solo, as relações entre a sustentabilidade ambiental e econômica são extremamente complexas e independem unicamente do agricultor, uma vez que as últimas são definidas no mercado globalizado, que reage a uma multiplicidade de variáveis.

Mas é preciso dizer que a viabilidade das pequenas propriedades depende, sim, da criação de animais. Daí a importância do milho, mas, principalmente, de políticas públicas de crédito e orientação permanente na ajuda ao pequeno produtor, tão importante para a logística de produção de alimentos essencial a toda sociedade.

A mecanização da propriedade (Indicador E2) é considerada positiva, pois amplia sua capacidade produtiva. Considera-se, também, que quem não utiliza mecanização frequentemente faz uso de tração animal ou contrata serviços de terceiros. Nesse caso, quem não usa recebe valor 0,4 e quem utiliza mecanização, valor 0,8.

Figura 10: Indicadores de sustentabilidade de propriedades agropecuárias do município de Horizontina/RS, 2011 - Indicador E2 - Se utiliza mecanização

O indicador E3 refere-se à origem da renda auferida pela propriedade e tem sentido negativo, ou seja, quanto maior, mais desfavorável. Tem-se por pressuposto que quanto maior for a dependência externa da renda, mais distante da sustentabilidade. Nesse caso, se a renda depende somente da propriedade, o valor atribuído é igual a zero; famílias que dependem da aposentadoria combinada à renda da propriedade recebem nota 0,2; caso dependam apenas da aposentadoria, nota 0,8; dependência da pecuária ou de prestação de serviços condiciona nota 0,4; outras eventuais situações também recebem nota 0,4.

Figura 11: Indicadores de sustentabilidade de propriedades agropecuárias do município de Horizontina/RS, 2011 - Indicador E3 - Tipo de renda (aposentadoria ou propriedade)

O E4 trata da renda total das famílias, tendo grau positivo (1,0) - quanto maior a renda, mais favorável a condição. Difícil precisar o valor de renda necessário para assegurar condições de vida digna no meio rural, tendo em vista que a produção de subsistência muitas vezes possibilita às famílias sobreviverem com valores muito inferiores ao salário mínimo regional, referência comumente empregada para distinguir condições de maior ou menor fragilidade socioeconômica.

Figura 12: Indicadores de sustentabilidade de propriedades agropecuárias do município de Horizontina/RS, 2011 - Indicador E4 - Renda

Verifica-se na Figura 10 que o índice de mecanização nas propriedades ainda é muito baixo, pois 68% não têm acesso a esta prática. Isso, sem dúvida, pode ser correlacionado a descrição da Figura 11, em que 52% das propriedades dependem da aposentadoria como fonte de renda importante. Por isso, ao se analisar especificamente o gráfico de renda de cada propriedade (Figura 12), encontram-se indicadores muito fortes mostrando que 24% das propriedades não são economicamente viáveis, 40% delas apenas têm um mínimo de sustentação, 20% têm uma situação um pouco melhor e apenas 16% podem pensar em ampliar as atividades a partir dos recursos gerados na sua propriedade.

O indicador E5 versa sobre o tamanho da área física de terra das famílias, com grau de instrução positivo (1,0) – quanto maior a área, maior a disponibilidade de recursos ao processo produtivo.

Figura 13: Indicadores de sustentabilidade de propriedades agropecuárias do município de Horizontina/RS, 2011 - Indicador E5 - Distribuição de terra

Quanto ao tamanho das áreas (Figura 13), pode-se verificar que 100% das propriedades recenseadas têm menos de 25 ha, sendo que 68% delas são micro propriedades, com menos de 10 ha. Isso demonstra que o minifúndio prevalece nesta região, resultado da divisão das colônias, pois à medida que as famílias foram distribuindo o seu patrimônio entre os herdeiros, as áreas foram diminuindo de tamanho.

O último indicador econômico, E6, destaca a utilização de recursos financeiros externos, como o crédito rural, com grau de instrução positivo. Assume-se que propriedades com estas características de tamanho e renda, ilustradas nas Figuras 12 e 13, dificilmente terão recursos próprios para melhorar o processo produtivo, portanto, o acesso a crédito passa a ser uma condição desejável e necessária à melhoria do processo produtivo. No caso das famílias que aderem a financiamentos de custeio, a nota atribuída é 1,0, quem utiliza somente custeio recebe nota 0,6 e quem não utilizada crédito recebe nota zero.

A Figura 14 revela que apenas 16% das propriedades acessam crédito para custeio e investimentos e 52% não fazem uso de qualquer modalidade de financiamento, o que significa que projetos direcionados a melhorias das instalações e técnicas não têm sido implementados.

Figura 14: Indicadores de sustentabilidade de propriedades agropecuárias do município de Horizontina/RS, 2011 - Indicador E6- Utilização de Crédito Rural

Figura 15: Biograma da dimensão econômica de propriedades agropecuárias do município de Horizontina/RS, integrantes de um projeto de recuperação ambiental, 2011.

A Figura 15 apresenta a síntese da dimensão econômica das propriedades. A representação radial, em que cada eixo representa uma das 25 propriedades, ilustra claramente que apenas 4 delas apresentam um índice em torno de 0,7, enquanto as demais situam-se abaixo de 0,5, situação esta que é coerente com a condição de fragilidade econômica predominante, constatada pelo conjunto de indicadores que representam esta dimensão.

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