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3. Ativos Fixos Tangíveis – Evolução no normativo contabilístico português

3.2. Diretrizes contabilísticas relacionadas com os ativos fixos tangíveis

Como referido no ponto 2.2.6, a preparação e divulgação das DC foi um processo contiguo à vigência do POC/89, tendo estas como objetivo complementar, explicar e pormenorizar o conteúdo do POC, sendo que a sua elaboração acompanhava muito de perto as IAS/IFRS do IASB, sendo em alguns casos, simplesmente, tradução das normas internacionais.

No que às imobilizações corpóreas diz respeito, salientam-se as seguintes DC:

DC 2/91 – Contabilização, pelo donatário, de ativos transmitidos a título gratuito; DC 10/92 – Regime transitório da contabilização da locação financeira;

DC 13/93 – Conceito de justo valor;

DC 16/95 – Reavaliação de ativo imobilizados tangíveis; DC 25/95 – Locações;

Não obstante a importância de cada diretriz, face ao seu impacto e à sua abrangência, vamos dar enfoque à DC 16/95, a qual, em prol de uma imagem verdadeira e apropriada da posição financeira, teve como objetivo normalizar o reconhecimento e a mensuração das reavaliações dos ativos imobilizados tangíveis.

À semelhança do ocorrido com o POC/77, em que o desenvolvimento deste foi consequência do suprimento de necessidades impostas pelo CCI, também esta DC se desenvolve em igual contexto, na medida, em que a mesma é publicada, após a existência de vários diplomas fiscais, que regiam não só o tratamento das reavaliações para efeitos fiscais, mas também extravasavam a sua abrangência para a área societária das empresas, e por conseguinte, implicando procedimentos contabilísticos decorrentes das mesmas.

As revalorizações legais, têm como objetivo manter os preços e custos constantes, e face às elevadas expansões inflacionistas verificadas nas décadas de sessenta, setenta, oitenta e noventa, foi entendimento do Ministério das Finanças, proceder à atualização do valor dos ativos que se encontravam há mais tempo nos balanços das empresas, pelo facto destes se encontrarem mais sujeitos aos efeitos da inflação, nomeadamente o imobilizado corpóreo, recorrendo-se assim de diplomas legais, os quais permitiam, de acordo com as regras fiscais, proceder à atualização dos valor dos ativos para preços correntes.

30 Passou a legitimar a revalorização sistemática dos ativos imobilizados fora do contexto fiscal, atribuindo-lhe uma vertente económica. Esta necessidade decorreu do facto de se ter tornado recorrente o recurso à realização de «reavaliações livres», com o objetivo de cobertura de prejuízos, as quais apresentavam grande subjetividade nos pressupostos utilizados, assim como, careciam de um acompanhamento posterior, não havendo lugar à evolução, positiva ou negativa, do valor de mercado do bem.

Veio criar restrições à forma como eram utilizadas as reservas originadas pelas reavaliações, dado que, os diplomas referentes às reavaliações não definiam qual os possíveis destinos que se podia dar às «reservas de reavaliação». Refira-se que os diplomas publicados posteriores à DC 16, passam a limitar a utilização das reservas geradas de acordo com esta.

A DC 16, veio normalizar o tratamento contabilístico e os procedimentos a adotar na reavaliação de ativos imobilizados tangíveis, fazendo uma analogia às IAS/IFRS, focando-se no reconhecimento e na mensuração subsequente, como apresentado no Quadro 3.1.

Quadro 3.1 – Reconhecimento e mensuração subsequente pela DC 16

Poder aquisitivo da moeda:

- Índice de preços;

- Coeficientes de desvalorização monetária;

Justo Valor - de acordo com o definido na DC 13

- Terrenos e edifícios - valores de avaliação com referência aos valores correntes de mercado;

- Instalações e equipamentos - custo de reposição;

Com base na variação do poder aquisitivo da moeda:

- Substitui-se a quantia bruta do ativo pela quantia reavaliada e ajsuta-se proprocionalmente as amortizações acumuladas.

Com base no justo valor:

- Custo de reposição depreciado, em que a quantia bruta do ativo a reavaliar é substituída pelo correspondente custo de reposição, sendo a quantia das amortizações acumuladas ajustada com base na proporcionalidade entre as quantias.

- Valor corrente de mercado, em que a quantia líquida do ativo é substituída pela quantia correspondente ao valor do mercado.

Classificação O excedente obtido é contabilizado no capital próprio.

Frequência da revisão do JV

Em cada período deve proceder-se ao novo cálculo do excedente e à diferença para a quantia assentada.

Classificação

Quando a diferença entre o excedente e a quantia assentada for materialmente relevante, se positiva, deve acrescer à anterior, se negativa, será diminuida ao excedente, desde que não o ultrapasse. Caso se verificque uma diminuição superior ao excedente anteriormente reconhecido, a diferença deve ser considerada como uma perda extraordinária do período.

Realização da reavaliação

O excedente só é considerado realizado pelo uso ou pela venda dos bens a que respeita, implicando a transferência corresponde à quantia realizada, para uma conta de «resultados transitados - regularizações de excedentes», podendo este montante ser utilizado para aumentos de capital, cobertura de prejuízos ou para outras aplicações.

Base valorização Procedimentos na primeira revalorização Reconhecimento Mensuração subsequente

31 A DC 16 refere ainda que, sempre que um item pertencente a um grupo de ativos de natureza e uso semelhante seja reavaliado, exige que todos os itens constituintes dessa classe sejam reavaliados e sujeitos a uma revisão sistemática.

A realização do excedente, quer seja total ou parcial, não poderá nunca afetar os resultados do período, pelo que DC 16 prescreve o procedimento de transferência para resultados transitados.

Após esta breve análise da DC 16, constatamos que os procedimentos introduzidos pela mesma, mostram-se muito próximos da atual normalização das revalorizações, integrante da NCRF 7 e da IAS 16, motivo pelo qual, os conceitos associados ao tratamento das revalorizações têm revelado estabilidade ao longo dos anos, independentemente das alterações normativas verificadas.