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Entraves e Conhecimentos Mobilizados do Grupo Gama

6.3 GRUPO GAMA

6.3.2 Entraves e Conhecimentos Mobilizados do Grupo Gama

Nesta seção, descreveremos a análise do grupo Gama em termos de entraves identificados em cada conversa, e conhecimentos mobilizados nas etapas de elaboração da atividade. Seguiremos o padrão de análise utilizado nos grupos anteriores, utilizando gráficos para demonstrar o percentual de entraves e conhecimentos identificados.

Gráfico 29: Distribuição percentual de falas com entraves por conversa - Grupo Beta

Fonte: elaborado pelo autor

De acordo com as análises dos entraves que já fizemos, observamos neste caso uma similaridade com os outros grupos. Observe que as falas com entraves aparecem com um percentual mais alto na conversa de familiarização. Assim como justificamos anteriormente, esta conversa mostra as interações dos participantes que chegam na sessão, ainda, sem estar a par do ambiente estruturado, acarretando uma série de dúvidas e entraves.

0% 20% 40% 60% 80% 100% Familiarização Dificuldades na aprendizagem de funções Planejamento Execução da Simulação

Também percebemos que o percentual de entraves é acentuado na conversa execução da simulação. Observando a dimensão alinhamento desta conversa, percebemos que o Participante 11 sente algumas dificuldades na manipulação do software Modellus. Sendo assim, este percentual corresponde às dúvidas deste participante. A seguir, faremos a discussão dos tipos de entrave identificados em cada conversa, assim, poderemos observar os tipos de entraves que aparecem no gráfico anterior.

Gráfico 30: Percentual de falas por tipos de entraves por conversa do Grupo Gama

Fonte: elaborado pelo autor

Vamos comentar sobre cada tipo de entrave, começando pelo que aparece em todas as conversa: o entrave técnico. Percebemos no gráfico anterior que o entrave técnico aparece em todas as conversas, mesmo com um percentual não muito alto. Este tipo de entrave foi muito comum no ambiente que utilizamos, pois tivemos muitas dificuldades, principalmente de áudio. Sendo assim, nas conversas deste grupo, identificamos a todo o tempo alguns participantes que não escutavam a voz do mediador. Além disso, também percebemos neste grupo, que alguns participantes tiveram muitas dificuldades para entrar e permanecer no ambiente. Identificamos participantes com dificuldades de acesso pelo Teamviewer, no entanto, não soubemos especificamente qual o problema de cada um.

Os entraves tecnológicos aparecem em seguida, não sendo identificados apenas na conversa de dificuldades na aprendizagem de funções. Os entraves

0% 20% 40% 60% 80% 100% Familiarização Dificuldades na aprendizagem de funções Planejamento

Execução da Simulação Entraves na

identificação dos sujeitos Entraves na proposta do script Entraves tecnológicos Entraves técnicos

tecnológicos apareceram na utilização dos softwares disponibilizados no ambiente. O Teamviewer e o Modellus são os softwares que aparecem mais fortemente, quando identificamos este tipo de entrave. Percebemos que a falta de intimidade com estes softwares contribuiu para o aumento no percentual dos entraves tecnológicos. Já na fase de planejamento, a utilização do Google Docs também gera alguns conflitos. No entanto, a dificuldade específica é na autoria da edição do documento, ou seja, quem vai digitar objetivos, ideias e a atividade. Há um conflito nessa edição, pois o Teamviewer permite que apenas um usuário manipule a tela do mediador, então não sabendo disso, os participantes querem todos editar ao mesmo tempo, gerando um entrave tecnológico.

Os outros entraves, de identificação e na proposta do script, aparecem em conversas específicas e não foram determinantes na sessão. A identificação dos participantes foi um entrave que nos prejudicou um pouco, pois não pudemos observar o sujeito que executa a ação. Mesmo utilizando o participante não identificado para categorizar as ações, não podemos dizer se em um determinado momento, a ação é executada por um sujeito apenas ou por sujeitos (cada um de uma vez) distintos que não se identificam. Os entraves na proposta do script ocorrem apenas quando os sujeitos não conseguem seguir a etapa do roteiro proposto, neste caso, ocorreu frequentemente no planejamento da atividade.

Agora, vamos observar os conhecimentos identificados em cada etapa de elaboração da aula. A seguir, mostramos o gráfico que traz o tipo de conhecimento: didático, epistemológico, fator cognitivo ou tecnológico em cada fase de elaboração da aula.

Gráfico 31: Percentual de falas que revelam os tipo de conhecimento mobilizado na elaboração da aula

Fonte: elaborado pelo autor

Observando o gráfico podemos perceber os conhecimentos mobilizados nas etapas de elaboração da aula. Inicialmente, notamos que o conhecimento tecnológico é mobilizado nas ações do mediador e durante a execução da simulação. Quanto às ações do mediador, podemos concluir que os participantes necessitaram de uma intervenção, relacionada ao aspecto tecnológico. Se observarmos a execução da simulação, este conhecimento também aparece fortemente. Fazendo um link com a conversa que mostramos anteriormente na dimensão alinhamento, perceberemos que na conversa da execução da simulação, o mediador e o Participante 11 fazem uso constante desse tipo de conhecimento.

O participante 11 necessita de algumas intervenções do mediador para auxiliá-lo na manipulação do software Modellus. Sendo assim, justificamos o percentual observado no gráfico, no qual o conhecimento tecnológico aparece tanto nas ações do mediador, quanto na execução da simulação. Outro conhecimento tecnológico mobilizado pelo mediador são as instruções que ele dá aos participantes na manipulação do Teamviewer. Percebemos durante a sessão, que o mediador intervém na interação, auxiliando os participantes quanto à utilização do software.

0% 20% 40% 60% 80% 100% Ação do Mediador Execução da Simulação Dificuldades na aprendizagem de funções Objetivos da atividade Modelagem Matemática Conhecimentos tecnológicos Fatores cognitivos Conhecimentos epistemológicos Conhecimentos didátios

Passando para outro tipo de conhecimento, o fator cognitivo, percebemos um baixo percentual neste grupo. Olhando para a etapa de discussão das dificuldades, percebemos que os participantes trazem para a conversa preocupações relacionadas à abordagem utilizada nas escolas e sua influência na aprendizagem dos estudantes. Dentro desse contexto, surgem preocupações relacionadas às representações das funções e as interpretações gráficas e algébricas que os estudantes fazem quando estão aprendendo funções. Por outro lado, quando entramos no debate sobre modelagem, os participantes elencam como os estudantes não conseguem relacionar funções com situações cotidianas, acarretando em um esforço cognitivo muito maior para compreender o conceito de função.

Os conhecimentos epistemológicos permeiam a interação aparecendo nas etapas de discussão das dificuldades, modelagem matemática e na execução da simulação. Este tipo de conhecimento é indissociável destas etapas de elaboração da aula, tendo em vista, que os conceitos e propriedades das funções estão imbricados nessas etapas. Na discussão das dificuldades, os participantes sempre colocam algum conceito de função que está intimamente ligado com a situação, por exemplo, na primeira conversa analisada deste grupo percebemos no alinhamento que um participante se refere à relação de dependência entre grandezas, um aspecto epistemológico do conceito de função.

Finalmente, também percebemos o conhecimento didático envolvido nestas etapas. Na elaboração dos objetivos, os participantes usam da prática docente para estipular os objetivos da atividade. Além disso, na discussão quando a conversa toma um direcionamento para a modelagem, os participantes demonstram a necessidade de abordagens distintas, ligadas a uma situação real, assumindo o papel do professor quando estão discutindo o tema proposto. Sendo assim, percebemos que a situação contribuiu na formação dos participantes, de modo que eles fazem uso de conhecimentos distintos para elaborar uma situação de ensino, com um planejamento direcionado e pensando em todos os aspectos que podem influenciar na atitude do estudante quando estiver interagindo com a simulação produzida.