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4. Capítulo IV Apresentação, Análise e Discussão dos Resultados

4.1. Análise dos Discursos

4.1.1. Discurso I – Docente Portugal

1. Considera que a prática de Correspondência Escolar é fator de desenvolvimento de aprendizagem?

Claro que sim. A prática de correspondência escolar, para além de promover o contacto com outras realidades e culturas, também promove a partilha de aprendizagens e saberes, o que enriquece ainda mais o processo de aprendizagem de cada uma das crianças envolvidas. Depois, o facto de as crianças terem de contactar com uma realidade que já vai sendo menos utilizada nos dias de hoje, como a escrita de uma carta, como se deve escrever o texto, como enviamos a carta, qual o processo pela qual passa até chegar ao destinatário, são alguns exemplos de conceitos que considero que só se assimilam quando são experienciados.

2. Que potencialidades identifica para o desenvolvimento de aprendizagens colaborativas com as crianças?

A correspondência é uma forma de partilhar aprendizagens, saberes e experiências entres dois grupos e penso que, só por aí, é uma atividade que promove bastante a aprendizagem através da interação e da colaboração. Para além disso, dentro do próprio grupo, em sala, tem de existir uma dinâmica de organização desta atividade que promove situações de cooperação entre as crianças do grupo. Por exemplo, nem todos podem ilustrar a mesma carta e, posto isto, outras crianças ficam responsáveis pela escrita e ilustração no envelope ou outras tarefas que sejam necessárias. Nestes pequenos grupos, com o apoio do educador, as crianças pensam em grupo como vão realizar essa tarefa e executam-na, dando espaço umas as outras para as suas propostas. No final, temos um resultado (a carta) que envolveu o trabalho de todos, e isto dá muito sentido ao que é o trabalho em cooperação.

3. Quais as maiores dificuldades sentidas pelas crianças no processo de Correspondência Escolar?

Julgo que é começar. No início, este conceito de enviar uma carta a alguém ainda é muito vago. Só depois de se concretizar é que as crianças começam a ter uma ideia mais concreta deste processo. Neste sentido, inicialmente, sentem alguma dificuldade em pensar o que devem escrever na carta.

4. Quais as limitações que identifica na realização desta dinâmica?

O tempo de resposta, ou seja, o tempo entre cartas. Apesar de não considerar uma limitação, penso que na correspondência é importante que os intervenientes vão dando resposta às cartas enviadas e para isso tem de haver, previamente, um compromisso entre os adultos responsáveis pelos grupos.

5. Que importância assume a educadora ao longo de todo o processo de Correspondência Escolar?

Inicialmente a educadora tem de tomar uma postura mais interveniente neste processo. Tem de dar a conhecer às crianças, de uma forma lúdica e contextualizada, noções do que é uma carta, para que serve, como se deve escrever, tendo sempre em consideração aquilo que as crianças já sabem sobre o assunto.

À medida que o processo vai decorrendo e as crianças ficam cada vez mais autónomas neste processo, o educador deve adotar uma postura o menos interveniente possível, mas garantindo o apoio preciso em todas as fases. Só assim é que o processo vai ser vivido pelas crianças de uma forma mais significativa.

Quadro 1 Evidências - Discurso I (E1)

Questões Evidências

1. Considera que a prática de Correspondência Escolar é fator de desenvolvimento de aprendizagem?

“sim”; “promove o contacto com outras realidades e culturas”; “promove a partilha de aprendizagens e saberes”; “contactar com uma realidade que já vai sendo menos utilizada”; “a escrita de uma carta, como se deve escrever o texto, como enviamos a carta, qual o processo pela qual passa até chegar ao destinatário”. 2. Que potencialidades identifica

para o desenvolvimento de aprendizagens significativas com as crianças?

“partilhar aprendizagens, saberes e experiências através da interação e da colaboração”; “promove situações de cooperação entre as crianças do grupo”; “temos um resultado (a carta) que envolveu o trabalho de todos”; “trabalho em cooperação”.

3. Quais as maiores dificuldades sentidas pelas crianças no processo de Correspondência Escolar?

“é começar”; “início (…) conceito vago”; “alguma dificuldade em pensar o que devem escrever na carta”.

4. Quais as limitações que identifica na realização desta dinâmica?

“o tempo de resposta”; “o tempo entre cartas”; “apesar de não considerar limitação”; “é importante que os intervenientes vão dando resposta às cartas enviadas”; “tem de haver (…) um compromisso entre os adultos responsáveis pelos grupos”.

5. Que importância assume a educadora ao longo de todo o processo de Correspondência Escolar?

“inicialmente (…) uma postura mais interveniente”; “tem de dar a conhecer às crianças (…) noções do que é uma carta, para que serve, como se deve escrever”; “à medida que o processo vai decorrendo (…) deve adotar uma postura menos interveniente possível, mas garantindo o apoio preciso em todas as fases”.

Análise

A educadora titular de Portugal considera que a prática de correspondência escolar constitui um importante fator de aprendizagem para as crianças em idade Pré-Escolar. Refere que a dinâmica da correspondência escolar apresenta diversas potencialidades para o desenvolvimento de aprendizagens significativas por parte das crianças, pois, de acordo com a entrevistada, esta prática promove o contacto com outras culturas e realidades, assim como a partilha de aprendizagens e saberes.

A correspondência permite ainda o contacto com uma forma de comunicação que tem vindo a ser menos utilizada: o envio de cartas. Desta forma, a correspondência apresenta potencialidades no que se refere às funcionalidades da escrita, uma vez que permite compreender e explorar o texto no contexto de carta, e ainda o seu processo de envio e de chegada ao destinatário. Segundo a educadora, a correspondência escolar apresenta também

como potencialidades, no que respeita às aprendizagens das crianças, a interação e colaboração entre os correspondentes, promovendo ainda situações de cooperação entre as crianças de cada grupo.

Relativamente às maiores dificuldades sentidas pelas crianças no processo de correspondência escolar, estas relacionam-se com o início da implementação da dinâmica: as crianças apresentam alguma dificuldade em pensar o que devem escrever numa carta.

No que concerne às limitações da correspondência escolar, a educadora não considera existirem limitações, no entanto refere que o tempo de resposta entre cartas deve ser estruturado e pensado, estabelecendo-se para isso, entre os adultos responsáveis pelo grupo, um compromisso de escrita e envio.

No que respeita à importância da educadora ao longo do processo de correspondência, esta deve inicialmente adotar uma postura mais interveniente, apoiando as crianças na concretização das cartas. Deve trabalhar com o seu grupo as principais características de uma carta.

Ao longo do processo, a educadora deve optar progressivamente por uma postura cada vez menos interveniente e mais mediadora, garantido o apoio às crianças sempre que necessário.