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Tipologias Arquitetônicas

No documento Escola infantil de ensino Waldorf (páginas 34-43)

2.3 Arquitetura Escolar

2.3.3 Tipologias Arquitetônicas

As tipologias arquitetônicas escolares mais comuns contam com a planta tradicional, com salas enfileiradas dos dois lados de um corredor central ou uma versão mais simplificada voltada para um corredor lateral, porém a arquitetura escolar mostra uma grande variedade de partidos passíveis de serem adotados. Atualmente, várias escolas já implementaram a ideia de layouts diferenciados como auxílio no método de ensino (KOWALTOSKI, 2011).

Segundo Mayumi Watanabe os espaços devem criar elementos que possam ser repensados, pela própria imaginação ou realmente construídos pelas crianças. Ela defende também a experiência da destruição e reconstrução, onde os objetos devem oferecer-lhes materiais e elementos que permitam este acontecimento. Quanto mais o espaço possibilitar o contato, a percepção do material, do tempo e estimular a relação da criança com o mundo, mais educativo será. O projeto do espaço

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A relação harmoniosa com o entorno, garantindo conforto ambiental dos seus usuários (conforto térmico, visual, acústico, olfativo/qualidade do ar) e qualidade sanitária dos ambientes;

2 O emprego adequado de técnicas e de materiais de construção, valorizando as reservas regionais com enfoque na sustentabilidade;

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O planejamento do canteiro de obras e a programação de reparos e manutenção do ambiente construído para atenuar os efeitos da poluição (no período de construção ou reformas): redução do impacto ambiental; fluxos de produtos e serviços; consumo de energia; ruído; dejetos, etc.

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A adequação dos ambientes internos e externos (arranjo espacial, volumetria, materiais, cores e texturas) com as práticas pedagógicas, a cultura, o desenvolvimento infantil e a acessibilidade universal, envolvendo o conceito de ambientes inclusivos.

educativo para criança é, um projeto necessariamente inacabado, ou seja, o projeto se completa somente com e pela ação da criança, não significando falta de projeto, mas sim fazer com que a criança seja o elemento ativo de construção do espaço (BUITONI, 2009). A figura 10 abaixo, é um exemplo de intervenção dos alunos na sala de aula, a criança reconhe e se sente segura no espaço.

Figura 10: O uso do batente da porta como escala Fonte: BUITONI, 2009.

As salas de aula tradicionais, com carteiras enfileiradas pressupõe um ensino de mão única, em que o professor é o orador permanente e os alunos são plateia silenciosa, na maior parte do tempo. Desta maneira a relação professor e aluno e aluno e aluno se torna vaga. Quando se aplicam ideias de desconfigurar essa sala de aula, tirando as carteiras enfileiradas organiza-se um novo espaço em que as crianças podem se enxergar, pois é preferível que as crianças estajam sentadas no chão, lado a lado, partilhando emoções, descobertas e novidades do que sentadas em carteiras que as separam, a figura abaixo é um exemplo dessas salas de aula (BUITONI, 2009).

Figura 11: Organização de salas de aulas em fileiras. Fonte: BUITONI, 2009.

Um ambiente construído é capaz de exercer influência sobre o comportamento humano através da percepção. Percebê-lo é um processo ativo que envolve os sentidos: ver; cheirar, escutar, tocar, sentir. A arquitetura age através da percepção das formas, das cores, do sentir e cheirar, dos materiais e superfícies, dos sons nos espaços, do calor ou frio, o sentimento de segurança, territorialidade, privacidade, também, estão relacionadas à arquitetura (ALVARES; KOWALTOWSKI, 2013 apud KOWALTOWSKI, 2006).

A partir disso, o mobiliário por exemplo, deve ser muito mais do que ergonômico e confortável, pois é um dos elementos essenciais, onde o aluno fica sentado por horas, e deve ser projetado a partir da realidade da escola, das atividades pedagógicas, das características étnicas, culturais, sociais e antropométricas da região onde se situa a escola, pois o seu desenho deve estar em sintonia com os valores da sociedade e os princípios pedagógicos. Um bom ambiente escolar deve

possuir móveis que permitam que o aluno possa trabalhar confortavelmente (MUELLER, 2007).

Alvares e Kowaltowski (2013), com o objetivo de organizar as informações e relacionar o comportamento humano com o ambiente, produziram a tabela a seguir, que relaciona aspectos físicos, requisitos de projetos e suas respectivas referências:

OBJETIVOS RELACIONADOS À FORMA

Resumo Descrição Informação Bibliográfica Referências

Conforto Físico Identificar o nível de conforto físico necessário.

Importância do conforto ambiental e a produtividade no aprendizado. Evita o comportamento agressivo e a apatia.

ORNSTEIN et al, 1996; KOWALTOWSKI,

2001; Uma boa acústica tem forte influência sobre o

sucesso do aprendizado escolar, pois falar e ouvir são as principais atividades envolvidas na aprendizagem. Más condições para ouvir causam interpretações erradas da informação e a não compreensão do assunto. Consequentemente, reduz a capacidade de memorização e da assimilação da informação.

As condições acústicas devem ser ajustadas para evitar interferência entre atividades incompatíveis e falhas na comunicação verbal.

Conforto Físico Identificar o nível de conforto físico necessário. FISHER, 2005

Dar prioridade à luz natural aumenta o ritmo cardíaco, evita reflexos nas mesas, nos quadros negros e falhas na comunicação visual. Mistura de luzes e níveis corretos de iluminação aumentam o sentimento conforto e segurança.

DUDEK, 2007; GRAÇA et al., 2001; NAIR & FIELDING, 2005.

Conforto Físico Identificar o nível de conforto físico necessário.

Dar oportunidade para brincar em frente à escola. Requerimentos espaciais relacionados à função devem estar no nível ideal de performance para realizar as atividades desejadas saudavelmente. O senso de ordem é um importante sentimento que afeta positivamente o comportamento através do aprendizado. Assim, reserve espaço suficiente para depositar o material e equipamento do professor, produtos de limpeza e ferramentas. A escala e o tamanho dos espaços afetam a densidade, podendo conduzir a aglomeração e, consequentemente, a diminuição da interação social. Professores tendem a não dar atenção a certas áreas da classe. Ter consciência do ambiente aumenta a autonomia do estudante e o sentimento de segurança, por isso deve-se dar importância à percepção e a experimentação. Consciência de introduzir mudanças. Questionando o existente em favor de um novo layout. ORNSTEIN et al, 1996; KOWALTOWSKI, 2001; GRAÇA, 2008; VOORDT & WEGEN, 2005; CLARK & UZZELL, 2006; TRANCIK & EVANS, 1995; DAVID, 1975; .

A cor dever ser trabalhada junto com a arquitetura, pois ambientes onde existe harmonia entre formas e cores podem aumentar a sensação de bem estar e o desempenho.

WALDEN, 2008 Espaços percebidos como desagradáveis e feios por

causa da cor causam efeitos negativos na motivação e no desejo de aprender (desempenho), assim como, o bem estar. Por outro lado, uma adequada combinação de cores e formas podem despertar efeitos positivos. As cores nas escolas devem ser amigáveis e convidativas.

Para uma boa aplicação das cores é necessário levar em consideração a cultura e o clima.

NAIR, FIELDING E

LACKNEY, 2009 Relacionando cor, ambiente de aprendizagem e

comportamento humano

Ver anexo página 92.

Ambiente social e psicológico Identificar as atitudes do cliente com relação ao ambiente social e psicológico a ser providenciado.

A alta performance das escolas afeta o aprendizado positivamente. As funções do espaço são: segurança, abrigo, possibilidades de interação social, expressão do significado simbólico, prazer, promover o uso envolvente, dar sugestões através do comportamento adequado. BRUBAKER, 1998; DUDEK, 2000; DUDEK, 2007; SANOFF, 1994.

Explorar as relações do espaço e construir valores sociais e culturais da comunidade. Interações sociais melhoram o aprendizado.

TARALLI, 2004; MULLER, 2007 Pense os espaços de aprendizagem como sendo

facilitadores do aprendizado ou o terceiro professor. Isso promove sentimentos (psicológico) de conforto. Proporcione as crianças coisas que elas gostam no playground: árvores, fontes, espaços para esporte, areia, água, bancos, ciclovia, túnel, cavernas, estruturas para brincar, escorregador, etc.

DELIBERADOR, 2010. Ambiente social e psicológico Identificar as atitudes do cliente com relação ao ambiente social e psicológico a ser providenciado.

Diferentes atividades pedagógicas necessitam de espaços próprios, com ações pedagógicas e

premissas comportamentais específicas;

Ver anexo página 92.

FISHER, 2005

FATOS RELACIONADOS À FORMA

Entorno Analisar os materiais locais e o entorno imediato do local para análise de possíveis influências.

Questões ambientais em relação ao contexto urbano e rural. Respeitar e preservar as formas e elementos naturais. Humanização de elementos traz impactos para a manutenção e produtividade da escola, através do apego ao lugar.

HERSHBERGER, 1999

Evita-se o vandalismo através da escolha bons materiais que desperte o sentimento de qualidade e valores para os objetivos educacionais.

Eficiência do edifício ou do layout. Entender o efeito da eficiência do layout na qualidade da construção

Para cada atividade realizada em um espaço de aprendizagem é necessário que este apoie e

estimule os usuários.

Ver anexo página 93.

FISHER, 2005

Tabela 1: Tabela de requisitos de projeto. Fonte: ALVARES E KOWALTOWSKI, 2013.

A partir disso, percebe-se que os edifícios das escolas Waldorf possuem características próprias e os espaços físicos são projetados para suportar os processos de desenvolvimento humano que têm seu lugar dentro da escola e as funções educacionais. Isto parte do valor que Steiner dava à arquitetura, considerando que ela imprime valores implícitos sobre o homem e direciona futuros desenvolvimentos culturais (ALVARES, 2010).

Oliveira e Imai (2015), realizaram pesquisas em escolas Waldorf e delimitaram dez principais características arquitetônicas que aplicam a pedagogia Waldorf. São elas:

Estética e Beleza

Auxiliam diretamente o desenvolvimento emocional do estudante. Steiner defendia a arquitetura como arte total, pois abriga, integra e manifesta todas as artes em seus espaços. Portanto, a incorporação da arte é um aspecto importante na arquitetura das escolas Waldorf, que pode ser representada por elementos temporários, como desenhos de lousa e cantos de época, exposição de trabalhos dos alunos, ou incorporados, como pintura artística nas paredes, por exemplo.

Ritmo

De acordo com o pensamento Waldorf, a musicalidade atua no tempo e na vida sentimental do sujeito. Suas dualidades expressam ritmo e este é ainda resultado da forma aplicada ao tempo, podendo ser transferido para a arquitetura, em repetição de elementos arquitetônicos como, por exemplo, esquadrias desenhadas em determinada sequência, com variação ritmada das dimensões e formas.

Uso abundante e variado das

formas geométricas

A forma é um elemento importante e com ampla plicação na Pedagogia em questão, sendo uma de suas principais tarefas a serem exercitadas, seja pela observação, seja pela execução de movimentos. Os ambientes contam com variação formal dos planos de piso, paredes e teto, além das esquadrias com formatos geométricos fora do convencional. Pelo pensamento antroposófico, deveria haver mudanças progressivas nas formas geométricas das salas de aula, à medida que os alunos avançassem ao longo das séries escolares.

Atmosfera de Lar

Segundo Steiner, o ideal é a criança de 0 a 7 anos estar em casa, convivendo com a família, a natureza e os afazeres domésticos. Como as pré-escolas são uma necessidade do mundo moderno, seria imprescindível reproduzir essa atmosfera familiar de lar (caseira) em um ambiente simples, acolhedor, aconchegante e com todas as funções básicas da casa em um mesmo cômodo, separado do restante da escola, sob a direção da mesma orientadora por longo período.

Ambientes aconchegantes

para crianças

Percebe-se a presença do que se chamou de “cantos”, que são pequenos espaços aconchegantes dentro do ambiente maior, cada um destinado a uma atividade, como por exemplo o canto da casinha, o dos brinquedos e o do descanso, onde as crianças sentem-se protegidas e confortáveis para agirem e brincarem como quiserem.

Luz natural

Por meio de aberturas no teto e/ou de janelas altas –, ou por amplas aberturas em altura convencional, que deve ser filtrada e controlada, possibilitando a mudança da atmosfera do interior das salas, de acordo com a atividade a ser desenvolvida.

Cor

Na pedagogia Waldorf, para cada faixa etária e cada ano escolar, é recomendada uma cor diferente. Segundo este conceito, as cores devem mudar de acordo com o amadurecimento das crianças, principiando por cores quentes, entretanto, em tons pastéis, nas séries iniciais, chegando às cores frias, azuladas, nas finais. No entanto, cada professor tem a liberdade de modificar a cor de sua sala, conforme as características do grupo de alunos que a ocupa.

Os aspectos sensoriais no uso de material natural no ambiente

As escolas Waldorf defendem que a textura dos diferentes materiais naturais é mais rica do que a dos materiais artificiais, no sentido sensorial, tátil e visual. Trabalhada em conjunto com a cor e a luz natural, criaria um ambiente físico de aprendizagem seguro, aconchegante e que inspiraria o potencial criativo da criança. Esses materiais são usados do piso à estrutura aparente de telhado, de móveis a brinquedos.

Flexibilidade no uso dos

ambientes

A pedagogia em questão é dinâmica, por isso, exige ambientes flexíveis que admitam diversas disposições das carteiras, por vezes ao longo de um mesmo dia, de acordo com a atividade pedagógica a ser desenvolvida, a vivência social que se pretenda proporcionar e mesmo as características de cada turma.

Conexão com a natureza e

ambientes naturais

A natureza é outro elemento fundamental, cuja conexão seria de grande importância para o conforto psicoemocional dos alunos. Está presente nos ambientes externos, com chão de terra ou areia, vegetação abundante, árvores nas quais as crianças podem subir e sob as quais podem brincar. A conexão dentro das salas de aula ocorre através de janelas voltadas para áreas verdes, com peitoril adequado à escala da criança e pelo uso de vasos com plantas.

Quadro 2: Principais características arquitetônicas do método Waldorf. Fonte: OIIVEIRA e IMAI, 2015.

Baseado no conceito de comunidade, a arquitetura dessas escolas se molda dentro dessa ideia, expressando-a em suas formas. As classes são tipicamente agrupadas em pequenos conjuntos de acordo com os diferentes períodos de desenvolvimento da criança. Algumas escolas separam totalmente o Jardim de Infância da escola principal para que possa criar um mundo só para ele, protegido da influência das crianças mais velhas (ALVAREZ, 2010).

No documento Escola infantil de ensino Waldorf (páginas 34-43)

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