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A execução penal prevê um conjunto de direitos e deveres dos presos, o qual relaciona o Estado e o condenado, de forma que, além das obrigações para com o Estado, o condenado deve cumprir um conjunto de normas de execução da pena. Veremos sobre o tema a seguir.

3.4.1 Dos direitos

Desde o momento em que alguém é acusado, nascem os seus direitos, que devem ser respeitados durante a fase instrutória do processo e que persistem na fase executória da sentença e, até mesmo, o acompanhamento depois que deixar a prisão, quando necessitar de assistência para obter emprego e se reinserir novamente na sociedade. (MATTOS, 2002).

O artigo 40 da Lei de Execução Penal traz, como primeiro direito tutelado ao preso, o respeito à integridade física e moral, sejam ele já condenado ou provisório, imposto a qualquer autoridade pública, juntamente com o que diz no artigo 5º, incisos III e XLIX, da Constituição Federal. (BRASIL, 1984; 1988).

Veja-se o que os incisos do artigo 5º, da Carta Magna, dispõem:

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; (...)

XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral

Os direitos dos presos, em qualquer regime prisional, integram o título executivo penal, devendo ser observados e respeitados. O artigo 41 da Lei de Execução Penal traz em seu rol os direitos que pertencem ao indivíduo que está preso, não esquecendo também do artigo 3º da mesma lei, que diz o seguinte: “Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei”. O rol do artigo 41 é exemplificativo, pelo motivo de que o preso tem direito a tudo que não for reprimido pela sua sentença ou pela legislação. (BRASIL, 1984).

De acordo com o artigo 41, são os direitos previstos:

Art. 41. Constituem direitos do preso: I - alimentação suficiente e vestuário; II - atribuição de trabalho e sua remuneração; III - Previdência Social;

IV - constituição de pecúlio;

V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;

VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;

VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;

IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;

X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados; XI - chamamento nominal;

XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena; XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;

XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;

XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente.

Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento. (BRASIL, 1984)

De acordo com o que preceitua Albergaria (1987), o que se tem é uma série de direitos e deveres, que cabem ao condenado e ao Estado. Sendo assim, sempre que houver um direito dado ao preso, terá uma obrigação de igual tamanho deste com o Estado.

Deste modo, não restam dúvidas de que quanto maior e melhor for a condição prisional, com o emprego das referidas atividades, mais fácil a manutenção do equilíbrio indispensável para o sistema prisional manter-se em ordem. Ver-se-á a seguir sobre os deveres dos presos.

3.4.2 Dos deveres

Sobre os deveres dos presos, leva-se em consideração como primeiro dever do apenado o cumprimento de sua pena e a permanência na prisão até ter o direito de ter sua liberdade novamente, salvo contato com o mundo exterior nos casos que estão previstos na legislação. Cabe aos presos submeter-se ao disposto nos artigos 38 e 39 da Lei de Execução Penal. Segundo o artigo 38 “cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de execução da pena”. (BRASIL,1984)

De conformidade com o artigo 39, os deveres do preso, que são inerentes à execução da pena estão expressos em seu rol exemplificativo:

Art. 39. Constituem deveres do condenado

I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença;

II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se; III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;

IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;

V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; VI - submissão à sanção disciplinar imposta;

VII - indenização à vítima ou aos seus sucessores;

VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho;

IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento

X – conservação dos objetos de uso pessoal. (BRASIL, 1984).

Atentando-se aos deveres, é importante ressaltar o inciso V do artigo supracitado, pois, segundo a Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XIII, o trabalho é livre a qualquer cidadão, norma que se estende ao indivíduo preso, sendo também proibido o trabalho forçado, com respaldo no inciso XLVII, de mesmo artigo, não podendo ser imposto o trabalho como um dever do preso. (BRASIL, 1988).

Os deveres imputados aos presos buscam favorecer a ordem e a disciplina dentro do sistema prisional. O não cumprimento desses deveres poderá acarretar em cometimento de falta disciplinar e, para isso, há o artigo 50 da Lei de Execução Penal, que regula essas faltas:

Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que: I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; II - fugir;

III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem;

IV - provocar acidente de trabalho;

V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;

VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei. VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório. (BRASIL, 1984).

Pode-se notar então que, para que se tenha um sistema prisional com melhor convivência, com uma estrutura mais adequada, é necessário que sejam cumpridos, por parte do apenado, os deveres impostos pela legislação, cabendo a aplicação de sanções disciplinares previstas no artigo 53 da Lei de Execução Penal. (MATTOS, 2002).

Neste sentido, dispõe o artigo 53 da referida lei:

Art. 53. Constituem sanções disciplinares: I - advertência verbal;

II - repreensão;

III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo único);

IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o disposto no artigo 88 desta Lei. V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. (BRASIL, 1984).

Conforme estudado acerca dos direitos e deveres dos presos, é notório que a legislação está adequada para que se tenha um sistema prisional de qualidade, em termos de

educação e convivência do apenado dentro do sistema, apenas se necessita de uma aplicação rígida por parte das autoridades, para que aquela seja aplicada.

Concluídos os estudos sobre os princípios da execução penal e direitos e deveres dos presos, dar-se-á continuidade aos estudos dos institutos ressocializadores, os quais têm uma grande importância para o resultado do presente estudo.

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