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Administração Pública e a ausência do debate sobre inovação

3. Disciplina em Inovação no setor público: técnica, didática e educacional

A concepção organizativa de disciplina “Inovação no Setor Público”, pensa o debate dos temas de forma semanal, bem como exercícios, que trazem sempre o tripé: a leitura dos textos referidos, debate em sala de aula e a praticidade para o ambiente público. Ou seja, a didática busca responder à necessidade da elaboração objetiva e subjetiva no que refere à formação de administradores públicos na concepção da inovação.

No desenvolvimento da disciplina, será cobrado semanalmente – de acordo com as referências – a boa leitura dos textos, que resulta em dú- vidas e no debate aprofundado sobre os conceitos e ideias apresentadas. Para tanto, a cada semana no mínimo três discentes – a depender da com- posição da sala – serão os responsáveis por lerem os textos e formularem perguntas que deverão ser respondidas pelos demais. As aulas são expo- sitivas, com o docente fazendo as correlações dos textos e dando luz à centralidade de como cada autor trata a inovação, seja para o setor privado ou público.

Com isso, a primeira avaliação, sobre o Módulo I – Capital e ino- vação, corresponde a capacidade individual do discente em restabelecer as correlações teóricas, por meio de prova dissertativa. O resultado dessa avaliação deve demonstrar a compreensão que cada discente tem sobre o conceito de inovação, consolidando a primeira etapa de requalificação subjetiva na sua formação. As aulas expositivas, com as referências do Mó- dulo II – Estado e inovação, prosseguem e são suspensas quando na data da prova dissertativa.

A segunda avaliação, compreende a vital importância dos exercícios práticos para a formação de administradores e gestores públicos, a discipli- na deve destinar tempo razoável para este fim. Além de conhecer e estudar os casos vencedores do Concurso Inovação no Setor Público, da ENAP, por meio do instrumento analítico elaborado pelos autores, os discentes serão responsáveis por reproduzirem esta análise para casos de sua escolha. Devem responder de que forma a política pública elegida por eles é inova- dora, de acordo com os referenciais estudados no Módulo II, com orien- tação do docente. Essa fase da disciplina será feita em grupos, procurando simular ambiente público e estabelecer a importância da resolução de pro-

R O S E N I P I N H E I R O ( O R G . ) blemas públicos em espaços coletivos e compostos por diferentes pessoas. Ao fim, deverão produzir Relatório de Análise de Caso de Inovação no Setor Público que deverá conter a correlação com o arcabouço teórico da disciplina, a análise do caso elegido e conclusão analítica do grupo quanto o caráter da inovação analisada.

Assim, buscando dispor melhor visualização da proposta de disciplina e otimização do espaço, foi elaborado O Quadro 01 “Programa da disciplina: Inovação no Setor Público”. O arranjo está posto por semana, pois dessa forma atende as necessidades dos cursos de graduação que organizam sua grade curricular em disciplinas que ocorrem uma ou duas vezes por sema- na. A discussão teórica está distribuída em onze semanas (incluindo a 1ª destinada para apresentação das disciplinas, mas também para introdução ao capitalismo); uma semana para realização de prova, baseada nas referências obrigatórias do Módulo I; duas semanas dedicadas para análise, discussão e elaboração dos relatórios e; duas semanas para o extraordinário. Dessa for- ma, são 16 semanas, 4 meses, para a disciplina “Inovação no setor público”, inclusive, compreendendo os imprevistos, percalços no âmbito acadêmico e/ou universitário e o tempo necessário para a recuperação dos discentes que não atingirem o mínimo necessário para sua aprovação, conforme a regulação da Instituição de Ensino, Superior.

QUADRO 02 – Programa da disciplina: Inovação no setor público

SEMANA CONTEÚDO BIBLIOGRAFIA MÓDULOS

01 Introdução à disciplina e ao capitalismo MARX, 1867 capítulos 10 e 23 I – Ca pit al e in ov ação 02 Abordagem crítica ao capitalismo MARX, 1867, 12 e 13 03

Progresso técnico em Marx e os conceitos de Estado-rede e sociedade-rede ROSENBERG, 1976, cap. 02 CASTELLS, 1999. 04 Capitalismo e inovação: ideias introdutórias e a administração da inovação SCHUMPETER, 1912, 1 e 2 SCHUMPETER, 1961, capítulo 7 e 12 05 Ampliação do conceito e pesquisa em inovação: o Manual de Oslo OECD, 1997, capítulo 1,2 e 3

06 Outro Estado é possível

MAZZUCATO, 2014, Introdução e capítulos 2, 3

07

Novos modelos de gestão pública: Estratégica, governança e aberto DAGNINO, 2016, capítulo 1 KISSLER, 2006 TCU, 2014 II – E st ad o e in ov ação -

08 Governança Digital no Brasil BRASIL, 2008; 2016

09 Primeira avaliação Prova Dissertativa

10 Introdução à inovação no setor público DAGNINO, 2016, capítulo 9 CAVALCANTE, 2017, capítulos 1 e 2 11 Inovação no setor público: do

debate teórico à prática

CAVALCANTE, 2017, capítulos 6, 9 e Conclusão 12 Inovação no setor público:

Casos premiados pela ENAP OLIVEIRA, 2014

13 Análise de caso Orientação em sala

14 Segunda avaliação Relatório de análise de caso 15

Extraordinário -

16

Fonte: Elaboração própria, 2018.

Conclusão

O Estado é ator ativo e passivo do processo de inovação no setor pri- vado, seja se beneficiando direta e indiretamente dos resultados obtidos ou financiando a empreitada das organizações privadas. Ao mesmo tempo, precisa compreender a importância em organizar espaços institucionais e construir diálogo com as organizações externas que formulam inovações para o âmbito público. Os problemas públicos aglutinados ao longo das décadas - econômicos, sociais e até políticos - não encontram resoluções dentro do conhecimento e prática já dispostos, é necessário designar novas combinações – para usarmos os termos do conceito de inovação. O que não significa automaticamente “inventar a roda”, mas ter a sensibilidade, o olhar empreendedor, para o que está posto e redigir um novo caminho resolutivo.

Para tanto, os futuros administradores públicos necessitam provir de ambiente formativo que compreenda essa importância e dedique esforços na construção desse seu caráter inovador, no campo objetivo, a prática de administrar a coisa pública com inovação, quanto no campo subjetivo, a capacidade cognitiva de enxergar de forma inovadora. Por isso, é notória a premência da disciplina “Inovação no Setor Público” como básica nos

R O S E N I P I N H E I R O ( O R G . ) cursos de graduação em Administração Pública, de acordo com a ideia da gestão de aprendizagem no contexto das transformações.

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