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Atividade de Aprendizagem

O que é a Organização dos Estados Americanos (OEA)? Quais são os pactos que integram o sistema regional interamericano de proteção aos Direitos Humanos? Cite e explique um dos mecanismos de proteção que podem ser utilizados a fim de implementar os direitos previstos nos diversos instrumentos globais e regionais estudados.

Aula 3 – Direitos Humanos e cidadania no Brasil (vetores contemporâneos para a discussão: religião, etnia e gênero)

Apresentação da aula 3

A presente aula tem por objetivo apresentar o atual cenário jurídico em que os Direitos Humanos estão inseridos no Brasil, assim como discutir essa categoria de direitos a partir de alguns vetores contemporâneos, conforme: religião, etnia e gênero.

As reflexões propostas são de grande valia para se ter uma compreensão correta acerca dos atuais assuntos em discussão quando o tema é Direitos Humanos, notadamente no âmbito nacional.

3.1 Direitos Humanos no Brasil

Não há como estudar os Direitos Humanos no Brasil sem visualizar o conteúdo jurídico da Constituição Federal de 1988. A Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1948, possui reflexos na carta magna brasileira, de maneira que serão expostos brevemente os principais dispositivos que representam os alicerces dos Direitos Humanos no Brasil.

Em primeiro lugar, há que se falar da dignidade humana, que ganha destaque no texto constitucional e imputa ao Poder Público o dever de garantir

32 ao cidadão a satisfação de seus direitos e necessidades mais básicas, assim como a proteção ao mínimo existencial.

O art. 1º da Constituição Federal, em seu inciso terceiro, torna expresso que um dos fundamentos da República Federativa do Brasil é a dignidade da pessoa humana.

Ainda que a atuação estatal se dê mediante a supremacia do interesse público sobre o privado, se aquela infringir a dignidade da pessoa humana, a ação do Estado deverá ser preterida (BARROSO, 2010). A dignidade da pessoa humana está no núcleo essencial dos direitos fundamentais e dela se extrai a tutela do mínimo existencial e da personalidade humana, tanto na sua dimensão física como moral (BARROSO, 2010).

Para além da dignidade da pessoa humana, pode-se classificar os Direitos Humanos constitucionalmente previstos como direitos de primeira, segunda e terceira geração.

Os Direitos Humanos de primeira geração previstos na Constituição Federal são caracterizados como as liberdades públicas que igualaram o ser humano, dando a todo cidadão o direito de agir, ser livre e expressar-se, locomover-se, direito de ter propriedade e de dispor dos seus bens, assim como a presunção de inocência, a legalidade criminal e processual (FERREIRA FILHO, 2005, p. 23). Esses direitos são expressados, quando relacionados à democracia, como a liberdade de expressão, associação e locomoção.

Importante

Luís Roberto Barroso, em relação aos Direitos Humanos de primeira geração que têm estreita relação com a democracia, afirma que: “no tocante a Democracia, é possível considerá-la em uma dimensão predominantemente formal, que inclui a ideia de governo da maioria e de respeito aos direitos individuais, frequentemente referidos como liberdades públicas – como as liberdades de expressão, de associação e de locomoção – realizáveis mediante abstenção ou cumprimento dos deveres negativos pelo Estado” (BARROSO, 2010).

O artigo 5º é o dispositivo constitucional que consagra grande parte dos Direitos Humanos de primeira geração, pois afirma como fundamental o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, assim como

33 assegura a liberdade de consciência e crença, a liberdade de expressão, a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, dentre outros direitos.

Constituição Federal de 1988

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

(...)

Os Direitos Humanos de segunda geração, por sua vez, são aqueles que possuem correspondência aos direitos sociais insculpidos, em grande medida, no art. 6º da Constituição Federal. Tratam-se dos direitos que demandam atuação prestacional do Estado, manifestando-se característica, social, cultural ou econômica.

José Afonso da Silva, por sua vez, comenta que os direitos sociais são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente,

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