• Nenhum resultado encontrado

Diretrizes de um programa de prevenção social da cri minalidade

No documento Políticas Pública de Segurança Pública (páginas 59-61)

ESPAÇOS, MECANISMOS E INSTRUMENTOS PARA A PREVENÇÃO

Aula 2 Diretrizes de um programa de prevenção social da cri minalidade

Nessa aula, você verá uma breve apresentação das principais diretrizes assumidas por grande par- te dos programas de prevenção social da criminalidade. Antes disso, é importante compreender porque a  juventude é o público-alvo preferencial e como os programas de prevenção procuram intervir na formação

dos jovens.

2.1 – A juventude como alvo preferencial

Na maior parte dos casos de criminalidade violenta em nosso país, os jovens são as principais ví- timas e autores. Esse cenário exige políticas públicas de segurança ecazes que para além da repressão e punição dos autores, previna o envolvimento de inúmeros jovens em ações criminosas. Por esse motivo, a  juventude tem sido o público-alvo preferencial das políticas de prevenção social da criminalidade.

Grande parte desses jovens tem associação com o tráco de drogas e além desse crime, cometem atos de homicídio e roubos. Muitos pesquisadores procuram continuamente compreender a adesão de jo- vens às redes de criminalidade. Muitos são os fatores que incidem nessa adesão, como aqueles de natureza socioeconômica e outros chamados de “bens simbólicos”, como pertencer a um grupo, obter status, poder e prestígio. Zaluar (1994), por exemplo, aponta que a quadrilha do tráco de drogas atua como agência de socialização juvenil em inúmeras comunidades pobres no Brasil.

Socialização

É o modo como os indivíduos são inseridos em determinada cultura ou grupo social. Quando uma criança nasce, ela é socializada, ou seja, “ensinada”, a agir conforme as normas da sociedade em que se encontra inserida. O mesmo acontece, por exemplo, com um grupo de estudantes de medicina que será socializado nas normas especícas desse campo de conhecimento.

Em diversos contextos vulneráveis onde concentram suas atividades, essas redes de crime atuam como um modo de socialização dos jovens oferecendo-lhes ganhos materiais e simbólicos. A vida de inú- meras crianças e jovens moradores dessas comunidades é permeada pela experiência cotidiana da violência armada. A banalização e o aprendizado social  da violência levam muitos deles a se inserir na criminalidade

local como algo comum no contexto social em que vivem. Aprendizado social

É o aprendizado de modelos e padrões de condutas sociais adquiridos durante a socialização. Du- rante toda a sua vida, o indivíduo é socializado nos diferentes espaços e contextos sociais com os quais interage.

As políticas de prevenção social da criminalidade voltada para os jovens procuram oferecer-lhes novos aprendizados, distintos daqueles relacionados com o crime e a violência. Nesse sentido, várias alter- nativas são possíveis.

Geralmente, os programas de prevenção social da criminalidade voltados para jovens e adolescen- tes têm as seguintes características:

- A juventude é o público alvo, pelas razões apontadas acima;

- São de natureza primária e secundária, segundo os níveis de prevenção;

- Oferecem ocinas recreativas de esporte e arte ministradas por um ocineiro ou educador;

- Atuam na comunidade, geralmente bairros pobres das periferias urbanas com altas taxas de cri- minalidade violenta;

- São de caráter abrangente, ou seja, procuram minimizar, neutralizar ou remover múltiplos fatores de risco (SHERMAN et al., 1997; SILVEIRA, 2007).

Muitos projetos espalhados pelo país e liderados por ONG’s ou outras instituições da sociedade civil procuram atingir vários fatores de risco para o envolvimento de jovens e crianças com a criminalidade. Apesar disso, na maioria das vezes, não assumem explicitamente que as ações desenvolvidas por elas tam- bém são de segurança pública, no âmbito da prevenção social da criminalidade. Isso denota uma percepção comum de que a segurança pública se traduz apenas em ações policiais de contenção do crime.

Como se estudou na primeira aula, prevenção social do crime não é somente “caso de polícia” e também pode ser resultado de programas de outras áreas.

Muitos dos programas de prevenção social trabalham com a perspectiva de ocupação do tempo dos  jovens moradores de periferia, que segundo os que ministram os projetos, pode evitar sua adesão ao crime local. Mas para além da ocupação do tempo, grande parte deles, pretende por meio de atividades recreativas, repassar aprendizados e valores distintos daqueles relacionados com o crime e a violência, e que favoreçam a convivência civilizada em sociedade e a conduta segundo as normas sociais.

Assim, os programas de prevenção social do crime procuram, através das metodologias que em- pregam, constituir para esses jovens uma nova agência de socialização, a partir de aprendizados que sejam capazes de prevenir o envolvimento deles com os grupos criminosos.

- Atividades Recreativas. - Aprendizado Social.

- Prevenção do envolvimento de jovens com o crime.

2.3 – A operacionalização de um programa de prevenção social.

A operacionalização de um programa de prevenção social da criminalidade dependerá do público atendido, da delimitação dos objetivos, dos fatores de risco que a intervenção pretende atingir, etc. Tendo em vista os modelos de programas mais comuns, apresentados na sessão anterior, abaixo estão listados três importantes componentes para a prática de um programa/projeto de prevenção social da criminalidade:

O local da intervenção – as ações desenvolvidas na comunidade onde os participantes residem tendem a ser mais bem sucedidas do que as oferecidas em outros locais.

O componente emocional – traduzido principalmente na relação e intensidade de contatos entre os que ministram o projeto (ocineiros, técnicos) com os participantes. Quanto mais intensos e duradouros forem esses contatos, maiores as chances de identicação dos participantes com o quadro de referências (aprendizados) difundido pelo projeto.

O enfoque comportamental – o reforço em modelos de comportamento baseados em habilida- des cognitivas e pró-sociais como atitudes de respeito ao outro, trabalho em equipe, resolução pacíca de conitos, e ênfase negativa para comportamentos antissociais ou criminosos (AUSTRALIAN INSTITUTE OF CRIMINOLOGY, 2003; SHERMAN, 1997 apud TORISU, 2008).

Grande parte desses componentes tem sido identicada em pesquisas da área como imprescindí - veis para o sucesso de um programa de prevenção social nesses moldes. Acresce-se aos três componentes mencionados acima, o diagnóstico da comunidade, suas expressões culturais e padrão de criminalidade além de mobilização comunitária para alcançar apoio e adesão ao programa/projeto.

Aula 3 – Boas práticas de prevenção social do crime com foco na

No documento Políticas Pública de Segurança Pública (páginas 59-61)