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Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos: uma prioridade do governo

4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.2 MARCOS REFERENCIAIS NACIONAIS

4.2.2 Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos: uma prioridade do governo

Outro documento que sustenta a construção deste estudo — Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos: uma prioridade do governo — foi elaborado pelo MS em parceria com os Ministérios da Educação, da Justiça, do Desenvolvimento Agrário, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e com as Secretarias Especiais de Políticas para as Mulheres, de Direitos Humanos e de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, publicado em 2005. Este documento apresenta as diretrizes do governo tendo em vista a garantia dos direitos de homens e mulheres, adultos(as) e adolescentes, em relação à saúde sexual e à saúde reprodutiva — sobretudo o planejamento familiar — e destina-se a gestores de políticas públicas, a profissionais de saúde e à sociedade civil (BRASIL, 2005).

O governo brasileiro respeita a garantia aos direitos humanos — entre os quais se incluem os direitos sexuais e os direitos reprodutivos — e repudia o controle de natalidade, considerando-o estratégia inadequada para erradicar a pobreza (BRASIL, 2005). O documento: 1 - Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos: uma prioridade do governo - deflagra o processo da série de documentos — Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos —, elaborada pelo Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, vinculado à Secretaria de Atenção à Saúde do MS, atualmente com dez cadernos: 2 - Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos anticoncepcionais; 3 - Anticoncepção de emergência: perguntas e respostas para profissionais de saúde; 4 - Atenção humanizada ao abortamento: norma técnica; 5 - Pré-natal e puerpério: atenção qualificada e humanizada — manual técnico; 6 - Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes: norma técnica; 7 - Aspectos jurídicos do atendimento às vítimas de violência sexual: perguntas e respostas para profissionais de saúde; 8 - Conversando com a gestante; 9 - Manual de atenção à mulher no climatério/menopausa; e 10 - Teste rápido de gravidez na atenção básica: guia técnico.

A Política do Planejamento Familiar — apesar de conter estratégias definidas somente para o triênio de 2005 a 2007, no primeiro documento da série — é desenvolvida em parceria com MS, estados, municípios e sociedade civil organizada, considerando o âmbito da atenção integral à saúde da mulher, do homem e dos(as) adolescentes (BRASIL, 2005).

A Constituição Federal de 1988 no art. 226, §7º rege: Fundado nos princípios da dignidade da pessoa

humana e da paternidade responsável, o

planejamento familiar é livre decisão do casal,

competindo ao Estado propiciar recursos

educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. (BRASIL, 2012a).

E a Lei do Planejamento Familiar (Lei nº 9.263/1996) no art. 2º define planejamento familiar o conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. Proíbe a utilização das ações de planejamento familiar para qualquer tipo de controle demográfico. E, no art. 3º, valida que o planejamento familiar é parte integrante do conjunto de ações de atenção à mulher, ao homem ou ao casal, dentro de uma visão de atendimento global e integral à saúde (BRASIL, 1996).

No intuito de normatizar a escrita deste projeto, optou-se por empregar a terminologia “planejamento reprodutivo” em vez de “planejamento familiar” (este último está sendo e/ou será adotado somente quando citação de outros autores e/ou documentos). Isso porque, segundo o CAB nº 26, “[...] planejamento reprodutivo é um termo mais adequado que planejamento familiar e não deve ser usado como sinônimo de controle de natalidade” (BRASIL, 2010a, p. 58). 4.2.3 Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher

(PNAISM)

A PNAISM, lançada em 2004, entre outros temas expõe a precariedade da assistência em anticoncepção no Brasil. Reforça que as ações do planejamento familiar integram a atenção básica, mas que muitos municípios não têm conseguido implantar e implementar estratégias adequadas no que concerne a ações de planejamento familiar (BRASIL, 2004).

Os princípios que norteiam a PNAISM são humanização e qualidade — preconiza-se que ambos caminhem juntos. E o MS brasileiro alude que humanizar e qualificar a atenção em saúde é compartilhar saberes e reconhecer direitos (BRASIL, 2004).

estar orientado e capacitado para a atenção integral à saúde da mulher; atingir as mulheres em todos os ciclos de vida (resguardadas as especificidades das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos populacionais); considerar a perspectiva de gênero, de raça e de etnia; estabelecer uma dinâmica inclusiva; exercer os direitos da mulher e os diferentes níveis de atenção à saúde (da básica à alta complexidade); responder a três níveis gestores (de acordo com as competências de cada profissional); atender à mulher com base em percepção ampliada de seu contexto de vida e como sujeito capaz e responsável por suas escolhas; nortear o atendimento pelo respeito às diferenças (sem discriminação e imposição de valores e crenças pessoais); seguir o princípio da humanização; participar da sociedade civil organizada (em particular a do movimento de mulheres) e da sociedade civil na implementação das ações de saúde da mulher; atuar mais abrangente e horizontalmente; e melhorar as condições de vida e saúde das mulheres (BRASIL, 2004).

Os objetivos gerais da PNAISM consistem em: promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras; contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina e ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no SUS. Como objetivo específico, relacionado com a temática deste estudo, tem-se: estimular a implantação e implementação da assistência em planejamento familiar para homens e mulheres, adultos e adolescentes. Seguido das estratégias de: ampliar e qualificar a atenção ao planejamento familiar, incluindo a assistência à infertilidade; garantir a oferta de métodos anticoncepcionais para a população em idade reprodutiva; ampliar o acesso das mulheres às informações sobre as opções de métodos anticoncepcionais; e estimular a participação e inclusão de homens e adolescentes nas ações de planejamento familiar (BRASIL, 2004).

Cumpre registrar que a PNAISM teve como precursor o PAISM — importante documento desenvolvido na década de 1980. O PAISM simbolizou (numa esfera maior, junto com outros esforços) a luta pelo retorno da democracia, além de fomentar a atenção integral à saúde da mulher através do acesso às informações e aos meios para o pleno exercício dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos (VENTURA, 2009).

4.2.4 Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem