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1.2 Organiza¸c˜ao da Disserta¸c˜ao

2.3.1 Dimensionamento de Colunas

Potˆencia a Prevista

A potˆencia de uma coluna dever´a ser igual ao somat´orio das potˆencias parciais das diversas instala¸c˜oes a alimentar, tendo em conta o factor de simultaneidade respectivo [MORAIS, 2007,pag.109]. As potˆencias parciais reflectem a topologia das instala¸c˜oes que v˜ao alimentar, ou seja, de acordo com o n´umero de compartimentos que apresentam, em sintonia com o ponto 803.2.4.3.1 das RTIEBT.

Factor de Simultaneidade

Como as instala¸c˜oes nunca funcionam todas ao mesmo tempo temos de usar o cha- mado factor de simultaneidade para que o projecto n˜ao fique sobredimensionado, isto ´e, para que n˜ao sejam usados materiais que suportem uma potˆencia m´axima (mais caros). Sendo assim o factor de simultaneidade caracteriza o regime de fun- cionamento de uma dada instala¸c˜ao ou parte desta. Os factores de simultaneidade usados na aplica¸c˜ao s˜ao os indicados no ponto 803.2.4.3.2 das RTIEBT.

C´alculos de Colunas

Este c´alculo segue um algoritmo comum em todas as colunas. O c´alculo ´e iniciado com a determina¸c˜ao da potˆencia aparente total (ST), de acordo com as potˆencias aparentes de cada instala¸c˜ao (Sent). Depois ´e calculada a potˆencia de dimensiona- mento (SD) com a multiplica¸c˜ao da potˆencia total pelo factor de simultaneidade (KS).

ST = ΣSent (2.1)

SD = ST × KS (2.2)

Calculada a potˆencia SD calcula-se a corrente de servi¸co IB (em ampere), que ser- vir´a de base de escolha `as sec¸c˜oes dos condutores e de acordo com as canaliza¸c˜oes

escolhidas dever˜ao apresentar uma corrente admiss´ıvel IZ que satisfa¸ca as condi¸c˜oes IZ ≥ IB [MORAIS, 2007,pag.111]. IB = 1000 × SD 3 × UC (2.3) A verifica¸c˜ao das correntes admiss´ıveis ´e feita atrav´es da consulta dos Quadros 52-C1 a 52C-14 e 52-C30 das RTIEBT, que disp˜oem dos valores das correntes admiss´ıveis de acordo com o m´etodo de referˆencia escolhido (os m´etodos de referˆencia caracterizam os v´arios modos de instala¸c˜ao poss´ıveis das canaliza¸c˜oes) e com situa¸c˜oes espec´ıficas concretas como por exemplo a natureza do isolamento dos condutores, o n´umero de condutores carregados, a temperatura da alma condutora e ambiente.

As tabelas referidas anteriormente reproduzem as correntes admiss´ıveis (IZ) para as canaliza¸c˜oes estabelecidas exactamente nas situa¸c˜oes por elas apontadas. Noutras condi¸c˜oes de instala¸c˜ao ou quando estas est˜ao sujeitas `a ac¸c˜ao de factores externos, as correntes admiss´ıveis ser˜ao impreterivelmente diferentes. Isto sucede devido `a altera¸c˜ao das circunstˆancias de liberta¸c˜ao de calor por efeito de Joule por parte dos condutores. A altera¸c˜ao da corrente admiss´ıvel dever´a ser feita atrav´es de c´alculos espec´ıficos para cada nova situa¸c˜ao n˜ao contemplada pelas tabelas atr´as mencio- nadas, por´em as regras t´ecnicas apresentam tabelas de factores de correc¸c˜ao , em fun¸c˜ao de:

Temperatura Ambiente;

Temperatura do Solo;

Agrupamentos de condutores ou cabos instalados ao ar ;

Agrupamentos de cabos enterrados, em esteira horizontal ;

Agrupamentos de condutas com condutores,instaladas ao ar, enterradas no bet˜ao, em fun¸c˜ao da sua disposi¸c˜ao horizontal ou vertical ;

Agrupamentos de diversos circuitos, de cabos multicondutores, instalados ao ar, lado a lado, em camada simples, para o M´etodo de Referˆencia E ;

2.3. INSTALAC¸ ˜OES COLECTIVAS 13

Agrupamentos de diversos circuitos, de cabos monocondutores, instalados ao ar, lado a lado, em camada simples, para o M´etodo de Referˆencia F ;

Resistividade t´ermica do solo.

O valor de IZ numa canaliza¸c˜ao sujeita a este tipo de situa¸c˜oes ser´a calculado, para cada situa¸c˜ao particular, da seguinte forma:

IZcorrigido = IZ× F actores Correccao (2.4) Corte Geral

Determina-se de forma a que a sua corrente convencionada IN seja superior `a cor- rente de servi¸co esperada IB (IN > IB). O valor de IB´e encontrado atrav´es da soma das potˆencias a alimentar pela coluna com a potˆencia estimada para os servi¸cos comuns [MORAIS, 2007,pag.114].

Figura 2.1 – Aparelho de Corte Geral.

2.3.2

Servi¸cos Comuns

Potˆencia de Alimenta¸c˜ao

A potˆencia de alimenta¸c˜ao dos Servi¸cos Comuns serve de referˆencia para a escolha do valor da potˆencia a ser contratada. Esta potˆencia (de alimenta¸c˜ao) ´e calculada de forma similar `a potˆencia de c´alculo de uma coluna (ver sec¸c˜ao 2.3.1). A dife- ren¸ca reside nos elementos intervenientes no c´alculo. Para os Servi¸cos Comuns o c´alculo ´e efectuado com os valores das potˆencias dos variados servi¸cos existentes na

instala¸c˜ao, como por exemplo a ilumina¸c˜ao, garagem colectiva, ventila¸c˜ao mecˆanica, aquecimento el´ectrico e ascensores, sendo cada uma das potˆencias multiplicadas pelo seu respectivo factor de simultaneidade (em que na generalidade das vezes toma o valor 1).

Condutores

Com a Corrente de Servi¸co relativa ao Quadro dos Servi¸cos Comuns (QSC) determina- se a corrente admiss´ıvel IZ de forma a satisfazer a condi¸c˜ao IN > IB (tal como in- dicado na sec¸c˜ao 2.3.1). Com o valor de IZ ´e feita a escolha das respectivas sec¸c˜oes dos condutores para o QSC, da mesma forma como o indicado na subsec¸c˜ao 2.3.1- C´alculos de Colunas.

2.4

Entradas

As entradas dever˜ao estar estabelecidas no mesmo piso da instala¸c˜ao por elas a ser alimentada e apenas dever˜ao transpor zonas comuns do edif´ıcio e o espa¸co da instala¸c˜ao (de utiliza¸c˜ao) a alimentar. Por outras palavras as entradas caracterizam- se por serem os tro¸cos das canaliza¸c˜oes el´ectricas existentes entre uma caixa coluna e a origem de uma instala¸c˜ao de utiliza¸c˜ao, uma portinhola que sirva uma instala¸c˜ao el´ectrica e a sua origem [PINTO, 2004,pag.13].

Figura 2.2 – Entrada

As caracter´ısticas da entrada de uma instala¸c˜ao de utiliza¸c˜ao dependem da potˆencia de instala¸c˜ao, da natureza e tipo dos condutores, da queda de tens˜ao admiss´ıvel

2.4. ENTRADAS 15

(0,5%) e do modo de instala¸c˜ao [MORAIS, 2007,pag.115].

O dimensionamento das entradas dever´a ser efectuado de forma a oferecer o pro- vimento de potˆencias, ponderados pelo respectivo factor de simultaneidade (para instala¸c˜oes de habita¸c˜ao este factor toma o valor um), para que s˜ao dimensionadas as instala¸c˜oes de utiliza¸c˜ao a serem alimentadas.

2.4.1

Dimensionamento Entradas

De acordo com as RTIEBT, as entradas poder˜ao ser monof´asicas ou trif´asicas, por´em dever˜ao incluir sempre o condutor de protec¸c˜ao. As sec¸c˜oes dos condutores que as constituem n˜ao dever˜ao ser nunca inferiores a 6 mm2, e ainda tˆem de estar dotadas

de protec¸c˜ao (apenas na sua origem). Condutores

Os condutores das entradas dever˜ao ser do mesmo tipo que os condutores da coluna. Por´em a sec¸c˜ao destes ser´a calculada tendo como base a corrente de servi¸co relativa `a potˆencia prevista para a respectiva instala¸c˜ao de utiliza¸c˜ao. A corrente de servi¸co pode ser obtida de duas formas, de acordo com o tipo de alimenta¸c˜ao da instala¸c˜ao. Se a instala¸c˜ao ´e monof´asica a f´ormula de c´alculo ser´a:

IB =

1000 × SD U0

(2.5) Se a instala¸c˜ao ´e trif´asica a f´ormula de c´alculo ser´a:

IB =

1000 × SD

3 × UC

(2.6) Onde SD ´e a potˆencia prevista em kVA, UC a tens˜ao entre fases que ´e igual a 400V e U0 a tens˜ao entre fase e neutro igual a 230V.

Calculado o valor da corrente de servi¸co dever´a ser encontrado o valor da sec¸c˜ao do condutor que tem uma corrente admiss´ıvel (IZ) superior ao valor da corrente de servi¸co, da mesma forma como a descrita para o c´alculo das sec¸c˜oes dos condutores da Coluna.

Resta apenas referir que nas entradas, n˜ao devem ser utilizadas canaliza¸c˜oes com condutores de sec¸c˜ao nominal inferior a 6 mm2 [RTIEBT, 803.5.5.3].

Condutas

De igual forma aos condutores, as condutas tamb´em dever˜ao ser do mesmo tipo das usadas na Coluna.

As condutas ou tubos a utilizar dever˜ao ter como diˆametro m´ınimo 32mm, obedecer `a norma EN 50086, serem constitu´ıdas por materiais ign´ıfugos, e no caso de estarem embebidas nas paredes ter˜ao de apresentar como protec¸c˜ao m´ınima contra ac¸c˜oes mecˆanicas IK 07. O valor tido como diˆametro m´ınimo imp˜oe-se para que se realize um f´acil enfiamento ou desenfiamento dos condutores, sem recorrer a meios especiais como reboques. Este facto decorre do princ´ıpio b´asico de que a soma das ´areas transversais do conjunto dos condutores introduzidos na conduta `a vista n˜ao supera os 40% da sec¸c˜ao da conduta e se se tratar de uma conduta embebida esta n˜ao poder´a ultrapassar os 33% da sec¸c˜ao transversal da conduta (para o c´alculo est˜ao inclu´ıdos os condutores de fase, neutro e protec¸c˜ao) [J.L.MORAIS, 2007,pag.182]. A forma de c´alculo na generalidade ser´a ent˜ao para as condutas embebidas:

S1+ S2+ S3+ Sn+ SP ≤ 0, 33 × SC (2.7) S1+ S2+ S3+ Sn+ SP ≤ 0, 40 × SC (2.8) onde S1−3 ser´a a sec¸c˜ao do condutor fase usado para a entrada determinada, Sn ´e a sec¸c˜ao do condutor neutro, Sp a sec¸c˜ao do condutor de terra de protec¸c˜ao e por fim Sc o valor que pretendemos encontrar, a sec¸c˜ao da conduta (circular ou n˜ao). Para al´em das regras de percentagens m´aximas de ocupa¸c˜ao (2.7 e 2.8) h´a ainda que ter em conta para o dimensionamento de condutas n˜ao circulares (calhas) o perfil da respectiva conduta, pois apesar de a condi¸c˜ao da ´area interna ser cumprida o diˆametro externo dos condutores poder´a ser superior a uma qualquer dimens˜ao da calha. Fazendo com que uma calha escolhida exclusivamente pelo m´etodo da ´area interna n˜ao seja a indicada para os condutores dimensionados.

Se ao inv´es de condutores forem usados cabos poderemos usar as seguintes express˜oes para calcular o diˆametro das condutas:

2.4. ENTRADAS 17

Para uma instala¸c˜ao `a vista.

Dconduta≥ 1, 742 × Dcabo (2.10) Para uma instala¸c˜ao embebida.

2.4.2

Circuitos de Utiliza¸c˜ao

Circuitos de utiliza¸c˜ao ou circuitos finais podem ser encarados como a zona de liga¸c˜ao entre a instala¸c˜ao el´ectrica e o utilizador da instala¸c˜ao na sua globalidade. Neste conceito est˜ao abrangidos os circuitos tanto de habita¸c˜oes como de outras instala¸c˜oes el´ectricas nomeadamente de ind´ustrias e de estabelecimentos comerciais ou de servi¸cos.

A seguran¸ca e conforto dos utilizadores s˜ao os prop´ositos principais a serem atin- gidos na concep¸c˜ao e execu¸c˜ao destas instala¸c˜oes. Devido `a diversidade e a pouca qualifica¸c˜ao t´ecnica dos utilizadores torna-se indispens´avel ”combater”futuras am- plia¸c˜oes `a instala¸c˜ao, que s˜ao caras e evidentemente inest´eticas e em muitos casos potencialmente perigosas, como nas situa¸c˜oes em que se utilizam fichas m´ultiplas ou cabos prolongadores. Justifica-se assim que estas instala¸c˜oes sejam concebidas de forma a aproveitar completamente o espa¸co em que vai ser enquadrada [PINTO, 2004,pag.35].

Por isso ´e necess´ario que se tenha um conhecimento pr´evio da forma, dimens˜ao e estrutura do edif´ıcio, a compartimenta¸c˜ao do espa¸co e as suas devidas fun¸c˜oes. ´E tamb´em de capital importˆancia que se conhe¸ca de antem˜ao a localiza¸c˜ao, a natureza e a potˆencia dos equipamentos el´ectricos que se pretendem instalar.

Estrutura e Dimensionamento

Na sua cria¸c˜ao, a instala¸c˜ao dever´a ser encarada n˜ao como um sistema fechado, mas sim como um sistema estruturado e dimensionado de forma a possibilitar a flexibilidade essencial para diversos graus de utiliza¸c˜ao sem grandes gastos.

As instala¸c˜oes de utiliza¸c˜ao dever˜ao ent˜ao ser estruturadas preferencialmente para uma distribui¸c˜ao radial, de forma a que a instala¸c˜ao esteja dividida, de acordo

com o n´ıvel qualitativo ou de risco, em quadros parciais e finais (como acontece na ind´ustria por exemplo). A sua alimenta¸c˜ao poder´a ser de dois tipos: monof´asica (230V) e trif´asica (230V/400V), devendo os circuitos de utiliza¸c˜ao para as habita¸c˜oes ser preferencialmente do tipo monof´asico.

Independentemente da estrutura do edif´ıcio ou o fim para o qual s˜ao destinados (ha- bita¸c˜ao, industria ou servi¸cos), ter´a que se ter em linha de conta alguns factores que conduzam a uma escolha acertada para o n´umero de circuitos a serem dimensiona- dos. Ter˜ao de ser previstos circuitos independentes para alimenta¸c˜ao de m´aquinas com potˆencia consider´avel (em habita¸c˜oes podemos ter como exemplo os fog˜oes, as maquinas de lavar roupa). Previs˜ao de circuitos independentes para alimenta¸c˜ao de receptores (m´aquinas) cuja garantia de boa funcionalidade requer essa autonomia. Todos os circuitos destinados a ilumina¸c˜ao e tomadas n˜ao poder˜ao conter mais de oito pontos de utiliza¸c˜ao (em habita¸c˜oes). Qualquer aparelho de climatiza¸c˜ao de- ver´a estar inserido num circuito aut´onomo, de modo a que este circuito n˜ao alimente mais de cinco aparelhos.

Para o dimensionamento das instala¸c˜oes el´ectricas em locais de habita¸c˜ao, n˜ao de- ver˜ao ser ponderadas potˆencias nominais inferiores `as seguintes:

3,45 kVA, em monof´asico (15 A, em 230 V), em locais de um compartimento,

6,90 kVA, em monof´asico (30 A, em 230 V), em locais de dois a seis compar- timentos,

10,35 kVA, em monof´asico (45 A, em 230 V), em locais com mais de seis compartimentos.

No caso de instala¸c˜oes com receptores trif´asicos, as alimenta¸c˜oes devem ser trif´asicas e os valores m´ınimos das potˆencias a considerar no dimensionamento devem ser os seguintes:

6,90 kVA, em trif´asico (10 A, em 400 V), em locais at´e seis compartimentos,

10,35 kVA, em trif´asico (15 A, em 400 V), em locais com mais de seis com- partimentos.

2.5. PROTECC¸ ˜OES E SEGURANC¸ A 19

2.5

Protec¸c˜oes e Seguran¸ca

Na divis˜ao efectuada para explanar os diversos conceitos que se apresentam como base a este trabalho, esta sec¸c˜ao ocupa um lugar cimeiro no que concerne a im- portˆancia, pois o uso da electricidade como fonte primordial de energia s´o poder´a de facto ser assim considerado se na sua concep¸c˜ao possa ser assegurada a seguran¸ca de pessoas, bens e animais contra os perigos que advˆem da utiliza¸c˜ao das instala¸c˜oes el´ectricas.

Apesar de alguns dos conceitos que ser˜ao em seguida expostos n˜ao serem importantes para o trabalho pr´atico (SIPE, a aplica¸c˜ao inform´atica), o seu conhecimento tem interesse para que se entendam os conceitos subjacentes a esta ´area tem´atica na aplica¸c˜ao. Sem esse conhecimento a aplica¸c˜ao n˜ao poder´a ser usada na sua m´axima capacidade.

2.5.1

Aparelhos de Protec¸c˜ao

Os aparelhos de protec¸c˜ao tˆem como fun¸c˜ao proteger todos os elementos que cons- tituem uma instala¸c˜ao el´ectrica contra os diferentes tipos de defeitos que podem ocorrer.

Sobreintensidades

Se a corrente el´ectrica de servi¸co (IB) ultrapassar o valor m´aximo (IZ) permitido nos condutores , com uma curta dura¸c˜ao, diz-se que h´a uma sobreintensidade. Por exemplo, demasiados aparelhos ligados simultaneamente num mesmo circuito podem originar uma sobrecarga que ´e uma sobreintensidade em que a corrente de servi¸co no circuito ´e superior ou ligeiramente superior `a intensidade m´axima permi- tida nos condutores (IB > IZ), com uma dura¸c˜ao que pode ser longa.

Se, por exemplo, dois pontos do circuito com potenciais el´ectricos diferentes en- tram em contacto directo entre si estamos na presen¸ca de um curto-circuito que ´e uma sobreintensidade em que a corrente de servi¸co no circuito ´e muito superior `a intensidade m´axima permitida nos condutores (IB >> IZ).

Para proteger os circuitos contra sobreintensidades (sobrecargas ou curto-circuitos) s˜ao usados disjuntores magnetot´ermicos ou corta circuitos fus´ıveis que interrompem automaticamente a passagem da corrente no circuito, evitando um sobreaquecimento dos condutores que pode originar um incˆendio pondo assim em risco pessoas e bens.

Figura 2.3 – Disjuntor unipolar

Figura 2.4 – Fus´ıveis gG

Um disjuntor ´e constitu´ıdo pelo rel´e, com um ´org˜ao de disparo (disparador) e um ´org˜ao de corte (o interruptor) e dotado tamb´em de convenientes meios de extin¸c˜ao do arco el´ectrico (cˆamaras de extin¸c˜ao do arco el´ectrico). O disjuntor mais comum ´e o disjuntor magnetot´ermico (disjuntor standard no SIPE) que possui um rel´e electromagn´etico que protege contra curto-circuitos e um rel´e t´ermico, constitu´ıdo por uma lˆamina bimet´alica, que protege contra sobrecargas.

2.5. PROTECC¸ ˜OES E SEGURANC¸ A 21

Um corta-circuitos fus´ıvel ´e constitu´ıdo por um fio ou lˆamina condutora, dentro de um inv´olucro. O fio ou lˆamina condutora (prata, cobre, chumbo, etc.) ´e calibrado de forma a poder suportar sem fundir, a intensidade para a qual est´a calibrado. Essa intensidade que o dispositivo pode suportar ´e designada por Corrente Convencional de n˜ao funcionamento, por´em o dispositivo apenas a suporta durante um per´ıodo de tempo (tempo convencional de funcionamento) antes de actuar. De acordo com a normaliza¸c˜ao existente, o tempo convencional ´e de 1 hora para fus´ıveis com calibre at´e 63 A, ´e de 2 horas para calibres entre 63 e 160 A, ´e de 3 horas para calibres entre 160 e 400 A e ´e de 4 horas para calibres superiores a 400 A.

Se a intensidade ultrapassar esse valor (ou o tempo convencional de funcionamento for ultrapassado), o fus´ıvel deve fundir (interrompendo dessa forma o circuito) tanto mais depressa quanto maior for o valor da intensidade da corrente. No SIPE (aplica¸c˜ao inform´atica) est´a apenas dispon´ıvel o tipo gG, pois este tipo j´a engloba a protec¸c˜ao contra sobrecargas e curto-circuitos.

Protec¸c˜ao contra Sobrecargas

A protec¸c˜ao contra sobrecargas das canaliza¸c˜oes el´ectricas ´e assegurada se as ca- racter´ısticas dos aparelhos de protec¸c˜ao respeitarem conjuntamente as seguintes condi¸c˜oes:

A corrente determinada do dispositivo de protec¸c˜ao (IN) seja superior ou igual `a corrente de servi¸co da canaliza¸c˜ao correspondente (IB) e inferior ou igual que a corrente m´axima admiss´ıvel na canaliza¸c˜ao (IZ).

IB≤ IN ≤ IZ (2.11)

A corrente convencional de funcionamento do dispositivo de protec¸c˜ao (I2) seja

inferior ou igual que 1,45 a corrente m´axima admiss´ıvel na canaliza¸c˜ao (IZ) [PINTO, 2004,pag.60].

Figura 2.5 – Fluxograma de c´alculo das protec¸c˜oes contra Sobrecargas

A imposi¸c˜ao da primeira condi¸c˜ao (2.11) deve-se `a necessidade de detectar e con- siderar como an´omalas situa¸c˜oes em que a intensidade de corrente na canaliza¸c˜ao ´e superior `a intensidade de corrente de servi¸co, por um lado, e `a necessidade de garantir que o aparelho de protec¸c˜ao n˜ao actua para o regime de funcionamento correspondente `a corrente de servi¸co, por outro.

A segunda condi¸c˜ao (2.12) corresponde a considerar que situa¸c˜oes em a corrente na canaliza¸c˜ao ´e 45% superior a correspondam a sobrecargas suficientemente importan- tes para se garantir que o aparelho de protec¸c˜ao actue num tempo n˜ao superior ao convencional.

Protec¸c˜ao contra curto-circuitos

A protec¸c˜ao contra curto-circuitos das canaliza¸c˜oes el´ectricas ´e assegurada se as ca- racter´ısticas dos dispositivos de protec¸c˜ao (fus´ıveis e disjuntores) satisfizerem con- juntamente as seguintes condi¸c˜oes:

1 - Regra do poder de corte: o poder de corte n˜ao deve ser inferior `a corrente de curto-circuito presumida no ponto de localiza¸c˜ao.

Icc ≤ Pdc (2.13)

2 - Regra do tempo de corte: o tempo de corte resultante de um curto-circuito em qualquer ponto do circuito n˜ao dever´a ser superior ao tempo correspondente

2.5. PROTECC¸ ˜OES E SEGURANC¸ A 23

`a eleva¸c˜ao da temperatura do condutor ao seu m´aximo admiss´ıvel. Para curto- circuitos de dura¸c˜ao at´e 5s, o tempo aproximado correspondente `a eleva¸c˜ao da tem- peratura do condutor ao seu m´aximo admiss´ıvel ´e dado pela express˜ao:

t = k2× S2 I2

cc

(2.14) onde:

t ´e o tempo expresso em segundos ,

S a sec¸c˜ao dos condutores em mm2,

Icc ´e a corrente de curto-circuito m´ınima, isto ´e, a corrente que resulta de um curto-circuito franco verificado no ponto mais afastado do circuito, em Amperes,

k ´e uma constante cujo valor depende das caracter´ısticas do material isolante e do material condutor. O seu valor ´e:

- 115 - condutores com alma de cobre isolada a policloreto de vinilo;

- 135 - condutores de alma de cobre isolada a borracha natural, borracha but´ılica, polietileno reticulado ou etileno-propileno;

- 159 - condutores nus de cobre;

- 74 - condutores com alma de alum´ınio isolada a policloreto de vinilo;

- 87 - condutores de alma de cobre isolada a borracha natural, borracha but´ılica, polietileno reticulado ou etileno-propileno;

- 104 - condutores nus de alum´ınio;

- 97 - condutores nus de ligas de alum´ınio;

- 115 - liga¸c˜oes dos condutores de cobre soldadas a estanho.

2.5.2

Protec¸c˜ao de Instala¸c˜oes

Coordena¸c˜ao de Protec¸c˜oes

A Coordena¸c˜ao de Protec¸c˜oes permite utilizar um dispositivo de protec¸c˜ao com um poder de corte inferior ao da corrente de curto-circuito presum´ıvel no ponto onde

est´a instalado, desde que a montante exista um outro dispositivo com poder de corte adequado e em que a energia que o disjuntor deixa passar seja suport´avel pelos disjuntores a jusante. A coordena¸c˜ao pode ser aplicada a 2 dispositivos colocados no mesmo arm´ario, ou colocados em arm´arios diferentes. O objectivo desta t´ecnica ´e a optimiza¸c˜ao econ´omica da instala¸c˜ao el´ectrica.

Como exemplo de coordena¸c˜ao a dois n´ıveis podemos ter:

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