Uma estimativa simples, considerando apenas o mercado dos sistemas isolados da região Norte, tendo em vista que nesta região, mais do que nas outras, a possibilidade de uso intensivo de interligações apresenta fortes restrições físicas, dimensionou a demanda de energia da população a ser beneficiada pelo programa.
As premissas adotadas são bastante conservadoras para a quantificação da demanda e a conseqüente estimativa da necessidade de geração, haja vista que os sistemas do interior, pelas próprias características não têm excedentes de oferta.
Restringiu-se o cálculo à demanda exclusiva da classe residencial;
Admitiu-se que estes domicílios estão localizados nas zonas rurais e assim passarão a integrar os sistemas isolados do interior;
Trabalhou-se com o estoque anual de domicílios constante da Tabela 12 (Metas do PLT revisadas), admitindo-se que estes domicílios estejam localizados no interior e serão atendidos pelos sistemas isolados;
Admitiu-se que esse estoque não crescerá ao longo desse período (2004- 2008);
As unidades urbanas demandarão basicamente obras de extensão de redes em mercados atendidos por geração de maior porte, em muitos casos já interligados ao SIN ou com previsão de interligação no curto prazo;
Os sistemas do interior, pelas próprias características não têm excedentes de oferta, têm maiores dificuldades físicas para a extensão de redes e maiores custos, razão porque em sua maior parte devem permanecer como sistemas isolados.
Sobre este universo de domicílios foram feitos os seguintes ajustes:
A demanda de energia foi calculada de forma bastante simplificada, considerando apenas duas variáveis: o número de domicílios (estoque) e o consumo médio residencial (estimado). Neste cálculo não se utilizaram outras variáveis importantes na mensuração da demanda e normalmente usadas nos estudos setoriais, a exemplo de projeções do crescimento populacional, do consumo de energia e da renda, que têm impacto no nível de demanda.
É importante assinalar que, sobre esse universo de domicílios foram feitos os seguintes ajustes:
foram excluídos os mercados das concessionárias Manaus Energia (MESA) e Boa Vista Energia (BOVESA) que atendem, respectivamente, às capitais Manaus e Boa Vista, uma vez que têm previsão de interligação;
para a Companhia de Eletricidade do Acre (ELETROACRE) e as Centrais Elétricas de Rondônia (CERON), embora esteja prevista a
interligação ao SIN, através do sistema Mato Grosso-Porto Velho-Rio Branco, admitiu-se que no mínimo 20% dos domicílios permanecerão isolados, diante das restrições físicas a extensão de redes de muitos municípios localizados às margens de rios que compõem a bacia do Rio Amazonas;
no caso do estado do Pará - atendido pelas Centrais Elétricas do Pará (CELPA) - que responde por mais da metade dos domicílios rurais não atendidos na região Norte, como seu sistema elétrico já se encontra quase inteiramente interligado ao SIN, considera-se como hipótese conservadora que pelo menos 20% dos domicílios não atendidos permaneça isolado, pelas características de algumas áreas rurais – populações ribeirinhas, indígenas – com maiores custos e dificuldades físicas de interligação, problema que foi apontado pela concessionária local;
para os mercados da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), CER (Roraima) e CEAM (interior do estado do Amazonas), considerou-se que 50% desses mercados deverão ser supridos por sistemas isolados, enquanto os 50% restantes deverão ser interligado através da Linha de Transmissão (LT) Tucuruí-Manaus-Macapá. No caso da CEAM, maior mercado, existe ainda a alternativa do gasoduto Coari –Manaus.
Em conseqüência desses ajustes chegou-se a uma estimativa do número de domicílios que serão atendidos por sistemas isolados, ou seja, que não serão interligados, conforme Tabela 14.
Tabela 14 - Região Norte: Estimativa dos domicílios do PLT a serem atendidos por sistemas isolados
Estado/concessionária Número de domicílios
Acre/ELETROACRE 9.890 Amapá/CEA 2.392 Amazonas/CEAM 34.626 Pará/CELPA 46.010 Roraima/CER 4.526 Rondônia/CERON 9.647 TOTAL 107.091
Tomando como referência esse cenário de mercado ajustado, foram elaborados dois cenários de demanda de energia, com base nas seguintes premissas:
para o Cenário 1, o consumo médio residencial de energia representa o somatório do mercado (número de domicílios) estratificado da seguinte forma: 20% dos domicílios com consumo de 80 kWh/mês, 30% com consumo de 50 kWh/mês e 50% com consumo de 30 kWh/mês.
para o Cenário 2, adotou-se um consumo médio residencial de energia para o mercado ajustado da ordem de 135 kWh/mês/domicílio, com base na oferta de energia (kWh) por consumidor registrada nos mercados do interior (CEAM, CER) no período 2000-2003.
As projeções de demanda com base nas premissas e cenários de consumo constam da Tabela 15.
Tabela 15 - Região Norte: Estimativa da demanda de energia do PLT a ser atendida por sistemas isolados
Estado/ concessionária Cenário 1 Cenário 2 Acre/ELETROACRE 5.459.280 16.021.800 Amapá/CEA 1.320.384 3.875.040 Amazonas/CEAM 19.113.552 56.094.120 Pará/CELPA 25.397.520 74.536.200 Roraim a/CER 2.498.352 7.332.120 Rondônia/CERON 5.325.144 15.628.140 TOTAL 59.114.232 173.487.420 Demanda de energia em kW h até 2008
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do MME.
No cenário 1 o consumo residencial total em 2008 atingiria 59 GWh, somando-se o consumo agregado de 2005 a 2008, na hipótese de que todos os domicílios estejam eletrificados. No cenário 2, o consumo total de energia no mesmo período ascende a 173,5 GWh em 2008.
É importante ressaltar que no primeiro cenário não se consideram outras demandas de energia a serem cobertas com programas de suprimento energético a áreas não eletrificadas, a exemplo de equipamentos de uso comunitário (escolas,
postos de saúde, bombeamento de água etc.) e muito menos para usos produtivos pelas comunidades beneficiadas. Também não se previu crescimento anual da demanda, tendência observada em áreas rurais eletrificadas, nem crescimento do número de domicílios.
Em seguida dimensionou-se a capacidade de geração a ser instalada para os dois cenários de mercado, na hipótese de que, permanecendo o modelo atual, a alternativa de oferta seja a geração exclusivamente a diesel. Para calcular as necessidades de geração, utilizou-se uma curva de carga diária onde 60% do consumo tem seu pico durante quatro horas, das 18:00 às 22:00 horas. Os resultados estão na Tabela 16.
Tabela 16 - Região Norte: Estimativa da demanda de potência (kW) do PLT a ser atendida por sistemas isolados
Estado/ concessionária
Número de
domicílios Cenário 1 Cenário 2
Acre/ELETROACRE 9890 27.296 80.109 Amapá/CEA 2392 6.602 19.375 Amazonas/CEAM 34626 95.568 280.471 Pará/CELPA 46010 126.988 372.681 Roraima/CER 4526 12.492 36.661 Rondônia/CERON 9647 26.626 78.141 TOTAL 107.091 295.571 867.437
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do MME
OBS: Em ambos os cenários considerou-se que 60% de toda energia em um dia é consumida em quatro horas (durante o horário de pico).
No cenário 1, de menor demanda, seria necessário agregar ao parque gerador diesel, até 2008, mais 296 MW de potência, o que equivale a um aumento de 59% em relação à potência instalada em 2004, que era de 499 MW. Este valor ascende para 867 MW no cenário 2, equivalendo a um aumento de 73,4% sobre a potência disponível em 2004 para os sistemas do interior.
Somam-se a essas estimativas de potência a ser instalada os números das projeções da ELETROBRAS para o período 2005-2013, considerando apenas o crescimento da demanda de mercados já atendidos e que deverão permanecer isolados. Segundo essas projeções, em 2008 haveria necessidade de ampliar a
Assim, considerando o acréscimo de demanda projetado pela referida empresa para 2008, somado às projeções dos Cenários 1 e 2 já referidos, tem-se que nesse ano seria necessária a instalação de uma potência adicional variando entre 456 MW e 1.037 MW, respectivamente, para os dois cenários.
Tabela 17 - Região Norte: Projeção do crescimento da demanda de energia nos Sistemas Isolados que não serão interligados (em kW)
Concessionárias (número de localidades) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 CEAM (73) 81.521 88.155 95.246 102.870 111.517 120.457 130.827 141.716 152.810 CELPA (32) 41.427 45.764 49.748 53.660 56.989 60.070 63.100 65.939 68.938 CER (90) 2.720 3.007 3.321 3.669 4.068 4.504 4.980 5.506 6.123 CERON (11) 537 564 592 621 655 689 726 763 807 TOTAL(206) 126.205 137.490 148.907 160.820 173.229 185.720 199.633 213.924 228.678
Fonte: MME (Projeções da ELETROBRÁS/Departamento de Sistemas Isolados, 2005)
Nota: Só foram considerados sistemas de geração diesel beneficiados com CCC que não serão atendidos com gás ou interligados ao SIN. Não foram considerados os estados do Acre e Amapá que deverão ser 100% atendidos com as interligações ao SIN.
2.6 SISTEMAS ISOLADOS NO ÂMBITO DA UNIVERSALIZAÇÃO: O PROGRAMA