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6.2 GRUPO BETA

6.2.3 Discussão dos resultados do Grupo Beta

Discutiremos nesta seção os resultados do grupo Beta começando a discussão, com os aspectos da colaboração e seguindo com os entraves e conhecimento mobilizados nas conversas.

Identificamos na primeira conversa as três dimensões colaborativas simetria, acordo e alinhamento. O grupo contou com três participantes, no entanto, o Participante 8 participou apenas da etapa de elaboração da atividade. Sendo assim, na primeira conversa, os participantes 6 e 7 discutem sobre as dificuldades que os estudantes enfrentam quando estão aprendendo funções. Percebemos que a interação entre os participantes se deu de forma simétrica, ou seja, não houve uma predominância de papeis entre eles. Sendo assim, identificamos a presença de reatores, ou seja, eles deram feedbacks às respostas um do outro de forma positiva, gerando uma situação de acordo entre eles.

Percebemos que o número menor de participantes possibilitou aos sujeitos uma discussão melhor. Stahl (2006) aponta que os grupos menores são mais suscetíveis a identificação da presença da colaboração, no entanto, o autor destaca que não se deve desconsiderar sessões com grupos maiores. Os grupos maiores, segundo o autor, trazem contribuições relativas à diversidade de ideias para o grupo, mas para que a análise da interação seja bem sucedida, o planejamento do mediador deve considerar o tamanho do grupo, experiências pessoais, formação e outras características peculiares dos indivíduos envolvidos (DILLENBOURG; TCHOUNIKINE, 2007). As duas conversas seguintes, também, se mostraram colaborativas e segundo o modelo de Baker classificam-se em co-construção (simetria, alinhada e em acordo) e co-elaboração aquiescente (assimétrica, em acordo e alinhada).

Neste grupo também identificamos entraves. Os entraves que surgiram mais evidentes na sessão foram os entraves técnicos, tecnológicos e de identificação dos participantes. No começo da interação, o Participante 6 teve muitos problemas relacionados ao áudio e ao sistema operacional. O software Teamviewer apresentou problemas de conexão, quando instalado em um sistema operacional MAC. A conexão do participante 6 caiu a todo instante no início da sessão e além disso, o áudio dele quase não funcionou.

Também encontramos problemas com a identificação dos participantes. Como já havíamos discutido no grupo anterior, não conseguimos identificar o sujeito que agia na tela, ou seja, na etapa de elaboração da atividade não conseguíamos saber qual era o sujeito que digitava na tela. Neste caso, não conseguimos uma entrevista com nenhum dos participantes da sessão, sendo assim não soubemos quem executou as ações na tela.

Outra peculiaridade do grupo foi a construção da simulação que não foi realizada. O grupo ficou concentrado na discussão e na elaboração da atividade, então, pelo tempo estabelecido para a sessão eles não chegaram a construir a simulação. No entanto, a discussão gerou boas ideias e ações, que os levaram a definir melhor os objetivos e pensar na elaboração da questão a ser simulada.

Na etapa de discussão das atividades os participantes preocuparam-se com questões epistemológicas das funções, como a ideia de variável, conjuntos e relação. Entrando na discussão de funções como modelos de situações reais, os participantes discutem aspectos cognitivos, como destaca o Participante 7: “se eles aprendem apenas a calcular funções não significa que eles entendem de fato o conceito de funções”. Nesta afirmação, percebemos que os participantes discutem o fato do conceito de função perpassar do simples cálculo algébrico, para uma concepção mais elaborada, da relação de dependência entre grandezas. Os participantes consideraram elementos levantados na pesquisa de Sierpinska (1992), tanto na discussão quanto na elaboração, se preocupando com a abordagem do professor e a compreensão do conceito pelo estudante.

A caracterização das funções não foi discutida pelos sujeitos. A elaboração da atividade foi pautada na pesquisa de uma fonte externa, isto é, um texto pesquisado na internet. A partir disso, com o fenômeno já modelado no documento, discutiram os aspectos epistemológicos da função quadrática, sem discutir o motivo do modelo daquela situação ser colocado como uma função quadrática.

A partir das discussões os sujeitos começam a pensar em qual seria o público a quem direcionariam a atividade e o que seria importante explorar. Percebemos que a todo momento há uma interação colaborativa entre os participantes 6 e 7, que na etapa de elaboração é complementada pelo participante 8. Na etapa de elaboração, os sujeitos procuraram outras fontes, para elaborar uma situação

envolvendo função quadrática, como podemos ver na análise da dimensão alinhamento na conversa elaboração da atividade.

Estes resultados nos mostram que este grupo agiu colaborativamente e apesar de não chegar à construção, percebemos uma melhoria na interação se comparar ao outro grupo. O número menor de participantes contribuiu para isso, pois a discussão correu de forma simétrica e alinhada, sem muitas interferências. Um fator que influenciou para uma melhoria da colaboração foi o ambiente em que os participantes se encontravam. O grupo anterior estava reunido presencialmente, no mesmo espaço físico, enquanto que este grupo interagiu totalmente a distância. Não podemos afirmar se as sessões são mais eficazes em grupos menores, mas acreditamos que utilizando o ambiente montado por nós como ferramenta de comunicação, este é um fator a ser considerado. Por um lado, o ambiente montado apresentou uma melhoria significativa de comunicação com o grupo menor; por outro lado, com os grupos maiores, percebemos que a comunicação via áudio ficou comprometida. Sendo assim, acreditamos que o ambiente montado é mais eficaz no trabalho colaborativo com grupos menores.

Nesta sessão, percebemos que a colaboração ocorreu de forma eficiente e é mais eficaz que a cooperação. Compreendemos que as ideias compartilhadas pelos participantes 6 e 7 ajudaram a montar uma atividade melhor, considerando os aspectos didáticos, cognitivos e epistemológicos das discussões. As ações dos sujeitos na elaboração da atividade demonstram que trabalhar em um grupo colaborativo, permite pensar diferentes estratégias, para elaborar situações de ensino. Os participantes se permitiram imaginar possibilidades distintas para explorar o conceito, considerando as ideias individuais de cada um, mas chegando a um consenso, no qual o produto final beneficia e facilita a compreensão do estudante.