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DIRETRIZES PARA USO DA FORMA DE ENTENDIMENTO

9 ANÁLISE COMPARATIVA COM PLANOS DE TRANSPORTE

9.2 DIRETRIZES PARA USO DA FORMA DE ENTENDIMENTO

Com o intuito de utilizar a forma de entendimento selecionada na análise de planos de transporte, são determinados nesta seção alguns aspectos a serem avaliados e os procedimentos necessários para essa avaliação. De maneira geral, pretende-se identificar (i) as finalidades abordadas, as pouco abordadas e as não abordadas; (ii) os atores focados; (iii) a coerência entre o discurso justificativo do plano e seus reais potenciais; e (iv) as conseqüências das abordagens dadas pelos planos.

Os procedimentos para realizar essa análise, são baseados em Arruda et al (2008). Esses autores aplicaram o método a seguir na regulação de infra-estrutura rodoviária e a intenção era determinar até mesmo os indicadores a serem utilizados. Acredita-se que a mesma lógica pode ser usada para analisar os planos apresentados no próximo capítulo. Não se chegará, entretanto, até a definição de indicadores, pois não é o foco desta dissertação.

Considera-se que os procedimentos são adequados já que foram feitos a partir da mesma fundamentação teórica da alternativa de entendimento do transporte adotada por esta

dissertação (a rede semântica de transporte), além do processo de planejamento proposto em MCidades (2006). Em síntese parte-se das intervenções propostas pelos planos e dos objetivos do plano aplicados de forma invertida à estrutura de planejamento existente em MCidades (2006) para se definir a que elemento de representação esses objetivos e intervenções estão relacionados. A figura 9.1 demonstra essa seqüência já adaptada.

Processamento 1: Planejamento Processamento 2: Rede Semântica imagem- objetivo Diagnóstico objetivos Diretrizes Estratégias Objetivos do plano Objeto problema Dados de entrada: Planos Ações ou interveções Elemento de representação

Figura 9.1 - Definição de elementos de representação (modificado - Arruda et al, 2008) Essa estrutura gera 12 etapas (14 na versão original devido à definição de indicadores), explicadas a seguir de acordo com modificações feitas na listagem de Arruda et al (2008).

Atividade 1: Identificação das ações/intervenções previstas nos planos

Nesta atividade é realizada a listagem de ações (obras, serviços, entre outras) determinada nos planos. Esta etapa é fundamental às outras seguintes, pois “uma falha na identificação é repercutida até o final do processo provocando uma seleção equivocada de indicadores” (Arruda et al, 2008).

Atividade 7: Identificação dos objetivos apresentados dos planos

A observação dos objetivos explícitos nos planos é necessária para que se possa comparar com o que de fato o plano possibilita (atividade anterior). Para isso buscam-se as citações a esses objetivos dentro dos documentos dos planos.

Atividades 2 e 8: Categorização das intervenções (2) e dos objetivos (8)

Os objetivos explicitados nos planos e as ações/intervenções identificadas nas atividades anteriores podem se referir ao mesmo tópico, ou até mesmo serem praticamente iguais. Para evitar a análise repetida, as ações/intervenções são agrupadas de acordo com a similaridade de sua descrição. Depois disso, são ainda mais agregadas de acordo com a

homogeneidade de seus efeitos. Todo esse procedimento deve ser feito também para os objetivos explicitados no plano. Segundo Arruda et al (2008), esse processo deve ser repetido até que se considere um número razoável (não muito grande) de categorias.

Atividades 3 e 9: Identificação dos problemas de cada categoria

Conforme entendimento em MCidades (2006), o problema é a “existência de uma diferença entre um estado atual e uma expectativa ou referencial acerca de um objeto”. Partindo da forma de entendimento de transporte adotada, a intenção desta atividade é identificar os problemas que ações e objetivos do plano pretendem resolver. Para Arruda et

al (2008), as ações deveriam ter um fundamento que as ligue “aos anseios mais finalísticos

dos transportes, pois é essa de fato a intenção por trás de cada intervenção ou ação”.

Atividades 4 e 10: Identificação dos objetivos relacionados aos problemas

Em MCidades (2006), citado na seção 4.5.1, a partir do conjunto de causas de cada problema são definidos os objetivos, ou resultados desejados a serem alcançados. Os objetivos podem ser entendidos como a negação da problemática (Matus apud MCidades, 2006). Afirma-se que o detalhamento dos objetivos deve corresponder à maturidade e conhecimento do grupo de atores. Essa atividade trata da identificação desses objetivos.

Com as devidas ressalvas, as atividades de número 3 e 4, relacionadas às ações/intervenções, e as de número 9 e 10, relacionadas aos objetivos explicitados nos planos de transporte, aproximam-se do que Molinero e Arellano (1998) chamam de objetivos do sistema de transporte. Para os autores, esses objetivos são divididos em objetivos intermediários (relativos ao conjunto de uma série de ações concretas) e objetivos dos projetos (relativos a planos de ações particulares).

Atividades 5 e 11: Identificação dos objetivos com os elementos

Seguindo Arruda et al (2008) com base em Silveira et al (2008), identificam-se aqueles elementos de representação (na acepção de Magalhães et al, 2007; em Ceftru, 2007a; e em Brasil, 2007), que são afetados por cada categoria de ação ou de objetivos dos planos.

Atividades 6 e 12: Seleção de elementos diretamente relacionados

Segundo Arruda et al (2008), as diversas relações entre ações (e objetivos do plano) com os elementos de representação da rede podem ser restringidas àquelas que são mais

diretamente ligados. Dessa forma, os elementos mais diretamente ligados são identificados. Para os autores, “isso é necessário, já que as relações indiretas recebem cada vez mais ‘contribuição’ de outros elementos não apresentados no esquema, tendo-se então, pouca capacidade de assumir compromisso com o resultado desses elementos mais indiretos”. Na figura 9.2 se apresenta a seqüência de etapas.

1 – Identificação das intervenções previstas nos planos

2 – Categorização das intervenções 3 – Identificação dos objetivos de cada categoria de intervenção 4 – Identificação dos problemas relacionados a esses objetivos 5 – Identificação dos problemas com os elementos de representação 6 – Seleção dos elementos relacionados diretamente

com a categoria de intervenção

7 – Identificação dos objetivos apresentados nos planos

8 – Categorização dos objetivos

9 – Identificação dos objetivos (da rede semântica) de cada categoria de objetivos 10 – Identificação dos problemas relacionados a

esses objetivos (da rede semântica) 11 – Identificação dos problemas com os elementos de representação 12 – Seleção dos elementos relacionados diretamente com a categoria dos objetivos

Figura 9.2 - Atividades para definição dos elementos (modificado - Arruda et al, 2008)