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A diminuição dos rendimentos e as cobranças difíceis: o caso dos foros

Desde o primeiro momento que o Hospital de Todos os Santos sentiu dificuldades na cobrança das suas rendas. A dimensão das dívidas dos foros justifica que nos detenhamos um pouco mais sobre eles. Os problemas não seriam exclusivos do Hospital pois, logo em 1505, o rei ordenava ao primeiro provedor, Estevão Martins, que na elaboração de novos contratos de foro privilegiasse os foreiros mais abastados em detrimento dos pobres para assim garantir que a instituição receberia atempadamente as suas rendas676. Porém, os incumprimentos eram frequentes e disso mesmo dá conta, em 1518, o provedor Mem Carceres, no relatório que enviou ao rei, onde foi taxativo: «a principal renda que o Hospital tem, é das casas e os foreiros não pagam»677.Foi neste contexto que os provedores seguintes solicitaram ao monarca autorização para o Hospital possuir tabelião privado e usar os mesmos procedimentos da Fazenda Régia na cobrança das suas rendas, privilégio que só recebeu em 1586678, bastante tempo depois

676 «havemos por bem sentido o assy por nosso serviço e segurança das remdas do dito Esprital que

[…]daqueles que as ditas heranças trouxerem forem alguns pobres sendo a primeira pesoa os quaes nom posam dellas paguar o foro ao Esprital apresentando vos pesoa mais abastada e abonada que milhor pague o tal foro e per que o Stprital este seguro do seu avemos por bem que posam de sy tirar os ditos prazos e trespassarem nestes que eles apresentarem asy abonados e ricos os quaaes os averam naquelas pessoas que os elles tinham e emnovares com eles» José Pedro Paiva (coord.), Portugaliae Monumenta

Misericordiarum, vol. 3, p.273.

677 Augusto da Silva Carvalho, Crónica do Hospital …,p. 179.

678 Alvará régio de 18 de abril de 1586. Nuno Daupiás, Cartas de privilégio, padrões, doações e mercês

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de várias misericórdias já terem recebido esses mesmos privilégios679. Na prática, tratava-se de um instrumento que procurava facilitar a administração dos bens, penalizar os infratores e resolver os conflitos.

Em 1586, a economia atravessava um momento particularmente difícil, que tendeu a piorar, de pouco servindo ao Hospital a prerrogativa régia para agilizar os processos de recolha das rendas, que já então estavam em acentuada depreciação, pese embora o aumento da procura da terra associada ao crescimento populacional. A situação não era exclusivamente nacional, como sentia, em França, o Hôtel Dieu de Paris, com os administradores a serem forçados a renegociar as rendas do Hospital680. Um pouco por todo o lado, as instituições, e não só as assistenciais, aumentavam as medidas de controlo, começando por reorganizar os seus arquivos para agirem melhor e mais rapidamente. Neste sentido, e conforme as circunstâncias de cada entidade, tombaram os bens, recuperaram títulos de posse e aquisição de propriedades, elaboraram livros prediais descritivos e atualizaram os livros de foros e capelas. No Hospital de Todos os Santos, a dimensão do património em causa, a sua dispersão geográfica e a antiguidade das aquisições, tornam a recuperação da informação ainda mais complexa, um problema agravado pela forma de exploração dominante (o regime enfiteutico), que facilitava a desmultiplicação do direito de propriedadesem controlo documental por parte da entidade senhorial681.

Os esforços do Hospital para recuperação dos seus direitos e rendimentos ficaram registados nos livros de despesa682, mas estes só muito raramente diferenciam a tipologia dos gastos realizados com estes procedimentos683. Revelam, contudo, que só em setecentos, num contexto de insegurança financeira, as medidas para arrecadar as

679 Entre elas, a Misericórdia de Lisboa que a conseguira a título permanente em 1558. Isabel dos

Guimarães Sá, «As Misericórdias da fundação à União Dinástica», Portugaliae Monumenta

Misericordiarum, vol. 1, p. 29.

680 Tim Mchugh, op. cit., pp. 74-75. 681 José Vicente Serrão, op. cit., p. 366.

682 Em 1764, o Hospital pagou 800 réis ao procurador António José da Silva para alugar uma sege para o

escrivão António de Pontes ir fazer uma notificação. ANTT, Hosp. S. José, liv. 934, fl. 80v.

683 Sendo frequente agrupar as despesas feitas com deslocações com as que respeitavam à documentação

propriamente dita (cartas de sentença, assinaturas e provisões). Sabemos, por exemplo, que em 1603 os irmãos oficiais da fazenda ordenaram que fossem os caminheiros a fazer as diligências para que os indivíduos condenados nos processo judiciais fizessem os respetivos pagamentos. ANTT, Hosp. S. José, liv. 941, fl. 7.

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receitas se tornam mais consistentes e contínuas. Por exemplo, em 1721, os irmãos oficiais da fazenda do Hospital propuseram à Mesa da Misericórdia que obrigasse os enfiteutas a fazerem o reconhecimento dos prazos e as escrituras de encabeçamento684. Recordavam que o primeiro registo datava de 1553, realizado por ordem de D. João

III685, depois confirmado por D. Pedro II, em ambos os casos sem terem conseguido alcançar os efeitos desejados, continuando muitos enfiteutas sem encabeçar os prazos, e, assim, mantendo o nome dos seus antecessores, há muito falecidos, o que não permitia nem a cobrança das rendas nem dos acrescentamentos e laudémios que deviam ser pagos a cada renovação dos contratos.

A Mesa da Misericórdia aceitou a proposta dos irmãos oficiais da fazenda e ordenou aos foreiros que apresentassem os títulos de posse ou os encabeçassem mediante o respetivo pagamento. Colocou ainda editais incitando à denúncia dos prazos sonegados ou em posse ilegítima, prometendo recompensar os denunciantes com os prazos denunciados, seguindo os mesmos procedimentos que a Coroa adotava quando queria regularizar a situação das capelas ou de outros bens indevidamente administrados. Esta mesma ação foi repetida pela Misericórdia em 1732686, de que resultou a normalização de muitas situações irregulares, registando o escrivão da Misericórdia, o nome de quem encabeçava o prazo, a profissão, a morada, o valor do foro e a data de pagamento687.

Num cenário de dificuldades generalizadas, o Hospital de Todos os Santos sofreu igualmente uma diminuição das suas rendas. D. Jorge de Mendonça, o enfermeiro-mor procurou, pelos editais de 25 de agosto e 1 de setembro de 1758, tornar mais eficazes e abrangentes os processos de recolha dos rendimentos atrasados, que então passam a ser extensivos aos bens de raiz, bens móveis e semoventes. Fê-lo através das denúncias, e com grande sucesso, de acordo com o próprio, já que havia arrecado «muitos, e preciosos ornamentos, e em grande quantidade, muita prata em bom uso, e alguma com

684 ANTT, Hosp. S. José, liv. 942, fl. 114.

685 O rei obrigou os indivíduos que tivessem bens do Hospital a informar a instituição. Deveriam ainda,

no prazo de 30 dias, requerer a escritura de encabeçamento sem a qual incorriam numa coima (seriam obrigados a pagar o valor correspondente a um ano de foro do dito prazo).

686 ANTT, Hosp. S. José, liv. 942, fl. 171. 687

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pedras preciosas, que tinha sido da mesma Igreja, resultando todo o referido dos ditos editaes»688. Os foreiros foram constrangidos a pagar as suas dívidas, sob penhora de bens, caso fosse necessário689, e executados os administradores dos legados não cumpridos690. Foram ainda nomeados representantes do Hospital para tratar da cobrança dos bens deixados em testamento691 e/ou localizados em lugares distantes – por exemplo, no Algarve, foi nomeado um habitante local, Bernardo José Tinoco, para lá arrecadar os foros e laudémios692. No total, concluía D. Jorge de Mendonça, havia «cobrado dividas de vinte, trinta, e quarenta anos, e avivado causas, que por esquecimento se achavão paradas, e outras, que por interesses particulares não corrião»693.

Para se ter uma ideia da evolução das dívidas, atente-se na situação dos foros, representada nos mapas 7 a 10 e no quadro 6 (que nos permite acompanhar o valor da dívida por média de anos e valor médio absoluto, bem como o número de foreiros em cada freguesia), apenas relativa à cidade de Lisboa (não analisaremos os demais porque os registos não permitiram traçar a evolução da dívida)694.

688 Jorge Francisco Machado de Mendonça, op. cit., p.9.

689 ANTT, Hosp. S. José, liv. 943, fls. 42v,56, 61, 63v,130v, 131v.

690As despesas com as demandas tenderam sempre a aumentar. Em 1614, o Hospital despendeu menos de

40.000 réis com demandas que pagava aos procuradores de legados não cumpridos relativamente a custas de sentença, certidões, assinaturas, conhecimentos e execuções. Em 1714 gastou cerca de 315.000 réis e em 1765, quase 500.000 réis. ANTT, Hosp. S. José, liv. 780, fl. 113; liv. 881, fls. 86-86v; liv. 934, fls. 1- 4v.

691 ANTT, Hosp. S. José, liv. 943, fl. 82v. 692

ANTT, Hosp. S. José, liv. 943, fl. 113v.

693 Jorge Francisco Machado de Mendonça, op. cit., p. 18.

694 Fora da cidade, os incumprimentos no pagamento dos foros também foram elevados, nalguns casos, as

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Mapa 7: Dívidas de Foros em Lisboa em 1614695

Fonte: Livros de Receita. Hosp. S. José, liv.604; Livros de Despesa. Hosp. S. José, liv,780

Mapa 8: Dívidas de Foros em Lisboa em 1664

Fonte: Livros de Receita. Hosp. S. José, liv.652; Livros de Despesa. Hosp. S. José, liv.831

695 Nos mapas 7 a 10 estabelece-se a comparação entre o valor médio absoluto da divida (traço) e a média

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Mapa 9: Dívidas de Foros em Lisboa em 1712

Fonte: Livros de Receita. Hosp. S. José, liv.699; Livros de Despesa. Hosp. S. José, liv.879

Mapa 10: Dívidas de Foros em Lisboa em 1765

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Quadro 6: Dívidas das Propriedades em Lisboa — Séculos XVII e XVIII

1614 1664 1712 1765 Freguesia Média p/anos Média Valor (réis) N.º foreiros Média p/anos Média Valor (réis) N.º foreiros Média p/anos Média Valor (réis) N.º foreiros Média p/anos Média Valor (réis) N.º foreiros N. S. Anjos 3,040 1.383 121 8,147 2.250 150 N. S. Conceição 0,235 82 17 1,688 2.463 16 2,130 1.057 23 15,609 45.636 23 N. S. Mártires 2,857 4.564 7 0,375 1.050 8 1,75 2.975 9 7 2.820 9 N. S. Pena 2 2.400 1 St. André 0 0 2 0 0 2 0,5 3.100 2 6,375 28.200 2 S. Cristóvão 0,714 33 7 0,5 132 8 0,5 1.882 12 8,385 4.853 13 St. Cruz 0 0 1 3 3.498 1 3 210 1 24 10.298 2 St. Engrácia 2,786 145 14 6,75 347 16 S. Estêvão 1,389 198 36 0,844 66 32 0,5 946 16 6,6 6.604 15 S. João da Praça 0 0 1 0 0 1 2 0 1 12 108.300 1 S. José 0,667 809 3 8,333 27.210 3 S. Julião 0,459 1.947 37 0,128 510 39 0,281 884 32 11,375 42.250 32 St. Justa 0,953 155 79 1,836 753 71 0,653 806 72 9,939 32.310 72 S. Lourenço 3,8 1.370 5 7,75 8.938 4 3 1.593 5 25,8 11.887 5 S. Mamede 0 0 2 0 0 2 3 4.500 2 12 13.050 2 S. Martinho 0 0 1 0 0 1 1 900 1 11 9.900 1 S. Miguel 0 0 14 0,077 15 13 0,214 2.415 14 5,172 15.611 14 S. Nicolau 0,05 142 40 0,116 180 43 1,22 508 50 11,509 53.999 51 S. Pedro de Alfama 0 0 2 0 0 2 1 1.850 2 3 4.200 2 S. Salvador 0,143 143 7 0,125 225 8 0,25 192 8 6,375 11.665 8 S. Sebastião da Mouraria / N. S. Socorro 177 179 1,229 815 35 5,722 5.846 36 S. Tiago 2 0 1 7 1.862 1 S. Tomé 0 0 1 6 8.400 1 0 0 1 17 4.200 1 S. Vicente de Fora 0,167 287 6 6,333 10.750 6 3 2.283 4 2,8 10.710 5 Santos-o-Velho 2,333 3.790 5 9 5.135 5 St. Maria Madalena 0 0 15 0,067 243 15 0 0 8 14,25 131.672 8 St. Maria Maior (Sé) 0,250 1.350 4 0 0 3 0 0 5 17,333 114.873 6

Fonte: Livros de Receita. Hosp. S. José, liv.567; liv.604; liv.652; liv.699; liv.751; Livros de Despesa. Hosp. S. José, liv,780; liv.831; liv.879; liv.934; liv. 935

Passando para a análise dos dados, verificamos que, entre 1614 e 1765, houve um aumento das dívidas das propriedades em Lisboa: em 1614 a média das dívidas era inferior a três anos, destacando-se apenas a freguesia de São Lourenço, próxima dos quatro anos. Em termos absolutos, a freguesia de Nossa Senhora dos Mártires devia em média 4.564 réis, seguida de São Julião (1.947 réis) e São Lourenço (1.370 réis). Cinquenta anos depois, sobressaiam São Vicente de Fora, São Lourenço e São Tomé,

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com elevados valores médios absolutos em divida e uma demora no pagamento que podia ir dos seis aos oito anos.

Mostra a documentação que no início do século XVIII o valor em divida diminuiu para três anos696, com a freguesia dos Anjos a assumir o lugar de principal devedora, com um número superior de foreiros, embora o valor em falta esteja no décimo lugar em termos médios absolutos (1.383 réis). Situação que se foi agravando, conforme mostra o mapa 10. Na freguesia dos Anjos, centena e meia de foreiros devia ao Hospital, em 1765, pouco mais de 2.200 réis (vigésima quinta posição), com uma média de oito anos de atraso nos pagamentos. Por esta altura, os foreiros de São Lourenço e Santa Cruz mantiveram-se, em média, mais de 24 anos sem cumprirem as suas obrigações contratuais; os das freguesias da Sé e de São Tomé, aproximadamente, 17 anos, os de Nossa Senhora da Conceição mais de 15 anos; os de Santa Maria Madalena, mais de 14 anos e os das freguesias de São João da Praça, de São Mamede, de São Nicolau, de São Julião, São Martinho, mais de uma década. Em valores médios absolutos os maiores devedores eram, por ordem decrescente, os foreiros de Santa Maria Madalena, Sé, São João da Praça, São Nicolau, Nossa Senhora da Conceição, São Julião e Santa Justa.

Os registos revelam também que, salvo casos em que houve alterações geográficas à composição das freguesias (ou aparecimento de novas), o número de foreiros se manteve praticamente inalterado (quadro 6). Esta circunstância coloca-nos várias questões. Por exemplo, saberia o Hospital onde moravam os seus foreiros? Se a resposta for positiva, então porque não cobrou as rendas em dívida? Não terá sido por uma questão de distância e custos de deslocação uma vez que as propriedades se localizavam em Lisboa, algumas nas imediações do Hospital. Não terá conseguido fazer prevalecer os meios legais de que dispunha? As questões são pertinentes porque se é verdade que algumas das rendas eram de pouca monta, não justificando os gastos resultantes das cobranças coercivas, podendo ser integradas naquilo a que José Vicente Serrão designa, a propósito da propriedade fundiária dos senhorios eclesiásticos, «um

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Como já foi mencionado, é preciso não esquecer que a precisão destes registos depende dos tesoureiros que muitas vezes não registavam convenientemente as contas. O livro de 1714 não foi considerado para fazer este levantamento, exatamente, porque apresentava omissões evidentes em determinados itens. ANTT, Hosp. S. José, liv. 881.

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peso morto»697, outras apresentavam valores elevados que teriam justificado algum investimento na sua cobrança.

Uma das possíveis razões para esta situação prendia-se, precisamente, com as condições de registo da informação. Como explicámos anteriormente, os livros de receita com a indicação dos nomes dos foreiros e rendeiros eram copiados anualmente sem que houvesse particular preocupação com o rigor das cópias realizadas. Qualquer registo incorreto limitava imediatamente as possibilidades de seguir o rasto às propriedades, tanto mais, como também já referido, os sucessores tendiam a não atualizar os dados. E isto mostrava que a preocupação com os níveis de riqueza dos foreiros, expressa por D. Manuel I em 1504, atrás mencionada, acabou por não ter

qualquer efeito prático. Esta questão é central na medida em que pode enviesar a leitura dos mapas, ou seja, freguesias que apresentam altos níveis de endividamento ou muitos anos de atraso nas cobranças podem representar um número muito reduzido de indivíduos. A freguesia de São Lourenço, em 1614, demonstra-o de forma clara: tem em média mais anos em divida, em valores médios absolutos fica em terceiro lugar, com 1.370 réis, mas que correspondiam apenas a cinco foreiros incumpridores. O mesmo acontecia com a freguesia de Nossa Senhora dos Mártires que, no mesmo ano, tinha sete foreiros e uma divida de 4.564 réis sendo também aqueles que se mantinha mais tempo sem pagar.

Como é óbvio, poderemos tentar outras explicações, nomeadamente relacionadas com a natureza da instituição senhorial. Isto é, tratando-se de zonas desfavorecidas, pode ter havido uma deliberada intenção do Hospital em proteger a população lá residente. Contudo, o argumento não é válido para as zonas abastadas (lojas em Nossa Senhora da Conceição, em Santa Justa e em São Julião…), onde os foreiros teriam, supõe-se, alguma capacidade financeira.

As dificuldades de cobrança estendiam-se também aos géneros agrícolas que, na sua generalidade, estavam dependentes dos níveis de produtividade da terra, do preço dos próprios bens e, naturalmente, da eficiência da sua cobrança. Assim acontecia com os dízimos do Paul da Ota, os legumes do Reguengo de Algés e Oeiras e as galinhas dos

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foros reais da vila de Tomar e termo. Serve de exemplo, o relato da situação relativa aos rendimentos dos dízimos do Paul da Ota: em 1687, o Hospital recebeu menos 14 alqueires de trigo do que o previsto, justificando-se o prioste com a perda do cereal no celeiro onde estava recolhido, sem que tivesse sido penalizado ou obrigado a ressarcir a instituição698.

698 No entanto, e apesar de não cobrar convenientemente os rendimentos, o Hospital tinha de suportar os

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