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4 REFERENCIAL TEÓRICO

5.2 LOCAL E CONTEXTO DO ESTUDO

Levando em conta a dinâmica dos encontros nas atividades e nos serviços de saúde, a PCA, por si só, é vista como espaço social. Portanto, o espaço físico, na PCA, pode englobar mais de uma área geográfica e depende, basicamente, de onde foi identificado o problema a ser solucionado ou as mudanças a serem efetuadas, isto é, depende do enfoque da pesquisa (TRENTINI; PAIM, 2004). Na mesma perspectiva, as autoras indicam que a “PCA pode ser conduzida [...] em qualquer cenário onde cabe assistência à saúde da população em âmbito preventivo, curativo, restaurativo e promocional [...]” (TRENTINI; PAIM; SILVA, 2014, p. 34).

Realizou-se esta pesquisa no município de Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina (SC). A cidade é conhecida mundialmente por suas belezas naturais e nomeada carinhosamente como “Ilha da Magia”. Segundo dados do IBGE (2015), Florianópolis tem população estimada de 469.690 habitantes, sendo a segunda cidade mais populosa de Santa Catarina. Nas duas últimas décadas, Florianópolis teve crescimento populacional aproximado de 66%, mas esse crescimento não tem relação direta com a taxa de fecundidade do município, que desde os anos 2000 está abaixo de percentual de reposição das gerações, que é 2,1 filho por mulher (IBGE, 2010). Deve-se, sobretudo, à migração de jovens entre 20 e 30 anos, atraídos por oportunidades de emprego, de estudo e pela qualidade de vida tão propagandeada. Florianópolis possui IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano — Municipal) de 0,847, o que significa padrão muito alto no quesito que avalia a longevidade, a educação e a renda de seus munícipes (FLORIANÓPOLIS, 2015a; IBGE, 2010; 2015). Entretanto, o confronto entre o IDH-M com o alto custo de vida que a cidade tenciona, fornece retrato da segregação que há em Florianópolis. Tal fato também pode ser constatado pelas denúncias diárias, feitas através dos noticiários locais, das dificuldades que grande parcela da população enfrenta para acessar serviços básicos, por exemplo. Ou ainda, com olhar um pouco mais atento às periferias e aos morros da capital (TORNQUIST et al., 2012).

Corroborando a diminuição da segregação entre os moradores da cidade e a melhoria dos indicadores de saúde, pode-se dizer que, nos últimos anos, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Florianópolis tem realizado grandes esforços para expandir a Rede de Atenção à Saúde (RAS). A SMS tem, na APS, seu principal eixo norteador. Além disso, em consonância com o que é preconizado pelo MS brasileiro, a carteira de serviços do município dita que a APS é organizada segundo

o modelo da ESF, sendo formada por eSFs, que integram ACS, auxiliar ou técnico de enfermagem, enfermeira(o) e médica(o). Cada eSF é responsável pelo acompanhamento e pela coordenação do cuidado da população de sua área de abrangência (FLORIANÓPOLIS, 2015b).

A organização da APS, em Florianópolis, é feita por linhas de cuidado na área de atenção à criança e ao adolescente, saúde do escolar, saúde do adulto (em que se insere saúde da mulher), saúde do idoso, saúde mental, saúde bucal, doenças transmissíveis e doenças e agravos não transmissíveis. E as eSFs, considerando a lógica do apoio matricial, contam com os NASFs (FLORIANÓPOLIS, 2012).

A SMS de Florianópolis utiliza o Plano de Saúde, que, além de ser um preceito legal, é instrumento indutor de cidadania e que fundamenta as programações anuais de saúde a cada quatro anos. O Plano Municipal de Saúde 2014-2017 tem por missão: promover saúde com qualidade para todos. Apresenta como valores: comprometimento com o SUS; diálogo; compromisso com a qualidade; respeito e ética. Sua visão contempla: ser o melhor sistema de saúde público, gratuito, integrado e sustentável, para toda a população, com valorização do trabalhador, da gestão compartilhada e de qualidade (FLORIANÓPOLIS, 2014).

Com todo esse delineamento e com a soma dos esforços da SMS, em especial das eSFs, em 2014, Florianópolis foi a capital mais bem colocada no Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ), totalizando quase 90% das eSFs acima da média. Alcançou, em abril de 2015, 100% de cobertura da ESF, com suas 128 eSFs (DAB, 2015; FLORIANÓPOLIS, 2015a).

Sob esse cenário, para este estudo, os espaços físicos eleitos foram os CSs, de modo que foi escolhido um CS de cada DS do município. Os DSs são uma forma de organização territorial, cujas principais características são a regionalização e a descentralização das ações de saúde. Florianópolis dispõe de cinco DSs: Centro, Continente, Leste, Norte e Sul (FLORIANÓPOLIS, 2012).

Como critério de inclusão, observou-se se o CS dispunha de, ao menos, três eSFs, com a justificativa de que a participação na pesquisa, por parte de alguns integrantes das eSFs, não interferisse (negativamente) no processo de trabalho. Por consequência, os espaços sociais foram as atividades desenvolvidas pelos integrantes das eSFs vinculados aos CSs escolhidos.

Quadro 2 - Distribuição dos 49 Centros de Saúde de Florianópolis por Distrito

Sanitário, Florianópolis (SC), 2016.

Distritos

Sanitários Centros de Saúde

Centro Agronômica, Centro, Monte Serrat, Prainha, Saco dos

Limões e Trindade. Continente

Abraão, Balneário, Capoeiras, Coloninha, Coqueiros, Estreito, Jardim Atlântico, Monte Cristo, Novo Continente, Vila Aparecida e Sapé.

Leste

Barra da Lagoa, Canto da Lagoa, Córrego Grande, Costa da Lagoa, Itacorubi, João Paulo, Lagoa da Conceição, Pantanal e Saco Grande.

Norte

Cachoeira do Bom Jesus, Canasvieiras, Ingleses, Jurerê, Ponta das Canas, Ratones, Rio Vermelho, Santinho, Santo Antônio de Lisboa, Vargem Grande e Vargem Pequena. Sul

Alto Ribeirão, Armação, Caieira da Barra do Sul, Campeche, Carianos, Costeira do Pirajubaé, Fazenda do Rio Tavares, Morro das Pedras, Pântano do Sul, Ribeirão da Ilha, Rio Tavares e Tapera.

Fonte: Elaboração da Autora, 2016. Baseado em informações do site da Secretaria Municipal de Saúde (FLORIANÓPOLIS, 2015c).