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O apoio a projetos de pesquisa e desenvolvimento com fontes renováveis de energia foi intensificado nos últimos cinco anos com recursos provenientes do próprio setor elétrico e do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT).

Conforme cláusula fixada nos Contratos de Concessão, as empresas concessionárias de geração e distribuição de energia elétrica ficaram obrigadas a aplicar anualmente em P&D percentuais variáveis de sua receita operacional líquida. Inicialmente fixados em 0,25% para os contratos de geração e 0,1% nos de distribuição, este percentuais foram modificados pela Lei n 9.991, de 24 de julho de 2000, que também ampliou a abrangência de agentes do setor elétrico, incluindo permissionárias e autorizadas, bem como o segmento de transmissão, isentando apenas as empresas que geram energia, exclusivamente, a partir de instalações eólicas, solares, de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas.

Essa Lei definiu ainda que metade desses recursos, no caso das empresas distribuidoras, deveria ser aplicada em programas de eficiência energética e que do total de recursos destinados a P&D, 50% seriam destinados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), administrado pelo MCT, e os outros 50% aplicados em projetos de interesse das empresas de energia elétrica, segundo os regulamentos estabelecidos pela ANEEL (P&D ANEEL), e realizados em parcerias com instituições de pesquisa e desenvolvimento nacionais. As geradoras e concessionárias de transmissão aplicam apenas em P&D.

Tanto os projetos no âmbito do P&D ANEEL quanto os do FNDCT devem ter como foco o setor elétrico, sendo que neste último foram agrupados sob um programa específico denominado de CT-ENERG (Decreto nº 3.867, de 16 de julho de 2001). No total, 56 projetos são do CT-ENERG e 70 projetos P&D ANEEL, cobrindo o período 2001-2005.

Os projetos do programa CT-ENERG foram selecionados através de vários Editais promovidos no período 2002-2004, tendo como objeto de pesquisa as energias renováveis.

Estes projetos cobrem um amplo leque de tecnologias, com predominância de projetos de biomassa, num total de 27, seguidos de fotovoltaica com 9 projetos e eólica com 6, além de 3 projetos com sistemas híbridos todos usando fotovoltaica, sendo que dois associados à biomassa e um à eólica. Registram-se ainda projetos nas seguintes áreas: hidrocinética, PCHs, lixo, células a combustível.

Com recursos do Programa P&D da ANEEL, no período 2001 a 2005, foram contratados 70 projetos, cobrindo um amplo leque de tecnologias, embora com predominância de três áreas, uma vez que 55 desse total estão centrados nas seguintes fontes renováveis: 25 com biomassa, 16 com solar e 14 com eólica.

A maioria, 42 projetos, tem como objetivo o levantamento do potencial de recursos energéticos, estudos de avaliação, desenvolvimento de metodologias e modelagem. Os outros 28 projetos podem ser classificados como de desenvolvimento e aplicação de tecnologias, incluindo a implantação de protótipos e projetos pilotos e melhoramento de equipamentos. (Tabela 26)

Nesse levantamento observou-se que a maioria desses projetos é de iniciativa de empresas concessionárias das regiões Sudeste/Sul/Centro-Oeste do país, onde foram desenvolvidos 42 dos 70 projetos. As concessionárias das regiões Norte e Nordeste, com 18 projetos e 10 projetos, respectivamente, estão em posição secundária, apesar de que particularmente na região Norte a substituição da geração térmica com fontes não renováveis demande com urgência o domínio técnico-gerencial de geração de energia com fontes alternativas. (Tabela 27)

Além destes, outros projetos de P&D com fontes renováveis vêem sendo desenvolvidos no âmbito do Programa Trópico Úmido (PTU), instituído pelo Decreto Presidencial nº 70.999, de 17/08/72, hoje no âmbito do MCT. Este programa tem por objetivo coordenar atividades de ciência e tecnologia para ampliar o conhecimento do eco-sistema do Trópico Úmido e a preservação do equilíbrio ecológico da Região

Tabela 26 - P&D ANEEL 2001-2005: Projetos por fonte/tecnologia

Fonte Estudos Desenvolvimento Tecnológico Total

Biomassa 16 9 25 Solar PV 6 10 16 Eólica 12 2 14 Híbrido 3 0 3 Célula Comb 1 2 3 Hidrogêncio 1 1 2 Solar térmica 1 0 1 PCH 0 3 3 Hidrocinética 0 1 1 Lixo 2 0 2 Total 42 28 70 Fonte: ANEEL

Tabela 27 - P & D ANEEL: Número de Projetos por Região Geográfica

Região 2001-2002 2002-2003 2003-2004 2004-2005 Total Norte 0 9 3 6 18 Nordeste 3 5 2 0 10 Sul/Sudeste/ Centro-Oeste 0 23 13 6 42 Total 3 37 18 12 70 Fonte: ANEEL

O PTU também apoia projetos que incentivem a formação de redes temáticas de grupos de pesquisa e desenvolvimento voltados para estudos e pesquisa sobre temas de interesse econômico, social e estratégico para essa região, incluindo a energia, através da multidisciplinaridade, parceria institucional e tratamento integrado dos temas, tendo em vista a disseminação de conhecimentos que promovam o seu desenvolvimento sustentável.

Podem candidatar-se aos recursos do PTU as instituições de ensino, pesquisa e desenvolvimento, entidades públicas e ONG com sede na Amazônia

Legal brasileira ou, se de outras regiões e países, em associação com entidades locais, que devem coordenar os projetos.

A operacionalização do PTU ocorre através da contratação, por meio de editais de projetos de pesquisa em duas linhas de atuação: fontes alternativas de energia e uso econômico da biodiversidade.

No âmbito desse programa foram levantados 13 projetos na linha de fontes alternativas de energia. Desse total quatro são voltados para o uso de sistemas híbridos, quatro com sistemas fotovoltaicos, dois com biodiesel e um de biodigestor, sendo que em dois projetos não se conseguiu informações sobre a tecnologia. Estes projetos objetivam beneficiar comunidades rurais e indígenas, áreas de assentamento e reservas extrativistas.

Os resultados destes projetos, principalmente os voltados para a geração de energia com biomassa na região Amazônica, são aguardados com grande expectativa, uma vez que seu desempenho determinará não só a viabilidade técnico-econômica de sua aplicação, mas também os prazos possíveis de sua utilização em escala, na perspectiva do programa de universalização.

4.2 POTENCIAL E ESTÁGIO DAS TECNOLOGIAS SEGUNDO AS FONTES DE