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Capítulo II – Enquadramento Teórico

2.2. A World Wide Web na Matemática

2.3.2. Dimensão pedagógica

2.3.3.1. Função do professor

No seguimento do que se referiu acerca do desenvolvimento da metacognição, considera-se fundamental que, nas sessões de EA, os alunos sejam estimulados a explicitar as estratégias e os métodos a utilizar para fazer face às tarefas que lhes vão sendo propostas nas diferentes áreas curriculares. Neste sentido, os discentes, ao longo da realização das tarefas, devem ser estimulados pelo professor, a partilhar as suas tomadas de decisão, os progressos e as dificuldades sentidas, os processos seguidos, as percepções sobre os próprios comportamentos cognitivos usados durante a realização das tarefas, assim como avaliar o nível de eficácia das estratégias e processos implementados (Franco & Magalhães, 2001).

Para que este trabalho seja conseguido, é necessário que o docente desta área curricular proponha aos alunos experiências verdadeiramente significativas e enriquecedoras que abranjam várias áreas do saber relacionadas com o quotidiano e os interesses dos mesmos. No final da realização das tarefas, os alunos deverão ser encorajados a reflectir sobre as consequências das escolhas e das decisões tomadas, explicitando o que correu menos bem, o que deverão rejeitar e mudar, de modo a adequar à sua personalidade, estratégias e processos cognitivos mais eficazes (id).

Nesta ordem de ideias, a acção do professor, segundo Trindade (1998), citado por Cosme e Trindade (2001), não se define em função da manipulação “dos itinerários educativos dos alunos, para se desenvolver, antes, em função de uma dinâmica que estes protagonizam em interacção com agentes mediadores que se afirmam pelo seu interesse na criação das condições educativas que permitam aos alunos participar activamente no processo de construção do conhecimento e aceder a desempenhos que, progressivamente, expressem níveis de funcionamento mais complexos e integrados” (31).

Para Franco & Magalhães (2001) é importante que o professor, junto dos alunos, deva:

- “explicitar as suas próprias experiências de processos e de exposições cognitivas”; - “parafrasear e reflectir sobre as ideias expostas pelos alunos, identificando os seus comportamentos cognitivos, clarificando as ideias e a terminologia”;

- “ter em conta os aspectos afectivos e sociais da aprendizagem”; - “estar aberto à partilha e à troca de experiências” (s/p).

Na sequência do que foi referido, o professor deverá assumir uma posição de “guia participante” nas aprendizagens dos alunos, na medida em que mais do que valorizar a transmissão de informação, identificada como um produto pronto a consumir, visa antes apoiar o aluno a confrontar-se com essa informação, quer enquanto etapa possível do processo de construção do saber que os alunos protagonizam, quer enquanto oportunidade do seu desenvolvimento pessoal e social (Cosme & Trindade, 2001).

Assim, a acção do professor deve ser operacionalizada tendo em conta que a aprendizagem decorre de um processo que, inicialmente, é exterior aos alunos para, gradualmente, passar a ser regulada por estes. Neste sentido, compete ao professor incentivar e ensinar os alunos a organizarem-se face às tarefas, a desenvolverem estratégias de abordagem adequadas aos desafios que lhes são propostos, a monotorizarem o seu comportamento e, igualmente, a auto-avaliarem o trabalho desenvolvido e a reflectirem sobre o seu desempenho (id).

Entende-se também que o professor deve ser um observador do aluno, um moderador das diferentes interacções, procurando estimular a reflexão sobre o que fazer para valorizar os aspectos bons e melhorar os aspectos menos bons que impedem um melhor rendimento escolar (Rodrigues et al., s/d; Cosme & Trindade, 2001).

Outro aspecto para o qual o professor de EA deve estar atento são os diferentes “estilos de aprendizagem”, ou seja, as abordagens que cada aluno traça para aprender. Para um ensino eficaz e uma melhor rentabilização das capacidades cognitivas dos

alunos, devem ser proporcionadas tarefas diversificadas sustentadas por diferentes materiais e com recursos de tipo e formato diversos, de modo a ir ao encontro de uma maior diversidade de “estilos de aprendizagem” e, assim, assegurar uma comunicação ajustada à especificidade do público-alvo7.

Para além disto, o professor de EA deve ser um mediador entre os alunos e os demais professores do Conselho de Turma. Para tal, deve procurar promover actividades diversificadas capazes de promover a articulação entre as várias disciplinas que compõem o currículo, propondo actividades de carácter transversal, de modo a motivar os alunos para a gestão correcta das aprendizagens e uma melhor rentabilização dos conhecimentos.

Neste sentido é confinado um papel diferente ao professor desta área curricular, uma vez que, conforme refere Vieira et al. (2004), “a área de EA implica uma abordagem centrada nos alunos e apoiada na liberdade dos professores”, exigindo, por isso, destes, competências profissionais acrescidas, nomeadamente:

- “capacidade de trabalhar em equipa, negociar perspectivas, manter diálogos interdisciplinares”;

- “capacidade de desenhar planos de acção pedagógica a partir da análise de necessidades e interesses dos alunos”;

- “conhecimento acerca dos processos de aprendizagem, nomeadamente da sua dimensão estratégica (estratégias cognitivas, metacognitivas e sócio-afectivas, de aplicabilidade mais geral – multi/transdisciplinar ou mais específicas – disciplinar)”; - “capacidade de (re)construir propostas e materiais didácticos para o desenvolvimento da autonomia na aprendizagem (reflexão, experimentação, regulação e negociação)”;

- “capacidade de regulação individual e colaborativa dos planos de acção desenvolvidos, sobretudo para avaliar o seu impacto nas aprendizagens de âmbito disciplinar” (36-37).

2.3.3.2. Actividades a desenvolver

A divulgação dos resultados escolares, através dos meios de comunicação social, tem conduzido a muitas investigações em prol da Educação, na tentativa de procurar diagnosticar os métodos de estudo e as estratégias usadas pelos alunos, principalmente os que frequentam a escolaridade obrigatória. Vasconcelos (2003) considera pertinente e relevante o conhecimento aprofundado destas problemáticas, dado que, só dessa forma,

se poderão criar estruturas de suporte e acompanhamento destes alunos durante estes ciclos de ensino (Vasconcelos, 2003).

A premente preocupação em solucionar estes problemas tem levado a que alguns investigadores se interessem por estas problemáticas e apontem para a realização de diversas actividades a desenvolver no âmbito da área curricular EA. Com este intuito, Cosme & Trindade (2001) sugerem que nas sessões desta área curricular se desenvolvam:

i) “actividades relacionadas com a organização do ambiente de trabalho”;

ii) “actividades relacionadas com a planificação do estudo e do tempo de trabalho”; iii) “actividades relacionadas com a monotorização e a auto-avaliação das sessões

de estudo acompanhado”;

iv) “actividades relacionadas com o tratamento da informação escrita”;

v) “actividades relacionadas com uma maior eficácia do desempenho dos alunos

face a certas tarefas escolares, nomeadamente, a preparação para os testes ou, entre outras, os trabalhos individuais e de grupo” (33).

No quadro 1, apresentam-se mais exemplos de actividades a promover nas sessões de EA, bem como as estratégias a usar e as finalidades perseguidas pelas mesmas.

Quadro 1 – Alguns exemplos de actividades a implementar nas sessões de EA

Finalidades Actividades / Estratégias

Organizar, planificar as actividades de estudo: tempo e local.

• Explicitação das vantagens da área de Estudo Acompanhado;

• Diagnóstico sobre os hábitos e métodos de estudo;

• Sensibilização (a partir da exploração de imagens e leitura de um texto) para a importância da:

• Organização do tempo de estudo – elaboração do horário de estudo diário e semanal;

• Organização do local de trabalho – identificação de situações que favorecem a aprendizagem.

Saber organizar e utilizar os registos das

aulas. • Organização dos cadernos diários.

Treinar a atenção, concentração, memorização e raciocínio lógico.

• Realização de exercícios e actividades vários sobre:

• a coerência sequencial de um texto (ordenação de segmentos de um texto apresentado em desordem; reconstituição de dois textos a partir de segmentos entrosados);

• detecção de diferenças entre duas imagens aparentemente iguais;

• memorização de pequenos textos;

• aplicação de outras técnicas de memorização.

Apoiar a realização de tarefas escolares

• Auxílio e orientação na:

• busca de soluções para a realização dos trabalhos de casa;

• pesquisa e organização de informações utilizando várias fontes, nomeadamente da Internet e da Web em particular;

• Definição de regras básicas de preparação para um teste de avaliação;

• Definição de regras básicas de realização de um teste de avaliação. Usar correctamente a língua materna para

comunicar de forma adequada e para estruturar o pensamento próprio.

• Leitura e interpretação de textos escritos pertencentes às diferentes áreas do saber;

• Exercitação da expressão escrita e oral;

• Elaboração de resumos;

• Formulação de respostas correctas e completas nas fichas de avaliação;

• Correcção ortográfica;

• Compreensão e utilização do vocabulário relativo às instruções verbais dos testes;

• Treino da leitura em voz alta. Desenvolver competências de consulta,

selecção, organização e utilização da informação escrita.

• Pesquisa, selecção, organização e interpretação da informação escrita em função de questões, necessidades ou problemas a resolver e respectivos contextos recorrendo a dicionários, enciclopédias, jornais, revistas, manuais escolares, Internet;

• Sublinhar (como e o quê);

• Elaboração de resumos;

• Definição de regras de elaboração de um trabalho escrito. Analisar processos e resultados de

aprendizagem.

• Redacção e negociação de um contrato pedagógico de forma a implicar o aluno no seu próprio processo de formação/ aprendizagem e fomentar o espírito de colaboração;

Para além disto, considera-se igualmente oportuno e pertinente que nas sessões de EA se promovam actividades de exploração das potencialidades oferecidas pelas TIC, nomeadamente da Internet e da Web, em particular.

Como se tem enfatizado, as TIC disponibilizam aos professores um conjunto de ferramentas que os ajudam sobretudo na produção de instrumentos de apoio à organização do contexto e da dinamização dos contextos de trabalho com os alunos. Assim, neste sentido, as TIC devem ser usadas pelos professores de forma sistemática, quer na preparação das tarefas a desenvolver nas sessões de EA, bem como durante o decorrer das mesmas, servindo para apoiar os alunos na pesquisa, selecção, organização e tratamento da informação e, também, tornando-se ferramenta genérica de grande utilidade para a produção de materiais diversos, tais como instrumentos de registo, roteiros de exploração, guiões de orientação8, etc.

Em suma, a área curricular não disciplinar – EA – surgiu com o intuito de intervir junto dos alunos de modo a proporcionar-lhes um vasto leque de actividades, com vista a colmatar as graves lacunas que se notam na maioria dos estudantes, nomeadamente, ao nível da falta de hábitos, métodos e técnicas de estudo, bem como, incapacidade de rentabilizar as estratégias de aprendizagem. Saber estudar e saber como actuar perante determinada tarefa é fundamental para a obtenção de sucesso escolar. Promover e estimular as habilidades cognitivas é um dos objectivos perseguidos por esta área curricular. A juntar a isto, e atendendo ao facto da área de EA dever ser entendida como “zona de interface” relativamente às restantes áreas curriculares, as potencialidades educativas das TIC devem ser exploradas de forma sistemática nas sessões desta área curricular não disciplinar, dado que o ensino em que os jovens devem ser mergulhados deve estar adequado ao tempo e aos recursos e conhecimentos que os estudantes dispõem (Cardoso & Pires, 2002; Aires & Cruz, 2002).

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