2.3 Acidente do trabalho
2.3.3 Direitos do acidentado
São direitos do acidentado: auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria por invalidez, pensão por morte, habilitação e reabilitação profissional e a estabilidade do acidentado no emprego.21
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“Incumbe ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) administrar a prestação de benefícios, tais como auxílio-doença, auxílio-acidente, habilitação e reabilitação profissional e pessoal,
Auxílio-Doença
O auxílio-doença está regulado nos arts. 59 a 63 da Lei n. 8.213/91 e nos arts. 71 a 80 do Decreto n. 3.048/99.
De acordo com Tavares (2005, p. 144), o auxílio-doença pode ser entendido como:
Benefício concedido em virtude de incapacidade temporária, quando o segurado estiver suscetível de recuperação, desde que necessite afastar-se de sua atividade habitual por mais de quinze dias.
Auxílio-Acidente
As regras gerais sobre o auxílio-acidente estão previstas no art. 86 da Lei 8.213/91 e no art. 104 do Decreto n. 3.048/99.22
Esse benefício é acertadamente definido por Castro e Lazzari (2010, p. 684)
O auxílio-acidente é um benefício previdenciário pago mensalmente ao segurado acidentado como forma de indenização, sem caráter substitutivo do salário, pois é recebido cumulativamente com o mesmo, quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza- e não somente de acidentes de trabalho -, resultarem seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
Aposentadoria por Invalidez
A aposentadoria por invalidez está regulamentada nos arts. 42 a 47 da Lei n. 8.213/91 e nos arts. 43 a 50 do Decreto n. 3.048/99.
De acordo com Tavares (2005, p. 156), ocorrerá à concessão desse benefício quando:
O segurado for considerado incapacitado e insuscetível de reabilitação para o exercício de qualquer atividade, enquanto permanecer nessa situação. A concessão está condicionada ao afastamento de todas as atividades.
Uma vez concedido o presente benefício, fica o segurado obrigado a proceder à realização de exames médicos bienalmente, sob pena de ocorrer a sustação do pagamento, conforme determina o parágrafo único do art. 49 do Decreto n. 3.048/99.
aposentadoria por invalidez e pensão por morte. Estima-se que a Previdência Social gastou, só em 2010, cerca de 17 bilhões de reais com esses benefícios” (TSE, 2014).
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Esse benefício é realizado através de pagamento continuado e corresponde à integralidade do salário de benefício (art. 44 da Lei n. 8.213/91).
Pensão por Morte
A pensão por morte está disciplinada nos arts. 74 a 79 da Lei n. 8.213/91 e arts. 105 a 115 do Decreto n. 3.048/99.
Os beneficiários dessa pensão, direito irrenunciável, são os dependentes, conforme art. 16 da referida lei:
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
II - os pais;
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) (BRASIL, 1991)
Tavares (2005, p. 207) define que a concessão desse benefício “é devida pela ocorrência do evento morte do segurado, independentemente se este estava na atividade ou aposentado”.
Habilitação e Reabilitação Profissional
As regras sobre habilitação e reabilitação profissional estão dispostas nos arts. 89 a 93 da Lei n. 8.213/91 e nos arts. 136 a 141 do Decreto n. 3.048/99.
Conforme esclarecido por Tavares (2005, p. 231), existe uma distinção entre a habilitação e a reabilitação:
A habilitação profissional difere conceitualmente da reabilitação por se referir a serviço que tem por fim inserir pessoa pela primeira vez no mercado laboral, enquanto a segunda visa à reintrodução de trabalhador alijado.
Castro e Lazzari (2010, p. 718) demonstram em quais situações e a quais pessoas o programa será destinado:
O Programa de Habilitação e Reabilitação Profissional é destinado a: - segurados, inclusive os aposentados, em caráter obrigatório;
- dependentes, de acordo com as disponibilidades administrativas, técnicas e financeira e as condições locais do órgão;
- pessoas portadoras de deficiência, sem vínculo com a Previdência Social, de acordo com as disponibilidades administrativas e técnicas das unidades executivas, por intermédio de convênios e/ou acordos de cooperação técnico-financeira.
Estabilidade do Acidentado no Emprego
O art. 118 da Lei n. 8.213/91 estabelece uma garantia de emprego ao trabalhador que tenha sofrido acidente no trabalho:
Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente. (BRASIL, 1991)
Essa estabilidade foi criada com o intuito de proteção ao trabalhador acidentado, tendo em vista que o período de afastamento em razão do acidente demonstra a gravidade do mesmo, sendo necessário um tempo maior de recuperação de modo a propiciar um retorno saudável do empregado ao trabalho.
O art. 118 da referida lei concede a estabilidade provisória ao empregado quando ocorrer um acidente do trabalho e o mesmo ficar impossibilitado de exercer suas funções por um período superior a 15 dias.
Os primeiros 15 dias após o acidente do trabalho são de responsabilidade do empregador, e os demais dias serão pagos pela Previdência Social através do auxílio-doença.23
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“Súmula 378 do TST - Estabilidade provisória. Acidente do trabalho. art. 118 da Lei nº 8213/1991. Constitucionalidade. Pressupostos. (Conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 105 e 230 da SDI-1 - Res. 129/2005, DJ 20.04.2005)
I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado. II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego.” (TST, 2005)