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Diretrizes da política estadual de recursos hídricos e os comitês de bacias

PARTE I – AS CONSTRUÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS

4.1. Diretrizes da política estadual de recursos hídricos e os comitês de bacias

Os comitês de bacias hidrográficas nacionais foram oficialmente criados pela federal de 1997. No Mato Grosso do Sul, os comitês foram instituídos a partir de 2002, e o Comitê de Bacia do Rio Miranda foi o primeiro comitê estadual, criando no ano de 2005. O CBH-Miranda consiste em um órgão colegiado de natureza consultiva, deliberativa e normativa, integrante do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (SEGRH).

154 Essas informações foram obtidas nos trabalhos de campo realizados durante a pesquisa. Adotou-se como

metodologia de identificação dos entrevistados conforme as suas representações na composição do Comitê: [A] Representantes do Poder Público, [B] Representantes dos Setores de Usuários dos Recursos Hídricos e [C] Sociedade Civil Organizada.

Nos termos da Lei Estadual, define-se a bacia hidrográfica como unidade físico- territorial de implantação da Política Estadual de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos. Cabe ao SEGRH promover a execução da Política Estadual dos Recursos Hídricos, formular, atualizar e aplicar o Plano Estadual dos Recursos Hídricos (MATO GROSSO DO SUL, 2002).

A Política Estadual dos Recursos Hídricos possui como integrantes do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos: Conselho Estadual dos Recursos Hídricos (CERH), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Cultura e Turismo e a Secretaria de Estado da Produção (SEMAC155), os Comitês das Bacias Hidrográficas e as Agências de Águas (MATO GROSSO DO SUL, 2002).

O Conselho Estadual dos Recursos Hídricos é órgão de instância superior do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (SEGRH). A SEMAC é um órgão do Estado que, além das atribuições legais, definidas pela Lei estadual, tem por função assegurar o suporte técnico e administrativo necessário ao funcionamento do SEGRH.

Os Comitês das Bacias Hidrográficas consistem em órgãos deliberativos e normativos. No âmbito das bacias hidrográficas, serão instituídos em rios de domínio do Estado, por meio de Resolução do CERH, mediante indicação das comunidades locais da respectiva bacia hidrográfica.

As Agências de Águas são órgãos de caráter operativo técnico-financeiro, a serem criados para exercer a função de Secretaria-Executiva, na mesma área de atuação dos respectivos comitês. A criação de tais órgãos deverá ser por solicitação dos comitês de bacias hidrográficas com autorização do Conselho Estadual de Recursos Hídricos. A viabilidade de criação e funcionamento das Agências de Águas no Estado deverá ser assegurada por recursos financeiros advindos da cobrança pelos usos dos recursos hídricos nas bacias hidrográficas formadas por rios de domínio estadual. A cobrança de usos dos recursos hídricos consiste em um dos instrumentos gerencial previstos na Lei No 2.406/2002, estabelecida pelos respectivos colegiados de bacias hidrográficas criados no Estado, e pela aprovação do CERH (MATO GROSSO DO SUL, 2002).

Na Política Estadual de Recursos Hídricos consta a competência dos órgãos comitês. As suas finalidades, atribuições e composição serão definidas por Regimente próprio que deverá passar por aprovação do CERH. Estes colegiados devem ser organizados e

155 Atualmente Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico. Disponível (SEMADE)

desenvolver suas atividades com base nos princípios de gestão descentralizada, integrada e participativa. A sua composição deve ser paritária entre Poder Público: incluindo as instâncias Federal, Estadual e Municipal, os Usuários dos recursos hídricos e a Sociedade Civil. Enfatiza-se, que inclui na representação do Poder Público Federal a Fundação Nacional do Índio (FUNAI156). Os comitês estaduais formados em bacias hidrográficas cujo território possui Terras Indígenas deverão, na sua composição, ter representações das suas comunidades indígenas residentes na bacia hidrográfica de jurisdição deste colegiado.

Em termos jurídico-institucionais, essas são as orientações gerais exigidas para formalizar a criação dos comitês de bacias hidrográficas sul-mato-grossenses, criados a partir de 2002 o qual inclui o CBH-Miranda.

A área de jurisdição destes órgãos no Estado consiste nas Unidades de Planejamento e Gerenciamento (UPGs). Essas unidades consistem no conjunto das unidades territoriais estaduais cuja divisão foi com base na Divisão Hidrográfica Nacional (BRASIL, 2003). Considerando estes critérios técnicos, a área territorial do estado de Mato Grosso do Sul foi dividida em 15 UPGs157 cujos nomes guardam correspondência com a toponímia de seu rio principal e apresentam um número de código representado pelo algarismo romano I e II conforme situadas, respectivamente, nas Regiões Hidrográficas do Paraná ou do Paraguai, seguida de algarismo arábico, de 1 a 9 ou de 1 a 6, conforme situadas em cada uma das Regiões correspondentes.

Concluindo, as UPGs compreendem a escala espacial de execução Plano Estadual de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, a escala local de atuação dos comitês das bacias hidrográficas criados no Estado (MATO GROSSO DO SUL, 2010). Na figura 4.1, apresentam-se o mapa das Unidades de Planejamento e Gerenciamento (UPGs) definidas pelo Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado de Mato Grosso do Sul (PERH-MS), elaborado no ano de 2010, destacando a área de jurisdição e de atuação do CBH-Miranda, compreendida como: II - 1.3 Unidade de Planejamento e Gerenciamento - UPG-Miranda.

156 Os recursos hídricos abrangidos por localidades demarcadas como Terras Indígenas são considerados de

domínio da União (BRASIL, 1998). 157

Nesse estudo participaram, além da equipe técnica de elaboração do PERHS, os consultores da ANA e a coordenação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia (SEMAC) (MATO GROSSO DO SUL, 2010).

Figura 4.1. Mapa de divisão das Unidades De Planejamento e Gerenciamento – UPGs (MS). Fonte: MATO GROSSO DO SUL (2010).

O processo de criação dos comitês de bacias hidrográficas estadual está relacionado a uma conjunção de fatos anteriores à intuição da Lei No 2.406/2002, bem como da lei federal de 1997, discutidas anteriormente, contudo torna-se necessário lembrar o aparato administrativo e operacional, criado a partir de 1979, visando executar as políticas de gestão ambiental do Estado de Grosso do Sul.

Entre tais instituições, foi criado o Instituto de Preservação Ambiental e Controle Ambiental de Mato Grosso do Sul (INAMB158) e, especificamente, como o gestor as atribuições foram conferidas à Secretaria Especial do Meio Ambiente. Posteriormente, foi criada a Fundação Estadual de Meio Ambiente Pantanal (FEMAP) (BROCH, 2000).

Em linhas gerais, nos últimos anos, os governos do Estado adotaram uma série de mudanças de caráter jurídico (leis, decretos e resoluções) e institucionais, criando diversas secretarias e órgãos para operacionalizar as políticas públicas estaduais. Em específico, sobre a gestão dos recursos hídricos, as mudanças são posicionadas entre o final da década 1990 e início de 2000. Em suma, o marco jurídico foi a instituição da Política Estadual de Recursos Hídricos de 2002 a qual cria o SEGRH, que define e orienta a formação de comitês de bacias hidrográficas no Estado.

No Mato Grosso do Sul, até presente, foram instalados três comitês de bacias hidrográficas. Entre eles, o comitê federal do rio Paranaíba, instalado em 2008. Esse Comitê é considerado como de Integração, formado por membros de comitês afluentes entre estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, e o Distrito Federal159. Na esfera estadual, o CBH- Miranda e o CBH-Ivinhema, ambos os comitês foram formalmente criados após aprovação do CERH e instituídos por resoluções estaduais160, figura 4.2.

158

O INAMB foi criado com o objetivo de coibir a caça ilegal e a pesca indiscriminada, foi promulgado pela Lei N° 218, de 06/05/79, e sua regulamentação pelo Decreto N° 1.005 de 05/05/81 (BROCH, 2000).

159 A bacia possui 197 municípios, destes, 28 sedes municipais se encontram fora dos limites da bacia. Disponível em: <http://www.cbhparanaiba.org.br/cbh-paranaiba/sobre-o-cbh-paranaiba> Acesso em: 22 maio 2014.

160CBH- Miranda foi oficialmente criado pela Resolução CERH/MS No 002 de 25/11/2005. E o CBH- Ivinhema