• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 3. ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.1 CONTEXTO DA PESQUISA: LICENCIATURA EM QUÍMICA NO IQ-UFBA

3.1.1 A dimensão prática no novo currículo

As disciplinas da dimensão prática do novo currículo tiveram início no curso regular da licenciatura a partir do segundo semestre de 2007.

Quadro 5. Disciplinas da dimensão prática oferecidas no IQ-UFBA – curso de Licenciatura em Química. Curso: 184120. Currículo: 2009.1

Siglas Nome das disciplinas Carga Horária

QUIA43 O Professor e o Ensino de Química 68h/semestre

QUIB07 História da Química 68h/semestre

QUIA45 História e Epistemologia no Ensino de Química 68h/semestre QUIA47 Ensino de Química no Contexto 68h/semestre QUIA50 Experimento no Ensino de Química 68h/semestre QUIB02 Projetos em Ensino de Química 34h/semestre QUIB03 Trabalho de Conclusão de Curso 34h/semestre

A disciplina QUIA43- O Professor e o Ensino de Química, considerada introdutória e uma das disciplinas fundamentais, está estrutura em três partes: 1- Gênese e desenvolvimento do ser social: o trabalho no seu sentido ontológico e sua forma histórica; 2- O trabalho como princípio educativo; e 3-Questões contemporâneas do ensino (MORADILLO, 2010).

_________________________________________________________________________________ Capítulo 3. Aspectos Metodológicos

Moradillo (2010) discute em sua tese a formulação das disciplinas da Dimensão Prática, e considera a disciplina O professor e o Ensino de Química, como eixo norteador formativo da práxis pedagógica. Afirma que o elemento norteador das discussões do ensino de ciências como práxis é a categoria trabalho, sua gênese, desenvolvimento e as mediações originadas a partir dele; trabalho no seu sentido ontológico, histórico e sua forma alienada. Segundo o autor, para discutir o “ser” professor, na disciplina são utilizados materiais didáticos para direcionar a discussão, entre eles os filmes: A Guerra do Fogo (Jean-Jacques Annaud, 1981) e, 2001 - Uma Odisséia no Espaço (Stanley Kubrick, 1968); e os seguintes textos e livros: O papel do trabalho na transformação do macaco em homem (ENGELS, 1990); A origem da família, da propriedade privada e do estado (ENGELS, 2006); O Significado e o Sentido (DUARTE, 2005); A Individualidade para si (DUARTE, 1993); Introdução à filosofia de Marx (LESSA; TONET, 2006); Ensino Médio: Construindo uma proposta para os que vivem do trabalho (KUENZER, 2005); Fundamentos da escola do trabalho (PISTRAK, 2006); Alfabetização: Quem tem medo de ensinar (KLEIN, 1996); Escola e Democracia (SAVIANI, 2006); Educação Escolar Teoria do Cotidiano e a Escola de Vigotski (2007) e Para compreender a ontologia do ser social de Lukács (LESSA, 2007).

A disciplina o Professor e o Ensino de Química, considerada como eixo norteador da práxis pedagógica, é considerada uma disciplina central no currículo, que proporciona elos de relações com todas as outras disciplinas, principalmente as da dimensão prática.

Moradillo (2010) explica que falar do “trabalho” no seu sentido filosófico e histórico requer conhecer as raízes da formação do ser social, e, portanto, o salto ontológico do ser inorgânico (matéria) para a vida, e do ser orgânico para o ser social.

Para o ser humano, a adaptação não é determinada biologicamente, e sim culturalmente. Apesar do mesmo precisar de sua base material e biológica para existir, o que determina sua existência, em última análise, é o processo de humanização: o humano produzir a si mesmo produzindo o novo, produzindo cultura. Ser humano sendo o produtor e produto de si mesmo. A vida prática, dada por sua plasticidade, leva essa nova espécie a se desenvolver tendo como pressuposto básico que, a cada momento, na sua relação com a natureza, ambos se transformam (MORADILLO, 2010, p.81-82).

SILVA et al., (2008) e Moradillo (2010) apresentam os eixos norteadores (Contextualização no Ensino de Química; História e Epistemologia no Ensino de Química e Experimentação no Ensino de Química) e discutem questões teóricas gerais com o intuito de compor uma totalidade articulada com o eixo da práxis pedagógica. O eixo da contextualização no ensino de ciências foi arquitetado para

_________________________________________________________________________________ Capítulo 3. Aspectos Metodológicos

articular os conhecimentos específicos da química com o seu contexto sócio histórico de aplicação. Segundo Moradillo (2010):

A formação de professor para trabalhar a contextualização das ciências implica na aquisição de domínio dos conteúdos das ciências e da sua inserção nas atividades humanas e processos naturais. A transposição (mediação) didática resultante da contextualização deve possibilitar um ensino como uma leitura científica do mundo de modo não reducionista, porém vinculada às implicações econômicas, políticas, éticas e ambientais. Uma vez que o mundo não é redutível ao mundo das ciências da natureza, o contexto não deve ser utilizado apenas como um pretexto para ensinar ciências (MORADILLO, 2010,p. 140).

Para a disciplina de História e Epistemologia no Ensino de Química, Moradillo (2010) a apresenta como uma grande novidade no currículo em que “procuramos articular a história da ciência com as questões epistemológicas, trazendo sempre que possível as questões econômicas, políticas e éticas existentes naquele contexto social em discussão” (p.169). A estrutura da disciplina propõe discutir a relevância da filosofia e da história das ciências, as concepções de ciência, o método científico, e as bases filosóficas da ciência moderna a partir de Francis Bacon, René Descartes, Thomas Hobbes, John Locke, George Berkeley, David Hume, Immanuel Kant, Georg W. Friedrich Hegel, Auguste Comte, Karl Marx, e epistemólogos que fizeram críticas à ciência positivista como Karl Popper, Thomas Kuhn e Gaston Bachelard.

A partir desses referenciais teóricos passamos a analisar o reflexo dessas questões epistemológicas nos livros didáticos de ciências e de química. Trabalhamos: modelos, analogias e contextualização em livros didáticos; imagens de ciência em manuais de química; obstáculos ao aprendizado da ciência química em livros didáticos; como alguns conteúdos e cientistas são abordados nos livros didáticos de química, a forma como a historia da ciência aparece nos livros didáticos de ciências (quando aparece); etc. (MORADILLO, 2010, p.169).

Segundo Moradillo (2010), a disciplina Experimento no Ensino de Química possibilita a articulação entre a análise histórica da ciência/química, sua crítica epistemológica e o papel que a experimentação desempenha na produção do conhecimento científico, no processo de aprendizagem da ciência e como utilizar experimentos didáticos a partir da elaboração de materiais didáticos. A disciplina

Projetos em Ensino de Química e Trabalho de Conclusão de Curso buscam

reforçar os pressupostos teórico-práticos curriculares levando a uma prática docente referenciada em uma teoria pedagógica que possa propiciar uma práxis pedagógica transformadora.

_________________________________________________________________________________ Capítulo 3. Aspectos Metodológicos

Documentos relacionados