• Nenhum resultado encontrado

Diretrizes e ações futuras para a gestão do Aqüífero Guarani

4. O SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI

4.5 Diretrizes e ações futuras para a gestão do Aqüífero Guarani

O objetivo desse tópico do trabalho é apresentar as bases sobre as quais se apoiarão todas as ações futuras no SAG e no âmbito dos países. Sendo assim, alguns aspectos importantes devem ser observados como a necessidade de assegurar a continuidade e incorporação por parte dos países das principais ferramentas de gestão desenvolvidas no PSAG, como o Sistema de Informação do Sistema Aqüífero Guarani (SISAG), a rede de monitoramento e modelagem matemática e a difusão do conhecimento técnico produzido pelo projeto.

De acordo com o PEA (SG-GUARANI, 2008), o funcionamento efetivo de tais ferramentas e a apropriação das mesmas por parte dos países, através de técnicos especializados, tomadores de decisões e instituições, requer dinamismo, intensivos intercâmbios e um determinado grau de coordenação técnica regional.

Cabe ressaltar que, embora os modelos, no caso dos projetos piloto, tenham caráter nacional ou binacional, no caso dos transfronteiriços, a experiência adquirida em sua utilização para a gestão local, se constituiu um elemento chave e de transcendente réplica. (SG-GUARANI, 2008)

Segundo o PEA (SG-GUARANI, 2008), se não for realizado o seguimento de tais ferramentas, de forma integrada, no âmbito regional, se perderá uma oportunidade real de aproveitar o grande momento vivido pelos países, onde a necessidade de uma boa gestão de águas subterrâneas surge nas agendas públicas e a expectativa da sociedade e dos atores envolvidos em tais temas aumenta.

Assim, a fragmentação, neste caso, representaria perdas econômicas, perda de tempo, como também, o possível enfraquecimento institucional, ou seja, das

instituições responsáveis pela gestão da água subterrânea diante dos novos desafios, sendo assim, sem uma estrutura mínima preservada, os avanços técnicos e de cooperação adquiridos, se perdem e seria complicado retomá-los.

A implementação do Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani, ao priorizar um tema ainda pouco desenvolvido, evidenciou benefícios da cooperação entre os países membros.

De um lado, a confecção de modelos matemáticos de apoio à gestão nos projetos piloto, a rede de monitoramento de poços e o sistema de informações implementado pelos órgãos relacionados à gestão de águas subterrâneas e ao território urbano não teria sido possível sem a estreita cooperação desenvolvida no âmbito do projeto. (SG-GUARANI, 2008).

Por outro lado, de acordo com o PEA (SG-GUARANI, 2008), a eficácia da integração e cooperação entre os âmbitos técnicos e diplomáticos dos países no Conselho Superior de Direção do projeto, permitiu fornecer a segurança necessária à sociedade de que o processo de gestão coordenada do Aqüífero Guarani entre os países, contempla o caminho das soberanias nacionais e do melhoramento dos instrumentos de gestão de água subterrânea.

Neste cenário, se apresenta a possibilidade de se retomar o ritmo de desenvolvimento das bases para a gestão do aqüífero, que foram alcançadas pelo projeto, num futuro próximo, estará condicionada aos arranjos de coordenação que possam ser estabelecidos entre os países até o encerramento da atual etapa do projeto. (SG-GUARANI, 2008).

Cabe ressaltar que, ao finalizar o projeto, os países poderão contar com um conjunto de conhecimentos e documentos a serem introduzidos e incorporados, como também distribuídos entre os principais atores relacionados ao SAG. (SG- GUARANI, 2008).

De acordo com o PEA (SG-GUARANI, 2008), frente à realidade de se não poder contar, de forma imediata, com um órgão adequado ou suporte de algum instituto para apoiar o desenvolvimento da gestão do SAG e da água subterrânea nos países, a manutenção e continuação das principais ferramentas de gestão, inicialmente implementadas, deverão contar, em primeiro momento, com a capacidade dos países.

Para isso, os comitês de especialistas dos países, criados para o desenvolvimento de tais ferramentas, deverão ser preservados e fortalecidos. Assim

sendo, os especialistas serão integrantes das instituições relacionadas aos temas considerados e as eventuais reuniões de caráter de coordenação técnica poderão ser pagas pelos próprios órgãos nacionais. (SG-GUARANI, 2008).

Diante de tal situação, propõe-se criar um Conselho de Cooperação com estrutura semelhante ao Conselho Superior de Direção do Projeto, com a participação dos setores de recursos hídricos, meio ambiente e chancelarias dos quatro países. Este Conselho de Cooperação é integrado pelos coordenadores técnicos de cada comitê estabelecidos, no seio do projeto, com uma melhor e maior definição de seus papéis. (SG-GUARANI, 2008).

Assim, cada coordenador técnico dos comitês será responsável pela manutenção e desenvolvimento de uma das ferramentas técnicas de apoio a gestão estabelecida, com o suporte dos especialistas nacionais na temática e o respaldo da infra-estrutura institucional nacional de recursos hídricos e ambiente. (SG-GUARANI, 2008).

Contudo, o novo Comitê que se propõe, destina-se a apoiar a tradução de desenvolvimentos técnicos, difundir a informação e promover a capacitação para a gestão do Aqüífero Guarani, como também para a gestão integrada dos recursos hídricos de maneira ampliada. O Comitê estaria constituído por um grupo das universidades e organizações civis competentes indicadas pelos países, semelhantes às comissões dos Fundos de Cidadania e de Universidades. Além disso, o coordenador deste comitê seria apoiado pelos meios responsáveis de difusão, como a imprensa, das instituições nacionais. (SG-GUARANI, 2008).

Portanto, segundo o PEA (SG-GUARANI, 2008), nota-se que a proposta apresentada não deveria necessitar de novos acordos entre os países, mas sim aproveitar os acordos firmados entre a OEA e cada um deles, onde se estabelece que as atividades iniciadas e que se encontram devidamente financiadas, continuarão até a conclusão do projeto, a menos que as parte decidam o contrário.

Entretanto, não se descarta a possibilidade de se estabelecerem novos acordos entre os países, no âmbito do Mercosul ou de outros tratados que se considerem convenientes, com o aprofundamento de análises que possam demandar processos e tempos conforme seu desenvolvimento e que não seja incompatível com a continuação imediata de cooperação no âmbito da gestão do Aqüífero Guarani, em consideração ao eminente encerramento do projeto. (SG- GUARANI, 2008).

Cabe mencionar, segundo o PEA (SG-GUARANI, 2008), uma tarefa que ainda está em desenvolvimento é a identificação de prováveis associados para a realização dos futuros projetos e ações, junto aos governos dos quatro países, como também de seus estados, municípios e universidades. Assim, além de contar com os recursos próprios dos países, existe a possibilidade de contar com o apoio de doadores externos e da cooperação internacional.

A etapa PEA é de grande importância para o projeto, pois é por meio dela que se planeja e executa as ações atuais e futuras do projeto, por isso esta etapa, que também está em desenvolvimento, poderá contar com a cooperação de órgãos internacionais para se conseguir alcançar alguma de suas atividades. Para isso, o financiamento do recurso deve analisar todas as fontes possíveis como: a identificação inicial dos meios para financiar a futura gestão do se enfoca principalmente em identificar meios de financiamento a nível internacional e nacional. (SG-GUARANI, 2008).

Entretanto, é importante mencionar os principais fatores de risco que dizem respeito a algumas situações como: grau de efetividade dos arranjos institucionais que venham a ser acordados pelos países, capacidade de mobilização de recursos financeiros e humanos para implementar ações consideradas estratégicas, capacidade de assimilação por parte dos órgãos de governo responsáveis pela gestão, como também de outras instituições técnicas do seguimento e desenvolvimento contínuo de ações propostas no PEA, vontade política e técnica por parte dos países em seguir trabalhando em conjunto e manter a grande visibilidade obtida para as águas subterrâneas, fruto do Projeto Sistema Aqüífero Guarani (PSAG), como enlace a ações futuras. (SG-GUARANI, 2008).

Sendo assim, pode ser citado, segundo o PEA (SG-GUARANI, 2008), de forma mais específica, alguns riscos como:

- risco de degeneração das comissões, gerando falhas de articulação e seguimento das ferramentas de gestão local, como o SISAG (Sistema de Informações do Sistema Aqüífero Guarani), rede de monitoramento e modelos;

- falência das comissões locais dos projetos pilotos por falta de institucionalidade, como também de um rol específico na gestão, seja de águas subterrâneas ou de ordenamento do uso do solo, além da perda de interesse por parte dos atores locais;

- dispersão e fragmentação da memória técnica gerada na etapa de execução do projeto, no caso de não existir o SISAG ou um lugar adequado, no qual se possa ter acesso às informações específicas;

- a incompreensão, por parte da sociedade, da dimensão dos efeitos transfronteiriços, podendo assim, dar margem a discursos catastróficos e sem respaldo técnico;

Assim como foram citados alguns dos principais riscos, também é importante mencionar que a sustentabilidade, em relação aos resultados do projeto, está relacionada a dois aspectos combinados (SG-GUARANI, 2008), que relacionados ao desenvolvimento do uso sustentável e gestão da água subterrânea nos países envolvidos e na capacidade conjunta de criar mecanismos de cooperação e promoção da gestão do aqüífero que fortaleça as instituições envolvidas para atuar na proteção e uso sustentável do recurso.

Contudo, segundo o PEA (SG-GUARANI, 2008), é importante destacar a relação de dependência entre cada uma das ações e sua importância na sustentabilidade do projeto, como:

- a importância da difusão dos materiais produzidos pelo projeto e seguimento da implementação do PEA, pois resulta no nível de conhecimento em toda a região do SAG, sendo indispensável futuramente também;

- a disponibilidade de recursos humanos e financeiros para todas as atividades;

- iniciar o funcionamento do SIGAG, que é uma ferramenta poderosa de difusão da informação em todos os níveis, do local ao regional. Seu funcionamento é fundamental, pois dele depende todo o fluxo de informações no marco de execução da etapa seguinte;

- implementação da rede de monitoramento, assim toda informação gerada se transformará em banco de dados disponíveis no SISAG;

- implementação das estruturas da gestão local, sendo possível avançar de forma mais sólida, com argumentos e temas relacionados à gestão de águas subterrâneas;

- capacidade de extrair as lições aprendidas neste processo e aplicá-las em outras áreas com temáticas coerentes com a escala da gestão local é imprescindível e coincide com os propósitos gerais do programa;

- atualização dos modelos matemáticos locais, neste sentido os testes de uso e ocupação dos solos e de extração de água subterrânea deverão ocorrer, em zonas distintas, sempre buscando mais argumentos para se realizar a gestão de águas subterrâneas, que é o objeto maior da execução da etapa PEA;

Contudo, se colocadas em prática as ações acima, pode-se efetuar a apropriação do conhecimento gerado, assim como a difusão dos produtos e resultados alcançados pelos países membros.

Documentos relacionados