CAPÍTULO V – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
5.3. Discussão dos dados
Este ponto pretende fazer uma síntese dos aspetos mais significativos obtidos na
análise dos dados, dar resposta à pergunta de partida, verificar os objetivos – gerais e
específicos traçados no início deste estudo.
Iniciou-se por caracterizar os sujeitos, salientando que em relação à idade se
verifica que a maioria dos pais (gráfico 15) se situa no intervalo etário dos 30 aos 39
anos. Relacionado com o grau de parentesco (gráfico 16) a maioria dos inquéritos
devolvidos foram preenchidos pelas mães das crianças, podendo, talvez, concluir-se o
porquê ou a razão pela qual as mães, regra geral, são as encarregadas de educação, não
só pelo facto de desempenharem o primeiro pilar na educação dos filhos, mas também
pelo facto das tendências atuais da nossa população irem no sentido de o nível de
habilitações literárias das mulheres ser cada vez maior em relação ao dos homens,
assegurando assim, no seio do lar, um melhor acompanhamento do processo educativo
dos filhos.
A maioria dos familiares apresenta como nível de escolaridade (gráfico 17) o
ensino básico – 2º ciclo, sendo de referir a percentagem significativa dos que possuem
habilitações escolares ao nível do ensino secundário. A maioria dos pais desenvolve a
sua atividade profissional no comércio e serviços.
85
Tendo por foco o grupo dos professores e a idade dos mesmos (gráfico 2)
conclui-se que a maioria possui entre os 30 e os 39 anos (situação idêntica à dos pais),
sendo a grande maioria do sexo feminino (gráfico 1). A grande maioria encontra-se na
docência entre 5 e os 15 anos (gráfico 3). Do total de professores inquiridos a maior
percentagem indica possuir o curso de professor da escola superior de educação, o que
indica a quase inexistência de informação sobre a Educação Especial, na formação
inicial, uma vez que esta só foi equacionada a nível curricular recentemente.
Neste estudo verificou-se que relativamente à opinião dos professores sobre a
inclusão de crianças com NEE nas turmas do “ensino regular” (gráfico 5), a grande
maioria não coloca condicionantes. Relativamente a estes (quadro 8) verifica-se uma
convergência de opiniões denominadas de “aspetos psicológicos, sociais e afetivos”,
uma razão que pode, para alguns, centralizar-se na criança com NEE, como por
exemplo:
-
“(...) permitir a plena integração e inclusão social”.
-
“(...) benéfico para o seu desenvolvimento”.
ou na sociedade/grupo como:
-
“(...) para que as outras crianças apreendam a respeitar as suas diferenças”.
-
“(…) facilitadoras da aprendizagem”.
Nas respostas dos professores que colocam algumas reservas (gráfico 6)
verificou-se que referem algumas vantagens relacionadas com a socialização, no
processo de inclusão escolar, denotadas em frases como:
- “ conviver com o resto da população”
- “ estar com outras crianças ditas “normais”
- “ ambiente socializador”
Estas são acompanhadas de restrições várias, sendo a sua maioria da ordem da
“formação insuficiente e do número elevado de alunos por turma e pouca
disponibilidade que o professor possui para os acompanhar (falta de recursos
humanos/apoios técnicos) ”. Preocupação que converge com o defendido por vários
autores como Correia (2013), ou seja, a necessidade de trabalhar em equipa e a
existência de um trabalho interdisciplinar.
86
Outra condicionante é a natureza do diagnóstico, um fator que poderá ter ligação
com a representação social que se faz das NEE, bem como da própria criança com NEE,
com o mais visível, o mais difícil de apreciar, tornando-se, muitas vezes, um elemento
fundamental, no que diz respeito à inclusão. Esta justificação está diretamente
relacionada com a pouca formação que alguns professores dizem ter no que diz respeito
à Educação Especial, concluindo-se que se torna imprescindível que o professor do
“ensino regular” construa uma boa (in)formação referente à Educação Especial, de
modo a mudar atitudes e práticas.
Em relação à importância dos fatores da vida que podem influenciar o sucesso
(quadro 6), a grande maioria dos professores referem que é benéfico um aumento e
melhoria dos recursos humanos, de forma a possibilitar um apoio individualizado e a
existência de uma boa relação entre a família e a escola, permitindo a obtenção de um
bom ambiente familiar e escolar. Conclui-se que a interação deve assumir várias
funções: demonstração de amizade, preocupação com problemas de comportamento,
contatos com entidades profissionais, envolvimento dos pais na educação dos filhos,
aquisição de informação sobre o ambiente em casa.
A necessidade em adotar métodos/estratégias diversificadas e adequadas às
capacidades da criança com NEE é também considerado como fator de sucesso, ideia
que vai de encontro ao consignado no Decreto-lei n.º 319/91 (Anexo VIII).
Tendo em conta o sucesso e continuando na análise das opiniões dos pais (gráfico
19) torna-se interessante o modo extremamente positivo como os pais equacionam a sua
colaboração tendo em vista o sucesso do seu educando. É uma ação centrada, sobretudo,
na preocupação de estabelecer um horário específico para a realização dos trabalhos
escolares e, consequentemente, definir e supervisionar horas de descanso, televisão e
jogos, verificar o estado do material escolar e, ainda, proporcionar um bom ambiente de
estudo.
No entanto, conclui-se que os pais privilegiam as ajudas que possam prestar em
casa, ao seu educando, uma vertente da relação entre a família e a escola que é
tendencialmente privilegiada pelos pais e na maioria das vezes a mais aceite pelos
professores.
Ao tentar detetar que fatores consideram, pais e professores, como fundamentais
na implementação e manutenção da relação, conclui-se que tanto os pais (gráfico 20)
87
como os professores (quadro 9) concordam quando maioritariamente defendem
“colaboração/comunicação/participação ativa”.
Independentemente de uma ou outra realidade pode-se concluir que os pais e os
professores estão de acordo quando referem a necessidade de se criarem condições para
um bom ambiente estável e duradouro, e efetiva participação no processo de
aprendizagem e na circulação de informação, tal qual como manifestam Davis, Marques
e Silva (1997).
Outro aspeto revelante no presente estudo é que a totalidade dos pais inquiridos
não participar em Associações de Pais nas escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico (gráfico
21). Uma realidade explícita no Decreto-lei nº 172/91, de 10 de Maio (Anexo V), na
qual se diz que cabe ao diretor da escola do 1º Ciclo do Ensino Básico criar uma
Associação de Pais, decorrendo desta, a eleição de elementos que têm poder de voto
deliberativo em todos os órgãos do respetivo estabelecimento de ensino.
É também de referir a ideia defendida por vários autores, já anteriormente
referenciados, de que os pais privilegiam a participação individual em detrimento de
uma movimentação e colaboração coletiva, no que diz respeito à escola em geral e, em
particular, no referente ao 1º Ciclo do Ensino Básico. No entanto, pelos dados
apresentados, verifica-se que é significativa a iniciativa dos pais (gráfico 22) na
implementação e manutenção da relação com a escola. Facto que vai de encontro à ideia
de que cabe, sobretudo à família, a iniciativa de estabelecer contactos com a escola
(Benavente, 1990).
No entanto, a questão que se coloca é determinar se à escola caberá o dever de
acionar práticas e estratégias motivadoras de forma a transformar este “poder de
iniciativa” numa realidade abarcadora de um maior número de pais. Esta questão torna-
se essencial para que não se verifique uma inversão desta tendência, uma mais-valia que
contraria os resultados apresentados por Davies (1989), onde os professores imputavam
aos pais pouco interesse pela educação dos seus filhos em manter relação com a escola.
No que diz respeito à diferença de atitudes existente entre os pais de crianças com
NEE e os outros pais (gráfico 7) a maioria dos professores dizem existirem diferenças
de atitudes. Tais diferenças (quadro 10) decorrem, principalmente, da existência de
dificuldades na relação dos pais com os educandos e, por conseguinte, da culpabilização
do professor. Esta situação pode ser encarada como uma consequência dos pais de
crianças com NEE denotarem características de uma desorganização emocional,
88
nomeadamente, sentimentos de culpa, frustração, raiva, tristeza/mágoa e menor domínio
(Correia, 2013).
Segundo os dados apresentados, o início do ano é o momento privilegiado pelos
professores (gráfico 8) e pelos pais (gráfico 24) para se estabelecer a relação. Pode-se
ainda concluir a existência de pouca continuidade da relação entre a escola e a família,
facto visível nas respostas dos professores. Observa-se, ainda, que a relação existe um
pouco à margem do processo educativo (inicio e final do ano), o qual pode,
pontualmente, ser acionado caso “existam problemas” (sobretudo se a “fonte” de
problemas for a própria criança) e quando a dinâmica educativa, formalmente, a isso
obriga (avaliação, convocatória efetuada pelo professor ou por outros profissionais).
Numa grande maioria, os professores que dizem manter uma relação com outros
grupos de pais devido a características específicas (gráfico 9). Contacto que deriva,
sobretudo, tendo em conta a opinião da maioria dos professores, (quadro 11) dos
comportamentos manifestados pelas crianças, tal qual é manifestado por algumas
respostas, como por exemplo:
-“(…) problemas de comportamento, falta de atenção, dificuldades de
aprendizagem”
-“(…) comportamento do aluno, indisciplina, agressividade, conflituosos”.
Estas respostas objetivam uma preocupação causal que, enquanto processo
motivador e dialético, podem estabelecer o início de uma colaboração para resolver
problemas.
Poucos são os professores que registam o interesse de pretender estabelecer uma
relação com os pais. Esta realidade denota a pouca importância que os professores dão
aos pais de crianças com NEE enquanto parceiros, legalmente legitimados, e
interventores ativos na construção de todo o processo curricular.
Quanto às estratégias utilizadas pelos pais (gráfico 25) e pelos professores
(gráfico 10) decorre que os professores utilizam um leque de estratégias mais variado.
No entanto, a maioria, tanto de pais como de professores, privilegiam as estratégias que
se denominam de mais formais e cuja característica principal é serem facilmente
situadas temporalmente e decorrerem de relativa pontualidade (momento de entrada das
crianças pela primeira vez na escola, momentos das avaliações formais e obrigatórias,
entre outras)
Contrariando a importância que é dada atualmente ao trabalho interdisciplinar,
este continua a não denotar grande representatividade, sobretudo no grupo dos
89
professores e tendo em conta a referência que os mesmos fazem às reuniões com outros
profissionais. Pode-se concluir que o trabalho em equipa, enquanto estratégia na
implementação e manutenção da relação entre a família e a escola, não é valorizado.
Constata-se a pouca importância que os pais, em oposição aos professores, dão
aos momentos informais. Estratégia que poderia inferir alguma continuidade e
frequência à relação. Este pressuposto é, de algum modo, assegurado pelo privilégio que
os professores conferem à utilização das notas escritas. Uma estratégia que apresenta
como característica negativa o facto de ser um instrumento de comunicação indireta e,
na maioria das vezes, impessoal.
O nível de colaboração que se observa entre os professores e os pais (gráfico
11), é na sua grande maioria ao nível da ajuda nos trabalhos de casa, organização de
festas e de visitas de estudo, participação em reuniões e a participação no PE e PEI,
embora também deem importância às vivências sentidas pelos pais na deteção e
diagnóstico de situações patológicas, assim como, na partilha de experiências
vivenciadas com os filhos. Por sua vez, na opinião dos pais (gráfico 26), a sua
colaboração centra-se na criança, de forma a participar, partilhar e testemunhar as suas
experiências enquanto pai de uma criança com NEE, de modo a ajudá-los a si próprios e
à criança a detetar e diagnosticar a patologia. Tendo em conta os dados, verifica-se uma
convergência entre a opinião de professores e pais quando se trata dos seguintes
assuntos:
-“(…) deteção e diagnóstico de situações patológicas”
- “(…) partilha de experiências vivenciadas com os filhos”
Tendo em conta a informação que é fornecida pelo professor aos pais verifica-se
que existe convergência entre o que é dito pelos professores como informações
transmitidas (gráfico 12) e o que é referenciado pelos pais como mensagens recebidas
(gráfico 27). Os professores referem na sua maioria que emitem informação tendo em
conta as orientações para a ajuda dos trabalhos de casa, atitudes do seu educando em
relação a outras crianças e atitudes do seu educando em relação ao professor.
Em relação às informações fornecidas pelos pais aos professores, tendo em conta
o que é dito pelos pais (gráfico 28) e referido pelos professores (gráfico 13) observa-se
uma partilha mútua de opiniões. O tipo de informação que aparece como
maioritariamente assinalada é o referente às atitudes da criança em casa. É de salientar o
facto de serem os pais que aparecem como “elo de ligação entre os vários técnicos e os
professores”.
90
As situações que os pais manifestam como podendo ajudarem os professores
(quadro 14) referem-se sobretudo à melhor maneira de lidar com o seu educando. Os
professores em sua opinião referem que podem ajudar os pais (quadro 12), sobretudo na
orientação e informação do seu aproveitamento escolar e também na demonstração de
ansiedades e medos em relação ao sucesso/insucesso escolar das crianças, sempre em
consonância com a necessidade especial educativa do educando.
Outra questão que se coloca é: como equacionam os professores os “medos” e a
ansiedade que os pais revelam em relação ao processo de inclusão escolar. Este tipo de
situação encontra-se, de alguma forma, objetivada quando se analisam os dados
referentes aos assuntos que os pais mais gostariam de abordar com os professores
(quadro 15) verificando-se que a maioria dos pais gostava de falar com o professor
sobre aspetos relacionados com a patologia da criança e o processo de inclusão.
Em relação aos assuntos que os professores gostavam de abordar com os pais
(quadro 13) a maioria refere a “necessidade da existência de apoio especializado” e o
processo de inclusão da criança na escola, assim como, também manifestam a intenção
de situar a criança no contexto envolvente, uma vez que alguns professores revelam
interesse em falar sobre a “importância da dinâmica familiar”, tal qual se denota em
respostas como:
-“(…) o papel fulcral da família no processo de aprendizagem”
- “(…) a colaboração entre a família e o professor”
- “(…) aspetos relacionados com a proteção familiar excessiva”
- “(…) comportamentos da criança na escola e em casa”
Esta questão já foi anteriormente equacionada como positiva, na medida em que
ao tentar conhecer o meio familiar, o professor tenta encontrar a motivação necessária
de modo a implicar-se mais facilmente. Nesta perspetiva, tende a encarar a dinâmica
familiar mais como ela é na realidade do que como desejava que ela fosse podendo,
assim, selecionar melhor a informação, bem como, escolher estratégias mais adequadas
à implementação e manutenção de uma relação mais efetiva e positiva.
Face aos dados apresentados e em resposta à nossa pergunta de partida: - Em que
situações as famílias de crianças com NEE colaboram com a escola? - podemos dizer,
pela análise da questão 8 – Normalmente para que tipo de atividades/tarefas o professor
o/a solicita? – que estes vão à escola, sobretudo, para partilhar experiências vivenciadas
com os filhos, assim como, para participar na deteção e diagnóstico de situações
91
patológicas. Tendo obtido a primeira 62,5% de respostas (N=10) e a segunda 56,3% de
respostas (N=9).
Ao nível dos objetivos podemos dizer que foram atingidos na sua totalidade,
considerando que se regista um desenvolvimento parental cada vez mais significativo
(embora nenhum pai faça parte da associação de pais) quer os professores, quer os pais
entendem a colaboração entre ambos como fundamental para o sucesso do processo
educativo, como podemos verificar pela análise do quadro 9 – professores e do gráfico
20 – pais. Considerando os docentes, como fatores fundamentais para uma boa relação,
a colaboração/participação ativa (50%), a frequência de contatos (44%), assim como, a
relação professor/família (33,3%) entre outras.
Pela análise da questão 1 do questionário aos pais gráfico 19 – verificamos que a
maior parte dos inquiridos (75% - N=12) indica acompanhar o filho na realização dos
trabalhos escolares; 68,8% indicam supervisionar e definir horas de descanso e lazer;
50% apontam verificar o estado do material escolar. Face ao envolvimento verificado
por parte dos pais, a nossa H1. Verifica-se a existência de colaboração foi confirmada.
É de ressaltar a ida dos pais à escola pois, como se verifica pela resposta à
questão 4 – Poder de iniciativa dos pais 95% (N=15) diz ir à escola por iniciativa
própria e 5% (N=1) diz ir à escola apenas quando é solicitado. Estes dados permitem-
nos confirmar a H2. Estes pais deslocam-se mais vezes à escola por iniciativa própria,
sem necessidade de serem solicitados.
Este facto vem contrariar o que normalmente acontece, pois os pais quase não
vão à escola sem serem solicitados. Mas, estamos perante pais de alunos com NEE que
exigem deles mais proximidade e dedicação. Esta justificação foi-nos dada
informalmente por mais do que um pai.
Em relação à valorização dos pais na escola, verificamos que a totalidade dos
professores inquiridos 100% (N=16) a considera importante (questão 11- Inquérito do
professor).
Como situações que privilegiam essa ajuda assinalamos como as mais
respondidas as orientações e informação do seu aproveitamento escolar e o apoio a dar
deve estar de acordo com cada caso específico de NEE, ambas as opções tem 30%
(N=3). Tal é corroborado pelo facto de tanto os pais, como os professores considerarem
que um dos fatores indispensáveis à existência de uma boa relação família/escola é a
ocorrência de uma colaboração, comunicação e participação ativa (questão 3 – Inquérito
92
do professor; questão 2 – Inquérito dos pais). Assim, a nossa H3. Os professores
93
CONCLUSÃO
A abordagem da relação família-escola levou a concluir que a escola é uma
organização que, cada vez mais, apela à participação e envolvimento dos pais na vida da
organização.
Segundo os pressupostos da Lei n.º 46/86 (AnexoI) a escola já não é um mundo
fechado em si mesma desconhecida dos seus atores, proporcionando assim, uma
participação ativa de todos os intervenientes. No entanto, a participação das famílias é
percecionada de forma diferente, segundo as realidades e caraterísticas de cada família.
Vários autores, através dos estudos realizados, verificaram que uma boa relação
entre a família e a escola é muito benéfica para o desenvolvimento e para o sucesso
educativo dos alunos (Davies, 1989; Marques, 2001a, 1994; Villas-Boas, 2001; Chora,
Costa, Brito & Marques, 1997 cit. por Davies, Marques & Silva, 1997; Diogo, 1998).
Assim sendo, será importante que este tipo de relações entre a família e a escola, sejam
cada vez mais estimuladas, uma vez que exercem efeitos positivos no rendimento e
aproveitamento escolar dos alunos.
Hoje em dia, a relação família-escola é evidente, servindo de indicador de como
os pais se envolvem cada vez mais ativamente na escolarização dos filhos e lhe
atribuem maior importância. Talvez se deva à consciencialização dos pais da
importância que a escola tem na preparação do futuro dos seus filhos.
Ao longo dos tempos, no âmbito da escola transmissiva, a participação dos pais
não fazia sentido dentro da esfera educativa. Com a reforma do Sistema educativo surge
a conceção de escola construtiva, dando-se importância à família e ao meio circundante.
A escola procura estabelecer interações com toda a comunidade educativa para atingir
os seus objetivos quando presta os seus serviços.
Se a maior parte das escolas ainda preconiza a burocracia, os intervenientes
ainda terão muito a fazer para criar a sua própria autonomia na consecução dos seus
projetos, para confinar a escola às exigências dos vários normativos que preconizam a
intervenção dos pais nos órgãos de decisão.
Certamente se poderá verificar que a escola é uma organização cada vez mais
aberta à comunidade envolvente, uma vez que apela à participação ativa de todos os
intervenientes no processo educativo. O espaço de interação da escola possibilita a
94
maior participação na gestão e nas tomadas de decisões procurando atingir uma maior
autonomia da escola.
Com o intuito de verificar, na realidade, como se efetiva a participação dos pais
na vida escolar, procedeu-se à realização de um questionário aos professores e aos
encarregados de educação de alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico.
Em resposta à nossa pergunta de partida - Em que situações as famílias de
crianças com NEE colaboram com a escola? – Verificámos que estes vão à escola,
sobretudo, para partilhar experiências vivenciadas com os filhos, assim como, para
participar na deteção e diagnóstico de situações patológicas.
Ao nível dos objetivos podemos dizer, como referido no capítulo anterior que
foram atingidos na sua totalidade, considerando que se regista um desenvolvimento
parental cada vez mais significativo (embora nenhum pai faça parte da associação de
pais) quer os professores, quer os pais entendem a colaboração entre ambos como
fundamental para o sucesso do processo educativo.
Em relação às hipóteses formuladas no início da nossa investigação todas elas
foram confirmadas.
Assim, pela análise da questão 1 do questionário aos pais gráfico 19 –
verificamos que a maior parte dos inquiridos (75% - N=12) indica acompanhar o filho
na realização dos trabalhos escolares; 68,8% indicam supervisionar e definir horas de
descanso e lazer; 50% apontam verificar o estado do material escolar. Face ao
envolvimento verificado por parte dos pais, a nossa H1. Verifica-se a existência de
No documento
A relação família/escolas e as crianças com necessidades educativas especiais
(páginas 102-200)