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DIRETRIZES PROJETUAIS

No documento Escola infantil de ensino Waldorf (páginas 85-102)

Através dos estudos de caso, dos dados levantados na interpretação da realidade e com base nos conceitos Waldorf, o que se propõem como diretriz projetual diz respeito ao espaço pensado para a criança, tanto para a sua escala, como para a psicologia infantil. A percepção infantil sobre o todo dá-se, através do olhar, do tocar, do sentir. Inseri-la em um ambiente escolar que proporcione arquitetonicamente essas sensações a possibilitará explorar e aprender de maneira independente e efetiva.

Para o projeto que será proposto no trabalho de conclusão de curso, prioriza-se um ambiente adequado para as crianças, que anteda suas necessidades e estimule seu desenvolvimento físico e intelectual. A composição das salas de aula deve ser no conceito “aprender em movimento”, em que os móveis não são fixos e podem ser mudados de lugar conforme a atividade a ser aplicada, a sala deve também remeter ao lar de cada criança, um espaço aconchegante que traga sensações de sua casa. Essas salas devem permitir diferentes experiências, corporais, afetivas, sociais e cognitivas, permitindo que a criança se expresse através das suas diferentes linguagens.

Os halls e corredores deverão ser pontos de encontro e convivência, e que, assim como áreas de serviço, refeitório e banheiro, deverão estimular a curiosidade e o desenvolvimento infantil.

A área externa é de extrema importância para um projeto nos preceitos Waldorf, do mesmo modo que nos estudos de caso, a qualidade do ambiente é tão importante quanto seu tamanho, a presença da natureza, a conexão interno/externo. Para a pegagodia, o trabalho manual é importante, então a relação com o externo deve permitir que a criança plante, brinque e trabalhe com os recursos oferecidos pela terra, para que assim tenham o conhecimento prático, consciência ambiental e evoque certas emoções.

Uma escola que traga igualdade a todas as crianças e que elas aprendam a respeitar o mundo em que vivem, pode alterar a trajetória de vida de muitas delas que nasceram privadas de oportunidades de crescimento.

5.1. Programa de Necessidades

O programa de necessidades foi dimensionado a partir dos estudos realizados nessa monografia, algumas premissas foram retiradas no conceito Waldorf, como as salas de atividades sem distinção de idades, fraldários e lactários em anexo às salas e berçários, e um amplo espaço de recreação externa. Abaixo a tabela que relaciona todos os ambientes programados e suas respectivas áreas.

Setor Ambiente Quantidade Área Individual

Mínima (m²) Área Total (m²) P e d a g ó g ico Berçário 1 60 60 Sala de atividades 6 60 360 Sala de marcenaria 1 40 40 Sala de música 1 40 40 Sala multiuso 1 40 40 Biblioteca 1 100 100 Fraldário 6 9 54 Lactário 1 12 12 Sala de Apoio 1 30 30 Sala de repouso 1 50 50 SUBTOTAL 786 A d m inistrat ivo Recepção 1 30 30 Secretaria 1 30 30 Direção 1 15 15 Sala de Professores 1 30 30

Sala de antendimento especial 1 15 15

Sala de reunião 1 30 30 SUBTOTAL 150 S e rvi ço

Sala de apoio Pedagógico 1 30 30

Sala de apoio Administração 1 20 20

Copa Administrativo 1 15 15

Despensa 1 10 10

Refeitório 1 120 120

Cozinha 1 30 30

Sanitário Fem. + Masc. + PNE 1 25 25

Almoxarifado 1 20 20

D.M.L. 1 15 15

26% 5% 12% 7% 50%

PROGRAMA DE NECESSIDADES

Pedagógico Administrativo Serviço Recreação Interna Área Externa

Copa Funcionários 1 15 15 Depósito de Lixo 1 8 8 Lavanderia 1 12 12 Sala técnica 1 8 8 SUBTOTAL 378 Recreação Interna 1 200 200 Á rea E xt e rna Horta e Jardim 1 150 150 Bosque 1 600 600 Parque infantil 1 150 150 Quadra esportiva 1 150 150 Bicicletário 15 vagas 11,5 11,5 Estacionamento 20 vagas 250 250 SUBTOTAL 1511,5 Total Geral 3025,5

Tabela 05: Programa de Necessidades. Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 59: Gráfico Programa de Necessidades. Fonte: Elaborado pela autora.

A figura 60 abaixo, mostra um estudo de plano de ocupação elaborado pela autora.

Figura 61: Plano de Ocupação. Fonte: Elaborado pela autora.

Abaixo, a figura 61, mostra o fluxograma elaborado a partir do organograma, programa de necessidades desta monografia e da planta base do programa federal Pró-infância.

6. PROPOSTA

No devido capítulo, apresento a proposta elaborada no trabalho de conclusão de curso 2. O projeto foi inicialmente planejado para atender a comunidade do bairro Ganchinho, em Curitiba, para isso a Escola Infantil de Ensino Waldorf seria pública, se encaixando nos programas de financiamento escolar do Governo Federal (Pró-infância). O terreno está inserido em uma esquina das principais ruas do bairro, desta maneira foi possível oferecer um largo para a comunidade, que também serve de acolhida para a escola, facilitando o acesso e permitindo interação escola- comunidade, um dos preceitos importantes para pedagogia.

O terreno tem fachada norte, que permitiu uma boa insolação nas salas de aula, assim como conforto térmico. A interação dos alunos com a natureza se deu a partir de uma parcela do Bosque Sambaqui que está inserida no terreno, desta maneira as crianças podem aproveitar os espaços livres para brincar e sentir-se livre. A implantação partiu do desenho e desníveis do terreno, sendo este com 5m de curvas de nível, então edificação situa-se no nível +4,00m e outra no nível +1,00.

A entrada da escola se dá pela edificação de nível +4,00, nela encontra-se a administração, o setor de serviços e de apoio para a comunidade. Estes setores são de fácil acesso a pais, servidores e em épocas festivas, pessoas do bairro. Através de uma rampa ou de escada nos platôs, é possível descer até o nível +1,00, onde se encontra o setor pedagógico. Neste setor, estão presentes as 5 salas de atividades e 1 berçário, onde a cada duas existe um fraldário/apoio. Conta ainda com 1 sala de música, 1 sala de marcenaria e 1 sala de repouso. No nível +1,00 a criança é livre para brincar e ocupar o espaço como um todo, porém quando for necessário controle maior, a professora pode utilizar o solarium disposto a cada sala.

A madeira foi escolhida pela proximidade com a natureza e a plástica. Com isso a estrutura é de Madeira Laminada Colada, com módulos de 10 x 10 metros, pilares de 0,25m x 0,25m e vigas de 0,25m x 0,40m. Esses pilares são fixados através de uma chapa metálica e parafusados. A MLC é feita de eucaliptos de reflorestamento, coladas por uma camada de poliuretano e resistente a umidade devido ao acabamento em Stain que é passado como um verniz.

A cobertura do nível +1,00 é um terraço jardim, onde é possível andar sobre ela. Para isso, o tipo de cobertura resistente e com baixa inclinação é a Sapisol. A mesma é de um fabricante Francês, Simonin. O telhado tem com a inclinação de 3%, exigido por norma e caibros de 0,25m x 0,40m, assim o que substitui a tradicional telha, é um painel sanduíche de lâminas de madeira com poliestireno, proporcionando alto desempenho térmico e suportando grandes vãos.

Para uma escola infantil, além do desempenho da edificação, disposição de ambientes, insolação funcionarem de maneira eficiente, outro ponto importante é o mobiliário. Com isso, os móveis que são de uso infantil obedecem uma altura confortável para o uso de crianças. As carteiras das salas de aula são substituídas com um banco comum nas escolas Waldorf, geralmente fabricados pelos próprios pais de alunos, e permitem que seja realizado vários tipos de atividades dentro das salas, até mesmo quando há necessidade da sala livre para atividades com mais movimento.

O projeto como um todo prioriza a criança em movimento e o bom desempenho dos ambientes, incentivando o contato da criança com a natureza e o aprendizado de maneira lúdica.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A referida pesquisa onde se analisou a criança em todos os seus aspectos, as pedagogias e métodos de ensino, a percepção do espaço e a influência da arquitetura nos processos de aprendizagem, proporcionou a facilidade no projeto arquitetônico de uma escola infantil de ensino Waldorf. Assim como as análises de espaço, do lugar em que o terreno está inserido e em que ele iria afetar a comunidade ao redor. Os diagnósticos de ambientes e plástica que permitiram a concepção das diretrizes e plano de ocupação partiram dos estudos de caso e visitas nas escolas existentes na cidade de Curitiba.

Os conceitos e dados obtidos na pesquisa de trabalho de conclusão de curso 1, foram utilizadas como estratégias e diretrizes projetuais no desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso 2. Sendo possível obter um trabalho de qualidade e motivando a novas pesquisas e melhorias no projeto arquitetônico. Alcançando também uma evolução como estudante e profissional.

8. REFERÊNCIAS

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9. ANEXO A

Figura 62: Exemplo de relação entre cor e ambiente. Fonte: ALVARES e KOWALTOWSKI, 2013.

Figura 63: Exemplo de atividades pedagógicas e espaços apropriados à elas. Fonte: ALVARES e KOWALTOWSKI, 2013.

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